Por favor, não se apaixone por mim escrita por AninhaL


Capítulo 2
Capitulo 1




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Beatriz Narrando

– Bia, você viu meus brincos prata? - Viviane gritou.

– Já tentou procurar nas suas latas de biju? - Cristina respondeu com a voz firme - Você sempre deixa tudo jogado, por isso nunca acha nada.

– Ah, desculpa aí organizadona. - Viviane resmungou com Cristina.

– Calada as duas, os brincos estão em cima do criado mudo. - falei repreendendo elas.

Teria uma festa naquela noite, Cris e Vivi estavam se arrumando pra ir. Peguei meu notebook e sentei na varanda, morávamos no décimo segundo andar de frente pro calçadão.

– Bia você não vai? - Cris perguntou pegando as chaves dela em cima da mesa.

– Se eu for, vou só mais tarde Cris. - respondi e voltei a me concentrar no meu trabalho de escola.

– Você só estuda Bia, tem que sair mais. - Cris debochou e começou a rir.

– Com certeza sua louca, é a primeira vez em dois anos que eu faço um trabalho de escola. - nós três rimos e não demorou muito e elas foram.

Fazia algumas horas que as duas tinham saído e eu finalmente terminei o trabalho e fui me arrumar. Tomei um banho, retoquei o esmalte preto e vesti algo bem básico. Desde que me entendo por gente sou básica, nunca gostei dessas coisas de patricinha. Preto é a minha cor, basicamente tudo que tenho é preto ou escuro, nunca fiz o tipo de seguir modinha, até porque por muito tempo da minha vida mal tinha dinheiro para comprar uma meia.

Coloquei um sutiã preto, uma regata branca bem cavada dos lados, o que deixava minha tatuagem e meu sutiã a mostra, um shorts jeans curto todo rasgadinho e meu coturno preto. Soltei meus longos fios de cabelos e fiz uma maquiagem bem pesada nos olhos. Coloquei umas pulseiras pretas e baguncei os cabelos, era o que eu fazia todo dia pra ir a escola, enfim. Me olhei no espelho e aprovei o visual com um sorrido estreito.

A festa não era muito longe dali então decidi ir de skate.
Onde eu moro AS skatistas são bastantes discriminadas por alguns, aqui se a garota usa roupas menos femininas e anda de skate é lésbica, ou seja se é como eu, você será infernizado até cometer suicídio e depois quando passar no jornal, todos vão dizer que você era estranho ou sofria de depressão.

– Volta pro fogão boneca. - Um cara gritou quando eu passei.

– E que tal você voltar pra privada? Seu merda. - Retruquei mostrando o dedo do meio corajosamente.

Viviane diz que um dia vou acabar apanhando aqui, mas por mim tanto faz, desde que bata pra matar, pois será um trabalho a menos pra mim, vai me poupar de ter de me matar.

Cheguei na festa era mais ou menos 11h, provavelmente esse pessoal vai virar a noite aqui. Quando entrei, algumas meninas me encararam, como de costume, as maioria dessas fúteis me odeia. Avistei Vivi e Cris de longe e fui até elas.

– E ai bitch's. - falei quando me aproximei.

– E aí. - elas responderam juntas.

Elas estavam em uma rodinha de garotos, coisa que eu odeio. Sempre tem aquele retardado pra dar aquela cantadinha meia-boca.

Os garotos ficaram me olhando e então Cristina tomou a iniciativa de nos apresentar.

– Bom rapazes, essa é a nossa amiga Bia. - Mel falou sorrindo.

– Oi Bia. - Um deles falou me olhando.

Fiz oi com a mão e dei um sorriso amarelo.

– Bom Bia, esse é o Mathias, o Juca e o João. - Cris falou apontando para cada um e falando o nome.

– Ata. - Respondi desinteressada. - Aí, vou dar um rolé. - Falei me afastando deles.

Cristina Narrando

Bia se afastou e os meninos ficaram observando ela ir até o barzinho e pedir uma bebida.

