EM HORIZONFLY.

Era um reino tão afastado de nosso mundo... Ao mesmo tempo, tão perto! Como chegar lá? Atravessando o horizonte.

Ninguém do povo de Horizonfly entendia o motivo de tamanha confusão: Quando saíam de seu mundo, e iam para a área dos humanos, eles viam os humanos, mas os humanos não os viam! "Como assim?!" Todos questionavam!

As pessoas de lá (Horiznonfly) eram iguais aos humanos, mas, pelo fato de não compartilharem do mesmo "mundo", vamos chamá-las de h-humans.

E assim passaram-se anos e anos. Até que uma h-human nasceu. Não, não era uma h-human normal. Era Branca, a princesinha do Reino. Com seu intenso brilho e seu cativante sorriso, estava sempre brincando e saltitando pelos campos do reino de Horizonfly! E assim, com o tempo, ela virou uma adolescente bela e formosa.

Mas Katrina não aguentava ver isso. Ela, uma moça de vinte e cinco anos de idade, tinha inveja de uma jovem que acabara de virar adolescente! Mas ora, veja se não te é estranho!

— Rhoven! Eu não aguento mais essa menina! — reclamava Katrina ao mesmo tempo em que passava maquiagem. — Tenho que acabar com isso...

— Ka, não se empolgue. Daqui uns anos, ela será a rainha e você não poderá fazer nada além de obedecê-la! O que não tem nada de mal, já que ela é honesta e bondosa. Não vejo motivos para tamanha reclamação vinda de sua parte! — Rhoven responde.

Rhoven era um menino lindo e muito sábio. Ia além dos limites de um garoto de catorze anos. Mas disso ninguém sabia. Pelo "pequeno" motivo de ele não abrir-se para ninguém. Nem para sua irmã mais velha — Katrina — nem para seus amigos. Apenas sua mãe sabia do potencial de seu filho. Quem dera seu pai estivesse vivo para saber também...

Os comentários de seu irmãozinho só faziam o desejo por vingança de Katrina aumentar. Ela não aguentava mais ver tamanha felicidade nos olhinhos daquela menina. E o motivo? Ela também queria ser assim. Chama-se inveja. Ah, a inveja... O que Katrina não fazia por inveja?

ENQUANTO ISSO, NA ÁREA DOS HUMANOS...

— Bianca, sai desse quarto! Temos visita! — A mãe fala. Bianca pula da cama, pois achava muita falta de respeito ficar trancada no quarto ao invés de cumprimentar as pessoas.

Ao sair, seu coração quase pulou para fora de seu corpo, e seus olhos pareciam brilhar. Ela havia visto uma mulher e o seu melhor amigo de infância, que não via desde que mudou de escola, fazia uns cinco anos. Ela tinha nove anos, a mesma idade dele, quando viviam as maiores aventuras juntos.

No início, os dois ficaram tímidos. Só sabiam ouvir a conversa entre as mães. Até que o assunto delas virou eles. As suas brincadeiras e travessuras. João e Bianca não puderam resistir e os dois soltaram um sorriso de lado... Como era bom relembrar aqueles momentos!

— Crianças, vão brincar lá fora um pouco, curtir esse sol... Precisamos conversar assuntos de mãe!

Bianca não acreditou. Sua mãe estava obrigando-a a ficar brincando com seu super "íntimo" amigo. Por acaso ela não lembrava que sua filha não era mais criança e que sua intimidade com João praticamente não existia mais?

Pois bem, quem são dois jovens para desobedecerem duas mães que quando querem ficam muito furiosas? Lá foram eles.

Dizem que uma verdadeira amizade abre portais. Ambos não acreditavam literalmente nisso, até se depararem com um abismo. Isso mesmo, um abismo. Ao andarem em silêncio se distanciando da casa em direção ao horizonte, nunca imaginaram chegar realmente ao horizonte. Mas chegaram.

Em um instante, o abismo ganhou chão. Mas não um chão qualquer... Era a grama verde clara da entrada de Horizonfly, um mundo desconhecido.