Jogo de sedução: A aposta. escrita por Heet


Capítulo 6
Café sincero.


Notas iniciais do capítulo

- Atualizei o primeiro capítulo, agora colocado na forma do restante da história. Isso estava realmente me incomodando muito rsrs
— Adicionei uma capa; o que acharam?
— Segurem-se, porque nesse capítulo chegaremos a um nível de sinceridade que começará a dar o tom de nosso jogo.

Boa leitura!



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Gentilmente, como um perfeito cavalheiro, abri a porta para que ela entrasse em meu carro, meu fiel companheiro no trajeto para o abate. Muitas mulheres de várias idades e ocupações já haviam sentado naquele banco, e agora, a mais difícil delas, a que provavelmente me tornaria o cara mais conquistador estava se sentando lá, só que diferente de todas as outras, eu ainda precisava impressioná-la de alguma forma.

Entrei no carro, rapidamente liguei o ar e coloquei uma música, para impressioná-la. Mas ao olhar pro lado tive a sensação que Thalita não estava muito impressionada com o "what goes around comes around" do Timberlake. Bastaram apenas alguns segundos para que ela levasse sua delicada mão ao botão de desligar do som.

– Será que você poderia, por gentileza, não colocar suas músicas até que me deixe em minha casa, Frederico?... Obrigada! - Disse Thalita, com uma expressão um tanto desagradável, em seguida encostando o braço na janela, apoiando a mão na cabeça e olhando pra paisagem do trajeto.

– Sério que você não gosta dessa música? Mas fez o maior sucesso. - Tentei puxar assunto.

– Não, eu não gosto. Na verdade, não gosto de músicas ou cantores que tem forte apelo sexual, ou que tratam mulheres como objeto. Eu gostaria que todos vocês experimentassem pelo menos um dia o que é ser tratada como objeto sexual...

– Não liga pra isso não Thalita, afinal tudo o que vai volta. - Disse tentando descontrair.

– Parafrasear a música não irá torná-la mais atraente, Frederico. - Respondeu, colocando um ponto final em nosso assunto.

Que mulher mais difícil! Tentar consertar seu carro, oferecer carona e ter um ótimo senso de humor não funcionaram com ela, por isso eu precisava ter uma ideia rápida. Foi quando me lembrei que estávamos passando por um café que eu adorava. Levá-la até lá a obrigaria a conversar comigo, o que me daria a chance de conhecê-la melhor, e assim calcular meus próximos passos.

– Por que você está desviando o caminho, Frederico? Preciso ir pra casa, esse era o combinado. - Disse Thalita, um pouco nervosa.

– Qual é, Thalita?! É só uma parada rápida para um café. Cinco minutinhos não ninguém.

– Eu não quero tomar um café, quero ir pra casa...

– Será que você não percebeu que estou tentando ser educado e gentil? Eu me ofereci pra consertar o seu carro, gentilmente te ofereci uma carona, e tudo que tenho ganhado de você são várias cortadas. É apenas um café!

– Se você diz, tudo bem, vamos tomar um café - Disse Thalita, saindo do carro, enquanto eu avistava sua silhueta me dando as costas e indo em direção a entrada do café, mas virando-se rapidamente como se estivesse se lembrando de algo. - Ah, e antes que eu me esqueça, você paga a conta, e vou logo avisando que tenho gostos caros... Então, vai ficar aí sentado ou podemos entrar? - Determinou, piscando de um jeito muito sutil e sexy.

Vai entender as mulheres, e essa especialmente, deveria vir com bula, manual de instruções e todos os outros tipos de orientação que inventaram no mundo.

