O Preço da Traição escrita por Massie
Eu estava sentado em minha cama estudando como todas as noites eu fazia. A noite estava fria, o vento volta e meia uivava contra as folhas das árvores. A casa estava silenciosa e resolvi dar um basta nos estudos e me deitar. Levantei da cama e me aproximei da janela para fechar as cortinas. A rua estava tranquila e as casas escuras, menos a de Karina. Sua varanda estava com a luz acessa e ela e um garoto que eu tinha certeza que era Bernardo pela sua altura e por seu carro que estava estacionado por ali, estavam conversando na calçada, ou melhor, pareciam discutir. Karina gesticulava rapidamente e a pouca luz que pairava sobre seu rosto mostrava sua expressão raivosa. Já Bernardo estava com os braços cruzados e falava sem parar, interrompendo Karina diversas vezes e ó, ele estava fodido, Karina odiava quando a interrompiam. Só sai do meu momento “Maria fofoqueira” quando ouvi TomTom me chamar bem baixinho.
– O que foi minha princesa?
– Tá doendo Pê, aqui – Ela colocou a mão sobre a garganta e tossiu, seu rosto estava molhado devido a lágrimas e ela parecia tremer mesmo usando moletons grossos.
Coloquei a mão na testa de TomTom me surpreendendo com sua temperatura elevada e naquele momento bateu o desespero de não saber o que fazer. Eu não queria incomodar Sol ou minha tia porque já era tarde e eu não sabia que remédio dar a ela já que seu problema não era somente a febre.
– Tá doendo muito, pequena? – Ela assentiu enquanto tossia seco e aumentava a intensidade do choro – Shiii vai ficar tudo bem, vamos resolver isso – Dei um beijo em sua testa peguei um moletom que havia ali e o vesti, calcei meus tênis e sai do quarto com TomTom nos braços. Fui até seu quarto e vesti nela mais uma blusa de frio juntamente com suas botas. Desci as escadas rapidamente e peguei as chaves do carro que estava no aparador. Fechei a porta de casa e fui até meu carro que estava estacionado no meio fio. TomTom continuava a chorar e a tossir enquanto eu afagava suas costas.
– Está tudo bem? – Sobressaltei-me e olhei rapidamente para a rua percebendo que Karina caminhava em minha direção. O carro de Bernardo não estava mais ali o que indicava que ele havia ido embora.
– TomTom não está muito bem. Vou levá-la ao hospital.
– Você quer ajuda?
– Não precisa.
– Você não vai conseguir dirigir com ela no colo Pedro. Pode deixar que eu levo ela.
– Karina, está tarde, amanhã tem aula e tenho certeza que seu pai nem sabe que você está acordada.
– Isso não é problema – Karina praticamente arrancou TomTom de meus braços e como eu fui vencido, entrei no carro e Karina entrou também sentando no banco de trás. Dei a partida no veiculo e não demoramos a chegar ao local, como outrora eu citei, o hospital não ficava longe da minha casa.
Não demorou para que ela fosse atendida, o médico passou dois tipos de remédio para ela já que sua garganta estava inflamada e me deu algumas recomendações. Saímos do hospital e era começo de madrugada. Eu e Karina não conversamos nem na hora de ir e nem na hora de voltar, não tínhamos sobre o que conversar por isso preferimos o silêncio, mas no hospital ela me perguntou onde estava minha mãe que não pôde trazer TomTom para o hospital e eu disse apenas que ela havia viajado encerrando o assunto por ali.
– Obrigado – Agradeci assim que peguei TomTom – que estava adormecida – do colo de Lua.
– Imagina.
– Boa noite – Sorri fraco e lhe dei as costas. Não me dei ao trabalho de colocar o carro na garagem porque estava bêbado de sono e a rua é bem segura. Entrei em casa e subi as escadas entrando no quarto de TomTom. Coloquei-a com cuidado na cama e quando fui me afastar, a garotinha segurou em minha mão.
– Dorme comigo, ursinho – Sorri ternamente lembrando-me de quando ela aprendeu a falar e só me chamada daquela forma porque todos os dias eu pegava seu urso de pelúcia preferido e dava “vida” á ele.
Tirei os tênis e afastei o cobertor de princesa dela. Gente eu juro que não tenho chulé porque se eu tivesse eu nunca contaminaria a cama e o edredom da minha irmãzinha. Juro.
TomTom deitou com a cabeça em meu peito e eu joguei o edredom por cima de nossos corpos. Depois disso caímos no sono instantaneamente.
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