O Último Sayajin escrita por Lirael


Capítulo 3
O fim de Cell


Notas iniciais do capítulo

Já pararam pra pensar que na verdade o Trunks não veio do futuro e sim de um universo alternativo? No fim das contas, se ele fosse mesmo do futuro, quando voltasse para casa, nem os androides nem Cell existiriam mais, os guerreiros estariam vivos e seria como se nada tivesse acontecido. É como se ele viesse de um universo paralelo...
Enfim. É só uma teoria.



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Do lado de fora da Corporação Cápsula, Bulma ajustava os últimos detalhes na máquina do tempo.

– Mãe, vou avisar os outros que derrotei o Número Dezessete e Dezoito. – Trunks comentou.

– Certo, Trunks. Mas tome cuidado. E lembranças a todos. – ela disse com um sorriso.

Subitamente, Trunks sentiu a proximidade do Ki tão familiar de Cell. Sem fazer alarde, e temendo por Bulma, ele baixou a voz e pediu:

– Mãe, entre logo em casa.

– Hã? O quê? Temos visitas? – Bulma perguntou, alheia ao perigo. Então sua expressão mudou de surpresa a maliciosa. – Ah! Deve ser alguma menina que conheceu na casa do Kame. Por que não me contou? – brincou, cutucando-o com o cotovelo. – Ah, não seja tão tímido!

Trunks nem mesmo precisou dizer nada. Um só olhar e Bulma compreendeu. O rosto do filho estava severo, como se tivesse sido esculpido em pedra. Ás vezes, quando usava essa expressão Bulma podia ver ainda mais claramente a semelhança com Vegeta. Sem mais delongas, assentiu e virou-se para ir para casa.

–Eu estou indo. – correu, deixando Trunks para trás.

Trunks aguardou até não ouvir mais o som dos passos dela e se virou para confrontar seu inimigo.

– Sei que está aí, Cell. E sei que está pensando em me matar e se transformar em uma larva para viajar na minha máquina do tempo, e depois procurar os androides Dezessete e Dezoito no passado para absorvê-los, e assim se desenvolver por completo.

Meio escondido atrás de uma parede, Cell não conseguiu disfarçar a surpresa.

– Como sabe? – perguntou o androide, atônito – Como foi que descobriu isso?

– Mas esse plano maligno vai fracassar, e tudo estará terminado. – Trunks continuou, como se nem o tivesse ouvido, sorrindo.

Cell deixou seu esconderijo, caminhando alguns passos em direção a ele. Tinha se recuperado do choque de ter seus planos descobertos, mas agora parecia mais intrigado que surpreso. Parou a alguns passos de Trunks.

– Meus planos vão fracassar? Mas quem é você para dizer isso? Você não passa de um verme. – cuspiu.

– Sem dúvida suas forças como as de um ser perfeito são extraordinárias, mas neste momento, lamento informar que eu sou capaz de derrotá-lo.

– Ah! Já sei... – o androide rebateu com ironia. – Você fez uma pequena viagem ao passado, certo? É por isso que você acha que pode me derrotar e sabe coisas sobre mim... Mas fique sabendo que é mentira, você nunca poderá me derrotar. Escute, Trunks. Toda a informação foi captada por esse robô espião. Não é lógico você ter os mesmos poderes que eu. Nem é capaz de derrotar os androides Dezessete e Dezoito...

Trunks ergueu uma sobrancelha, divertido com a presunção de Cell. Aparentemente ele não estava tão informado quanto pensava.

– Então pode me explicar como aqueles androides assassinos desapareceram?

Foi delicioso observar a postura de Cell mudar de total auto confiança para a mais profunda incredulidade. Era assim que um guerreiro sayajin se sentia sempre?

– O quê? – o androide berrou. – Então eles desapareceram por que você os eliminou! – Cell praticamente rosnou, cerrando os punhos. – Miserável! Você eliminou os androides Dezessete e Dezoito...Você arranjou sérios problemas. Eu preciso desses androides para me desenvolver por completo e preciso eliminar você para viajar ao passado e absorvê-los e cumprir meu objetivo. Vocês não poderão me deter!

