Aconteça o que Acontecer... escrita por Matheus Moraes


Capítulo 8
Capítulo 8 - Tristes Mudanças




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Nathan de um pulo e quando percebeu estava deitado em sua cama. Ele sentia sua cabeça girar e não se lembrou de absolutamente nada por sete segundos, até que... “Em casa? Como eu estou em casa? Meu Deus... Aquilo foi um sonho?... Droga!”

Seus pés estavam vestidos por meias verdes, ele adorava verde. Lá fora parecia estar bem fria, provavelmente se iniciava o inverno, seu quarto estava em ordem, por incrível que pareça.

Ele sentiu uma brisa fria bater no seu corpo e o fez estremecer, mas de onde vinha o vento? Ele olhou para os lados e conclui que vinha de fora do quarto. Nathan pegou seu cobertor, se enrolou nele e saiu. O lado de fora do quarto o assustou.

Estava uma grande bagunça, os enfeites de natal estavam jogados para todo o lado, papel rasgado e cacos de vidro por todo lado. O rapaz ficou assustado, entrou no quarto mais uma vez e pegou seu bastão de baseball, eles estavam sendo roubados? Era isso que ele descobriria.

Ele se movia silenciosamente, sua meia deixava seus passos invisíveis. Apesar de preocupado com o que estava acontecendo ali ele não tirava Emy da cabeça, mas que droga, aquilo tudo foi um sonho? Ele a beijou e foi um sonho? Ele disse que a amava e foi um sonho? Bom, independente de tudo, agora ele precisava se preocupar com que acontecia ali.

A porta da sala estava aberta, parecia ter neve do lado de fora, havia algumas marcas de pés molhados por toda a sala e no meio dela mais bagunças, os retratos que havia ele e a amiga estavam todos jogados no chão e destruídos. O sofá tinha muitas embalagens de comida, mas nenhum sinal dos pais.

Ele apertou suas mãos no bastão e seguiu, o vento estava realmente frio. Um grande alívio dominou seu corpo naquele momento, seus pais estavam ali, na cozinha. Os dois, um de frente para o outro, com as cabeças baixas e em silêncio.

O bastão caiu no chão e ele correu para ver o que estava acontecendo.

– Mãe... Pai... Vocês estão bem? – ele perguntava sem parar, ainda não entendeu o que aconteceu ali, era tudo tão confuso.

O pai o olhou e fez um sinal de silêncio com as mãos.

– O que houve? Pai? O que fizeram com vocês?... – eram centenas de perguntas, mas nenhuma resposta.

A porta da sala bateu. Nathan foi o único que se assustou. Alguém havia entrado ali, crescia o som de pés caminhando pela casa.

– Quem está aí? - perguntou ele.

Ninguém disse nada, o som de pés parou.

– Quem está aí? – perguntou ele mais uma vez.

Silêncio.

– Sou eu Nathan – a voz feminina era familiar.

– Emy?

De fato, era Emily. Ela apareceu na porta da cozinha e parecia assustada, assim como ele.

– O que aconteceu por aqui? – seus olhos percorriam por tudo e finalmente pararam no senhor e senhora Hill.

– Eu não faço a menor ideia – respondeu. – Quando levantei já estava tudo assim... Me ajude Emy!

Ela correu até ele.

– E eles? – ela segurou no ombro de Lillian.

– Eu não sei... Não faço a mínima ideia...

Nathan começava a ficar desesperado, afinal o que estava acontecendo? Seus pais pareciam duas pessoas completamente loucas, fora eles quem destruira a casa daquela forma?

O jovem olhava a amiga e se lembrava de tudo que supostamente foi um sonho, para ele o melhor sonho de todos, mas porque não poderia ser real? É tudo uma questão de acreditar, sonhos não são apenas formas de ilusão, sonhos são formas de vermos o futuro, depende de cada um tornar aquele futuro real ou não.

Ele havia se perdido em seus pensamentos de novo e se esquecido do que estava a sua volta. Nathan ouviu barulhos de carros se aproximando, havia pelo menos cinco carros ali. Ele correu para janela quando percebeu que se tratava da policia. Até que em fim alguma coisa boa começou a acontecer (será?).

