Por favor, não se apaixone por mim escrita por AninhaL


Capítulo 6
Capitulo 5




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Eduardo Narrando

Sai da padaria e decidi passar em casa pra tomar banho e trocar de roupa.

– Onde você dormiu? - minha mãe entrou gritando no meu quarto.

– Não sabe bater na porta, não? - falei bravo.

– Eu sou sua mãe, fala direito comigo. - ela se alterou.

– E eu tenho 18 anos, não dependo de você e não te devo satisfações. - abotoei o último botão da camisa xadrez e sai do quarto.

– Com quem você tá aprendendo isso Eduardo? Deve ser com aqueles favelados que você anda. - ela gritou e eu sai de casa.

Cheguei na pista e já estava lotado, não tinha mais lugar pra sentar.

– Duda! Aqui. - Viviane gritou acenando e eu fui me sentar ao lado dela - Guardei esse lugar pra você, que sorte hein. - ela sorriu.

– Sorte mesmo, se não ia ficar em pé lá na grade. - falei me ajeitando.

A competição começou poucos minutos depois e as garotas eram realmente muito boas, mas não mais que Bia.

– Essa já é da Bia. - Viviane falou baixo.

– Também acho. - concordei e olhei pra Cris que gritava feito uma louca.

O cara lá anunciou a Bia e a galera toda começou a gritar, principalmente garotos.

– Bia tem bastante fãs né. - falei pra Vivi.

– Bando de iludido. - Vivi riu e eu forcei um sorriso.

Ela estava linda com uma blusa de frio preta, cabelos bagunçados e um shorts jeans curto.

Enquanto ela se ''apresentava'' o vento fazia seus cabelos voarem e meus pensamentos voavam com ele. A competição estava rolando e eu não conseguia tirar os olhos da Bia. Eu estava assustado com aquilo, eu nunca dei tanta importância para uma garota, como estou dando a ela.

– Ela ganhou, ela ganhou. - Vivi começou a gritar e pular, o que atrapalhou minha concentração.

– Ganhou? - perguntei saindo de meus pensamentos.

– Sim. - Vivi e Cris pulavam feito loucas e nem preciso dizer que a gritaria era sinistra. Eu estava super distraído quando Vivi me abraçou e me tascou um beijo de linguá, assustei com a atitude dela e me afastei.

– Ô louco, o que aconteceu? - olhei pra ela assustado.

– Desculpa, você não queria isso né? - ela me olhou apreensiva e saiu correndo da pista.

– O que aconteceu? - Cristina me olhou assustada.

– A Vivi me beijou e depois saiu correndo, não entendi nada. - falei ainda meio lesado pelo ocorrido.

– Vou atrás dela. - Cris falou preocupada.

– Não, deixa que eu vou. - falei saindo em direção ao portão que a Vivi tinha saído.

Viviane Narrando

Eu era mesmo uma grande idiota, estava claro porque eu sempre fui sozinha, eu sempre estragava tudo com a minha precipitação. Corri pra não muito longe, mas um lugar quieto e vazio, sentei no chão e peguei o embrulhinho, era inevitável, eu não conseguia ficar longe daquilo, ainda mais quando eu me sentia péssima como agora. Desembrulhei e coloquei um pouco de baixo da unha, eu não queria fazer aquilo.. mas eu não conseguia resistir.

Com o maior remorso do mundo, era como se eu estivesse fazendo aquilo por obrigação e era mais ou menos isso, eu não queria.. mas não conseguia evitar. Não conseguia parar e enchi mais uma vez a unha e puxei com lágrimas nos olhos.

Deitei no chão com o restinho da branquinha que sobrou na mão, eu chorava muito e tudo girava.. uma dor de cabeça absurda tomou conta de mim e eu não conseguia levantar. Eu era tão fraca, eu sentia nojo de mim mesma...

Eduardo Narrando

Eu procurei Vivi na rua, no calçadão e nada de encontra-la. Quando eu estava passando próximo a um quiosque vazio, ouvi gemidos vindo do banheiro e entrei com pressa, só podia ser a Vivi. Quando entrei no banheiro, me deparei com a cena mais forte e horrível da minha vida. Vivi estava deitada no chão sujo e nojento do banheiro, chorava e gemia descontrolada e em sua mão tinha algo estranho, me ajoelhei na frente dela e ela começou a gritar para que eu saísse dali, que ela não queria que eu á visse assim, é lógico que eu não sairia.

