Por trás do seu sorriso escrita por Tatá Mellark


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

FELIZ DIA DO ESCRITOR!!!
Estavam com sdds? Eu estava sentindo falta de escrever sobre o Thomas e a Sam ♥
Minhas férias já estão no fim e acabei por não escrever tudo o que eu pretendia :(
MMAASS, logo logo vai sair uma nova original por aí, tmb com essa pegada gato e rato (que eu amo) de sammas, mas em um ambiente mais maduro. Aguardem!
Espero que gostem do capítulo, nos encontramos lá em baixo!



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Quarta-feira! Faltam dois dias para a prova de Cálculo e meu entendimento não está ultrapassando o mínimo! Eu posso estar exagerando um pouco, talvez surtando um pouco, mas o caso é que eu nunca vi essa matéria, não seu como são as provas do Sr. Tinoco e realmente não quero tirar uma nota baixa na minha primeira prova.

— Garota, larga esse caderno e me dá um pouco de atenção! – cobra Olívia ao meu lado.

Estávamos na hora do intervalo e minha amiga veio me fazer companhia no andar da engenharia, mas ela não estava muito feliz já que eu havia sido tragada para dentro de uma questão e se não conseguisse a terminar eu morreria!

— Oli, colabora comigo. Seja uma boa amiga e me incentive a estuda em vez de me repreender. – digo sem desviar os olhos da questão, eu sei que o método de resolver não é difícil, eu apenas não sei qual deles aplicar!

— Eu sou uma ótima amiga, você que está surtando com essa prova de sexta!

— É a minha primeira prova e ela é muito...

— Importante. Eu já sei disso, você repetiu mil vezes nesses últimos dias! – me interrompe ela completando a minha frase. – Eu sou tão boa amiga que te aviso que o Thomas tá vindo com aquela nuvem de garotas em volta dele. Meu Deus, elas não conseguem ser menor atiradas? Até parece que o Thomas tem um beijo mágico.

— Pode não ser mágico, mas que é bom, é. – respondo no automático, mas quando percebo as palavras que saíram da minha boca olho para minha melhor amiga imediatamente. Olívia me encara com os olhos arregalados e a boca aberta com tamanho o seu espanto.

— Você.. Ele.. Vocês?! – ela tenta formular uma frase, mas parece estar realmente perdida com a bomba que joguei em seu colo absolutamente sem querer. Depois de uma profunda respiração ela me olha determinada. – Eu espero realmente que o motivo de segurança nacional que a fez esconder isso de mim até agora seja algo muito importante.

— Não foi algo tão importante quanto a segurança do país, mas considere meus conflitos internos algo relevante.

— Vou conceder essa consideração, mas exijo todos os detalhes!

— Tudo bem. – me rendo, mas quando direciono a cabeça para onde Thomas estava com todas aquelas meninas em volta dele e dos colegas dele, vejo que ele está vindo na nossa direção. – Você não comenta nada ein, estou fingindo que não lembro do beijo para o Thomas, então se eu não lembro você também não sabe!

Minha amiga faz uma cara de confusa, mas percebe que Thomas já está chegando na mesa que estamos e apenas faz como se estivesse fechando um zíper sobre seus lábios.

— Bom dia, meninas. – diz ele parecendo estar com o humor muito melhor do que o de quando eu o deixei ontem.

Thomas puxa uma cadeira e senta entre a Oli e eu. Percebo que ele tirou a barba totalmente, isso é um avanço em relação a ontem também.

— O que é isso, gatinha? – pergunta pegando meu caderno e analisando a questão que eu estava fazendo. – Você parece sempre tender a deixar tudo mais complicado.. tenta assim.

Thomas apaga as ultimas três linhas que demorei um século para fazer e a substitui por uma linha de calculo e outra já com a resposta.

— Simples e indolor. – ele me mostra o caderno e tenho que me controlar para não bater com a minha mão na minha testa. Era tão simples, estava na minha frente o tempo todo e eu confundi tudo!

