Loser Like Me escrita por Siaht


Capítulo 3
Sobre romances de verão, quadribol e o bichinho verde do ciúme


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitoras amadas do meu coração!!!;D
Bom, sei que demorei um pouco, mas a faculdade está uma loucura.
De qualquer forma, espero que gostem do capítulo!!!
Nos vemos nas notas finais...



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O tempo é uma coisa incrivelmente relativa. Se perguntassem a Frank Longbottom quando tempo durara as férias de verão ele poderia jurar que foram apenas dias, mas se o questionassem quando tempo foi necessário para encontrar um cabine vazia naquele primeiro de setembro, o garoto diria que horas, ainda que houvessem se passado apenas alguns minutos. Em sua cabeça elaborou várias teorias estapafúrdias – provavelmente fruto da convivência com Scorpius Malfoy – para explicar aquele fato. Talvez os corredores do trem estivessem ficando mais estreitos, talvez o número cabines estivesse diminuindo, ou talvez fossem os alunos que aumentavam a cada ano. Nada daquilo era verdade e, de certa forma, o garoto sabia que estava apenas mal humorado por Lorcan não ter se dignado a cumprimentá-lo, quando eles se encontraram mais cedo.

Lorcan Scamander era o namorado de Frank. Ou pelo menos, algo parecido. Não era um romance oficial, mas após passarem o verão inteiro juntos, o Longbottom esperava pelo menos alguma consideração da parte do rapaz. Frank sabia que não era fácil para Lorcan se assumir gay, também não fora fácil para ele, mas suas famílias eram amigas desde que os pais estudavam em Hogwarts e os dois se conheciam desde sempre. Era ridículo o loiro começar a ignorá-lo agora.

Depois do que pareceu um século, uma bendita cabine apareceu em seu caminho e ele seguiu os amigos para dentro dela, tentando ficar feliz por estar ali com sua segunda família. Caroline tagarelava initerruptamente, como de costume. Um dia o menino gostaria de entender, porque pessoas com vozes irritantes têm a tendência de falar sem parar. Se não adorasse a loira, provavelmente já teria ido à loucura. Lyla parecia levemente mais mal humorada, talvez tivesse algo a ver com o término de seu namoro, situação sobre a qual Frank iria querer um boletim completo, ou talvez fosse apenas culpa da tagarelação infinita de Caroline.

Melanie tropeçara umas vinte vezes pelo caminho, mas, entre um hematoma e outro, mantinha o mesmo sorriso doce de sempre. O sorriso que Frank adorava. E ainda havia Louis, com seu cabelo despenteado, a gravata mal amarrada (o Longbottom quase podia ouvir o sotaque francês da senhora Weasley dando uma bronca no filho) e a expressão despreocupada. Ele não fazia ideia de como era bonito, ou se fazia, não parecia se importar. Talvez fosse isso o que Frank mais gostava no rapaz. Nem todas as pessoas com sangue veela conseguiam ser tão humildes e se não houvessem crescido como irmãos Frank, até poderia ter uma queda por ele, o que provavelmente seria muito ruim, já que estava claro que o Weasley gostava de garotas.

Faltava apenas Scorpius Malfoy, mas se o garoto não estivesse perdido ou atrasado, não seria o Scorpius que todos eles conheciam e amavam. O menino tinha uma imensa tendência a se distrair e elaborar as teorias da conspiração mais bizarras de todas. Além disso, era um grande fã de quadrinhos e vivia fazendo referências a personagens que os amigos não conheciam.

— Então, gente, eu tenho que ir para uma reunião dos monitores, mas não devo demorar. Prometo que volto logo e trago o Scorpius comigo. – Melanie disse com um sorriso.

Caroline bufou.

— Eu doida para fofocar, mas tenho que esperar a senhorita monitora. – ela disse brincando, enquanto a amiga saia da cabine, ignorando seu comentário.

— Ok. Já que o Scorp ainda está sumido, a Mel tem a monitoria e a Caroline vai ter que segurar a língua, vamos falar de coisa boa, vamos falar de Quadribol. – Lyla disse empolgada, atraindo imediatamente a atenção de Louis.

— Acho ótimo. Estou com vários planos para o time esse ano. – o Weasley começou a falar e a cada palavra seus olhos brilhavam.