– O que é isso Viviane? - perguntei com medo da resposta. Estava na cara, eu sabia o que era, mas queria ter certeza, queria ouvir da boca dela que ela estava usando aquilo.

– Sai daqui. - ela sussurrou e fechou a mão com o embrulhinho pequeno.

– Abre a mão. - peguei na mão dela e ela forçou os dedos ainda mais forte. - Vivi eu não acredito nisso. - falei decepcionado. Me sentei no chão e encostei a cabeça na parede.

– Por favor não conta para as meninas. - ela suplicava lentamente em meio ao choro.

– Faz quanto tempo? - perguntei encarando o teto.

– Tempo o bastante pra não conseguir ficar sem.

– Não estou acreditando, logo você... - o tom de decepção havia tomado conta de mim, afinal eu estava triste demais com aquilo. - Me entrega isso. - falei estendendo a mão em direção a ela.

– Não posso. - ela negou e começou a chorar ainda mais.

– Pode sim. - peguei na mão dela e fui abrindo dedo por dedo com cuidado. Ela cedeu e deixou com que eu pegasse o pequeno embrulho praticamente vazio. - Eu vou te ajudar, eu prometo. - eu me deitei ao lado dela e a abracei. Fiquei em silêncio e Vivi chorava feito uma criança, estávamos ainda lá deitados no chão do banheiro.

– Precisamos ir. - falei baixo quando ela já havia se acalmado.

– Só se você me prometer que não contará pra ninguém. - ela me olhou com medo.

– Eu vou te ajudar e não vou contar pra ninguém sobre isso, será um segredo meu e seu. - dei um beijo na testa dela, me levantei e ajudei ela a levantar.

– Então tá combinado assim. - ela me olhou. - nosso segredo.

– Sim, nosso segredo. - repeti olhando ela e estendi a mão para que ela pegasse. Ela entrelaçou nossos dedos e saímos do banheiro.

Nossa roupa estava uma coisa de outro mundo, parecia que eu tinha acabado de sair de uma guerra de tão suja. Viviane não quis voltar pra competição e disse que iria embora, eu fiquei com um pouco de receio e decidi que a levaria até em casa.

– Está entregue. - disse quando chegamos na frente do apartamento.

– Obrigada. - ela me olhou como se seus olhos quisessem me agradecer de alguma forma. - Você está sendo incrível comigo. - nos abraçamos - Não quer subir pra limpar um pouco a roupa? - ela perguntou me olhando. Se eu subisse eu sabia que rolaria algo e também sabia que seria mais por pena do que por eu estar afim.

– Melhor não. - falei dando alguns passos pra trás. - Até amanhã, Vivi. - ela sorriu e eu atravessei a rua em sentido ao Ralf.

Beatriz Narrando

Quando o cara anunciou que eu era a vencedora eu senti um milhão de sentimentos, eu queria correr e sair abraçando todo mundo, o que pegaria mal pra uma garota assim como eu. Quando eu estava olhando pra Cris, vi a Vivi falando algo pro Eduardo, ai ela saiu correndo e ele correu atrás, tipo foi muito rápido, eu queria correr até lá pra saber o que estava acontecendo, não por causa do Eduardo, porque convenhamos que eu estou pouco me fodendo por ele, mas sim pela Viviane que saiu correndo e parecia estar chorando.. o único problema é que eu não podia sair do ''palco'', eu estava sendo premiada.

Assim que acabou a premiação e eu peguei o valor em dinheiro tão desejado, corri até a Cris para que ela me explicasse o que tinha rolado, Vivi e o Duda não estavam lá, o que me deixou intrigada.

– Cris o que rolou aqui? - perguntei ajeitando o skate na mochila.

– Aí, foi tenso. - ela falou meia apreensiva.

– Me conta então. - falei impaciente.

– Bom, a Vivi beijou o Duda, que ficou assustado e parou o beijo, ai ela teve um ataque de carência e saiu correndo, ele ficou preocupado e saiu correndo atrás, fim. - ela me explicava enquanto procurava alguém pela pista.

