Enfiei a ultima muda de roupas dentro da mochila e a fechei.

Finalmente o dia em que Rachel seria liberada chegou, passamos uma semana aqui nesse hospital. Eu fui em casa duas vezes para resolver uma coisa ou outra com Hylla, mas logo voltava, pois sempre tinha de a deixar com um de nossos amigos e nossos amigos que não estavam em aula era Ártemis e Luke, ou seja, dois desmiolados.

Virei-me para trás vendo Rachel por a blusa com dificuldade, pois o curativo tinha acabado de ser trocado por um menor. Caminhei em sua direção e a ajudei a terminar de por a camisa da nossa banda preferida- ouvimos muito ela enquanto estivemos aqui-, Edguy. Ajudei-a a por o short jeans também e pus seus tênis.

– Não criança, sabia?- brincou ela rindo- Vou ficar mal acostumada assim.

– Não me importo, você precisa- sorri para ela.

Fiquei em pé e peguei nossas bolsas, pondo-as perto da porta. Tínhamos decido que Hylla nos deixaria na casa dela, para deixa-la, depois eu e Hylla iriamos para casa preparar os papéis para a audiência contra nosso pai, que seria amanhã.

A porta do quarto foi aberta e por ela entrou Hylla, que sorriu para nós, caminhando direto na direção de Rachel- elas se aproximaram muito nos últimos dias. Hylla vinha a noite, quando não tinham visitas, e ficava conosco, jogando UNO, conversando, trazia noticias do mundo, etc.

– Oi, ruivinha- ela cumprimentou Rachel, dando um beijo no topo da cabeça da ruiva e abraçando-a pela cabeça. Rachel a abraçou pela cintura- Oi, maninha!

– Nossa, que cumprimento, hein, Hylla?- zombei.

Hylla riu e me abraçou, me dando um beijo estalado na bochecha.

– Pronto, ciumenta- falou ela rindo- Então, vamos minhas pequenas?

– Preciso só falar mais uma coisinha com o médico de Rachel e nós podemos ir- disse pegando minha mochila enquanto guardava meu celular no bolso.

– Ok- concordaram as duas.

Hylla pegou a outra bolsa e Rachel a mochila. Quando saímos, Hylla e Rachel foram para um lado e eu fui para o outro, indo de encontro com o médico da ruiva. Ele era alto, cabelos castanho claros, olhos cor de avelã e um corpo de dar inveja muito jovem de 18 anos, apesar de ter 36- eu e Rachel tínhamos apostado a idade dele e perguntamos ontem, eu ganhei.

– David- chamei. Ele pediu que o chamássemos assim. O homem me encarou, abrindo um sorriso- Já estamos indo.

– Já? Ótimo.

– Mas preciso lhe perguntar algo- puxei-o para um canto mais isolado, ainda na sala de espera- Rachel está me escondendo algo, ela disse que quando estiver pronta irá me contar. Quero saber o que disse para ela depois da cirurgia, David.

O homem suspirou e pousou a mão no meu ombro.

– Escute, Reyna, isso apenas ela poderia lhe falar. Porém, ela me disse que você viria atrás de mim e pediu que eu lhe contasse, pois ela não tinha coragem- fiquei nervosa- Reyna, Rachel ficou bem após a cirurgia, não correu risco de vida nem nada assim. Porém, o bebê não resistiu e morreu. Tivemos de tira-lo.

– Bebê?- perguntei estranhando.

– Rachel estava grávida de quatro semanas, Reyna- fiquei surpresa- Ela me disse que foi de um estupro que sofreu, mas que não sabia que estava esperando um bebê. Acontece que isso teve problemas...

– Que tipo de problemas?

David suspirou e me puxou para uma sala, que eu percebi ser, aparentemente, a sala dele.

– Rachel não pode mais engravidar, Reyna. O bebê não só sofreu um aborto, como os óvulos dela foram atingindo por um chute forte. Isso causou problemas... seria complicado demais explicar, mas, em geral, Rachel não pode engravidar mais. Sinto muito.

Sentei na cadeira com tudo. Ela não estava com coragem para me dizer, e eu sabia o porque. Eu tinha dito a ela, um dia antes de irmos para o baile, que um dia eu ia querer ter filhos e ela disse que engravidaria por nós. Mas, agora, ela não estava com medo que eu ficasse decepcionada.

– Merda- murmurei- David, poderia me dizer quais seriam as chances de ela conseguir engravidar?

– Bem, seria de, mais ou menos, 0,99%- concluiu ele- Seria um milagre isso.