Ele se virou de costas para os pais e Emy e caminhou para perto da porta. Queria falar com os policiais, talvez os vizinhos tivessem os chamado depois de ver alguma coisa estranha.

Chutaram a porta com força e a derrubaram.

Ele deu alguns passos para trás e seus olhos se arregalaram.

– Policiais, graças... – ele foi interrompido antes de agradecer.

– Nathan Hill você está preso! - aproximadamente doze homens estraram na sala toda bagunçada e formaram um semicírculo, suas armas apontavam para Nathan. Ele assustado levantou as mãos.

– Eu... Não faz sentido, preciso de ajuda! - disse ele. – Porque vão me prender? – sua voz era de inconformidade.

– Você está sendo acusado por assassinar três pessoas – o homem gritava.

Ele abaixou as mãos e riu.

– Eu não matei... – ele olhou para as mãos, estavam repletas de sangue. Depois olhou para roupa, estava também sujas de sangue.

Ele começou a dar passos para trás e ficou completamente sem reação. Nathan acabou caindo sentado depois de tropeça em alguma coisa.

Era o corpo de seu pai.

Sua boca começou a tremer. Ele segurou o pai pelos ombros e começou a chacoalhá-lo, entretanto ele não dava sinal de vida. Do lado estava a mãe, ela parecia dormir como um anjo, seu rosto estava completamente limpo, tão branco quanto a neve.

– MÃE! – gritou ele se engatinhou até ela. Atrás os homens o encaravam com olhar de repreensão.

Ele se levantou e chorava compulsivamente, suas mãos suas de sangue passavam pelo seu rosto e cabelo. Tudo estava uma bagunça e o pior seus pais mortos. No entanto, ele ainda não havia visto Emily, onde ela estava? Havia sumido.

– Nathan! – gritou o homem. – Coloque as mãos para cima, onde eu possa vê-las – ordenou.

– Onde está Emily? Onde ela está? - perguntava ele, Nathan não cumpriu as ordens pedidas.

– Não irei falar de novo! – disse o homem. – Coloque as mãos para cima ou vamos atirar! – os atiradores prepararam suas armas.

Quando ele finalmente notou viu que a amiga estava deitada no sofá, em cima de toda aquela bagunça. Seu corpo estava encolhido e suas mãos entre as pernas, ela parecia estar dormindo e se proteger do frio. Emily e Lillian eram as únicas que pareciam não estar feridas. Theodore tinha o rosto ferido.

Ele a encarou e começou a ir a sua direção.

– Fique parado onde está Nathan! – pediu o policial.

Ele continuou caminhando.

– Nathan!

Mas ele nem ligou.

Quando passou pela porta da cozinha foi atingido. Uma bala certeira atravessou sua barriga, ele se curvou e caiu de joelhos, suas mãos foram automaticamente para lá e sua boca se abriu em sinal de dor. Tudo que ele via começou a ficar embaçado, os homens continuavam parado onde estavam e Emily ia sumindo aos poucos de sua visão.

Bum! Atiraram mais uma vez.


No colchão ele se contorceu. Por um segundo sentiu a dor daqueles tiros na barriga. Sua cabeça tremia e ele entendeu que tudo não passou de um sonho. Nathan abriu os braços e tirou o cobertor de cima do corpo, estava morrendo de calor.

Um pesadelo terrível, ele não costumava sonhar com esses tipos de coisas. Seu coração ainda batia acelerado, ele tentava se manter calmo, mas precisava contar aquilo para alguém. Faltava apenas vinte minutos para o despertador tocar, ele tinha aula.

Certamente a senhora Johnson já estaria de pé, ele podia ir falar com ela, não queria acordar Emy, ela dormia tão profundamente. Então, sem mais, ele se levantou cautelosamente para não fazer barulho e desceu. Como ele esperava, ela estava lá.

– Nathan? Você acordou cedo! – ela sorriu. – Quer café? – sobre a mesa ela já havia colocado tudo para eles comerem.