– Antes de mais nada, eu não vou lutar na cidade. Ela está sendo restaurada e não seria justo destruí-la. Sinto muito, mas vamos mudar de lugar. – disse, e com uma rajada de Ki arremessou Cell pelo ar, seguindo-o até uma área isolada fora dos limites da cidade.

Antes de cair no chão, Cell recuperou-se, aterrissando suavemente. Estudou Trunks por um momento.

– Ora ora... Parece que você disse a verdade, seus poderes aumentaram, mas daí a me derrotar é uma outra coisa. É só um menino. E o computador do Dr. Maki Gero me criou para ser o guerreiro mais poderoso. Ninguém é mais poderoso do que eu, é melhor se preparar! – Ele berrou.

– É o que vamos ver. – ameaçou Trunks, exteriorizando seu Ki e transformando-se em super saiajin. – Eu não vou permitir que você volte ao passado.

Cell atacou sem aviso, avançando na direção dele com um soco armado, mas Trunks já previra isso e defendeu-se facilmente, trocando um ou dois golpes com ele antes de atingi-lo com toda a força e lançá-lo longe.

Com uma velocidade estonteante, surgiu diante de Cell enquanto ele ainda estava em queda livre. O androide tentou acertá-lo com um soco, apenas para encontrar o vazio, quando Trunks surgiu por trás e o chutou. Projetado para cima pela força do golpe, Cell não teve tempo de se esquivar quando Trunks surgiu acima dele outra vez, e lançou uma rajada de energia na direção do saiajin. Trunks desviou-a facilmente com um tapa como se não passasse de moscas.

Depois, unindo as mãos como em uma manchete, golpeou Cell de cima para baixo, arremessando-o em direção ao solo. Pouco antes de atingir o solo, o androide se recuperou assumindo o controle do vôo e aterrissando.

– Isso não pode ser verdade. Maldição! Era para eu ser o androide mais poderoso! Não é lógico perder para um pirralho como Trunks! – praguejou, enquanto fitava Trunks com o ódio nos olhos.

Impulsionou-se no ar, avançando em direção ao saiajin com um soco armado. Mas outra vez, Trunks apenas desviou-se, aparecendo atrás de Cell e atingindo com um soco. E outra vez, Cell foi projetado no vazio, apenas para ser lançado em direção ao solo de novo quando Trunks interrompeu a trajetória com um chute.

O androide embateu contra a rocha sólida com um estrondo. Trunks desceu e aterrissou, a alguns passos dele, observando com frieza enquanto Cell arquejava.

– Cell. Você não tem piedade. Então jamais vou perdoar o que fez. Colocou o meu mundo em grave perigo.

Cell apenas rosnou, e como se não tivesse ouvido nada do que Trunks dissera, lançou sua cauda em direção a ele, em uma tentativa desesperada de absorvê-lo.

Porém, antes que o ferrão o atingisse, Trunks agarrou a cauda de Cell e começou a girá-lo no ar. Preso pela cauda nas mãos de Trunks, não havia nada que Cell pudesse fazer para se libertar. Mais rápido, mais rápido e mais rápido o saiajin rodava prendendo Cell pela cauda, até que o céu e a terra se fundiram na visão do androide como um louco caleidoscópio azul e bege.

Então, como se tivesse se cansado daquele jogo, Trunks o soltou. Cell avançou vários metros antes de recuperar o controle e parar no ar.

– Maldição! Vai se surpreender com essa técnica! – ele uniu as mãos e concentrou energia. – Ka... Me...

No solo, Trunks ergueu as mãos na direção de Cell.

–...Ha... Meha!! – Cell preparou-se para atirar a energia em Trunks, mas hesitou ao ver a imensa esfera de poder suspensa nas mãos do saiajin.

–Desapareça para sempre, Cell! – Trunks gritou, liberando a energia acumulada.