Quadribol era definitivamente a maior paixão da sua vida. Seus pais costumavam brincar que ele aprendera a montar uma vassoura antes mesmo de andar e nada o havia deixado mais feliz do que ser eleito o novo capitão da Lufa-Lufa. Ele sonhava com o posto há anos, mas quando Thomas Belby se formara no ano anterior, deixando a vaga livre, ele não sabia se tinha chances. Bom, era óbvio o seu amor pelo esporte e talento em campo – havia nascido para ser um artilheiro – mas Lyla era tão apaixonada quanto ele a melhor apanhadora que Lufa-Lufa tivera em anos.

Sendo assim, quando recebeu a carta da professora Sprout, dizendo que era o novo capitão do time de Quadribol quase não acreditou. Enviou uma coruja imediatamente a Melanie e passou o dia inteiro falando sobre aquilo. À noite seus avós fizeram um jantar em sua homenagem e ele ficou extremamente feliz. Em uma família tão grande como a sua era sempre bom encontrar alguma forma de se destacar. É claro, que havia outros capitães entre os primos, mas todos receberam suas honras no momento e não se importavam com aquilo, ficando felizes pelo rapaz. Todo, exceto Rose, que não ficou nada satisfeita com a comemoração.

Louis não se importava muito, a menina provavelmente estava com inveja, por não ter conseguido a vaga de capitã da Sonserina. Ela queria isso há anos e não estava acostumada a não ter o que desejava. De todo modo, aquilo não importava, ele estava feliz e cercado da sua família, seus pais estavam orgulhosos e Melanie havia aceitado o convite para se juntar a comemoração. O pai da garota o havia parabenizado pessoalmente, o que sempre seria uma honra, já que Olívio Wood era um de seus maiores ídolos. Acima de tudo, ele gostava de ter Melanie por perto. Ela era inteligente, divertida e extremamente doce. Tinha a habilidade única de olhar as pessoas e enxergar sua alma e não a aparência. Sendo um dos únicos homens veela existentes, isso era algo que Louis apreciava mais do que qualquer outra coisa.

— Sério, que vocês vão começar a falar de Quadribol agora? – Caroline reclamou. Até assistia aos jogos, na maioria das vezes pelos garotos suados, mas o esporte estava em um dos últimos lugares em sua lista de interesses.

— Sim, nós vamos. – Lyla disse enfática.

A loira fez biquinho em direção a Frank.

— Desculpa, Carol, mas nós vamos falar sobre Quadribol, sim. – o Longbottom também era apaixonado pelo esporte. Poderia até ser um desastre em uma vassoura, mas entendia tudo sobre o assunto e muitas vezes fazia as narrações dos jogos.

No fim das contas era tão fanático quanto os amigos e, como torcedor doente do Montrose Magpies, vivia em guerra com Louis e Lyla, torcedores apaixonados do Puddlemere United. Havia ainda Scorpius que, por alguma razão pouco compreensível, era um adorador do Chudley Cannons, não fazia muito sentido, já que o time não vencia nada a mais tempo do que o garoto tinha de vida, mas a cabeça do Malfoy não fazia muito sentido.

Caroline revirou os olhos. Era voto vencido, se Melanie estivesse ali pelo menos seriam duas contra três. A menos, é claro, que o Scorpius também entrasse na equação, nesse caso, seriam duas contra quatro. Suspirou resignada. Quando o assunto era Quadribol era nunca ganhava.

— Como vocês quiserem. – ela disse, retirando um exemplar da Bruxa Adolescente da bolsa.

A menina era a mais assídua leitora de revistas adolescentes e de fofocas que esse mundo já conhecera. Era assinante de revistas bruxas e trouxas e adorava ser mestiça e poder fofocar a respeito de celebridades dos dois mundos. Os escândalos trouxas costumavam ser mais frequentes, mas os bruxos eram impagáveis de incontáveis maneiras. Além disso, todas as matérias sobre moda, como conquistar o cara dos seus sonhos e principalmente o horóscopo eram imperdíveis para a menina. Então, enquanto os amigos pensavam em táticas e manobras de Quadribol, ela se deliciava com suas páginas cor de rosa e divertidíssimas.

.

.

— Pronto. – Melanie Wood disse após mais de meia-hora, quando finalmente retornou, com Scorpius Malfoy ao seu lado.

— Finalmente. – Lyla comentou, enquanto se levantava para abraçar o loiro. Movimento seguido pelo restante dos amigos.

— Algum dia você vai conseguir não se perder em uma multidão, Scorp? – Frank brincou, fazendo o amigo sorrir envergonhado.

— Foi mal, eu me distraí. – o Malfoy admitiu enquanto se sentava e imediatamente começava a tamborilar os dedos nas pernas.

