Sweet Illusion

Chapter Two

I Have Someone

Quinta-feira – 16 de Abril de 2015 – 09 horas e 29 minutos

Localização: High School Lawrence – Lawrence – Kansas

Nota: “Quando você é realmente importante para alguém, aquela pessoa sempre vai ter um tempo para você. Sem desculpas, sem mentiras e sem promessas.”

Castiel correu em direção à escadaria da quadra assim que a troca de professores ocorrera no segundo e terceiro período de aula. Ele queria ter ido no primeiro, ou até mesmo no segundo, mas na entrada os monitores ficavam vigiando os lugares, para pegar ao alunos que queriam matar aula, e a troca de professores no primeiro e segundo horário foi tão rápido, que nem se quer teve tempo.

Mas agora ele tinha. E não iria desperdiçar sua chance. Quando chegou abaixo das escadarias, pode ver Dean lá sentado, com um cigarro entre seus lábios, uma blusa de mangas compridas de outra banda de rock, costumeiras calças jeans e tênis. Os olhos estrelados viraram-se em direção a Castiel assim que o moreno chegara lá, e um sorriso nascera nos lábios de Dean, que apagou o cigarro assim que Cass esgueirou-se para seu lado.

– Hey Cass. – cumprimentou – Desculpe-me por não estar ontem quando você acordou. Eu tive que sair. – murmurou meio à contra gosto, não gostou de ter deixado Castiel sozinho e até preocupou-se com o moreno e temeu que o mesmo não quisesse mais olhar para si por culpa disso, mas o sorriso nos lábios rosados de Castiel mostrava tudo ao contrario. Sabia desde o primeiro momento, que ter algum laço com Castiel seria complicado, uma linha tênue. Mas Dean estava mais do que disposto a arriscar.

– Tudo bem. – fora tudo o que disse. Mas as palavras não continham magoa alguma, ou se quer alguma acusação. Eram simples palavras de uma conversa trocada entre amigos. O Novak sentou-se ao lado de Dean e colocara a mochila em seu colo, procurando alguma coisa, assim que achou, seu sorriso se ampliou – Sua jaqueta. – entregou o tecido de couro amarronzado nas mãos de Dean, os olhos de estrelas ficaram ainda mais brilhantes ao revê-la.

O loiro colocou a peça de roupa sobre a blusa preta de mengas compridas, praticamente ignorando o calor sufocante do dia. Mas Dean Winchester não seria Dean Winchester sem seu casaco de couro.

– Como foi sua noite, Cass? – Dean perguntou assim que retornara a se sentar. Castiel apertou timidamente o sobretudo bege que estava em seu corpo. Gostara de sua noite, passara ela desenhando os olhos estrelados de Dean e assim que acabara, nenhuma alucinação veio lhe cumprimentar.

Estava feliz de mais para que seu âmbito o afetasse.

O sorriso de Cass já era tudo o que Dean precisava saber. O Winchester ficou preocupado que o moreno talvez pudesse ter dado outra crise, mas não era isso que aparentava.

– F-Foi normal... – por fim Castiel respondeu. Suas palavras não eram mentiras – apesar de que desenhar olhos até duas horas da manhã, de uma pessoa que você havia conhecido hoje, não era bem uma definição de normal -, e não havia tido nenhuma alucinação ou coisa do gênero, então... Essa era a melhor palavra para descrevê-la.

Normal – de um jeito não Castiel, repleto de sangue e assombrações. Normal – como de qualquer outra pessoa.

O silêncio voltou a se instalar e Dean, como ontem, voltara a bater seus dedos, em uma batucada, contra a madeira da escadaria. Logo estava cantarolando alguma música, cuja qual Castiel não sabia identificar qual era, mas gostava.

– Qual música você está cantando? – Castiel perguntou curioso, o loiro parecia viajar enquanto pensava em tal música e os olhos estrelados pareciam distantes, perdidos e embriagados em momentos bons, de alegria.

Dean deu um sorriso constrangido para a pergunta de Castiel, parando de cantarolar, antes de levantar-se e erguer a mão em direção do Novak, que sem entender muito, aceitou. Dean era alguns dois centímetros mais alto que Cass.

Ei, Jude, não fique mal
Escolha uma música triste e fique melhor
Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração
Então você pode começar a ficar melhor.

Dean começou a cantar de brincadeira, sua voz era grossa, rouca – melódica. Era embriagante e Castiel estava submergido nas palavras que escapavam pelos lábios que pareciam ter gosto de mel. Constrangido – e com as bochechas levemente avermelhadas – Dean continuava, antes de levantar a mão, pedindo para que Castiel desse uma rodada em seu próprio eixo.

Como pedido, o moreno fez, meio desajeitado, as palavras ainda escapavam pelos lábios de Dean, fazendo com que o âmbito desaparecesse.

– Já dançou alguma vez? – Dean perguntou, interrompendo momentaneamente a música, o Novak negou com a cabeça, encabulado – Eu te ensino. – posicionou as mãos de Castiel, uma em sua cintura e a outra entrelaçada contra a sua, sua outra mão fora para o ombro de Cass – Quando você for dançar com uma garota, é assim que você deve segura-la e é assim que ela de segurará. – mas o moreno não queria dançar com nenhuma outra pessoa a não ser Dean.