– Nossa! - falei surpresa. - A Vivi beijou o Duda? - perguntei desentendida. Eu não sabia ao certo o que eu senti, mas não gostei de ficar sabendo aquilo.

– Sim Bia, beijou. - ela falou distraída ainda procurando alguém.

– Tá procurando alguém? - falei pegando no queixo dela e fazendo com que ela me olhasse. - Hein?

– Não. - ela falou sem graça. - Quer dizer, to procurando a Vivi né.

– Sei. - falei desconfiada e ela me olhou como se tivesse culpa no cartório. Eu conhecia Cris bem o bastante para saber que ela estava mentindo, mas preferi deixar pra lá, talvez ela não quisesse mesmo falar quem estava procurando. Quando eu e Cris estávamos quase saindo da pista Eduardo chegou todo sujo e veio em nossa direção.

– Cris deixei a Vivi em casa, ela tá bem viu. - ele falou me ignorando totalmente.

– Ah obrigada Duda, mas aconteceu alguma coisa? - ela perguntou olhando a roupa dele que estava um pouco.. digamos.. imunda.

– Ah nada demais. - ele sorrio e eu me afastei deles dois.

– Bia onde você vai? - Cris perguntou assustada quando eu me afastei.

– Por ai, vou chegar tarde tá? - olhei Eduardo de relance e sai caminhando entre o pessoal que estava lá.

Eduardo Narrando

– O que deu nela? - perguntei olhando ela caminhar sem rumo.

– Deve estar feliz pela vitória. - Cris deu de ombros super distraída.

– Ela não parecia nada feliz, Cris. - falei olhando em volta pra ver o que Cris procurava.

– ÃN? - ela perguntou desentendida, de certo não tinha ouvido uma palavra do que eu disse.

– Deixa pra lá, até. - sai caminhando na direção que a Bia havia ido.

Beatriz Narrando

Eles se beijaram... ah normal, ela é solteira, ele é solteiro. - eu pensava enquanto caminhava pra praia praticamente deserta naquele horário.

Bia você só pode estar ficando louca.. e daí que eles se beijaram? Isso não é problema seu, lembra que ele é um boyzinho idiota. - eu repetia pra mim mesma.

– Olá mar. - falei assim que coloquei os pés na areia. Fiquei em pé próximo ao mar e sentindo a água gelada bater até a altura dos meus tornozelos. - Você está me esperando né. - falei baixinho olhando para o imenso mar.

Inicio do Flash Back

Era 5 horas da manhã o horário que eu sempre acordava na casa do padre José, afinal morávamos em uma espécie de ''convento'' eu tinha que acordar cedo para pegar ovos no galinheiro e depois cuidar dos cavalos. Qual é, aquele lugar não tinha nada além de esterco e galinhas. Eu sempre sonhei com o dia em que eu conheceria o mar, eu o via as vezes escondido na pequena e velha televisão que tinha no celeiro, ela era em preto e branco, mas já dava pra notar que o mar era lindo mesmo sem saber a cor dele.

Quatro anos depois eu estava dentro da casa de estranhos, longe do cheiro do campo, longe do orfanato onde estava a única pessoa que eu confiava. Mas tinha uma parte boa nisso, eu estava perto do mar... pela primeira vez eu vi a cor dele, o cheiro e o quão perfeito ele era vendo assim pessoalmente. Aos 14 anos eu comecei a escrever minha lista de coisas pra fazer antes de morrer, e bem eu decidi que queria morrer no mar e desde então espero pelo meu aniversário de 17 anos, eu estou decidida e nesse dia eu vou caminhar mar a dentro até não dar mais pé pra mim e eu me afogar aos poucos. Bizarro? Depressivo? Não sei, mas é o que eu planejo.

Fim do Flash Back

Eu continuava lá parada vendo o mar e sentindo a brisa que vinha dele balançar meus cabelos. Comecei a pensar.. por que esperar até os 17 anos? O que me impede de fazer isso agora? Coloquei minhas coisas na areia, tirei minha blusa de frio e fiquei apenas de shorts e uma camiseta branca. Fui andando lentamente, a água já batia no meu quadril.