O garoto havia sido diagnosticado com TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção de Hiperatividade – há três anos e boa parte disso se devia a Lyla. Os pais da garota eram trouxas e psicólogos e ela, percebendo o comportamento e dificuldades de aprendizado do amigo, conversou com os progenitores e sugeriu que o menino procurasse ajuda. Não fora exatamente fácil para os Malfoy aceitarem ajuda de uma nascida trouxas e sua família não mágica. Apesar da guerra tê-los mudado, velhos preconceitos são difíceis de superar e, apesar de não impedir, Draco nunca entendeu muito bem a mania de seu filho de se associar a nascidos trouxas, mestiços e Weasleys. Ainda assim, e provando que a vida é muito irônica, em um momento de necessidade, a poderosa família de sangue puro precisou as ajuda de trouxas e se sentiu grata por isso.

— E a monitoria? – Louis perguntou a Melanie, enquanto ela se sentava ao seu lado.

— Minha ronda é só mais tarde. – ela disse dando de ombros.

— Ótimo! – Caroline exclamou, fechando a revista. – Agora que estamos todos reunidos, vamos começar a fofocar. Frank Longbottom II, onde diabos o senhor se meteu o verão inteiro? E com quem?

— Assim vocês me ofendem! – o garoto dissimulou. – Por que vocês sempre presumem que tem algum cara envolvido na história?

— Porque a gente te conhece... – Scorpius sugeriu, arrancando risadas dos amigos.

O Longbottom suspirou.

— Ok, mas é uma história longa e complicada. E vocês tem que jurar que não vão contar a ninguém.

Os amigos se entreolharam.

— Tudo bem.

— Jurem! – Frank pediu.

— Juramos por Helga Hufflepuff. – eles disseram, cruzando os dedos da mão direita e depois os beijando. O juramento típico da Lufa-Lufa.

— Agora comece a falar, Longbottom. – Caroline exigiu.

— Espera. – Melanie disse, pegando sua varinha. – Abaffiato. – lançou o feitiço na cabine. – Agora você pode começar.

Frank lhe lançou um sorriso grato, antes de começar. A Wood sempre pensava em tudo.

— Vocês se lembram da festa dos Potter? – ele questionou, enquanto os amigos concordavam. Todo ano, nos primeiros dias do verão, os Potter davam uma grande festa e convidavam todos os seus amigos e o de seus primos. – Bom, nessa festa eu fiquei com Lorcan Scamander.

— O que? – Caroline perguntou chocada.

— Lorcan Scamander, o batedor da Grifinória? – Lyla quis confirmar.

— O gêmeo do Lysander? – foi a vez de Scorpius.

— O filho da tia Luna? – Louis também quis ter certeza.

— O neto de Newt Scamander? – Melanie também não perdeu a oportunidade.

— Esse mesmo. O único Lorcan Scamnder que nós conhecemos. – Frank fez questão de frisar a palavra “único”, enquanto revirava os olhos. Não entendia o espanto. O rapaz nunca enganara seu “gaydar”.

— Tem certeza que não é o Lysander? – Caroline quis saber.

Frank a enviou um olhar cético. Aquilo era ridículo, Lysander era totalmente hétero, esquisito, mas hétero.

— O que? Eles são gêmeos idênticos! Você pode ter se confundido.

— Ao contrário de você, loira, eu procuro saber o nome das pessoas antes de ficar com elas. – ele disse ácido.

— Rude. – a loira comentou.

— É só que o Lysander é tão fofo, gentil, adorável e o Lorcan tão... –Lyla começou.

— Tão...? – Frank quis saber.

— Arrogante, irritante, grosso... – Scorpius comentou.

— Ele não é assim. Quer dizer, um pouco, mas no fundo é uma boa pessoa. E ele também pode ser fofo quando quer.

Melanie sorriu.

— Você gosta dele, não é? Tipo, muito!

O garoto corou.

— Ai, meu Merlin, Frank Longbottom envergonhado. Isso é quase um milagre. – Caroline comentou.

— E vocês ficaram juntos o verão inteiro? – Louis perguntou malicioso, fazendo o amigo ficar ainda mais vermelho.

— Vocês “tão” namorando? – Lyla quis saber.

Frank suspirou. Eram muitas perguntas.

— Não exatamente.

— Como assim? – Scorpius questionou.

— Nós estamos juntos, mas ninguém pode saber. O Lorcan ainda está na fase do armário. Entenderam? Por isso, essa conversa morre aqui.

