Os segundos passavam como horas no relógio da rodoviária. O pé, inquieto, não parava de mecher-se. Mesmo um pouco distante conseguia ouvir os ponteiros do relógio mechendo-se.

"Cadê ela"

Era tudo o que eu pensava. Ela não vem. É isso. Acho melhor ir senão..

CHUAC

Sinto um beijo na buchecha

-Oiê!

-Oi.-Retribui com um abraço- Pensei que não "vilia" mais.

-É que eu estava em dúvida.

- Em que?

-Em vir. Sabe quando se ama muito alguém é difícil dizer "adeus".

Eu olhei-a um estante. Ela com seu tradicional vestido vermelho. Percebi que ela chorou recentemente. E segurava na mão a perdição da minha vida. Aquela coisa azul.

- Pois para mim é um "até breve"!

- Cebolinha, você não trocou letras!

- Por você!

Eu a beijei. Foi meu primeiro beijo e dela também. Hoje rio quando lembro. Nós dois desajeitados. Poderia ficar ali, mas infelizmente eu tinha de ir.

- Ô casal!

Eu e ela olhamos para trás. Vimos a Magali, nossa amiga, dar um tapa no Cascão, meu melhor amigo.

-Cebolinha, sua mãe tá chamando.

Ficou um clima tenso. Magali disse aquilo aflita. Eu sabia o que significava aquilo, todos sabiam.

Com a cara pálida eu fui e não larguei a mão dela.

-Deixa eu tirar uma foto de vocês!- Falou minha mãe.

Nos juntamos e minha mãe tirou a foto.

-Chamada para Florianópolis.- Berrou um moço.

Me despedi, um a um. Até chegar nela.

Eu a abracei.

-Última chamada para Floriánopolis.- Berrou o fatidico moço.

Eu embarquei no ônibus ao lado de minha mãe, meu pai já tinha ido. Da janela, olhei a turma no último instante.

-Adeus, Cebolinha!

Essas foram as últimas palvras que ouvi dela. Da menina do vestido cor vermelho.