– Vamos, não seja covarde como seus pais foram ao te abandonar. - sussurrei pra mim mesma e continuei caminhando lentamente mar a dentro. A água chegava no meu seio já e eu sentia muito frio, meu queixo batia e minhas mãos estavam roxas. Ali não estava mais dando pé pra mim, fui soltando meu corpo lentamente e a cada onda eu afundava um pouco mais, senti a água invadir meus pulmões, minha visão foi ficando turva, até eu não ver mais nada.

Eduardo Narrando

Vi uma garota entrando no mar, o que era impossível de não notar já que estava frio e ela era a única lá perto da água. Aos poucos fui me aproximando e vi que era a Bia, ela deixou as coisas dela na areia e foi entrando no mar, até então fiquei de longe apenas observando. Talvez ela estivesse precisando ficar sozinha, então não me atrevi a atormenta-la, até que ela sumiu do meu olhar. Me levantei de onde eu estava e comecei a procura-la, o desespero começou a tomar conta de mim, tirei a camisa xadrez e minha camiseta depressa e comecei a mergulhar para encontra-la.

– Bia. - eu gritava desesperado cada vez que levantava de um mergulho sem sucesso. - Puta que pariu não acredito que isso tá acontecendo. - falei mergulhando, quando me levantei novamente vi uma coisa branca e nadei o mais rápido que pude, Bia estava com uma blusa branca, eu estava confiante que era ela. Quando cheguei perto mergulhei e vi que era ela, a peguei pelo braço e puxei até a superfície, onde conseguia ficar de pé. Ela parecia não respirar e o que me fez ficar ainda mais desesperado em tira-la dali.

Peguei ela no colo e corri com ela até a areia, coloquei ela deitada e a cobri com a minha camisa.

– Bia, fala comigo. - falei mexendo nela sem sucesso, ela continuava com os olhos fechados e com a pulsação super baixa. - Você vai me bater por causa disso, mas é por você. - aproximei dela e juntei nossos lábios com a tentativa de uma respiração boca a boca dar certo. - Vamos pequena, abre os olhos. - tentei mais uma vez e felizmente foi o bastante para ela colocar pra fora a água de seus pulmões. Ela foi abrindo os olhos lentamente e me olhou ainda lesada. - Você tá bem? - perguntei preocupado, nós ainda estávamos próximo demais e eu segurava sua cabeça.

– Por que você fez isso? Eu estava quase passando dessa pra melhor. - ela falou tirando minha blusa de cima dela.

– Você é louca? - olhei ela assustado.

– Você tem o dom pra estragar meus momentos felizes. - ela me olhou com raiva.

– Momento feliz? Só lembrando que você estava quase morrendo. - falei colocando minha blusa em cima dela novamente.

– Tira isso de mim, sai! - ela jogou a blusa do lado e foi se levantando como se nada errado tivesse acontecido.

– Definitivamente você é louca, acabo de te salvar e você dá esse ataque histérico. - peguei minha blusa na areia e me levantei indo embora.

– Desculpa. - ela sussurrou enquanto eu caminhava e então que ela estava chorando. Pensei em continuar caminhando e deixar ela ali, mas eu não consegui dar mais nem meio passo.

– Tá tudo bem? Quer conversar? - falei parado um pouco mais atrás dela.

– Eu tô bem, pode ir embora. - como sempre seca e autossuficiente.

– Não vou embora sabendo que você está chorando. - caminhei até ela e me sentei ao lado dela.

– Ótimo, então fique aí. - ela falou baixo. - Eu não ligo.

– O quanto posso me aproximar para te dar o que você precisa? - sussurrei.

– Eu não preciso de nada. - ela respondeu incrédula.

– Todos precisamos de algo, e está claramente estampado em sua testa que você precisa ser amada.

– Ser amada por um galinha hipócrita que nem você? - ela me olhou forçando um sorriso sem mostrar os dentes. - Prefiro morrer sozinha.

– Você mente tanto, que passou a acreditar nessa mentira que inventou pra si mesma. Todos precisamos de amor. - falei olhando em seus olhos. - Quando quiser parar de mentir pra si mesma me procure. - olhei pra ela e me levantei, ela ficou em silêncio e eu comecei a caminhar.

– Não faz isso. - ela falou baixo quando eu já estava um pouco longe.

– Não faz o que? - me virei encarando ela sentada com a cabeça entre as pernas.

– Não se apaixone por mim, por favor não faça isso. - ela virou a cabeça me olhando.