— E você está bem com esse relacionamento secreto? – Melanie perguntou.

— Sei lá. Eu gosto de estar com o Lorcan e não quero pressioná-lo. Essas coisas levam tempo.

— Você está feliz? – Louis questionou.

O garoto sorriu bobo.

— Estou.

— Então, é isso o que importa. – o Weasley continuou. – Mas o deixe avisado que se fizer algo errado terá que se entender comigo.

Frank riu.

— Ok. Nós já falamos muito sobre mim. Quero saber por que você – Frank disse, se virando para Lyla –terminou com o Elliot.

A menina fez uma careta.

— Eu não quero falar sobre isso! – disse emburrada.

— Como se a senhorita tivesse escolha. Desembucha logo! – Caroline falou, educada como sempre.

A amiga lhe enviou um olhar homicida.

— O Elliot é um babaca!

— Isso a gente já entendeu. – Scorpius comentou. – Mas defina o que ele fez para ser considerado um babaca.

Lyla respirou fundo.

— Ele me traiu! Tá legal. – a garota quase gritou e depois voltou os olhos para a janela, não queria encarar os amigos.

— Lyla, eu sinto muito... – Melanie começou, incerta.

A negra deu de ombros.

— Tudo bem, eu já superei. Mas o nome Elliot Chang está riscado das nossas conversas para sempre. Entenderam?

— Ok. – Scorpius disse, erguendo as mãos em sinal de rendição.

Lyla sempre fora a pessoa mais fechada do grupo. Eles sabiam que não adiantava insistir, quando se sentisse pronta ela contaria tudo o que aconteceu com detalhes, persistir nunca era uma boa tática com ela. Tudo o que podiam fazer era esperar e fazê-la entender que estavam ali por ela.

— Você quer que eu quebre a cara dele? – Louis perguntou, fazendo os amigos rirem. Ele era extremamente protetor com as pessoas com quem se importava. – Porque, no momento, eu quero muito quebrar a cara desse imbecil.

A amiga riu.

— Não precisa. Eu já me encarreguei dessa parte. – ela disse com tamanha convicção, que ficou claro que o rapaz não havia saído ileso do relacionamento. Conhecendo Lyla era de se espantar o fato dele ter saído vivo. Traição era a coisa que ela mais abominava na vida.

— Tudo bem, então, vamos falar sobre coisas mais felizes. Louis, querido, conte-nos sobre suas férias na França. – Caroline pediu.

— Eu passei duas semanas em Paris, não as férias inteiras. – o garoto comentou.

A loira revirou os olhos.

— E eu nunca passei nenhum dia, então, cale a boa e nos conte se “pegou”, ou não alguém. – ela ordenou, fazendo os amigos rirem.

— Bom, até teve uma menina. – ele passou as mãos pelos cabelos, enquanto abria seu maior sorriso torto.

— Pode ir contando tudo, Weasley. – Frank começou.

O sorriso desapareceu do rosto de Melanie, enquanto ela sentia seu estômago se contrair desconfortavelmente.

— Não foi nada sério. – o garoto disse. – Coisa de verão.

— Não importa, eu quero os detalhes sórdidos. – Caroline comentou empolgada. – Qual o nome dela?

— Charlotte.

— E como era a Charlotte? – Scorpius quis saber. Sua voz exalava malícia.

— Gente, desculpa interromper, mas eu tenho que fazer minha ronda. – Melanie disse se levantando. Era uma desculpa esfarrapada. Ainda estava cedo, mas aquela conversa a estava irritando profundamente. Ouvir Louis falando de suas namoradas de verão era a última coisa que queria. De alguma forma extremamente bizarra cada palavra do garoto parecia abrir um buraco dentro dela. Talvez fosse algo extremamente exagerado, mas era assim que ela se sentia.

— Quer que a gente te espere? – o Weasley perguntou.

— Não, depois você me conta da Charlotte. – ela se forçou a soar empolgada.

Antes de sair, no entanto, viu o rosto de Frank Longbottom se iluminar em compreensão, enquanto ele lhe enviava um olhar de “precisamos conversar”.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu particularmente gostei de escrever esse capítulo, mas estou louca para eles chegarem logo em Hogwarts.
Se alguém aí lê Squibs - The Story Never Told acho que perceberam o "pequeno" easter egg que deixei no capítulo e espero que tenham gostado! Hahahaha
Estou apaixonada pelos meus lufanos. Apenas!
Espero que tenham gostado!
Beijinhos...
Thaís