Loser Like Me escrita por Siaht


Capítulo 6
Sobre padrões de beleza, namoro escondido e a garota do Jesse


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas amadas do meu coração!!! ♥
Eu sei que dessa vez demorei, mas fim de período é sempre corrido. Estava super louca com a faculdade e confesso que fiquei um pouco empacada com esse capítulo, por isso ele é bem menor que os outros. Ainda assim, prometo compensar no próximo que terá mais emoção. Bom, não vou ficar enrolando aqui. Espero que gostem do capítulo e nos vemos na notas finais!



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Lyla Stuart percebia a forma como Melanie Wood analisava o próprio reflexo no espelho. A insatisfação, a vergonha, a insegurança e até a raiva estavam todas ali. Ela conhecia muito bem aquele olhar, porque, por bastante tempo, o vira em seus próprios olhos. Se havia uma coisa que Lyla entendia era o ódio por si mesma, afinal ela era tudo o que, supostamente, não deveria ser. Mulher, nascida trouxa e negra. Uma minoria de incontáveis maneiras e por muito tempo se sentiu errada. A verdade é que a sociedade sempre vai tentar lhe impor seus moldes e condenar tudo o que não se encaixe neles e Lyla definitivamente não se encaixava.

Em um mundo em que a beleza está nas moças brancas, magras, loiras, de cabelos escorridos e olhos claros, a garota se sentia feia. Não era como Caroline, com seu corpo voluptuoso, traços delicados, olhos azuis e cabelos dourados. Os garotos gostavam de Caroline, a veneravam como uma deusa, mas sequer pareciam notar sua amiga.

Por muito tempo a Stuart odiou cada pedaço de si mesma e olhar o espelho era quase uma tortura. Ainda assim, nada a incomodava mais que o cabelo crespo e indomável. Foram anos gastando tempo e dinheiro com todo tipo de poção e produto para alisá-los. Até que um dia ela simplesmente se pegou pensando em como achava a mãe linda, com sua pele negra, cachos fartos e quilos a mais. Descobriu também que Caroline, que sempre fora seu modelo de beleza, detestava as sardas espalhadas pelo corpo inteiro, odiava o formato da boca e tinha várias outras encanações com a aparência.

Já Melanie vivia em guerra contra a balança e se queixava de como seus cabelos eram lisos demais e seus olhos sem graça. Para Lyla tudo sobre a amiga era adorável e ela era linda por dentro e por fora. Começou, então, a perceber como quase ninguém, especialmente mulheres, se sente verdadeiramente satisfeito com sua aparência, sempre em busca de um ideal utópico. Com isso, entendeu que esses ideias são socialmente construídos e que quebrá-los é libertador.

Não foi fácil se desvencilhar de tudo o que ouvira a aprendera a vida inteira, mas aos poucos foi conseguindo. Aprendeu a se amar e libertou os cachos. Acabou gostando do resultado e de como eles eram indomáveis como sua personalidade. Muito mais do que aparência esse processo a vez bem de todas as formas. Ela era quem era e nada mudaria isso. E, honestamente, não queria mudar nada. As pessoas que realmente importavam a amavam e aceitavam, os outros eram apenas os outros.

No fim, era uma mulher que podia jogar Quadribol melhor do que a maioria dos garotos do time, era uma nascida trouxa que amava suas origens, era uma negra linda, inteligente e especial e tinha orgulho de tudo isso. Vez por outra iria se deparar com algum comentário preconceituoso, ou olhar de repúdio, mas aquilo não a afetava e ela já não aceitava em silêncio.

Aprendera que por ser tudo o que era deveria lutar o triplo, deveria saber se defender e batalhar por seus direitos. É claro, que ela sempre tinha os amigos e ficava contente por eles abraçarem suas causas sem que precisasse pedir, mas aquele era uma luta pessoa e, ainda que jamais fosse recusar ajuda, gostava de travar suas próprias batalhas e ser independente. Gostava de provar aos outros que estavam errados ao seu respeito e gostava principalmente de se sentir bem consigo mesma. Era por isso que odiava Elliot Chang.