 – Nossa, Thomas, parece que você entende mesmo dessas coisas, ein? – comenta Olívia. – Devia ajudar a Sam, ela está se descabelando com a prova de sexta.

— Não sabia que o Tinoco já tinha marcado o dia da prova. Se está com dificuldade deveria ter me pedido ajuda, gatinha. – diz ele voltando o corpo para mim.

— Eu não queria te dar trabalho... E nem estou tão desesperada! – digo e lembro de manter minha pose de orgulhosa.

— Podemos fazer um acordo, para você não achar que está me dando trabalho. Amanhã passamos a tarde aqui estudando, só vamos sair quando você estiver se sentindo segura pra encarar o Tinoco. E em troca você aceita sair comigo no sábado. – propõe ele simplesmente com um sorriso no canto dos lábios.

— Sair.. Er sair pra onde? Como assim? – acho que estou demonstrando demais como essa proposta me pegou de surpresa e me deixou nervosa.

— Você vai ter que confiar em mim! – diz ele me dando uma piscadela.

— Aceita amiga, sair com o Thomas nem chega a ser um pagamento em troca de tirar uma nota boa nessa prova! – incentiva Olívia.

— É... Eu acho que não seria uma má ideia mesmo, mas isso de você me levar pra sair sem eu nem saber o destino ainda vamos conversar! – declaro e tenho o prazer de ver um largo sorriso se espalhar no rosto de Thomas. – Que horas começamos?

— Bem, eu já tenho um compromisso para hoje de tarde.. – diz Thomas um pouco incomodado e aí sim que eu me senti me intrometendo na vida dele com isso dele me ensinar, ele não tem nenhuma obrigação comigo.

— Tá vendo, eu não quero te atrapalhar, você já tem suas coisas para se preocupar. Sério, esquece isso de você me ensinar.

— Não! Não esquenta com isso, se eu pudesse faltava esse compromisso chato, mas não posso. Mas você poderia ir estudando hoje a tarde, separando suas dúvidas do começo da matéria e quando fosse umas 18h eu passo na sua casa para estudarmos. – sugere Thomas. – Diga que sim!

Eu não esperava por isso, em um momento eu estava me descabelando com a prova de sexta e agora tenho o monitor da cadeira tentando me convencer a eu o deixar me ensinar. Talvez eu devesse começar a me descabelar por essa saída de sábado, mas terei tempo para isso depois da minha prova.

— Tudo bem.. Mas vou logo avisando que estou com muitas dúvidas! Você vai ter que ser paciente e se zombar de alguma dificuldade minha arranco sua língua fora! – ameaço apenas para Olívia cair na risada e Thomas aumentar ainda seu sorriso, fazendo aquela covinha cativante aparecer na sua bochecha.

— Eu não vivo direito sem as suas ameaças, gatinha! Agora tenho que ir para minha segunda aula. – ele me dá um rápido beijo na bochecha e repete o gesto com Oli, mas tenho certeza que a pele dela não ficou formigando no lugar onde os lábios dele encostaram como a minha.

Depois que Thomas se afastou e voltou a conversar com os amigos dele indo em direção a sua sala, que fica na outra extremidade do andar, Olívia fechou o sorriso que mantinha no rosto e me olhou séria enquanto se levantava, apoiava as mãos na mesa e se inclinava para me encarar.

— Eu espero que você pegue o caminho mais longe quando for me deixar em casa, pois quero saber todos os detalhes disso de beijar o Thomas! – ameaçou antes de sair rebolando em direção as escadas.

Eu estava cada vez mais encrencada. Não me bastam as preocupações em casa e na faculdade, ainda tenho que encarar a fúria curiosa e investigativa de Olívia, sem contar em tudo o que vem mudando na minha vida desde a chegada de Thomas. Meu Deus! Estou atrasada para a segunda aula!

