Aconteça o que Acontecer... escrita por Matheus Moraes


Capítulo 7
Capitulo 7 - Início ou Fim?




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Passava um filme muito engraçado no canal favorito de Emy, ela e Nathan estavam assistindo quanto comiam pizza. Anne trocava de roupa lá em cima, a viagem havia sido bem desgastante, seu carro nunca a deixara na mão assim, ele ficaria pronto na tarde do dia seguinte e ela poderia pegá-lo de volta, mas enquanto isso usava o do irmão.

Saindo do quarto ela olha mais uma vez para a bagunça sobre a cama da filha, aquilo estava a incomodando. A mulher foi até lá, ligou a luz e começou a colocar tudo no seu devido lugar. Ela sabia que não devia tocar nos livro de Emy, no entanto sua paranoia por organização falava mais alto.

Ela terminava e já ia saindo quando notou que havia uma calça jogada n chão. Era de Nathan, ele devia ter trocado quando chegou ali e não a guardado. Quando Anne a puxou um pacote vazio de preservativo caiu sobre o tapete rosa do quarto de Emily. Ela se assuntou, onde estava o que devia estar ali dentro?

Seu coração se desesperou, ela sabia com absoluta certeza o que havia acontecido ali. Algo dizia que ela não devia tomar decisões precipitadas, eles eram jovens ainda estavam se descobrindo, talvez Nathan a apenas estivesse a mostrando o que era uma camisinha.

Ela procurou pelos bolsos da roupa se havia mais alguma coisa que ela precisasse saber, mas não tinha mais nada. Depois foi até o lixo do banheiro, ela apenas o olhou por cima, mas logo pensou, se eles tivesse realmente feito algo ele certamente a jogou dentro da privada.

A mulher queria conversar com Emily, porém precisava fazer isso a sós, então ela desceu e fingiu que nada havia acontecido, falaria no momento certo. Nathan estava sentado e Emy deitada com a cabeça em seu colo, ela estava coberta e parecia bem tranquila.

Alguns minutos de filme depois o rapaz se levantou, ele queria algo para beber então foi até a cozinha. O olhando assim Emy não tirava da cabeça a incrível sensação que ele havia proporcionado a imagem de Nathan nu. Ela esperou alguns segundos para a mãe não notar e foi atrás dele.

Ele bebia um copo de suco de laranja. Ele parou encostada na porta e o olhava com seus olhos grandes semicerrados e cabelos jogados de lado. Nathan a olhou de volta e com uma piscadela mordeu os lábios, ele passou por ela com seu corpo bem próximo ao dela e por um segundo a excitou de novo.

Ambos quase não falavam, eram poucas as vezes que eles se pronunciavam. A única ação entre eles era uma grande troca de olhares, eles se olhavam com profundidade e sentimento, seus olhos podia dizer mais que qualquer outra coisa, era o tipo de olhar que só eles entendiam, não havia malicia nem desejo, apenas sentimentos.

Anne ainda não havia tirado da mente sobre o pacote do preservativo, ela queria muito conversar com Emy. Aquele era o segundo filme que eles assistiam e depois disso todos iriam dormir. A mulher ainda precisava lavar algumas louças antes de ir para a cama. O filme estava nos seus minutos finais, Nathan e Emy queriam conversar, conversar sobre tudo o que nunca puderam falar um para o outro.

– Estou indo dormir – disse a menina quando notou que o filme havia acabado.

Nathan se levantou.

– Pode deixar que fico com a louça senhora Johnson – ele ia para cozinha.

Anne o segurou.

– Não mesmo! Pode deixar Nathan, obrigada – ela piscou para ele e sorriu.

– Não quero que... – começou.

– Não se preocupe – interrompeu a mãe.

Ele então subiu as escadas na frente de Emy.

– Boa noite – disse o rapaz, ele parecia muito calmo.

– Boa noite mamãe – falou a jovem em seguida.

– Boa noite – respondeu ela para ambos.

Lá em cima os dois se encaravam de longe mais uma vez, ela reparou que tudo estava em ordem. Nathan adorava ver a expressão de dúvida dela, seu rosto de contorciam e suas sobrancelhas se curvavam. Nem passou pela cabeça de qualquer um deles que ela tinha achado uma prova que podia de certa forma arruinar tudo que estava começando a caminhar uniformemente.

Seus pensamentos se convergiam. Emily precisava trocar de roupa, porém dessa vez não pediria para Nathan sair do quarto, já não havia mais o que esconder. Mesmo assim ela ainda preferiu virar de costas, ele a olhava atentamente, sua pele macia que ele tocara há algumas horas atrás já o atentava mais uma vez, ela possuía quadril voluptuoso.

Ela se virou e ficou o olhando, usava roupas normais. Seus olhos se encontraram com os dele e eles sorriram. Nathan não estava com sono, Emy também não, só dissera aquilo na sala por que queria ficar a sós com o rapaz, ela esperava que um diálogo maia claro ocorresse.

– Não vai arrumar sua “cama”? – ela fez um gesto de aspas com os dedos ao pronunciar cama.

Ele riu e se levantou.

