Bola demolidora escrita por Eduardo Távora


Capítulo 11
Episódio 11 - Podemos nos ver?


Notas iniciais do capítulo

Would it make you feel better to watch me while I bleed?
(Skyscraper - Demi Lovato)



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Cristina depois de deixar Fátima em casa, foi em direção a sua ainda pensativa sobre as coisas que Gustavo tinha comentado de seu namorado. “Preciso resolver isso, hoje mesmo.” Ao entrar em casa desconfiada pelo horário, e ainda assim sem fazer muitos ruídos para não acordar o pai idoso, é surpreendida com o mesmo sentado no sofá a esperando.

— Papai? O que faz acordado uma hora dessas? Não são nem 7 da manhã.

— O que você acha? Claro que eu estava aqui te esperando. — Dizia o senhor.

— Já viu que estou bem, não é? Agora preciso comer uma coisa e dormir, pois estou exausta.

— Até quando vai ficar nesse joguinho?

— Do que está falando? — Perguntava Cristina desconfiada enquanto continuava a passar a manteiga no pão.

— O que você acha? Claro que estou falando sobre essas saídas, você está indo como muita frequência, e está se descuidando dos estudos.

— Eu sei papai, mas combinamos antes de ir, não estou me descuidando, minhas notas estão ótimas na universidade, pode perguntar a Fátima.

— Hum, estão ótimas, não é?

— Sim, eu não sairia se eu não merecesse, você me conhece, papai.

— Ok minha filha! Eu vou dormir pois não tenho nervos para ficar a madrugada toda acordado. — E assim ele dava um beijo na filha e ia para seu quarto. Cristina ficava muito pensativa sobre o ocorrido e pensou que aquilo realmente não era em vão.

Na casa de Daniela, Heitor desabafava com ela seus problemas.

— Então, foi exatamente isso… Fora que, ainda tem a Fátima, eu sinto que a nossa relação está avançando, e isso me assusta, eu gosto dela, mas não sei se é do jeito que ela imagina. Não sei! É tudo muito confuso.

— Meu Deus olha que horas são! Vai dar 9 da manhã e a gente nem dormiu. Tem certeza que não usou nada? — Falava Daniela com um tom de bagunça.

— Infelizmente tenho. Enfim, não vou tomar mais seu tempo e já vou para casa… — E assim Heitor se retirava da mansão de Daniela seguindo sem rumo para a casa de sua mãe.

Fátima não se lembrava de muita coisa, tudo parecia um sonho muito louco, e quando estava na cama cheiros e sensações passavam pela sua cabeça, da noite passada como forma de sonho, ela via tudo difuso, ela via Heitor, as luzes do lugar, a música alta, sua boca seca do cigarro e a cabeça tonta do álcool, viam flashes, ela sabia que tinha feito algo errado e aquilo a perturbava, ela via os olhos castanhos e ardentes dele e sua indiferença, eram visões estranhas, como uma mistura de diversão com tormento. Não demorava muito para Miguel acordá-la.

— Vamos dorminhoca, precisa tomar seu café. — E assim Fátima levantava, ao sentir um incomodo no bolso de seu short o tirava onde estava a carteira de Heitor. — Nossa, acho que ele esqueceu de pegar comigo. — Pensava Fátima e logo a guardava em um lugar seguro e logo ia tomar seu café com o irmão.

Luiza aparecia cedo na casa de Daniela, entrava e a esperava no sofá, quando a mesma desce as escadas para receber a amiga. Então Luiza pergunta.

— Então, tudo saiu como o planejado?

— Sim queridona! Eu fiz ciúmes naquela songa monga, e tenho certeza que ela ficou uma fera comigo, dava para ver o quanto ficou bêbada, foi mais fácil do que imaginei.

— Excelente. Essa ridícula sempre foi tão certinha, que ótimo vê-la assim! Espero que as fotos do evento saiam logo, pois eu mesma farei questão de marcar todas no facebook.

— Bom, você não me disse o que eu iria ganhar. — Falava Daniela com um tom meio safado e ao Luiza perceber aproximava da morena e as duas se pegavam no sofá da sala.

Ao terminar o café Fátima ligava para Heitor, e ao atender, ela dizia:

— Bom dia, como está?