Entramos na cafeteria, e logo a conduzi para meu lugar de costume. Fiz o pedido de sempre para a sexy atendente, com um avental que delineava seu corpo e que logo se lembrou de mim, o que a fazia sorrir e apertar seus dentes contra seus lábios, envergonhava, gestos que obviamente me deixavam desconcentrado. Thalita pediu um caramel macchiatto, que me deu certeza sobre seus gostos peculiares e singulares. E alguns segundos depois da atendente se afastar de nossa mesa, me olhou firmemente, e com um sorriso de sarcasmo fez uma breve e certeira análise:

– Você não confia em mim para o cargo de diretora chefe da Guia do Homem Moderno. E não é porque eu sou a Thalita Acciolli, que você não sabe de onde veio, mas porque sou do gênero feminino.

Enquanto fazia sua breve análise, Thalita me olhava com olhos sérios, com uma expressão desafiadora, mas com um sorriso de quem estava tranquila, segura de si.

– Não acho que devemos entrar nessa pauta agora. - Respondi, tentando desconversar.

– Pois eu acho que essa é a oportunidade perfeita para falarmos sobre isso, e dificilmente teremos outra ocasião oportuna como essa.

– Tudo bem Thalita, você está correta em sua análise. Mas especificamente nesse caso, eu creio que uma mulher não está apta a comandar uma revista cuja premissa é dialogar exclusivamente com homens.

– Ah Frederico, por favor, você acredita mesmo que uma mulher não é capaz de estudar e entender o universo masculino? - Disse se exaltando.

Fomos interrompidos pela chegada de nossos pedidos, mas o clima de tensão ficava cada vez mais claro. Depois de tomar um gole de forma delicada e elegante, Thalita continuou sua fala:

– Não precisa me responder; é claro que você pensa que nós não temos capacidade pra entender os assuntos de vocês...

– Tudo bem, eu confesso que essa é uma situação atípica, eu nunca tive que lidar com isso, e por dar o meu sangue todos os dias naquela revista, sua chegada não me caiu bem. Meus assuntos com mulheres sempre foram pelo viés romântico, pra mim sempre foi um jogo de conquista, que aliás sou muito bom em jogar.

– Sabe Frederico, acho que todas nós mulheres nascemos com isso... Essa coisa, essa missão de ter que se provar o tempo todo. Nós temos que provar para os homens que somos capazes de ocupar os mesmos postos que vocês. Temos que provar para as mulheres que podemos ter mil facetas e ainda nos apresentarmos mais lindas que elas. Temos que provar que merecemos estar onde estamos e que podemos alcançar mais... Você nunca entenderia isso, é homem, nasceu como uma espécie de herdeiro de um trono, e por consequência acha que o mundo pertence a você. Mas eu não me abato com isso. Arregaço as mangas e provo, mais uma vez, que sou tão ou mais competente que tipos como você.

Enquanto Thalita falava, percebi que estava sendo sincera e se despindo de qualquer vaidade. Agora, ela não era aquela mulher enigmática e que desviava de todas as minhas tentativas de conversa, mas alguém acessível, com um raciocínio experiente apesar de tão jovem, e cada vez mais encantadora aos meus olhos.

– Eu entendo o que você disse Thalita, e de verdade, estou ansioso. E declaro que quero mesmo que você me mostre que estou enganado em todos os meus julgamentos, e por isso, estou disposto a trabalhar com você. - Disse sorrindo, e estendendo a mão como que num firmamento de acordo.

– Negócio fechado. - Concluiu sorrindo e apertando minha mão.

– Isso é uma trégua?

– Não Frederico. Isso é você refletindo sobre o que uma mulher competente e capaz pode fazer. Isso é você tomando uma decisão inédita de aceitar bem ser subordinado por uma mulher...

Sorri assentindo, me dirigi ao caixa e paguei a conta. O restante do trajeto foi tranquilo, trocamos algumas frases e ela até concordou em ouvir uma música, escolhida por ela, é claro. Ao deixá-la no portão, antes de entrar, ela encostou na janela pelo lado de fora, e me disse algo que até me deixou surpreso:

– Frederico...

– Sim.

– De alguma forma... Hoje você ganhou pontos comigo. - Disse sorrindo, acenando, virando-se e entrando em seu condomínio.

Primeira missão cumprida, e com sucesso!


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