Veja bem, Lyla muitas vezes poderia ser impulsiva e mal humorada, mas não era do tipo que odiava, seu coração era grande demais para isso. Sua lista de inimizades continha apenas o nome do Potter, mas era um caso muito mais de nojo, por tudo o que o rapaz era e representava, do que verdadeiramente ódio. Quando o assunto era preconceito, passada a raiva inicial, restava apenas a pena daqueles muito ignorantes para ver além de suas perspectivas limitadas. Mas Elliot, ela odiava. Odiava por tê-la feito se sentir insegura como não acontecia há anos.

O rapaz a havia traído. Transado com uma garota de olhos verdes e curvas perfeitas. Aquilo em si já seria suficientemente ruim, mas o fato de após sete meses de namoro, eles ainda não terem feito sexo tornava pior. A Stuart não era nenhuma romântica, nem nada do tipo, mas não se sentia pronta para um passo adiante e o namorado dissera que estava tudo bem e que iria esperar seu tempo, claramente não havia feito isso. E a menina sabia que era ridículo se sentir mal por isso e que o errado da história era o rapaz. Sabia que não havia justificativa para o que ele havia feito e que ela jamais deveria fazer sexo apenas para satisfazer, ou pior ainda, manter um relacionamento com um garoto imbecil. Mas não conseguia deixar de se sentir mal e detestava o Chang por destruir tudo o que era demorara tanto para conquistar.

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Frank Longbottom entrou sorrateiramente na sala, após passar três vezes por aquele corredor no sétimo andar. Um dia seu pai havia comentado com ele e a irmã sobre seus tempos na Armada de Dumbledore, mas tudo o que os filhos captaram foi a existência da Sala Precisa. Considerando seu atual status de relacionamento, o rapaz achava o local mais do que necessário. Assim que passou pela porta, encontrou Lorcan Scamander encarando uma das paredes com atenção. Sua testa estava franzida e havia uma ruguinha em seu rosto, algo que sempre acontecia quando o rapaz estava concentrado em alguma coisa. Os cabelos loiros estavam bem penteados, como sempre, e as vestes da Grifinória impecáveis. Lorcan podia ser um grande mauricinho quando queria.

— Um galeão por seus pensamentos. – o Longbottom brincou, atraindo a atenção do namorado.

O rapaz lhe enviou um sorriso, antes de ficar sério de novo.

— Ninguém te seguiu até aqui, né? – ele questionou, recebendo um olhar cético de Frank.

— Sério, Lorcan? Você acha que alguém realmente se preocupa com o que eu estou fazendo?

— Eu estou falando sério, Frank.

O garoto revirou os olhos.

— Você está sendo ridículo. Já não basta esse relacionamento secreto, ainda vai ficar paranoico com isso?

— Pensei que você achasse “romântico” toda essa história de se encontrar escondido. – o Scamander comentou, fazendo o Longbottom suspirar.

— No início era legal e romântico, mas agora está começando a ficar chato, principalmente se você for começar a enlouquecer por isso. Pelo amor de Merlin, Lorc! Nós estamos aqui há uma semana e mal nos falamos e quando finalmente nos encontramos, você está mais preocupado em saber se alguém me seguiu até aqui. Como se sair seguindo o filho do professor de Herbologia pela escola fizesse algum sentido! – Frank explodiu.

Lorcan respirou fundo, se aproximando do namorado.

— Eu sei, você tem razão. – disse abraçando o rapaz. Frank tentou se concentrar no fato de que estava chateado, mas era quase impossível com os lindos olhos azuis de Lorcan o encarando daquele modo. E quando o Scamander o beijou toda sua irritação desapareceu e o Longbottom só conseguia pensar em aproveitar o pouco tempo que tinham juntos.

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Scorpius Malfoy estava deitado em um dos sofás do Salão Comunal, quando Louis e Melanie passaram pela porta. O lugar não estava tão cheio quanto de costume, afinal só a partir do sexo ano os alunos conseguiam a sorte de algum horário vago, mas alguns colegas estavam espalhados por ali, conversando animadamente. Sentada em uma das almofadas, ao lado do Malfoy, Caroline lia uma das suas amadas revistas de fofoca, parecendo entediada. Lyla, por sua vez, parecia prestes a estrangular o amigo. Não que o Weasley e a Wood pudessem culpá-la.