***

Depois de um longo interrogatório, Olívia finalmente me libera. Mas não antes de me repreender tanto por não contar imediatamente para ela como por estar enganando Thomas com isso de não lembrar do beijo. Eu sei que não estava sendo nada honesto na minha parte fugir desse jeito, mas me assusta a forma como a minha relação com o Thomas se metamorfoseou em tão pouco tempo.

Não posso dizer que o odeio realmente. É certo que ele me tira do sério com suas brincadeiras idiotas, mas ele também me intriga com seus mistérios e me surpreende a cada dia com uma nova parte dele que conheço. Quando paro para pensar o quão pouco eu sei dele a minha vontade de o descobrir mais apenas se manifesta mais.

Eu não deixei que ele entrasse na minha vida, mas isso não impediu que ele se instalasse e por fim ocupasse cada mínimo espaço dela. É estranho ver tudo o que já aconteceu desde que ele me parou naquela escada no primeiro dia de aula, e mais estanho ainda admitir todas as reações independentes que meu corpo tem toda vez que ele está por perto.

Volto minha atenção para as folhas na minha frente. Decidi me reorganizar em relação a matéria enquanto Thomas não chega, fiz novos resumos, anotando as formulas e teoremas, sempre destacando o mais importante com um marca-texto de cor neon. Já passava dez minutos das seis da noite quando escuto o toque do meu celular indicando uma nova mensagem.

Thomas: Estou aqui na frente, abre a porta para mim!

Depois da boa ação dele comigo no dia da festa achei que ele merecia que eu tirasse o termo pejorativo do seu contato no meu celular, isso parecia até que eu estava sendo boazinha com ele, mas não é nada disso. Minhas folhas estavam espalhadas por toda a mesa da sala e não me preocupei em arrumá-las antes de sair descalça mesmo para abrir o portão.

— Oi! – digo um pouco feliz demais quando abro a porta.

— Oi, gatinha. – diz ele com seu típico sorriso de lado. – Feliz em me ver?

— Apenas o suficiente porque você vai me ajudar a tirar uma nota boa! – rebato levantando meu queixo para o encarar melhor. – Entra, não quer colocar sua moto na garagem não?

— Não vim de moto, o motorista do meu pai veio me deixar. – explica ele vagamente.

Entramos e é aí que percebo que não tem ninguém em casa. Meu pai está no jornal e minha mãe foi fazer compras levando Júlio como companhia. Não havia pensado na perspectiva de ter realmente outro momento a sós com Thomas tão cedo, ainda mais na minha casa, minha zona e conforto.

Thomas olha para minhas pilhas de papeis na mesa e dá uma leve risada. Eu podia sentir que ele não estava no seu melhor humor, pelo que eu entendi, o tal compromisso que ele tinha mais cedo envolvia o seu pai. Thomas não fala muito da sua família, mas quando se trata do pai ele se fecha mais ainda, sendo sempre evasivo e simplesmente se afastando.

— Quer beber alguma coisa? Posso te preparar um sanduíche, estou mesmo ficando com fome! – digo no intuito de melhorar o clima ao nosso redor.

— Achei que você queria estudar e não sair para jantar, se não teria vindo com uma roupa melhor. – responde ele, mas eu sabia que era apenas uma brincadeira, pois ele estava impecável em sua camisa social e calça jeans.

— Não seja por isso, vamos ao trabalho!

Sento na mesa e inspiro profundamente tomando coragem para encarar o mar de questões que estava nos esperando. Sinceramente não sei de onde aquele homem tira tantas questões de uma só matéria, parece até que reuniu todos os livros de cálculos disponíveis, selecionou todas as questões e o colocou em um arquivo denominado "Lista de Cálculo I".

As horas se passaram e milagrosamente a cada minuto que passava a luz no fim do túnel se ampliava. Thomas é realmente um ótimo professor e fico feliz em notar que entre brincadeiras e questões ele estava mais aberto do que quando chegou aqui. Pelo menos metade da matéria estava concluída, em duas semanas de aula aquele professor foi capaz de complicar uma matéria que no fundo não era nenhum bicho de sete cabeças, mas eu não teria conseguido ver isso sem a ajuda de Thomas.

