Estava chovendo, ela olhava calmamente pela janela, seus olhos grandes e dourados eram pensativos, mas de maneiras indescritíveis, era impossível imaginar o que essa garota estava pensando, mas era algo serio pela expressão de seu rosto fino e delicado, faltava pouco para que amanhecesse e ela ainda não havia descoberto o que a incomodava no sumiço da menina. Era algo frio, imbatível, talvez algo relacionado ao passado? A belíssima mulher ruiva encarou sua mão vazia. Teria haver com a pequena Shiro, a menina que eles adotaram? Ou será que teria haver com a própria mulher que ela se dispôs à ajudar? A mulher fechou os olhos, lembrando de sua irmã. Uma jovem loira, elas era muito próximas. Hina, irmã de Alisa, tinha uma incrível inveja da beleza e da bondade da menina, na última briga que tiveram, ela disse que iria fazer um inferno em sua vida, e desapareceu. Ela sabia que Hina era uma cobra invejosa, e que nunca amou nada de verdade. Seus olhos voltaram-se a janela, já havia parado de chover. Ela sentia que estariam todos ali juntos por um motivo especial, algo que seria descrito em outros momentos.

Já ao amanhecer, Shiro acordou preguiçosamente e se agarrou à  um leãozinho de pelúcia, seu bichinho favorito. Olhou ao redor, a mulher dormia agarrada a uma girafa que Shiro havia lhe emprestado. Um sorrisinho se formou nos cantos dos lábios da pequena, ela estava feliz que ela não tinha acordado em mais nenhum momento da noite. Ela se levantou calmamente e caminhou até seu armário, colocou uma roupa qualquer e foi até o quarto dos pais adotivos. Alisa e Hiro eram pessoas muito gentis que haviam se casado e espalhado a bondade por onde passavam. Viu sua mãe na janela.

Shiro: Mamãe -a jovem se virou de maneira gentil e pegou a menininha no colo.

Alisa: Tudo bem menininha?

Shiro: Sim mamãe -ela sorriu- vamos na pizzaria com a Li.. Lili...

Alisa: Lilieth querida, e sim vamos.

Shiro: Mamãe, estou com um mal pressentimento sobre isso.

Alisa: Não tenha medo querida, a mamãe e o papai vão lhe proteger.

Um sorriso foi se desenhando nos lindos lábios da menina, ela olhou para sua mãe sorrindo, mas não tinha coragem de contar que havia sonhado com seu pai na pizzaria...

Lilieth acordou com o sol batendo em seus olhos, encarou o espelho que estava em frente a sua cama e viu sua aparência, muito fora do usual, com os cabelos atrapalhados, olheiras, rosto pálido, lábios secos e quebradiços e olhos fundos. Lilieth se encarou, fechou os olhos e depois se levantou, pediu ao casal para ir ao banheiro, lavou seu rosto, desembaraçou seus cabelos e se arrumou o mínimo o possível.

Era cerca de nove e meia da manhã quando eles saíram da casa do casal, todos andavam juntos, inclusive a pequena menina que estava escondida sob um guarda-sol, pois por ser albina, com o mínimo de tempo no sol poderia ter problemas graves, como câncer, queimaduras e coisas piores.

Demoraram duas horas de caminhada até a pizzaria, quando chegaram lá, a inspeção sanitária estava lá, o dono restaurante  do restaurante dialogava com um homem.

—Você tem uma semana para estar nos padrões determinados, certo senhor?

—Isso é um absurdo, sabe o quanto isso vai me custar?! Uma fortuna!

—Prefere fechar, senhor?

O senhor abaixou sua cabeça, e o inspetor o advertiu mais uma vez, depois foi embora. Shiro, a pequena menininha encarou.

—Vamos papai?

—Vamos filhote -Hiro acariciou a cabeça da menininha e ela abriu um largo sorriso.

Foram até o senhor e ele os encarou.

—Ah, Lilieth, não esperava vê-la tão cedo. Então, encontrou pistas?

—Não senhor Fazbear. E então, porque estavam aqui?

—Ah... -ele abaixou a cabeça- Os animatronic estavam fedendo e apresentando alguns barulhos estranhos, mas deve ser por causa dos vinte anos de funcionamento direto e sem uma limpeza, não é?

Ele deu uma risadinha e Shiro encarou o senhor.

—Então por quê eles estavam aqui?

—Alguns pais reclamaram do cheiro, até os chamavam de "cadáveres reanimados". Diziam ver sangue e muco saindo dos olhos e boca, mas isso é um absurdo, sabe? Não tem como alguém entrar nessas fantasia, elas tem várias peças para dar os movimentos e expressões faciais, se alguém entrasse nelas a única coisa que daria para ser vista seriam os olhos e os dentes. Só as mais antigas tem um mecanismo chamados springlocks, eram para funcionar com o endoesqueleton e com as pessoas dentro, mas só temos duas fantasias dessas, e uma delas... -ele se interrompeu.

—Uma delas..?

—Um funcionário foi embora com uma delas, uma dourada, mas não tem nenhum problema... -ele sussurrou algo incompreensível, somente um "eu espero...".

—Senhor -Alisa falou com seu tom de voz manhoso e gentil, um tom de voz que ninguém resistiria- podemos passar a noite no restaurante junto com o guarda noturno? Vai ser somente por uma pesquisa senhor, nada demais, somente queremos saber como o restaurante é guardado, para conhecermos melhor, sabe?

Era impossível dizer não a Alisa enquanto ela usava esse tom de voz, os seus olhos brilhavam junto à sorriso gentil de sua parte.

—Claro claro, só vou avisar o Dave, nosso guarda noturno, se não me engano ele ia trazer a namorada aqui hoje, mas não deve ter nenhum problema.

Shiro encarou o senhor, ela via algo nele, ele estava apreensivo...

O que diabos ele estava escondendo deles?