Pin Up escrita por Cannibal


Capítulo 8
Despedida


Notas iniciais do capítulo

voltei com os feels



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Erwin encarava o papel em suas mãos com um peso na consciência. Não sabia se diria aquilo a Rivaille, e nem como lhe dizer. Largou a carta sobre a mesa e passou as mãos pelo cabelo, imagens do seu terror pessoal passando por sua cabeça, quantos ainda estariam vivos? Quantos feridos? Recrutas? Não havia se passado nem três semanas desde sua chegada e já o queriam de novo. As dores de cabeça finalmente haviam passado e os pesadelos já podiam ser reprimidos... E agora isso? Respirou fundo na tentativa de se acalmar, tinha que agir normalmente, como se aquela carta não fosse nada. Olhou a pequena cozinha onde estava e viu a sua frente Rivaille o encarando curioso.

–Você está lindo. – falou. Rivaille corou de leve e se aproximou, a curta caminhada da porta até a mesa foi tempo suficiente para Erwin dobrar a carta e guardá-la no bolso de sua jaqueta.

–Eu demorei tanto para arrumar seu cabelo – reclamou Rivaille se sentando em seu colo, passando os dedos pela franja de Erwin antes de pressionar a ponta de seu nariz – e você bagunça.

Erwin não disse nada, apenas o abraçou enquanto o beijava. Já podia ver a cena da possível discussão nas próximas horas, do estado em que deixaria Rivaille novamente, das lágrimas. Já sentia a dor rasgando o peito enquanto se via embarcando naquele navio com homens tão infelizes quanto ele; deixando suas vidas e amores para entrar em uma guerra que não era deles. Ser o herói morto de uma nação não era o sonho que compartilhava com Rivaille. Sonhava em juntar dinheiro suficiente para comprar uma casa no subúrbio, longe do centro, mas perto o suficiente da cidade, assim Rivaille ainda continuaria a cantar no Sina, Erwin poderia ir de moto para o emprego, ter a vida simples que sempre quis ao lado da pessoa que amava.

–Erwin... – sussurrou Rivaille ao sentir as mãos dele subirem por suas pernas, amassando as calças – o que deu em você? – sorriu Rivaille, limpando os cantos da boca enquanto sentia o abraço apetar em torno de sua cintura.

–Eu quero te amar até o último hoje.

Rivaille corou até as orelhas, encarando o olhar intenso de Erwin antes de se levantar e limpar a garganta. Se perguntava onde aquele garoto tímido que conheceu havia se escondido para dar lugar ao homem a sua frente. Sorriu mais uma vez e saiu da cozinha, sentindo a sombra de Erwin atrás dele enquanto caminhava até o quarto, reclamando da maquiagem borrada e do trabalho que daria para refazê-la.

Diante do espelho Rivaille repassou outra camada fina da base que Erwin havia lhe dado no último aniversário antes da guerra, via o reflexo de Erwin sentado no pé da cama, olhando cada milímetro de pele exposta de Rivaille, e mesmo com a camada de roupa, Rivaille se sentia nu com aquele olhar. Erwin mal piscava, tinha o queixo apoiado nas mãos enquanto suspirava com o cheiro do perfume de Rivaille. Queria gravar cada momento com ele, cada respiração, cada olhar, cada sorriso. Não sabia se conseguiria suportar mais um ano longe dele. Não queria, não podia.

–Pronto? – perguntou Rivaille o tirando de seus devaneios. Erwin o olhou novamente de cima a baixo: calça curta preta e justa com uma blusa de gola da mesma cor, o mocassim num tom de azul escuro era a única cor que usava.

–Sim. Vamos? – Erwin se levantou da cama, ajeitando a jaqueta e a gravata. Sentiu as mãos de Rivaille em seu braço, subindo até seu peito e não pode conter o sorriso ao ver que Rivaille tinha um pente nas mãos, alisando sua franja para trás – Eu vou suar quando dançar com você. Não precisa ser tão perfeito assim.

–Você está saindo comigo. Tem que ser perfeito.