Ei, Jude, não tenha medo
Você foi feito para sair e conquistá-la
No minuto que você deixá-la debaixo da sua pele
Então você começará a ficar melhor.

Um passo para lá, um passo para cá. O moreno às vezes pisava no pé de Dean, mas nada que o loiro não pudesse aguentar, após a mínima dor, um pedido de desculpas era proferido pelos lábios de Castiel, Dean somente sorria, compreendendo, enquanto ainda cantava.

Por fim, pediu para que Cass repetisse a mesma coisa que fizera com ele no começo. Cass ergueu as mãos entrelaçadas e Dean deu um giro em seu próprio eixo.

E sempre que você sentir a angústia
Ei, Jude, contenha-se
Não carregue o mundo
Em seus ombros.

E a música parara. Dean levou uma de suas mãos – a livre, já que a outra ainda continuava entrelaçada com a do moreno - contra a cabeça e sorriu constrangido. Castiel o olhou curioso, sem entender muito bem.

– Desculpa, eu não lembro o resto. – riu, ainda envergonhado. Castiel somente maneara com a cabeça.

– Qual era a música? – perguntou, talvez se soubesse o nome, poderia procurar para Dean e lembra-lo do resto, o Novak adoraria ouvir aquela música inteira na voz melódica do Winchester.

– Eu não lembro... Só sei que mamãe cantava para mim quando eu era menor. – murmurou, fazendo um leve esforço para ver se lembrar-se do resto, mas nada viera – Desculpe-me. – voltou a pedir.

– Não tem problemas. – Castiel garantiu e o Winchester maneou com a cabeça, grato. O loiro por fim resmungou algumas coisas, tendo sua cabeça latejando pelo esforço.

– Acho que a gente devia voltar para a sala. – o loiro comentou, olhando as horas em seu relógio de pulso. Já estava tarde e eles tinham de retornar.

– A gente pode se ver amanhã...? – o rubor que tomara conta das bochechas do moreno, foi algo que deixou Dean feliz, um sorriso nasceu nos lábios grossos, ao ver a timidez do Novak.

– Claro, mesmo lugar e mesmo horário. Vejo-te na sexta. – com a mão ainda entrelaçadas, puxou Castiel para bem perto de si e depositou um beijo cálido na testa do moreno, retirando com sua mão livre, os fios negros que caiam pela testa e jogara-os para trás do amontoado negrito de frios.

Castiel ficou com a face completamente vermelha e com um sorriso tímido nos lábios. Por fim as mãos se soltaram e o Novak saiu correndo do lugar, ainda constrangido com a ação de Dean – este sorria com ela.

Dean rindo, ascendeu um cigarro, antes de sair.

***

Quinta-feira – 16 de Abril de 2015 – 20 horas e 11 minutos

Localização: Casa dos Novak’s – Lawrence – Kansas

Nota: “Quando você apareceu, foi o auge da minha vida.”

Castiel estava feliz. Na verdade, mais do que feliz. Sorria sem motivos e nos seus lábios, um sorriso bobo não deixava de brincar. Sua mãe até estranhava aquela alegria toda, mas junto com seu filho, também sorria.

Castiel ontem havia dormido sem chorar ou se cortar. Viu isso quando o acordou, o moreno tinha em seus lábios, aquele mesmo sorrisinho, abraçado a um casaco de couro marrom e com um desenho lindo em cima da cômoda. Castiel sempre soube desenhar bem, mas naquele ele havia se superado.

A mulher ainda estava impressionada com aqueles olhos repletos de pontinhos mesclados de prata e verde, que muito lhe lembrava corpos celestes.

A senhora Novak, via seu filho sentado no meio da sala, vendo TV, seu corpo balançava para frente e para trás, como de costume, mas em momento algum Castiel parecia ter tido alguma alucinação – seu filho estava sorrindo, verdadeiramente, algo que nunca pensou poder ver novamente.

A esquizofrenia de Castiel não era das mais fortes, ele sabia se interagir nos poucos momentos quando não tinha alucinação e sabia comportar-se muito bem e falar sem muitos problemas. Seu único problema era o excesso de alucinações.

Elas ocorriam em qualquer lugar, a qualquer instante e Castiel, mesmo muitas vezes sabendo que elas não eram reais, o moreno não podia deixar de se desesperar.

Ainda lembrava-se de seu filho, pequeno, correndo para seu colo, aos prantos, porque havia algum “mostro” querendo pega-lo. Ela olhava a sua volta, procurando alguma coisa, mas não via nada. Castiel apontava, desesperado, para o lugar em que via sua alucinação, mas a mulher nada podia fazer a não ser abraça-lo e falar que ficaria tudo bem.

Nunca foi capaz de parar aquelas alucinações e seu coração de mãe quase morria por isso.

Mas agora, parecia que as coisas estavam melhores. Seja lá o que tinha acontecido para seu filho estar tão feliz, estava dando certo.

Castiel estava sorrindo, cantarolando e desenhando com mais frequência, e aquilo estava deixando sua mãe muito feliz.

Pedia aos céus para que as coisas continuassem desse jeito. Seu bebê não merecia sofrer.