Selena

Cheguei ao ballet e o mesmo estava vazio, subi pelas longas escadas a procura de alguém e tudo estava vazio. Será que ninguém viria hoje? Que ótimo. Hoje definitivamente não é o meu dia!

Sentei-me no chão frio bem próximo a porta da sala onde aconteceria a minha aula de ballet, procurei por meus fones de ouvidos, e notei que eles estavam estragados. Quer dizer, destruídos.

Garoto idiota. Acabou com os meus fones de ouvido. Sorri ao lembrar do nosso encontro e de como fui realmente rude com ele. Se eu pudesse fazer as coisas diferente, talvez tivesse sido um pouco mais gentil e educada. O lindo sorriso daquele garoto não saía da minha cabeça nem por um instante, como pude ficar tão encantada? Seus olhos verdes também não eram de se desperdiçar, eram realmente vivos e marcantes. Senti meu coração palpitar ao lembrar dele. Calma Selena, componha-se, você provavelmente não vai vê-lo nunca mais em sua vida, acalme-se.

De repente ouço um barulho de porta abrindo, e som de passos contínuos, eram da minha professora de ballet.

– Olá Selena, você chegou cedo! – Disse ela.

– Engraçado professora, eu achei que estivesse atrasada.

– Ora, querida, a culpa do atraso desta vez foi minha, me desculpe, Vamos começar? - Falou conduzindo-me até os grandes espelhos da sala.

– Preciso trocar de roupa, só um instante - Disse enquanto abria minha mochila para pegar a roupa.

– MAS o que é iss.. - Deixei a frase morrer.

– Ora querida! Você canta? - Perguntou-me surpresa ao notar um microfone na minha mochila.

– Não! - Respondi surpresa com o equipamento - Isso não é meu, professora, não sei nem como veio parar aqui.

– Ora querida, não precisa ficar envergonhada. Pode dizer a verdade – disse em tom descontraído.

– Mas eu juro senhorita Bayer.

– Então de quem seria? – Olhou-me como se não tivesse acreditado em nada do que eu tinha dito.

– Seria... - Arregalei os olhos ao lembrar do garoto (idiota...) em que havia esbarrado mais cedo.

– Um garoto... quando eu vinha para cá, esbarrei nesse garoto e com certeza essa mochila deve ser dele. Que droga.

– Mas e a sua mochila?

– Ele deve ter trocado - Franzi a testa.

– Ela não tem nenhuma placa de identificação, de contato ou coisa assim?

– Não... - Respondi desanimada.

– Okay... vou te dá o dia livre. Você pode ir e tentar resolver esse problema, querida. - Disse dando-me três batidinhas no ombro.

– Obrigada, professora Bayer - Coloquei a mochila nas costas e seguir até a saída.

Harry

Depois daquele ''encontro'' com a tal garota enfezadinha meus pensamentos se conduziam somente a ela. De como ela era linda... Ela era realmente linda... com aqueles longos cabelos cacheados e olhos amendoados cor de avelã. Seu jeito nervosinho não conseguiu esconder a doçura que há em seu olhar. Lembrar dela me faz sorrir feito um bobo. Mas eu realmente tinha um problema: o teste na Vocal Records. Eu e meus amigos formamos a nossa banda 1D há dois anos atrás e sempre estivemos esperando por essa oportunidade. Os testes na Vocal Records só ocorrem a cada cinco anos, e uma vez inscrito, não haverá uma nova inscrição. E nós fomos escolhidos. Quantas vezes isso aconteceria?

– Pai? – entrei na lanchonete do meu pai procurando-o.

– Opa, filho! – Respondeu cheio de pacotes em seus braços, pareciam ser caixas de sucos.

– Ei, deixa eu te ajudar – Falei ajudando-o a equilibrar os pacotes – Ele sorriu agradecido.

– Como foi o ensaio hoje?

– Ruim... estou encrencado, pai – Falei coçando a minha nuca.

– O que aconteceu? – perguntou.

– Hoje é o teste para novas bandas na V.R (Ps: vocal records) só que é no mesmo horário que a minha prova final na faculdade.

– Ora, os estudos vêm em primeiro lugar, meu filho.

– Mas pai – Fui cortado

– Estudos em primeiro lugar, Harry. – Disse firme.

Olhei para a minha mãe desanimado, que estava atrás do balcão da lanchonete, com uma cara de também aborrecida, e eu pude perceber que ela sim me compreendia.

Sai e fui para o meu quarto, entrei descalçando meus sapatos com os pés, e joguei-me na cama enterrando o meu rosto no travesseiro. Eu estava realmente infeliz. Senti dedos deslizarem pelos meus cabelos.

– Meu filho? – Era minha mãe.

– Oi... – Respondi sem forças, com a cara enterrada no travesseiro.

– Eu sei que você está chateado, que você sempre esperou por essa chance, mas, você sabe que não podemos contrariar o seu pai – Disse fazendo carinhos em meus cabelos.

– Eu sei, mãe, mas... – Soquei a cama, irritado.

– Vocês são ótimos, Harry! Com certeza essa não será a única oportunidade de vocês, meu amor – Continuou acariciando-me.

Permaneci em silêncio e concentrado a tudo que ela me dizia, mas nada parecia fazer qualquer sentido naquele momento. Ela fez-me adormecer com seus carinhos e logo retornou ao balcão da lanchonete deixando-me dormir um pouco.

Acordei no susto. Que droga, que horas são? Olhei no relógio que eram 19:40 da noite, e a minha prova seria as 20hs. Corri para o banheiro e tomei uma ducha o mais rápido que pude, peguei a primeira camisa que encontrei e a vestir, calcei o meu All Star mais surrado, e peguei a minha mochila saindo sem me despedir de ninguém. Eu ainda estava bravo. Peguei a chave do carro, e acelerei em direção a faculdade. Só no caminho lembrei de avisar aos outros que não iria rolar o teste na V.R.

[Cell conferência]

– Alô, galera? Infelizmente não vai rolar o teste na V.R. - Todos ouviam em silêncio - O meu pai botou maior pilha e eu já estou a caminho da faculdade. Que droga, pessoal!

– Falow Harry, os coroas são assim mesmo, cara, a gente entende – Disse Louis

– É cara – Disse Niall e Liam simultaneamente.

Zayn foi o único que não se manifestou e manteve-se em silêncio até o fim da ligação.

– Falow, galera, tô dirigindo. Tchau. – Desliguei muito desgostoso, a galera não merecia isso. Terem suas chances arruinadas por causa de mim. Quer dizer, por causa do meu coroa.

Narrador

Harry seguiu para universidade pensativo sobre o ocorrido, ele observava toda a estrada mas sua atenção não estava ali completamente, logo sorriu ao lembrar-se de Selena. Aquela garota havia mexido com ele de uma maneira diferente. Um leve sorriso de lado permaneceu em seus lábios ao lembrar do encontro com ela.

[...]

Harry estacionou o carro em uma vaga e seguiu em direção a sala de aula colocando a mochila nas costas, ele estava confiante sobre a prova mas preferiu repassar algumas coisas antes que começasse, e ao abrir a mochila, uma surpresa. Sapatilhas de ballet. Ele logo percebeu a confusão. Harry sorriu ao certificar-se de que aquela mochila pertencia a Selena, pois encontrou o diário identificado com o nome dela. Dentro da mochila havia mais alguns papéis, canetas e alguns fones de ouvidos enroscados entre si. Harry pressionou contra seus braços a mochila e a cheirou carinhosamente. Então esse é seu cheiro...?

Então quer dizer que você estava comigo o tempo todo? Minha enfezadinha