Suspirei e fiquei em pé.

– Obrigada- apertei sua mão, mas abri um sorriso- Agora eu posso me resolver.

– Tchau e, olha, não apareça aqui de novo, hein? Mal chegamos no meio do mês e você já veio para cá duas vezes.

Assenti e saí da sala.

Vinte minutos depois, eu estava no banco da frente, ao lado de Hylla, que dirigia. Rachel foi atrás, mas acabou pegando no sono. Estávamos paradas no Drive Thru da Starbucks enquanto tomávamos café da manhã, pois saímos 5 da matina do hospital.

– Então quer dizer que ela não pode mais engravidar e estava com medo de te contar?- perguntou Hylla tentando entender.

– É- concordei.

– Awn, gente, vocês são muito fofas. Mas vocês podem adotar, Reyna. Não teria problema, certo?- sugeriu ela.

Assenti.

– Como também não posso engravidar, adotar seria nosso melhor meio. Mas eu irei conversar com ela bem direitinho ainda. É cedo para isso, ela se formar próximo mês e então entrará na faculdade. Próximo semestre me formo e irei ser professora em universidade... temos tempo.

– Na verdade não, maninha- discordou ela engolindo seu pedaço de donut de chocolate- Pense bem. Ela irá se formar, ok. Você também, ok. Irão começar a trabalhar, ok. Mas e ai? Vão ficar nessa de namoro até ela se formar e passar da idade?

Encarei Hylla confusa.

– Como assim?

– Veja bem, maninha. O tempo não vai esperar vocês, já perderam demais com essa rixa. Vai mesmo esperar tanto tempo, esperar ela se formar, ter emprego, para só então dar mais um passo?- perguntou Hylla. Mordi o lábio inferior fitando meu donut de morango pela metade- Vai pedi-la em casamento?

Encarei surpresa Hylla.

– Pe-pedir ela em ca-casa-casamento?- gaguejei.

– Sim. Bem, eu particularmente acho que seria muito fofo e eu exijo ser uma das madrinhas, mas sim. Quando irá a pedir em casamento?

Olhei por cima do banco, vendo Rachel dormir tranquilmanete.

– Eu ainda não tinha pensado nisso- admiti.

– Mentira!- bradou Hylla surpresa. Encarei-a negando com a cabeça- Pequena, você é lerda demais. Está passando tempo demais com Ártemis?- rimos de nossa amiga- as, agora pensando, quando a pedirá?

Dei de ombros e então abri um largo sorriso.

– Já sei, mas vou precisar de ajuda.

– Conte comigo!

Uma hora depois, estávamos estacionando o carro na frente da casa de Rachel. Descemos todas pegando mochilas. Abracei Rachel pela cintura e ela me usou como apoio. Mal chegamos a metade do caminho e a porta já estava aberta com Verdona e Francis lá parados.

Chegamos a porta e Francis ajudou Rachel, logo depois eu e Hylla entramos, sendo seguidas por Verdona. A senhora pegou nossas bolsas e indicou onde o senhor e a senhora Dare estavam. Mal apareci na sala e já vi Rachel sendo abraçada pelos pais.

– Bom dia- cumprimentamos eu e Hylla juntas.

– Oh, Reyna, querida. Como está?- falou Louise nos indicando que sentássemos- E então? Quem essa jovem?

– Esse é Hylla, senhora Dare. Minha irmã mais velha- expliquei sorrindo.

– Muito prazer- falou Hylla.

– Prazer, querida- cumprimentou senhora Dare.

Ficamos conversando por mais algum tempo, mas logo eu e Hylla nos despedimos. Minha irmã foi para o carro e eu fiquei na porta, segurando Rachel pela cintura e ela com os braços em volta do pescoço.

– Vai vir me ver mais tarde?- perguntou a ruiva me dando um selinho.

– Venho- falei sorrindo animada- E amanhã vamos comprar seu vestido de formatura.

– Nem acredito que vou me formar.

– Digo mesmo- sorri de canto lhe dando um selinho- Agora tenho que ir. Eu- um selinho- Te- outro selinho- Amo- mais um selinho, mais demorado.

– Eu também amo você- disse ela sorrindo.

Soltei-me da ruiva e caminhei na direção do carro. Assim que entrei, sentei na banco do passageiro e encarei Hylla.

– Pronta?- perguntei.

Hylla abriu um sorriso enorme.

– Eu amo quando você finalmente age como garota- comentou ela ligando o carro- SHOPPING.

Gargalhei quando Hylla acelerou na direção do centro.