— Já está de volta, garoto? – diz meu pai ao entrar em casa e ver Thomas sentado comigo na mesa.

— A Sam não consegue ficar muitas horas longe de mim, então não tenho muita opção. – responde Thomas abrindo um sorriso de lado e me dando uma piscadela.

— Isso é uma mentira! – protesto – Ele só está aqui porque preciso de ajuda em uma cadeira da faculdade, nada demais.

— Cuidado, Thomas, ela está começando a te explorar.

— Quem está explorando quem? – pergunta minha mãe entrando em casa com os braços lotados de sacolas.

— Deixe-me ajudar. – se prontificou Thomas levantando e imediatamente pegando as sacolas que minha mãe carregava.

— Parece que as mulheres dessa família estão explorando esse pobre garoto, devo fazer uma denuncia? – brinca meu pai se jogando na sua poltrona de costume.

— O único pobre garoto que existe aqui sou eu papai, me ajude! – reclama Júlio entrando com ainda mais sacolas do que minha mãe.

Depois de todos serem convocados para tirar as compras do carro, fui obrigada a recolher meu material de estudo, pois a mesa seria posta e claro que Thomas estava convidado para comer. Júlio ficou responsável por pedir a pizza, minha mãe arrumaria a mesa e meu pai foi tomar um banho depois do longo dia de trabalho. Subo para o meu quarto com as mãos repletas de folhas grampeadas, meu estojo e um Thomas calado atrás de mim.

Meu quarto não estava uma total bagunça, isso era um alivio considerando meu convidado inesperado. Thomas entra sem fazer cerimônia e se joga na minha cama enquanto eu guardo minhas preciosas anotações na mesa de estudos.  

— Deseja mais alguma coisa, ó soberano? – brinco diante da posição confortável que Thomas estava.

— Talvez umas uvas na boca e você me ventilando com uma folha de palmeira. – diz sorrindo e esticando a mão e alcançando sua gravata que ainda ocupava meu criado mudo. – Você está se sentindo mais confiante, gatinha?

— Sim, mas ainda falta estudarmos o resto, acha que amanhã conseguimos terminar? – digo sentando na borda da minha cama, não muito longe de onde estavam as pernas de Thomas.

— Amanhã passamos a tarde inteira na biblioteca e certamente vamos terminar tudo, você vai arrasar nessa prova do Tinoco. – reponde brincando com o comprimento da gravata.

— Você.. Estava com seu pai hoje de tarde? – começo receosa. – Eu.. Eu sei que você não gosta de falar dele, só queria, sei lá, te ajudar de alguma forma.

Thomas ficou calado, olhando para o teto do meu quarto e abandonando a gravata de lado. Ele parecia de repente tão cansado, como se estivesse levando o peso do mundo nas costas e finalmente tivesse a chance de descansar. Havia tantas coisas sobre Thomas que eu não entendia e sabia que sequer tínhamos intimidade para isso, mas eu sabia, eu sentia, que aquele era o Thomas de verdade. Não conseguia explicar direito, mas eu simplesmente sei que existe muitas mais emoções por trás de todos os seus sorrisos.

— Sabe, Sam, estar aqui com você já melhora tudo. – suas palavras foram simples e baixas, mas ele não precisava mais do que isso para que eu o ouvisse.

Quando seus olhos voltaram a encontrar os meus eu podia ver a sua dor, não sabia de onde vinha ou como mostrar-lhe o caminho para a paz e isso me desestabilizava. Todos enfrentam seus monstros internos, mas Thomas parecia estar em uma guerra constante e eu só queria poder escutar os problemas dele e tirar ele dessa tempestade que o estava engolindo. Ter uma dor e senti-la é ruim, mas com certeza ter uma dor e guardá-la, deixá-la o consumir por dentro é muito pior, e era isso que Thomas estava fazendo consigo mesmo. Sempre brincalhão e feliz, esconde seus monstros e os deixa devorá-lo pouco a pouco.

