Entre Barreiras de Uma Nação escrita por Phanton


Capítulo 8
Capítulo 7 - Exílio


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa por essa sequência de Helena, mas foi por uma boa razão, dito que esse é o ultimo capítulo em que eles não se conhecem, hihihi , espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60981/chapter/8

Engoliu seco. O coração palpitava rápido, suava frio apesar do escaldante sol que pairava sobre si.

- Haha! É para rir não é? Porque alega querer denunciar sua filha? – o oficial definitivamente não acreditava em Alfeu.

- pois ela cometera um crime contra o estado.

- e como sabe? És cúmplice? – questionou o oficial erguendo uma das sobrancelhas desconfiado.

- Ela deixou um bilhete para mim, e assumiu que pretendia cometer o crime...

-e porque a denuncia?

- pois meu principal dever é defender os interesses do rei. – engoliu o medo e inflou o peito procurando se convencer de que devia se orgulhar daquilo.

- Faz bem em pensar assim, do contrário, se descobríssemos iríamos acusar a você também... – comentou o oficial tentando convencer o pai de que fazia o certo. – Mas como pegaremos a jovem?

- ela virá até vocês, se passando por meu filho...

- Entendo... Bom, pegaremos ela e a levaremos .

- Está bem... boa sorte.

Com uma sonora risada à suas costas Alfeu se retirou, a consciência pesando sobre seus ombros. Cabisbaixo foi para casa, sabendo que muito provavelmente a filha não retornaria para lá.

Algum tempo se passou, e pontualmente as nove da manha a jovem Helena estava lá, confiante e nervosa sobre seu futuro. Adentrou o campo com seu cavalo, e lentamente sem suspeitar da queixa se apresentou como filha de Alfeu. Oficiais aguardavam aquele momento; prender um conspirador era raro e agitado, tudo aquilo que gostavam. Sedentos por prender a jovem saíram das poucas sombras geradas pelas paredes do campo e prenderam-na.

Gritos exasperados se sucederam. Cabelo segurado as forças e puxões da roupa e armadura da jovem apenas completavam a assustadora cena. Porém qualquer um que a olhasse naquela época abriria um largo sorriso e comentaria com alguém “ah, já estava na hora de outro traidor, é tão animado e divertido vê-los presos”. Ah, esses moradores de Esparta. Ansiosos por sacrifícios e punições, eis sua definição: População criada e transformada em desumanos.

Arrastando-a até o calabouço, risonhos a jogaram dentro de uma pútrida cela.

- quem mandou atentar contra o rei – avisou divertido o oficial

- nada fiz – procurou se defender em vão. Sabia que alguém a tinha denunciado, mas quem?

- Faça-me rir pequena insolente, está claro que você ia substituir o lugar de seu pai. Ele mesmo nos disse. – Explicou com um sorriso malicioso dando forma a seus lábios

- M-meu pai? ... Mentira está blefando! – Não podia ser, seu pai jamais a faria isso. Defendia a pátria, mas ela era sua filha... não é? Queria pensar assim. Ou ao menos tentava.

- Que motivos tenho para blefar garota?

- Ver-me mal?

- Isso verei sem ao menos blefar. Provável que veja na arena – finalizou fechando a cela aos risos.

Os mesmos risos que ficaram ecoando no vácuo da mente de Helena. Tudo girava, sua barriga se revirava, e o nervosismo e medo tomavam conta de suas ações. Lágrimas banhando as empoeiradas mãos que foram arrastadas pela arena, e sua cabeça latejava.

A noite passou agitada, sem dormir Helena martirizou-se horas a fio, perguntando-se sobre seu pai... teria ele a delatado? O julgamento seria amanha, a vida, ou a morte. Tudo dependeria do povo... Estava claro que sua negra companheira a levaria com ela.

Ajoelhou-se e orou para o Deus da Guerra. Ela apenas queria salvar seu pai. Nada mais... Ainda em meio a orações adormeceu.

***

O dia amanheceu cinzento, como se os Deuses não estivessem de acordo com aquilo. Nuvens espessas davam bom-dia a jovem, que temerosa de seu destino ficava ainda mais incerta com o tempo. Já na antiguidade a natureza era usada como presságio, se estivesse mal, aquilo que se faria não daria certo, apenas não se sabia ao ponto de vista de quem...

Os guardas a tiraram da cela sorridentes. Traidores eram raros, e sua punição geralmente era terrível. A  jovem helena caminhava titubeante até o tribunal, centenas de pares de olhos acompanhando seu trajeto, uns esperançosos por punição, em sua maioria homens, e mulheres com um ar de pena, afinal era um jovem companheira de sexo, talvez não merecesse aquilo. Atrás da pequenina uma numerosa população esperando por castigo.

O caminho de alguns metros nunca pareceu tão grande, o éforo* olhava raivoso para Helena, que sem erguer o olhar continuava orando pela sua sentença.

- Helena, você veio até aqui acusada de traição contra a sua cidade... o que tem a falar sobre isso? – ponderou o Éforo.

- Nada. Procurei defender meu pai das exigências de  vossa excelência Dário, e fui acusada de traição. – Rebateu firme.

- Entendo... – murmurou virando-se a um outro companheiro da gerúsia**.

Alguns minutos se passaram, os olhares indiscretos não cessaram, e por fim um único pigarro finalizou com toda euforia que vinha do lado masculino dos espectadores.

- Helena Amaranto, filha de Alfeu e Althaia Amaranto, você foi acusada de traição contra o rei, e por atentado contra o estado, sua punição será o exílio...

Uma onda de alegria e horror invadiram o recinto, exílio era a pior coisa que alguém poderia merecer, acima até de torturas. Alguém exilado era alguém sem pátria, sem identidade.

- Você partira imediatamente com apenas a roupa do corpo, e sem direito a contato com ninguém dessa cidade... – Finalizou martelando um pequeno objeto de madeira.

Lágrimas escorriam do rosto de Althaia, e Alfeu receoso se afastou... ele havia causado aquilo, mas em seu interior agradecia. Preferia sua filha exilada e viva, a morta e compatriota... seu orgulho pela primeira vez em sua vida ficara em segundo plano.

Sem olhar ao redor Helena saiu carregada pelos guardas, seguiu a passos arrastados até a fronteira delimitada por portões de Esparta, e jogada sobre o barro enfim chorou...

______________________________________________________

                              Vocabulário Espartano.

Éforo* = Autoridade executiva máxima do tribunal de Esparta, haviam cinco éforos que tomavam as decisões sobre leis e afins.

Gerúsia** = Tribunal própriamente dito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

we, é isso. o próximo já está pronto, aguardarei apenas pelos reviews, ou seja, comente e leia o próximo cap. haha.
obrigada