– Devia ter pedido isso antes. - me virei e voltei a caminhar.

Beatriz Narrando

Eu continuei lá molhada, com frio e me sentindo extremamente idiota.

Juntei minhas coisas e percebi que Eduardo tinha deixado a camisa dele lá jogada, peguei ela, sacudi pra tirar a areia e guardei dentro da mochila. Fui caminhando pra casa, minha roupa pingava e eu estava cheirando a peixe.

– Bia você está molhada. - Cris falou afirmando ao me ver.

– É, eu sei que estou. - fui um pouco seca.

– Tá chovendo? - ela olhou pela sacada.

– Não. - respondi indo pro meu quarto.

Eu estava pegando roupas limpas pra tomar banho, quando Vivi entrou no quarto cantarolando.

– Eca, você tá cheirando a peixe. - Viviane falou me olhando com nojo.

– E você tá cheirando a banheiro de rodoviária, daqueles bem sujos e nojentos. - revidei seca e fui em direção ao banheiro.

– O que deu nela? - ouvi Viviane perguntar pra Cris que mandou ela ficar na dela e me deixar em paz.

Tomei um banho demorado, deixei que a água caísse sobre mim, minha esperança era que além do cheiro de peixe a água também levasse esse sentimento ridículo que está no meu coração. Sai do banheiro ainda pensativa e fui até o espelho.

– Que droga você tá fazendo? - sussurrei me olhando no espelho. - Você sabe que vai machuca-lo. - sussurrei abaixando a cabeça e encarando a pia.

Fui até minhas gavetas e procurei a roupinha que eu estava quando me deixaram na frente da igreja. O padre José fez questão de guardar e antes de falecer me entregou.

Coloquei ela em cima da cama, era um macacão lilás e branco. Deitei ao lado da roupinha e fiquei olhando para ela.

– Posso entrar? - Cris abriu um pouco a porta e ficou me olhando, fiz positivo com a cabeça e ela entrou e fechou a porta. - Tá tudo bem?

– Acho que sim. - tirando o fato de eu ter tentado me matar e aquele idiota ter me salvado, me controlei pra não falar aquilo e continuei parada sem tirar os olhos do macacão.

– O que aconteceu que você chegou toda molhada? - ela me olhou e passou a mão no meu cabelo.

– Passei na praia antes de vir embora.

– Ah sim, sozinha?

– Aham, desde quando tenho outros amigos? - falei irônica e ela riu. Cris não podia saber o que aconteceu na praia, ela ficaria arrasada comigo.

Viviane Narrando

Eu não queria tomar banho e lavar a roupa que eu estava, afinal a pouco tempo Eduardo estava tocando nela. - suspirei.

Ouvi meu celular tocando e sai correndo para atende-lo.

– Alô.

– Oi, é o Duda. - é claro que eu sabia que era ele, aquela voz rouquinha era inconfundível.

– Ah, oi. O que houve? - perguntei agindo naturalmente, mas eu estava pulando pela sala.

– Eu deixei minha blusa com você?

– Não, lembra que você não quis subir?

– Ah é, é que o dia foi tão agitado que só agora eu me dei conta que perdi. Justo ela, minha preferida. - ele resmungou.

– Ah que pena! Não faz idéia de onde deixou? - perguntei tentando parecer super interessada.

– Acho que até sei, mas já era mesmo.

– Poxa, que tenso. - falei com voz de manha

– Pois é. - ele suspirou e eu delirei no outro lado da linha. - Mas fazer o que né. - ele completou. - Bom, vou desligar.. Boa noite.

– Boa noite. - desliguei o celular e comecei a gritar e pular na sala.

– Que foi Vivi? - Cris abriu a porta do quarto da Bia assustada e eu entrei lá pulando.

– Vocês não sabem quem me ligou. - falei me jogando na cama da Bia.

– Quem? - Cris perguntou me olhando.

– O Duda. - comecei a virar de um lado pro outro na cama. - Ele é tão perfeito. - suspirei.

Eu estava contando tudo a Cris do que aconteceu hoje, contei que ele me abraçou e ficamos abraçados por muito tempo, por isso sumimos da competição, contei também que ele me trouxe até em casa e viemos de mãos dadas. É claro que não contei sobre a droga, mas ela não precisa saber dessa parte. Do nada Bia se levantou e puxou algo debaixo de mim, parecia ser uma roupinha de bebê, ela guardou na gaveta e depois foi pra sala com a maior cara de brava.

