Visitar Nova Iorque nunca foi tão difícil para mim e para minha mãe, íamos pelo menos uma vez por mês para lá para visitar minha tia, porém o motivo dessa vez era um pouco diferente. A cerca de dois meses atrás uma pessoa muito querida nos foi tirada, meu pai. Morrerá por um acidente na qual envolvia seu ambiente de trabalho, ele era um importante cientista em uma grande empresa, mas devido a um erro técnico acabou por explodir a sala de seu trabalho e a explosão acabou por levar sua vida junto.

Minha mãe não reagiu muito bem a essa notícia, ficou abalada e quase entrou em depressão. Eu não posso julgá-la, porque eu nem ao menos consegui ir em seu enterro. Eu era muito próxima ao meu pai, desde pequena, então saber que não acordarei com as suas cantorias e seu violão velho e desafinado que insistia em tocar todas as manhãs, é triste e desanimador. Ele era carinhoso, atencioso e um ótimo professor. Tenho pena de David e Tyler, meus irmãos mais novos, que nem ao menos tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com ele, que tanto os amou. Eu não os culpo, afinal eles nem ao menos nasceram. Minha mãe está gravida de gêmeos, meninos, talvez seja por isso que ela tenha se segurado para não chorar, para não prejudicar os bebês.

Enfim, ela acabou não conseguindo tomar conta da casa e as contas só iam acumulando, até que tomaram posse do nosso imóvel nos fazendo ir ao último lugar que tínhamos, o apartamento da minha tia. Ele era pequeno e só tinha dois quartos e adivinha quem terá que dormir no sofá? Isso mesmo, eu. Também tinha um banheiro, uma cozinha e uma pequena sala de estar.

Eu sinceramente não estou muito ligando para tudo isso, já que, ultimamente eu tenho andado pensando em somente como iremos fazer para sair do vermelho e no meu primeiro dia de aula esse ano, que com toda a certeza eu precisarei me dedicar mais para acabar meus estudos logo e focar em um trabalho para futuramente conseguir pelo menos ajudar nas contas da casa.

Quando eu ainda morava no Brasil, eu não falava muito com as outras pessoas, tinha apenas uma amiga, a qual eu podia contar para tudo. Desde compartilhar segredos e até mesmo de esconder um corpo. Seu nome é Julia, ela era um ano mais velha que eu, e desde que sua mãe morreu e passou a conviver com seu pai, sua vida virou um estresse só, já que seu pai, um homem rico em negócios não a deixa fazer nada e ainda insiste em faze-la se casar a força com o filho de um de seus negociantes mais poderosos, mesmo que ambos não se gostem.

Eu também já namorei uma vez, se bem que, aquilo nem de longe deveria ser considerado um namoro, já que apenas selamos nossos lábios uma vez e ficávamos andando de mãos dadas pra lá e pra cá, não durou muito tempo até descobrirmos que ele teria que se mudar com sua família para longe, eu tinha treze anos e não sabia como me despedir direito então apenas me escondi dele até o dia em que ele foi embora. Mesmo sem querer, eu acabo sempre fugindo quando não sei como reagir a algo.

Bom, eu espero que daqui pra frente as coisas comecem a dar certo.