Uma das melhores coisas sobre o Salão Comunal lufano era um aparelho de rádio enfeitiçado, que ficava em uma das mesas. Não tinha um dono e ninguém sabia quem fora a brilhante criatura responsável por aquilo, sendo assim, qualquer um dos estudantes poderia escolher uma música no momento que quisesse. A ideia era basicamente essa. Havia um feitiço simples que fazia com que as músicas – bruxas ou trouxas – fossem “copiadas” para dentro do rádio e, após isso, bastava escolher o número que a canção receberia para escutá-la sempre que quisesse. No momento, Scorpius ouvia e cantava a plenos pulmões uma música trouxa bastante popular durante os anos 80, “Jessie’s Girl”.

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“You know I wish that I had Jessie's Girl

I wish that I had Jessie's Girl

Why can't I find a woman like that

Like Jessie’s girl”

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Louis e Melanie trocaram um olhar que deixava claro que achavam melhor nem comentar. Scorpius podia ser um tanto dramático quando se tratava de Rose e a Lufa-Lufa inteira sabia de sua paixão pela ruiva. A Wood se sentou ao lado de Caroline, com uma expressão de inquisição, mas a loira se limitou a revirar os olhos. O Weasley, no entanto, jogou uma almofada no amigo, atraindo sua atenção.

— Ei! – o Malfoy protestou. – Qual a necessidade disso?

Louis deu de ombros, com um sorriso torto nos lábios.

— Nenhuma. Mas o teste para o time de Quadribol é amanhã e enquanto os outros concorrentes estão treinando, você está aí, sonhando com a garota do Jesse.

Scorpius passou as mãos pelos cabelos, se sentando no sofá.

— Sobre isso, acho que vou desistir. – admitiu, envergonhado.

— O que? – Lyla quase gritou, se voltando para a conversa.

— Como assim desistir? Da onde saiu isso? – o amigo quis saber.

— Sejamos honestos, eu nunca vou conseguir a vaga. – o loiro tentava soar despreocupado, mas havia tristeza em sua voz.

— Por que não? – foi a vez de Caroline se intrometer.

— Tem dois anos que eu tento entrar para o time e não consigo. Vamos admitir, eu simplesmente não sou bom.

Louis suspirou.

— Você é bom, só que fica nervoso demais durante os testes. É só controlar seu nervosismo e a vaga é sua.

— Valeu a tentativa, Lou, mas eu já me conformei que nunca consigo o que eu quero.

— Scorpius Hyperion Malfoy! – Melanie censurou. – Pode parar com isso agora. Eu não vou deixar você desistir sem ao menos tentar. Você pode até não conseguir, mas vai saber que fez o seu melhor.

— Melanie... – o garoto tentou, mas foi interrompido.

— Sem mais, nem menos. Onde já se viu desistir sem tentar! – a Wood continuava sua bronca.

— A Mels, está certa! – Louis concordou. – Você é um lufano, ou não?

— Sou. – o Malfoy disse envergonhado.

— Então, se esforce e dê o seu melhor, porque é isso que nós fazemos. – foi a vez de Lyla.

— E quando você entrar para o time, porque eu sei que você vai, talvez uma certa ruiva comece a prestar atenção em você. – Caroline disse, sabendo perfeitamente que aquele era o incentivo que faltava.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado! Estava louca para escrever sobre a Lyla, que ainda não tinha recebido o destaque merecido. Prometo que o próximo será melhor e que não vou demorar, afinal essa é a beleza das férias. Hahaha
Vi esse texto há uns dias e achei tudo a ver com a fic. Se quiserem leiam: http://naoaguentoquando.com.br/reflexoes/lufa-lufa-e-a-empatia/
Estou fazendo uma playlist para a fic e se quiserem mandar sugestões para ela e o rádio do salão comunal fiquem à vontade.
Por hoje é só. Nos vemos nos comentários ou no próximo capítulo.
Beijinhos...
Thaís