– Não pode ser! Não! – disse Cell, pronunciando suas últimas palavras antes que o ataque de Trunks o atingisse.

O impacto atingiu o androide em cheio e uma a uma, todas as suas células desintegraram-se, até não restar nem mesmo poeira do que antes fora Cell.

No solo, Trunks baixou os braços e deixou seu ki diminuir gradualmente, até que seus cabelos loiros baixaram e voltaram ao lilás natural.

“Agora sim. Acabei tudo. Obrigado amigos. E um agradecimento especial pra você, Goku.” Pensou, sem se dar conta do sorriso em seu rosto.

____

Após descer encapsular o aerocarro, Bulma caminhou até a conhecida casa, cheia de sacolas com compras recentes. Ao chegar até a soleira, bateu na porta, mas nenhum som veio lá de dentro. Suspirando, Bulma se inclinou desajeitadamente com as sacolas até alcançar a maçaneta e com um pouco de esforço, girou-a e abriu a porta. Como esperava, nem mesmo estava trancada. Empurrou-a com o quadril e entrou, sendo logo atingida por um forte cheiro azedo que vinha da cozinha. Franziu o nariz, mas não reclamou. Já havia se acostumado a isso. Deixou as compras em cima da mesa e parou para abrir as cortinas em todas as janelas no caminho até o quarto. Não o de Chichi, mas o de Gohan.

Abriu a porta, mas o quarto estava escuro. Bulma não precisou acender a luz para ver a silhueta de Chichi deitada na cama do filho.

– Chichi. Sou eu, Bulma.

Ela não se mexeu. Bulma estreitou os olhos e foi até a janela. As cortinas fechadas davam ao quarto uma aparência amarelada e doentia. Devagar, Bulma abriu as cortinas e em seguida, a janela. A Luz do sol inundou o quarto, e uma brisa suave entrou. A cientista virou-se na direção da cama e não se surpreendeu a ver Chichi. Desde a morte de Gohan, sua amiga se mantivera naquele estado. Emagrecera muito, sua pele antes corada e sedosa estava agora pálida. Os cabelos, antes negros e brilhantes como a asa de um corvo tinham perdido o brilho e precisavam de um novo corte. Olheiras enormes e escuras embaixo dos olhos, olhos que agora já não tinham nem a metade do brilho que costumavam ter. Vazios e tristes, e quando se olhava para eles não havia nada, nem mesmo um lampejo da fúria que costumava haver.

– Você está uma bagunça, como sempre. - disse, com um sorriso. Segurou-lhe a mão e a puxou em direção ao banheiro. - Venha, vamos dar um jeito em você.

Chichi não ofereceu resistência, levantando-se e se deixando levar como se não tivesse mais vontade própria, ignorando Bulma que tagarelava animadamente sobre trivialidades. Enquanto a banheira se enchia e o cheiro dos sais de banho espalhava-se, Bulma despiu Chichi com uma indiferença fria. Depois, acomodou-a na banheira. Lavou-lhe o cabelo e a banhou com o mesmo cuidado que daria a uma criança. Depois a vestiu e a levou até a cozinha, sentando-a em uma cadeira. Ocupou-se em preparar o almoço e lavar a enorme pilha de louça acumulada na pia.

Organizou as compras que havia feito e serviu o almoço às duas, que comeram em silêncio. Bulma já havia se acostumado ao silêncio de Chichi, respondendo a ele com uma enxurrada de palavras, sempre evitando falar sobre Goku e Gohan.

Então, enquanto comiam, uma lufada de vento entrou pela janela e derrubou um porta retrato sobre a mesinha de centro. O olhar de Chichi, sempre tão indiferente e vazio procurou a origem do barulho e ela fez menção de se levantar. Bulma foi mais rápida, entretanto.

– Não. Não se levante. Eu vou. - Bulma disse, indo até a mesa de centro e endireitando outra vez o porta retrato. Na foto, Chichi sorria ao lado de um Goku totalmente encabulado, no dia de seu casamento.