— Bem e você?

— Também! Eu não sabia se era cedo… Mas se estou ligando é para dizer que você esqueceu sua carteira comigo, precisamos nos encontrar! — Explicava Fátima.

— Não tem problema, guarda aí, depois veremos isso, eu estou indo viajar para a serra, talvez eu demore uns dias por lá!

— E você não ia me dizer nada?

— É que foi de última hora, é uma viagem em família, mas eu preciso ir e relaxar um pouco.

— Queria te ver antes de ir.

— Claro, tchau! — E assim eles desligavam, mais do que nunca Fátima ficava pensativa sobre a situação de Heitor.

A tarde já estava chegando e Miguel foi ver Cristina, mas ela já estava se arrumando para encontrar com Theodoro.

— Boa tarde, Cristina! — Cumprimentava Miguel.

— O que faz aqui?

— Não é nada, só estou te desejando uma boa tarde, a verdade é que tenho um assunto com seu pai que não terminei no outro dia, é papo de vizinho.

— Você não seria capaz de… Hum, deixa pra lá, eu já estou de saída, até mais Miguel e meu pai está dormindo, é melhor deixá-lo descansar.

— Tudo bem, eu volto mais tarde! — Dizia o branquelo enquanto se retirava de sua vista. “Talvez seja uma invenção do Gustavo, preciso conversar com ele primeiro, mas esse garoto sempre me trata tão estranho, o que há por trás disso?” Pensava Cristina enquanto colocava seu óculos-escuro e seguia seu caminho. Ao chegar na casa de Theodoro, Cristina tocava a campainha e era recebida por ele com beijos que por sua vez não eram retribuídos pela garota.

— Aconteceu alguma coisa, amor? — Perguntava Theodoro desconfiado do que via. E assim eles entravam e ela o olhava com uma cara meio brava, meio magoada e dizia:

— Claro que aconteceu ou você acha pouco você ter um caso com o irmão da minha melhor amiga? — Falava Cristina ao sentir seus olhos lacrimejarem enquanto olhava para a cara descarada de Theodoro que não tinha uma resposta pronta para aquilo.

— Da onde você tirou essa estupidez, meu amor?

— Não adianta mais fingir, Gustavo já me contou tudo.

— Tinha que ser aquele infeliz. Mas as coisas tem uma explicação, não é bem assim.

— Olha Theodoro, eu acho que não temos que explicar nada, já está tudo muito claro, e eu não vou ser palhaça para você e homem nenhum. — E assim Cristina o empurrava levemente e saía correndo do apartamento enquanto não conseguia segurar o choro. E logo Theodoro corria atrás da menina para que não fosse.

— Você não pode ir sem antes me ouvir. É sério Cristina, não é como você pensa. — E já abalada Cristina balançava a cabeça para baixo e pedia para que ele dissesse… — Eu conhecia o Miguel antes de você, mas nunca gostei realmente dele, eu não saio com ele, só com você! Agora quando ele soube surtou e fica querendo continuar comigo a qualquer custo, ficava fazendo chantagem emocional com as suas doenças e eu tenho pena dele, não posso deixá-lo.

— Olha eu não compreendo isso, pra mim é muito confuso, e eu nunca vou entender, mas se é assim que se sente, é melhor continuar com ele. — Dizia Cristina firmemente.

— Como pode dizer isso? Eu amo você, nunca senti por ele metade do que sinto por você, agora é complicado… Eu só queria que você entendesse. — Falava Theodoro também muito abatido.

— Por que não me disse antes? Eu tive que saber por outra pessoa, tem ideia do que é isso? Não Theodoro! Nada disso tem justificativa.

— Me perdoa, eu pensei que você não iria entender, e eu fiquei com vergonha de pensar que eu era gay, eu já deixei bem claro para o Miguel que foi uma aventura e que você é a mulher da minha vida.

— Eu não sei, me deixa sozinha… Eu preciso pensar, nunca imaginei isso de você, e não te quero com ele. — Falava Cristina dessa vez se despedindo enquanto apertava do botão do elevador e enxugava as lagrimas que borrava um pouco sua maquiagem.