Não noto o que estou fazendo antes de tomar sua mão na minha e entrelaçar nossos dedos. Não tem como explicar minha relação com Thomas, sequer eu a entendo, ela apenas existe. Os confusos e conflituosos sentimentos dentro de mim apenas existem e não há nada que eu possa fazer por nós além de viver e ver para onde tudo isso vai nos levar.

Thomas desvia o olhar para nossas mãos unidas e as levanta, dando um beijo demorado na minha mão. Não precisávamos de palavras agora, não precisávamos pensar, poderíamos apenas viver isso por enquanto. Sinto que algumas barreiras dentro de mim estão se rachando e isso me assusta, me assusta demais a forma como ele consegue se infiltrar em cada mínimo detalhe da minha vida.

Seus olhos escuros estão novamente nos meus e eu sei que não existe outro lugar onde eu devesse estar. Ainda com as mãos unidas Thomas me puxa para mais perto, nos deixando cada vez mais próximos, mas diferente do que eu pensei que ele faria, Thomas voltou a deitar e me puxou para o seu peito. E ali estávamos nós, deitados na minha cama, olhando para o teto e em silêncio. O único som que chegava aos meus ouvidos eram as batidas reguladas do coração de Thomas, sendo acompanhada pela sua respiração profunda.

— A PIZZA CHEGOU!!! – o grito de Júlio ocupa toda a casa e faz com que eu volte para a nossa realidade, me fazendo sentar automaticamente.

— Er... É melhor a gente descer, já ficamos tempo demais aqui. – digo levantando e indo em direção a porta.

— Não tempo suficiente.. – escuto ele murmurar, mas prefiro ignorar e continuar o meu caminho até a mesa de jantar, onde duas pizzas grandes esperavam por nós.

Minha mãe terminava de servir os pedaços quando o telefone do meu pai tocou e pela hora da ligação eu já sabia o que esperar, mas guardei meus pensamentos parar mim. Meu pai saiu para atender o celular, enquanto minha mãe se ocupava em servir o refrigerante e Thomas e Júlio entraram em uma competição particular de quem comia mais rápido. Tudo o que havia acontecido comigo e Thomas lá em cima ainda ocupava minha mente, ofuscando qualquer outra preocupação ocasional.

— Vocês não advinham quem acabou de me ligar! – diz meu pai animado voltando para a mesa.

— Uma fonte.. – respondo mesmo sabendo que ele não queria realmente que alguém adivinhasse.

— Isso mesmo, queridinha, uma fonte! – continua ele sem dar importância para a minha falta de interesse pela fofoca da vez. – Uma fonte minha acaba de me ligar da capital dizendo ter visto aquele carro preto deixar a casa do governador mais cedo. Vocês sabem de que carro estou falando, estou nessa pista a quase um ano!

— Sim, meu bem, sabemos. – diz minha mãe também não conseguindo demonstrar um interesse genuíno.

— Thomas, você não deve saber, mas eu vou te falar. – meu pai volta sua atenção para Thomas que se mostra relativamente mais interessado que o resto de nós. – O nosso estimado governador além de corrupto, e eu vou conseguir provar isso em breve, ele tem hábitos estranhos e que me intrigam mais ainda sobre o seu caráter. Pelo menos uma vez no mês ele deixa a tarde da agenda livre e se tranca em sua gigante e bem protegida casa, onde recebe um carro preto de fumê espelhado.

— Intrigante. – diz Thomas o incentivando a continuar.

— Estou mais perto do que nunca de descobrir quem é que faz essas visitas tão secretas ao nosso representante governamental. Minha fonte seguiu o carro e viu quando o mesmo entrou em uma área privativa do aeroporto, entende o que isso significa?

— Que o governador recebe todo mês em sua casa uma prostituta internacional? Isso me parece bem ostentativo!