Inconscientemente, ela sorriu e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Eu sempre o vi como um irmão mais novo. - ela comentou, nostálgica. Seus olhos encontraram os de Chichi por um momento, e viu que ela estava prestando atenção. - Sempre tentei cuidar dele e protegê-lo. Mas no fim das contas, era sempre ele que acabava me salvando e me protegendo.

– Não há nada que nós possamos fazer para protegê-los. - disse Chichi. Bulma sobressaltou-se um pouco assustada ao ouvir a voz dela, depois de tanto tempo. - Eles sempre vão correr atrás do perigo como se nada mais importasse ou tivesse valor. Eles sempre fazem isso. Sempre fazem isso até conseguirem ser mortos. E nós não podemos fazer nada.

Após quase quatro anos da morte de Gohan, aquele era o maior punhado de palavras que Bulma ouvira Chichi dizer. Desde que perdera seu único filho, Chichi trancara-se em um silêncio sombrio, não dizendo mais nada a ninguém. Bulma e Cutelo respeitaram o que acharam que era uma maneira de lidar com a dor, conformando-se enquanto os anos se passavam.

A cientista sempre tivera esperança de que um dia Chichi recuperaria ao menos uma parte do que fora, mas jamais imaginaria que as primeiras palavras de sua amiga após anos de silêncio a tocariam com tanto impacto.

– Trunks destruiu os andróides. - Bulma disse, e assim que as palavras saíram dela, os olhos de Chichi ganharam um brilho súbito e ela se pareceu mais com ela mesma.

Bulma não tinha a menor ideia de como ela reagiria a isso, mas Chichi tinha o direito de saber. Eles mataram seu único filho, no fim das contas.

____

Algumas horas depois, já no laboratório da Corporação, as palavras de Chichi ainda giravam em sua cabeça, colidindo umas com as outras, ferindo e alertando Bulma.

"Não há nada que nós, possamos fazer para protegê-los. Eles sempre vão correr atrás do perigo como se nada mais importasse ou tivesse valor. Eles sempre fazem isso. Sempre fazem isso até conseguirem ser mortos. Nós não podemos fazer nada. "

Seria mesmo? O mundo seria tão injusto assim, a ponto de uma mãe não poder fazer nada para proteger seu filho? Ao longo dos anos, Bulma vira o que o luto fizera a Chichi. Bulma não era uma lutadora, mas era muito forte, à sua maneira. Mesmo assim, ela tinha certeza de que se perdesse Trunks, não conseguiria aguentar tanto tempo como Chichi vinha fazendo. Perdera Vegeta, assim como seus pais e todos os seus amigos. Chorou, sofreu, mas rangeu os dentes e seguiu em frente. Mas Trunks... Se ele se perdesse não haveria mais nada para ela.

Mas havia mesmo qualquer coisa que ela pudesse fazer? Bulma era apenas humana afinal. Não tinha nenhum poder de luta. Se um inimigo forte aparecesse, que ajuda ela poderia dar a Trunks?

– Não. Não pode ser. - Ela resmungou, com um tapa da mesa, espalhando algumas ferramentas - Tem que haver uma maneira. Eu sei que tem.

A ideia surgiu diante de si com um estalo. Não havia mais nenhum outro guerreiro sayajin. Trunks era o último. Se Bulma era muito fraca para lhe oferecer qualquer defesa, a única maneira de protegê-lo era fazer dele o mais forte dos guerreiros. Agradeceu a Kami por Gohan ter sido o mestre dele, saber lutar já era meio caminho andado. Não podia treiná-lo ela mesma, mas tinha à disposição todos os meios possíveis para aumentar seus poderes. Trabalharia incansavelmente até descobrir uma forma. Decidida, Bulma levantou-se e foi de encontro ao filho.


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Notas finais do capítulo

"Mimimi... Você não pode me derrotar! Mimimi... O computador do Dr. Maki Gero isso, o computador do Dr. Maki Gero aquilo! "

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