Fátima ficava esperando por Heitor em uma pequena lanchonete perto do bairro e ao avistá-lo chegar o cumprimentava e sentava na mesa ao lado dela. Nisso o garçom perguntava sobre o pedido.

— Duas vitaminas reforçadas, por favor! — Pedia Fátima onde o garçom imediatamente anotava e se retirava. — Heitor, gostaria de falar sobre ontem... — Prosseguia Fátima.

— O que tem?

— Não sei te achei muito diferente, você tem alguma coisa com aquela Daniela que tocou?

— Somos amigos. Que ciúme é esse? — Perguntava Heitor desconfiado enquanto chegava o garçom com as duas vitaminas pedidas.

— Não é ciúme, é que achei estranho o jeito como ela te olhava, só isso.

— Não vamos falar disso, até porque você não estava nem em condições. — Relembrava Heitor enquanto Fátima ficava encabulada.

— Sim, isso foi outro problema. Mas enfim, você tem certeza que precisa viajar?

— Não é só pela minha família, eu estou mal sabe, acho que eu to com uma certa depressão, me sinto muito triste com tudo, esses dias podem ser bons. — Explicava Heitor.

— Eu sei, mas é que meus pais vão viajar para uma obra da construtora, a gente podia ficar lá em casa. — Sugeria Fátima.

— Na boa não! preciso ver outros ares ficar sozinho por um tempo.

— Tudo bem, eu te entendo! Ah… Aqui está sua carteira. — Falava Fátima entregando enquanto ficava pensativa sobre o temperamento de Heitor.

Enquanto tomava sol em sua varanda Luiza resolve olhar seu celular para ver novidades, quando dá de cara com a notícia em uma rede social de que Heitor estaria viajando para a serra. “Hum, seria conveniente se nos encontrássemos lá, por coincidência. É claro!” Pensava Luiza com um sorrisinho, já planejando a viagem.

E assim Heitor embarca no carro com sua mãe e uma irmã com uma sobrinha e vão até a grande serra, em seu fone de ouvido ficava pensativo ao olhar o movimento da estrada pelo vidro do carro, e quando por fim subia a serra, e abria o vidro, podendo sentir aquela brisa fria bater em seu rosto aquilo de certa forma o animava, fazendo com que ele quisesse conhecer todo o local, quando o carro por fim parava Heitor abria a porta e ficava por um tempo admirando aquele lindo lugar.

— Mãe, vou na pracinha e ver o que tem por aqui, ok?

— Nossa Heitor, acabamos de chegar, mas tudo bem vá com cuidado! — E assim ele ia se aventurar por aqueles caminhos, depressa descobriu um festival que ocorreria na pracinha pela noite. “Terei que vir.” Pensava ele.

Enquanto isso, Fátima vai na casa de Cristina ver a amiga. Chegando lá as duas se cumprimentam.

— Que susto, pensei que fosse seu irmão de novo. — Ironizava Cristina.

— Como? Ele vem aqui?

— Você não sabe o que aconteceu amiga, não sei nem se devo te contar. — Diz Cristina com um tom de preocupação

— Comigo as coisas também não vão muito bem amiga, mas pode falar!

— Theodoro é um crápula. Não quero vê-lo nunca mais, e por favor não me pergunte porque.

— Nem me fale, comigo as coisas com Heitor também não vão nada bem, ele parece tão distante, eu tento me aproximar mas é como se ele estivesse fechado, entende?

— E você não sabe o motivo? — Perguntava Cristina.

— Não, não sei. Ele viajou hoje!

— Amiga, eu te disse para tomar cuidado, você sabe que nunca fui com a cara dele, e sem falar ele sempre foi disso.

— Mas eu sei que a gente pode passar por isso, eu vou olhar através disso.

— Eu sinceramente acho melhor você esquecer, esse garoto é problema, quando ele voltar é melhor você não vê-lo até ver como as coisas ficarão!

— Será? Ai não sei. Enfim, só vim ver como você estava mesmo, já estou meio atrasada para faculdade amiga.

— Tá bom, vai lá, beijos a gente se fala! — Dizia Cristina se despedindo da amiga. “Aiai, Fátima, se você soubesse que é o seu irmão a pedra no meu sapato.” Pensava Cristina enquanto via a amiga caminhando em direção ao portão do condomínio.