Ele coçou a cabeça.

– Se não for pedir muito, eu quero um copo de leite quente – ele se sentou.

A mulher foi até o fogão onde ficava a leiteira, para sorte dele ela acabara de esquentar o leite. Anne pegou a caneca e colocou sobre a mesa, bem diante do garoto.

– Obrigado! – agradeceu.

Ela notou que algo o incomodava.

– E esse rostinho intrigado aí? Tem algo que queira me dizer? – de certa forma Anne conseguia passar conforto para todos que conversavam com ela.

Ele deu um gole no seu leite e pegou uma torrada.

– Tive um sonho estranho, não costumo ter sonhos assim... – respondeu.

– Pois então, conte-me! – ela piscou para ele.

O rapaz começou. Sua voz ficava tremula às vezes e em outras ele dava uma pequena pausa. Mesmo com dezessete anos ele ainda sentia medo, o medo não escolhe idades, não escolhe sexo.

Anne conseguiu o consolar, lhe disse que nada passava de um simples sonho. Ela era sua segunda mãe, ele confiava na mulher. Nathan já havia tomado dois copos de leite e estava na sua quarta torrada, ele era assim, não conseguia se controlar quando sentia medo e comia descontroladamente.

Eles já estavam conversando há algum tempo, não perceberam a hora passar. Emily havia acordado e descia as escadas.

– Porque acordaram tão cedo? – seu rosto ainda estava estampado pelo sono, ela parecia exausta.

– Precisava conversar com alguém - respondeu ele.

Emily não disse nada.

Ela pegava sua caneca e preparava o que ia comer.

– Vou me trocar – ele se levantou. – Obrigado Anne.

– Não foi nada querido

Ele se sentia completamente da família quando ela o chamava assim. Nathan saiu.

Tomando seu café, Anne, analisava Emily da cabeça aos pés. Bom, não era por que ela era a mãe da garota, mas ela achava Amy realmente linda. A mãe logo se lembrou de que tinha um assunto em aberto com a garota, um assunto cheio de interrogações e sem nenhuma resposta.

– Emy, eu queria conversar com você - começou a mulher.

– Eu... Eu também preciso te contar uma coisa – a menina se sentou à mesa. – Mas, preciso de tempo então acho melhor conversarmos quando voltar da escola – ela ficou olhando para a mãe. – E então, o quer falar comigo?

Emy esticou o braço e pegou o recipiente com açúcar.

Anne pensou no que havia ouvido e talvez o que ela queria falar com Emy fosse exatamente o que Emy iria falar para ela. Era melhor ela ter um pouco mais de paciência.

– Deixa pra lá... É besteira – disse ela se levantando e indo até a pia.


Nathan amarrava seus sapatos. Emy arrumava o cabelo e Anne estava na cozinha limpando a mesa do café. O dia começava mais uma vez, o rapaz queria ligar para os pais e saber como fora a viagem deles, no entanto eles certamente ainda estariam dormindo, era melhor ele esperar.

– Então quer dizer que você me matou no seu sonho? – Emily se virou para ele e segurava uma escova de cabelo.

– Sim... Foi isso! – respondeu.

– Mas que sonho hein! – ele voltou a se olhar no espelho.

– Pois é.

De repente o som de algo se quebrando subiu as escadas e bateu na porta do quarto. O que fora aquilo? Eles correram para ver.

No chão da cozinha havia leite para todo lado, Anne falava no telefone e tremia bastante. Eles não iriam a interromper, o assunto parecia importante então esperaram até que ela terminasse. De seus olhos começaram a escorrer as primeiras lágrimas e isso os preocupava.

Ela desligou.

– Mamãe! Aconteceu alguma coisa? – Emy passou por cima da sujeira e a abraçou.

Nathan a seguiu.

– Nathan – começou a mulher. – São seus pais!

“Seus pais”, isso o fez desabar em segundo. Ele a segurou e encarou.

– O que aconteceu com meus pais? – ele respirava rápido.

– Foi... Foi um acidente, parece que outro motorista dormiu ao volante e perdeu o controle. O carro dos seus pais passava naquele instante e eles foram atingidos - explicou.