— Uma.. Uma prostituta internacional? Eu.. Eu não havia pensado nisso, garoto! Boa dedução! – diz meu pai rindo e batendo no ombro de Thomas. – Eu estava apenas olhando pelo ponto dele estar usando o avião do governo para viagens particulares.

— É uma boa teoria, senhor. Foi ótimo saber que temos homens como o senhor vigiando tão de perto o nosso governador. – Thomas diz e rio pelo toque de duplicidade que sua frase tinha. – Agora eu tenho que ir para casa, já está muito tarde para eu ficar importunando vocês.

— Samantha, leva o seu amigo até a porta. Foi bom ter um novo ouvinte hoje, Thomas. Boa noite! – se despede meu pai voltando a sua atenção para a pizza.

— Tchau Thomas, da próxima vez venha para nós jogarmos e não para ensinar a chata da Sam! – diz Júlio fazendo um toque de mãos com Thomas que parecia ser unicamente deles de tão complexo e longo que era.

— Pode deixar. Quando passar essa prova difícil da sua irmã nós poderemos jogar em paz! Dona Susana, obrigada pela pizza e pela constante hospitalidade. – Thomas deposita um beijo na mão da minha mãe.

Depois de todas as despedidas e mais algumas piadinhas e brincadeiras entre todos, levo Thomas para a entrada da casa. Caminhamos em silêncio até o portão, quando lembro que Thomas não veio de moto, como ele voltaria para casa então?

— Como vai para casa? O motorista do meu pai está como minha babá hoje, quando descemos para comer mandei uma mensagem para ele, o carro já deve estar aqui na frente. – explica ele simplesmente e ele estava certo, assim que abro o portão me deparo com um carro preto de vidros escuros.

— Ah.. Então nos vemos amanhã?

— Te espero na biblioteca 13h. – diz ele parando e ficando na minha frente. Seu olhar se prende ao meu e as palavras tornam a sumir, meu coração começa a bater sob os meus ouvidos e minha respiração se nega a agir normalmente. Odeio o efeito dele em mim! – Boa noite, gatinha.

Thomas me dá um beijo na testa antes de ir para o carro, entrar no banco do passageiro e abaixar o vidro para se despedir com um aceno. Mas o que me chamou a atenção quando ele baixou era o homem por trás do volante, era o mesmo cara do estacionamento no outro dia, se me lembro bem Thomas o chamou de Ralf. Então aquele era o motorista do pai do Thomas, mas o que será que o Thomas quis dizer sobre ele estar de babá dele?

Volto para dentro de casa com mais esse questionamento sobre Thomas na minha mente, mas mais uma vez não havia nada que eu pudesse fazer além de afastar tudo isso para o fundo da minha mente. Sento na mesa querendo apenas terminar minha saborosa pizza, tomar um banho relaxante e ter uma longa noite de sono, mas parece que o resto da minha família não concorda comigo.

— O Thomas é um garoto tão bom não é, Maurício? – começa minha mãe.

— É mesmo, ele consegue lidar direitinho com o gênio da Sam.

— Ele deveria ganhar uma medalha por isso! – dia Júlio.

— Além de ser muito educado e bonito, você não acha filha? – continua minha mãe.

— Dona Susana, acho que ele é um pouco novo demais para você! – rebato comendo meu último pedaço antes de fugir dessa ridícula intervenção de família.

Eles estavam mesmo me jogando deliberadamente nos braços do Thomas? Isso é ridículo! É certo que eu não posso negar a relação estanha e a inegável atração que temos um pelo outro, mas isso não significa que temos realmente algo. No máximo somos colegas de faculdade, quem sabe amigos, mas para por aí! Ou não?


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Notas finais do capítulo

EAI? Gostaram, meus amores?
COMENTEM E RECOMENDEM!
Logo estarei de volta com o próximo capítulo! Se ligaram nas mensagens subliminares? Vão juntando os pedacinhos e vocês vão conhecer melhor o nosso lindo Thomas!
Até o próximo!
Bjs, Tatá :3