— E você não vai para a aula hoje, menina? — Perguntava na porta o pai de Cristina.

— Papai, você me assustou! Claro que vou, você sabe que eu estudo à noite!

— Eu só quero saber onde você passa a noite. Você acha que sou tolo garota? Você não vai me fazer de idiota não, diz na minha cara que você está matriculada nessa grande universidade. — E assim, Cristina enchia os olhos de lagrimas sem saber o que dizer..

— Não, eu não passei. Eu não sabia como te contar, você não iria entender. Papai, eu não faço nada de errado!

— Eu não criei filha para isso! Você é uma desonra nessa família, até quando iria durar essa mentira?

— Até eu passar de verdade. Eu tentei de todos os jeitos e vi o quanto era importante para você que eu entrasse, eu só não… Eu só não pude te contar. — Falava Cristina desabando em lagrimas.

— Você é uma prostituta. Pega suas coisas e vá embora dessa casa. — Falava o velho com uma certa dor no peito enquanto entrava e chegava no quarto dela, começava a jogar todas as roupas e objetos pessoais do lado de fora. — Você se acha tão inteligente, então se vira sozinha, e vá embora da minha vida para sempre. — Gritava o velho avermelhado de raiva e de lagrimas. Cristina destruída de lagrimas ia recolhendo as roupas que via no chão e já colocava em uma pequena mala que ele também tinha sido arremessada.

— Agora eu sei porque a mamãe te traiu e foi embora dessa casa. — E assim Cristina, foi embora muito triste e chorando.

A noite chegava e a pracinha da serra estava começando a lotar para o festival de música que iria haver, depois de um beck básico, Heitor sentou próximo ao palco enquanto esperava pelo grande show, quando ele olha para trás da de cara com Luiza.

— Heitor? Meu Deus que coincidência, mais uma vez o destino juntando a gente, não é? — Falava Luiza enquanto ia de encontro ao rapaz e o abraçava.

— Tudo bom contigo? O que faz por aqui?

— Tenho parentes aqui, e vim fazer uma visita, mas que bom te ver.

— Sim, eu precisava de férias.

— Aconteceu algo? — Perguntava Luiza demonstrando preocupação.

— Não, o de sempre! — E assim o show ia começar e as bandas locais começavam a se apresentar. Depois de um tempo de show, Heitor se levantava para comprar uma cerveja, quando de longe vê um mendigo muito feliz com a esmola que ganhava. E aquela cena chamou muito sua atenção. Tanto, que ele se aproximou mais para ver com uma certa discrição.

— Que ótimo que assim podemos comprar os remédios da mamãe, né pai? — Comentava a criancinha com seu pai.

— Com licença senhor, mas vocês precisam de algo? — Interrompia Heitor.

— Moço, estamos muito felizes, vamos poder salvar a mamãe. — Dizia o menininho.

— O que ela tem? — Indagava Heitor.

— Está muito doente do coração, e os remédios são bem caros. — Explicava o pai da criança.

— Se isso puder ajudar em algo, sei que não é muito! — Dizia Heitor enquanto dava o dinheiro que tinha em sua carteira.

— Moço amanhã vamos nos divertir muito nesse festival amanhã, ela vai poder vir! — Dizia o menininho saltitante enquanto os dois agradeciam a ajuda e seguiam seu rumo.

— Heitor? Que horror, com quem estava falando? — Chegava Luiza por trás sem entender.

— Eu sou um monstro. — Pensava alto Heitor.

— Para! Do que está falando? Eles te assaltaram? — Perguntava Luiza preocupada.

— Não, eles são tão felizes com tão pouco, você não vê? Eles são felizes assim e não tem nada. Eu queria saber o que estou fazendo da minha vida. — Diz Heitor reflexivamente.

— Muito comovente mesmo, vamos continuar vendo o festival. — E assim os dois foram mas Heitor ainda continuava muito pensativo sobre o que vira.

Theodoro escutava sua campainha e ao abrir a porta dava de cara com Cristina com uma mala.

— Meu pai me expulsou de casa e Luiza não está na cidade, posso passar essa noite aqui?


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