Na manhã anterior Erwin havia dito que levaria Rivaille a um lugar chique, bonito e com mesas grandes. Era mentira. O bar onde estavam era bem conhecido de Rivaille, afinal trabalhava lá. Erwin passou o tempo da fila inteiro trocando beijos com Rivaille, abraços e pequenos sussurros em sua orelha. Nenhum deles se importava para o que as pessoas na rua diziam, estavam felizes daquele jeito. Quando finalmente entraram Erwin escolheu uma mesa afastada das outras, pagou alguns drinques para Rivaille e finalmente pode mostrar os passos de dança que havia aprendido. Nunca o viu pedir pausas como naquela noite, nem quando faziam sexo Rivaille parava alguns segundos para respirar. Não se importou de esperar a respiração se acalmar para novos giros e cinturas coladas, de abraços e risadas. Erwin apreciava cada uma daquelas pequenas coisas que Rivaille o fazia sentir, das mãos em seus ombros até os beijos no queixo. Nas músicas lentas pode ouvir Rivaille cantar baixo em seu peito, era a mesma do dia em que o conheceu.

Erwin apertou o abraço e ali, parado na pista de dança ficou apenas se balançando com Rivaille, suave e ignorando os casais ao seu redor. Queria que tudo voltasse à simplicidade de antes, daria tudo para voltar a ser ignorado por Rivaille, para ter seus 17 anos de novo quando era apenas um rapazinho tímido que não sabia beijar. Talvez se não tivesse insistido tanto para sair com Rivaille depois das apresentações ele não teria sofrido o que Erwin o fez sofrer. Voltaria para a casa do pai e já estaria fazendo as malas para voltar para a guerra. Ele não podia negar esse segundo chamado, agora fazia parte do seu dever de soldado voltar para aquele inferno junto com seus companheiros; abandonar tudo pela segunda vez. Deixar a pessoa que amava com o coração partido, mal sabia se os cacos da primeira vez haviam sido colados apropriadamente e agora jogaria o frágil coração de Rivaille no chão para que se quebrasse novamente.

–Já imaginou se nunca tivéssemos nos conhecido? – perguntou de repente, voltando ao passo lento da música, sentindo o coração de Rivaille em seu peito, as mãos se fechando com mais força em sua cintura como se sentisse o que estava por vir. – Sabe... Se tivesse negado todos os meus pedidos de encontro.

–Já. – respondeu baixo. Hesitante.

–E como se sentiu?

–Vazio. E você, já se imaginou sem mim?

–Uma vez. – Erwin fez uma longa pausa, respirando devagar enquanto sentia os ombros de Rivaille tremendo levemente em seu abraço - Estávamos no meio de um ataque quando comecei a pensar em você. No seu sorriso, na sua voz. Eu fiquei com medo de perder você, de morrer aquele lugar. Você não precisava passar um ano de sua vida pensando em um moleque se foi pra guerra pra ser “um herói”, Rivaille. Eu não quero que sofra mais uma vez.

–Do que está falando? – Rivaille estava com os olhos vermelhos das lágrimas que não queria soltar, a voz arrastada e as mãos trêmulas. Sentia o coração bater rápido, dolorido com as palavras de Erwin – Erwin... Você...

–Me convocaram.

Rivaille sentiu o sangue gelar.

–Não...

–Eu embarco em três dias.

–Erwin... Você prometeu.

–Eu não posso negar Rivaille. Eu sinto muito por fazer você passar por tudo isso de novo.

Rivaille se pressionou contra o peito de Erwin, sentia o coração apertar quando as lágrimas perderam o controle, a boca seca e o corpo tremendo. Esperou todos os dias por Erwin, sonhando com o dia em que ele finalmente voltaria para seus braços, seguro em sua casa, em seu coração. Inteiro e saudável. Sorrindo como antes, virando a vida de Rivaille de ponta cabeça como da primeira vez. Sentia as noites frias voltando, os dias tediosos tomando conta de sua vida; as rachaduras em seu coração voltaram a se abrir, trincando lentamente enquanto Erwin passava as mãos por ele na tentativa falha de acalmar os soluços. Quando será a próxima vez? Pensou, sentindo as mãos de Erwin erguerem seu rosto. Ele não estava tão diferente. Lágrimas manchavam seu rosto enquanto beijava suavemente a testa de Rivaille. Pedindo perdão por tudo a sua maneira quando voltou a abraçá-lo.