– Bia voltou de cu virado da rua né. - revirei os olhos. - Que horror!

Eduardo Narrando

Que dia mais louco! Primeiro durmo na rua, depois descubro que a Viviane é viciada e agora vejo a Bia se afogando. O que foi muito estranho, ela parecia ter feito aquilo de propósito.

Depois ainda rolou aquela tensão e eu meio que admite que estou apaixonado por ela. Foi a pior besteira que eu fiz, e olha que eu já fiz muitas... Agora ela vai me tratar ainda pior do que já tratava, tenho certeza.

Tomei um banho e fui assistir um filme, o que foi super idiota, já que eu não lembro de nenhuma cena do filme, passei ele todo pensando em Bia, e no nosso "semi-beijo". Tá, foi só uma respiração boca-a-boca, não tinha clima nenhum e ela nem acordada estava. Mas eu não consegui esquecer aquilo, os lábios dela eram tão macios.

Desisti da televisão e fui pro quarto dormir, me joguei na cama e não demorou muito para eu pegar no sono.

Diogo Narrando

– Olá São Paulo. - falei baixo assim que sai do avião dos Estados Unidos.

Passei os últimos anos lá e agora vim pra SP.

Aluguei um apartamento de frente pra praia e lá vou ficar durante muito tempo.

Entrei no prédio e chamei o elevador, apertei o 12º andar e fiquei batendo os pés no chão até chegar.

Beatriz Narrando

Acordei com um barulho insuportável vindo do apartamento de baixo, eles pareciam estar batendo algo no teto e justamente onde é o meu quarto. Pleno domingo, 8 horas da manhã e aquele barulho infernal não me deixava dormir. Levantei da cama bufando e sai do quarto só de camisetão e uma calcinha box feminina.

– Onde você vai? - Cris que já estava acordada na cozinha perguntou me olhando.

– Vou lá matar aquele vizinho. - fui até a porta e girei as chaves. Sai no corredor e Cris veio atrás de mim mandando eu entrar. Chamei o elevador e fiquei esperando sonolenta.

– Bia, você vai assim de calcinha? - o elevador chegou e eu ignorei a Cris. - Bia você não pode ficar andando por ai de calcinha, tá louca? - ela me olhou assustada.

– Eu sou o Batman, Cris. Eu posso tudo.. até passear pelo prédio de calcinha.

– Adorei esse lugar. - um rapaz todo largado olhou pra mim e depois pra Cris.

– Calado, ninguém falou com você. - empurrei ele pra fora do elevador e apertei o andar 11º

– Ai desculpa, ela acordou de mal humor hoje. - Cris tentava concertar as coisas e eu aproveitei pra sair de fininho. O elevador parou e eu sai cambaleando, caminhei até o apartamento do diabo barulhento e apertei a campainha. Um homem de aparentemente uns 22 anos apareceu todo sujo de tinta e ficou me olhando.

– Meu filho tá fazendo reforma em pleno domingo? - perguntei seca. - Acho que você não leu as regras do prédio né? - olhei pra ele brava. - Se você não parar com esse barulho eu entro ai e faço uma reforma a la modê Beatriz Chaddad.

– Desculpa. - ele me olhou. - É que aconteceu um probleminha aqui.

– Então deixa esse probleminha pra resolver depois das 11h. - revirei os olhos e ele riu. - Não estou brincando. - olhei pra ele séria e apertei o botão do elevador.

– A propósito.. belas pernas. - ele falou me olhando.

– Tá querendo ter o apartamento destruído mesmo hein. - entrei no elevador, ele ficou olhando e eu mostrei o dedo do meio, ele riu e fechou a porta.

Abri a porta do apartamento meu apartamento e o rapaz do elevador estava com a Cris na cozinha.

– Isso tá pior que pensão. - revirei os olhos e fui batendo os pés até o quarto.

– Ela é sempre assim? - o tipinho perguntou a Cris.

– Essa é a pergunta que sempre escuto sobre ela. - eles riram e depois não me lembro de mais nada, peguei no sono.


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