Ele se sentou em silêncio.

– Eles... Estão mortos? – seu coração explodiria se ela respondesse que sim.

Emy parecia não acreditar ainda. Nathan estava sendo muito – realmente muito – paciente, se fosse qualquer outra pessoa estaria gritando agora. Porém ele entendia que nada que fizesse mudaria a situação.

– Estão no hospital, seu pai ficou mais ferido.

– Eu preciso falar com o tio Hank! – ele pegou o telefone que estava em cima da mesa.

– Não Nathan – Anne segurou sua mão. – Ele disse que vem te buscar essa tarde.

Ele bufou.

– O que vai acontecer com eles? – ele sentia que precisava gritar, o mais alto que pudesse.

– Vocês vão embora, vão para Nova Iorque - explicou ela apreensiva.

Emy começou a chorar.

– Vocês não podem... Nathan e... Não podem ir embora – ela abraçou o amigo.

– Se acalme Emy, tudo vai terminar bem – pediu a mãe.

– Porque temos que ir embora? – os olhos de Nathan brilhavam.

A mulher se levantou.

– É melhor se sentar – aconselhou ela. – Vou te explicar desde o início.

Anne começou. O que havia acontecido com os pais de Nathan fora realmente uma tragédia, aquele homem dormiu ao volante e arrancou uma vida. O carro dos Hill fora completamente amassado na frente, o acidente atingiu doze carros.

Theodore precisava de acompanhamento médico, sua coluna fora danificada e se não recebesse o tratamento adequado talvez nunca mais voltasse a anda mais uma vez. Lillian sofrera alguns arranhões um corte no braço, mas estava perfeitamente bem. O tratamento do qual Theo necessitava era caro, ele precisaria vender a loja.

A família de Nathan que morava em Nova Iorque já havia resolvido todo o problema. Eles ajudariam Theo com todas suas despesas médicas, no entanto ele precisava se mudar para lá, era o onde ficava a melhor clinica de reabilitação. Nathan teria que se acostumar, era o mais novo cidadão da grande Nova Iorque.

O tratamento era longo, Theo precisava de atenção e de repouso. Por sorte foram apenas duas de suas vértebras as atingidas. Nathan questionava o fato de porque não fazer o tratamento ali mesmo, em Newton. Boston ficava a menos de uma hora, certamente havia algum médico tão bom quanto o de Nova Iorque... Mas não.

Parece que tudo já estava decidido. Tio Hank tinha muitos contatos por lá, já havia providenciado a casa onde eles ficariam. Ele tinha dinheiro. A casa onde eles moravam seria vendida, talvez eles nunca mais voltasse a pisar em Newton mais uma vez.

Nathan estava completamente destruído, era a primeira vez que Anne o via chorar daquela forma. Emy não ajudava, chorava junto e se recusava a deixa-lo ir. Aquilo quebrava o coração da mulher, ver duas pessoas que praticamente nasceram juntas sendo separadas assim a deixava definitivamente machucada.

Nas lembranças de Nathan vieram todos os momentos felizes que ele passara neste lugar. Sua casa não podia ser habitada por outras pessoas, seu lugar na escola não podia ser usado por um estranho e sua melhor amiga não podia ser simplesmente apagada de sua cabeça.

Acho que não teria escola para ele hoje. Nathan não queria saber de absolutamente nada, ele estava indo embora, sua vida estava acabando ali. Nova Iorque, lugar novo, vida nova. Ele precisava ver os pais, precisava ter certeza de que tudo estava bem.

Os dois ainda não haviam percebido como as coisas aconteciam entre eles, suas vidas eram repletas de surpresas, seus corações escondidos por medo e seus caminhos... Tão distantes. Se lembra da queda? Nathan começava a ver o chão, ele precisava se proteger de alguma forma. Ao seu lado estavam seus sentimentos, caiam em uma velocidade absurda, flutuavam no ar e iam em direção à escuridão. A diferença dessa escuridão era que nenhuma luz era capaz de encontrar uma saída.


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