Sua “cama” seria um colchão que ficava guardado dentro do armário de Emy, ele abriu a porta e jogou o mesmo aos pés da cama da amiga. Aquilo cheirava a roupas guardadas com um leve aroma do perfume da jovem, ele ajeitou tudo e se jogou no chão soltando um som de alívio.

O estranho era como Anne confiava nos dois mesmo depois do que encontrou, ela tomava café na cozinha e aquele saquinho vazio a encarava de cima da mesa. A mulher conhecia muito bem os dois, sabia que não havia nada a temer, deixá-los dormir no mesmo quarto nunca fora um problema.

O quarto estava em silêncio, eles tinham receio em falar qualquer coisa. Nathan deitado olhava para o teto, enquanto Emily deitava em sua cama olhava para o lado de fora da janela.

– Emy? Não sei se pode me ouvir... Mas... Me desculpe ok? Não tive a chance de dizer isso antes – disse o garoto repentinamente.

Ouvir a voz de Nathan sem esperar fez a menina se assustar. Ela estranhou.

– Te desculpar? Por quê? – ela criava hipóteses em sua mente.

– Por tudo! – declarou. – Por Caroline, por ter sido um idiota e principalmente pelo que fiz hoje mais cedo.

“O que fez hoje?” pensou Emy rapidamente. “Ele se arrepende de ter me beijado?”.

– Como assim se arrepende? – ela perguntou calmamente, primeiro o ouviria depois falaria algo.

Ele se virou remexeu no colchão, ela notou isso pelo barulho.

– É que... Eu acho que me aproveitei de você, era seu momento de fraqueza, não devia ter feito aquilo – sua voz estava em um tom baixo.

– Como você é um idiota! – declarou ela.

Emy não podia ver o rosto dele, no entanto se visse notaria seu espanto.

– Por favor, não... – ele tentou começar a se explicar, mas fora interrompido.

– Você não sabe amar as pessoas!

Silêncio.

– Posso te contar uma história? – pediu Nathan com muita calma.

– Tanto faz – ela estava irritadiça.

Que tipo de pessoa se arrepende depois de fazer uma coisa daquelas? Nossos atos devem ser muito bem pensados.

– Em uma pequena cidade americana moravam dois amigos – começou. Aquilo chamou a atenção dela. – Desde sempre eles eram inseparáveis, ela tinha seu jeito manhoso e sistemático de viver, mas de certa forma aquilo o atraía muito.

Emily sentiu seu coração acelerar.

– Eles sempre tiveram a estranha sensação de amar um ao outro, mas tinham medo – ele deu uma pausa. – O garoto nunca foi capaz de olhar nos olhos dela por mais de um segundo, dentro deles ficavam todos aqueles momentos perfeitos que talvez nunca fossem existir, e isso o incomodava.

Nathan se virou para o lado da cama dela, a luz da lua entrava pela janela e refletia na parede toda desenhada que ficava ali.

– Ela parecia não ligar muito, parecia não ter os mesmos sentimentos que ele, isso só criou mais medo. Sua mente era como um grande baú de memórias felizes, mas não adiantava viver em um mundo onde tê-la era só questão de imaginação.

Emily ouvia atentamente.

– Eles viveram juntos em sua adolescência o que muitos casais felizes não vivem em toda sua vida. E em uma noite qualquer, depois de ter cometido o maior erro da sua vida, ele a beijou pela primeira vez – Nathan parou aqui.

Sua voz parecia começar a ficar falha.

– Sabe qual foi o seu erro? Ele tentou encontrar em outra pessoa aquilo que somente ela possuía. Só aí que ele entendeu que verdadeiramente a amava!

Ouvir tudo aquilo era difícil. Ela já entendera o que ele queria dizer com tudo aquilo.

– Beijá-la fora a melhor coisa que ele fez em toda sua existência. Depois de passar quase toda sua vida a amando secretamente e dolorosamente, ele não aguentava mais... Ele a amava... Nathan a amava muito! – ele fechou os olhos e esperou a bomba explodir.

A jovem estava chorando, chorava silenciosamente enquanto ele falava. O rapaz não ouviu nenhuma resposta por alguns longos segundos.

– Mas e ela? – perguntou a jovem com a voz chorosa.

– Ela? Ela nunca disse nada... – respondeu.

– E se ela o amasse também?

Ele sorriu.

– Aí toda essa história valeria a pena, a pequena semente finalmente brotaria... Eles seriam felizes!

Até mesmo Nathan que odiava chorar sentiu seus olhos se encharcarem.

– Emy... Eu... Eu te amo! – declarou. – Não sei o que via acontecer daqui para frente... Aconteça o que acontecer eu vou continuar te amando, sem fim.

Ela desabou em lágrimas, seus olhos eram como uma nascente, o choro era silencioso, porém muito veloz. Ele a tocara onde ninguém jamais tocou, no coração.

– Nathan, me desculpe... – ela pausou. – Eu não sei o que dizer... – ela pausou mais uma vez, falar naquele estado emocional era complicado.

Ele sentiu por um segundo a pior sensação de todas. O que ela lhe responderia?