***

Rivaille sentia cada parte de seu corpo queimar sobre o toque suave de Erwin, das mãos na cintura marcada pelo corset aos lábios em suas pernas. Temendo que aquela fosse à última vez. Deixou as próprias marcas no pescoço de Erwin, quando tinha voz e coragem de dizer sussurra suas pequenas juras de amor contra o ouvido dele; ouvindo o sorrir com as declarações. As mãos de Erwin sentiam cada parte de Rivaille, decorando cada mísero pedaço de pele, as curvas, os ossos da clavícula, o jeito que os lábios se moviam quando gemia, a respiração, o brilho nos olhos e as lágrimas tímidas deslizando pelas bochechas pálidas. Quando puxou Rivaille para seu colo pode entrar, pela primeira vez, por completo, calando o gemido dolorido com o melhor beijo que pode lhe dar desde que havia chegado. Sentia as contrações hesitantes em seu membro, as mãos ansiosas em suas costas e a respiração irregular se misturando com sua. Deu tudo de si naquele orgasmo, sentindo o suor de Rivaille pingar em seu peito, o corpo trêmulo pender para trás até Rivaille escapar de seus braços, encolhido entre os lençóis brancos para recuperar o folego. Mas Erwin ainda não tinha acabado.

Deixando Rivaille se bruços Erwin afastou as pernas magras, cravando os dedos na carne macia das coxas ele o penetrou novamente. Indo fundo e forte, fazendo Rivaille gemer manhoso por um ritmo contínuo e menos intenso. Ouvia a cama ranger e bater na parede a cada movimento, sentia as pequenas mãos de Rivaille se apertarem nas dele, dos lábios em seu punho e os dentes se fechando para não gemer tão alto. Queria mais um, dois, quantos pudesse tirar de Rivaille, quantas vezes fosse necessário para repor a falta que lhe fez, e tapar o buraco que iria fazer.

–Er-erwin... – gemeu Rivaille cobrindo o rosto. Erwin não parou, indo mais rápido até ver os olhos de Rivaille se fecharem em êxtase. Mordia os lábios e apertava os lençóis com força, sentia o membro de Rivaille escorregar em sua mão, gemendo baixo em seu ouvido e apreciando cada falha na respiração de Rivaille, gozando ao mesmo tempo. – Eu te amo... – Erwin se inclinou sobre Rivaille, segurando seu rosto entre as mãos largas – eu te amo Erwin, não deixe sozinho de novo...

–Rivaille...

–Por favor! – as lágrimas deixaram um gosto salgado no beijo, Erwin sabia que a única coisa que acalmaria Rivaille seria ficar ao seu lado pelo resto de suas vidas, mas não podia. Daria a alma para ficar ali com ele, acolhido nos seus braços. Mas o destino era cruel. – Eu não vou aguentar manter a promessa – chorou Rivaille, pressionando as mãos nos olhos, mandando as lágrimas para dentro – Eu não vou aguentar tudo sozinho Erwin, fica comigo.

–Não chore...

–É mais difícil do que parece. Eu não sei... Não sei se você vai poder me responder nas cartas, se vai sobreviver ao um novo ataque. Eu tenho medo de perder você.

–Você não vai me perder. Rivaille olha pra mim. – Rivaille tremia entre as lágrimas e os soluços altos, não queria olhar. Não queria ser visto chorando daquele jeito, tão vulnerável. Erwin segurou as mãos de Rivaille e as afastou, prendendo-as ao lado da cabeça, encostando a testa na de Rivaille, controlando o próprio choro – Você não vai me perder.

–Eu não quero que você volte para aquele inferno Erwin.

–Eu sinto muito Rivaille. – sussurrou, sentindo-se ser abraçado.

Choraram até o sono chegar, dormindo um nos braços do outro, não se soltariam nem se um terremoto rachasse a casa ao meio. Rivaille não sabia qual seria a próxima vez que dormia junto dele, que ouviria o coração pulsar em seus ouvidos. Qual seria a próxima vez que o veria de novo.

Ellen havia ouvido a conversa do corredor, e mesmo odiando Erwin ficou triste por ele, por Rivaille. Voltariam as lágrimas, as noites sem dormir e as inúmeras cartas, a dor no coração de Rivaille era uma coisa que Ellen não podia afastar. Se sentiu estranha e com um nó dolorido na garganta. As gotas quentes das lágrimas desciam por seu rosto. Ela finalmente havia entendido que não havia um lugar para ela no coração de Rivaille. Ele pertencia a Erwin, toda a dor e a alegria que ele tinha era daquele homem com sorriso gentil, seu olhar calmo e voz firme.

E agora o homem dos sonhos de Rivaille estava voltando a fazer parte de seus pesadelos.


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Notas finais do capítulo

o lemon mais cute que ja fiz c:



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