– Pensei que nunca ouvira isso – ela continuava a chorar e secar suas lágrimas. – Pensei que o que sentia por você jamais seria o mesmo que sente por mim... Passei muito tempo pensando em como te dizer tudo isso e olha como nos encontramos agora...

Um grande sorriso nasceu nos rostos.

– Nathan, eu te amo!

Eles não sabiam qual era o sentimento que pairava dentro dos seus corações, só sabiam que se amavam. Nathan estava com a incontrolável vontade de beijar Emy, sua boca a chamava, todo aquele amor precisava ser sentido de alguma maneira.

A luz ascendeu. Era ela quem havia ascendido. Ele se levantou e esperou que seus olhos se acostumassem com a iluminação, quando pôde olhar para ela notou como seus olhos estavam vermelhos e seu rosto brilhava com os vestígios de lágrimas.

– Eu... Só posso sonhando – um sorriso surgiu em meio às muitas lágrimas.

– Se eu estiver sonhando não me acorde! – ordenou ele com excitação. – É o melhor sonho da minha vida.

Ele se levantou e ela se aproximou.

– Só quero poder viver aqui, com você, para sempre!

Nathan a puxou e deixou seus lábios tocarem os dela.

– Eu acho que não é um sonho – disse ela após beijá-lo.

– Shiiu... – ele colocou o dedo indicador esquerdo na frente da boca dela.

Nathan a beijou mais uma vez.

– Pensando bem, você tem razão, esta é a pura realidade, a melhor de todas – ele sorriu como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo.

Eles estavam tão próximos agora.

Percebe como avida brinca com as pessoas? É incrível a velocidade com a qual ela altera o destino de alguns. Feliz e tristes ao mesmo tempo, juntos e separados em um instante. A questão é: as coisas poderiam ficar melhores?

Emily abriu a porta do quarto para saber onde a mãe estava e para sua surpresa ela já havia ido dormir, a porta do seu quarto no início do corredor estava fechada.

Um diante do outro era como seus rostos se encontravam, seus narizes se tocavam e seus olhos se conectavam. Ambos não conseguiam parar de sorrir, Emily tinha o incontrolável desejo de dizer o quanto o amava cada vez que olhava para o sorriso do rapaz.

– É uma pena que nós não vamos ficar juntos, não acha? – perguntou ele a ela.

– Não? – ela não havia parado para pensar no caso.

– Sei que nunca vai me perdoar por Caroline – ele parecia arrependido, realmente arrependido.

Emily perdeu seu sorriso.

– Como você consegue ser tão patético às vezes Nathan?

Ele a olhou de novo e se sentou na beira da cama, porém ainda segurando suas mãos.

– Não sou patético! Só tentei ser realista comigo mesmo – ele ficou sério.

Ela riu.

– Quem ama perdoa! – declarou. – Tudo que aconteceu antes de hoje não passará de histórias, é como se nada fosse real.

– Então tudo o que aconteceu hoje vai ficar marcado para sempre em nossas vidas? – ele sorriu maliciosamente.

– Parece que sim – ela piscou.

Nathan a grudou pelo quadril e a puxou para cima dele na cama, ela soltou um pequeno gritinho que o fez rir. Seus lábios se encontraram mais uma vez e seus corpos se tocavam como antes.

Dessa vez eles não queriam sentir aquele amor carnal e selvagem que sentiram em seu quase primeiro contato sexual. Os sentimentos que afloravam e se tornavam visíveis eram mais introspectivos, eles apenas queria sentir tudo aquilo que nunca puderam sentir antes.

Emily estava deitada com o corpo encaixado no do amigo (será que ainda podemos chamá-lo assim?), eles conversavam e Nathan falava no pescoço dela. Suas mãos entrelaçavam o corpo da garota e a mantinha completamente sob seu domínio. Ela às vezes sentia o corpo arrepiar por Nathan soltar o calor quente de suas palavras, mas a conversa continuava a fluir.

– O que vai acontecer com Caroline? – Emy ajeitou sua cabeça no pescoço dele.

– Nada!

– Nada? Como assim? – aquilo não fazia o menor sentindo para ela.

– Nossas vidas vão seguir em frente, é como você disse, nada disso aconteceu - explicou.

Nathan e Emily continuaram falando de sobre Caroline por um bom tempo, ele explicou a ela tudo que houve desde o princípio. Somente aí a jovem entendeu como foi que aquela garota surgiu no meio dessa história. Fora Louis quem aprontou tudo isso e apesar de tentar pensar que não tudo havia dado certo no plano dele.

A noite continuava daquela forma, eles conversavam indefinidamente e sem roteiros, as coisas simplesmente aconteciam. Eles ainda não tinham certeza alguma sobre o que acontecera entre eles, no entanto, se jogaram de cabeça. O problema é que eles entraram em um corredor sem saída, estão andando em círculos, se não contribuírem suas próprias saídas jamais sairão de lá.

Se aquilo fosse um sonho eles jamais se encontraram tão mergulhados em suas mentes assim. Aquilo tudo era como um oceano sem fim, os dois afundaram juntos, afundaram abraçados com o amor. O que eles não entendiam era que quanto mais fundo mergulhassem, pior seria para voltar à realidade.


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