– Eu curti hein. Sempre vejo ela na escola, mas nunca tinha ouvido a voz dela. - Mathias falou olhando ela virar a bebida em um gole só.

– Sempre achei ela bizarra. - João falou me encarando.

– A Bia não é bizarra, tem estilo próprio. Você não está acostumado com isso, porque só fica com aquelas ditadoras de moda que só sabe falar o quanto a roupa delas são perfeitas. - Vivi defendeu Bia.

Eduardo olhava Bia atentamente sem dizer uma palavra.

– E você Juca? O que achou dela? - perguntei rindo.

– Não achei nada. - Juca respondeu ainda encarando Bia e então voltando seu olhar em mim.

– Duvido, seus olhos estão te denunciando querido amigo. - Mathias se intrometeu.

– Ah, ela parece ser firmeza. Sei lá né, nem conheço a garota. - ele respondeu dando uma gole na sua batida de maracujá.

– Ela anda de skate, deve ser aquelas minas sem frescura. - João falou sem perceber que Bia estava próximo dele.

– Todas nós andamos de skate e frescura é coisa das patricinhas que você está acostumado a andar, coisa que estou longe de ser. - Beatriz respondeu dando um gole na bebida do João e então piscou pra ele e colocou a bebida em cima da mesa.

Bia foi deixada em frente a uma igreja católica quando bebê, foi criada pelo padre José e com sete anos foi para o mesmo orfanato que eu estava, foi lá que nos conhecemos. Minha mãe era prostituta e quando soube que estava grávida abandonou a ''profissão'', então quando eu tinha cinco anos ela faleceu e me levaram para aquele inferno. Já Viviane nós conhecemos depois, ela entrou no orfanato assim que Bia foi adotada por uma família rica, Bia devia ter por volta dos onze anos e Vivi, dez anos. Assim que Bia fez 15 seus pais adotivos faleceram em uma viagem de avião, Beatriz não tinha ido, com o dinheiro da herança de seus "pais" comprou o apartamento. Ou seja somos três ''órfãs'' que encontraram apoio uma na outra para continuar a viver.

Trabalhamos e estudamos em um colégio particular, ganhamos bolsa lá.

Nós estamos atrás de um sonho: Ser skatista profissional, então todo nosso tempo livre vamos pra pista de skate da cidade.

Eduardo Narrando

Cheguei na festa já era mais de meia noite. Analisei as meninas procurando pela vítima dessa noite. Vi meu irmão com as garotas e fui até eles.

– E ai brother. - Falei colocando o dedo no ouvido do Mathias. - Oi meninas. - cumprimentei uma por uma com um beijo na bochecha.

– Aí Cris e Vivi, tô indo hein. - uma garota disse.

– Puta que pariu, você acabou de chegar! - Cris respondeu.

– Para né Cris, só tem mané e piriguete aqui, vou colar lá no Half e depois vou pra casa.

– Nossa. Só tem mané né Bia, valeuzão. - Meu irmão falou rindo.

– É, humilhou legal. - Juca falou encarando ela.

– Desculpa aí, existe exceções é claro. - Ela sorriu.

– Finalmente vi seus dentes. - Juca falou rindo.

– Aproveita porque isso é bem raro. - disse Viviane, e deu um tapinha na amiga.

– Pô, até parece que eu nunca sorrio. - a garota falou descontraída.

– Você devia sorrir mais. Seu sorriso é lindo. - Me intrometi na conversa.

– E você quem é mesmo? - Ela perguntou fria e indiferente.

– Esse é meu irmão mais velho, Eduardo. - Mathias respondeu por mim.

– Ah. - Ela falou desinteressada.

– Eduardo Almeida Campos, e você é? - Perguntei jogando meu charme de pegador.

– Aham. - ela respondeu sem interesse. - Bia. - Ela foi curta e grossa e voltou a falar com as meninas sem me dar atenção.

– Bia? Belo nome, combina perfeitamente com você. - falei pegando uma mecha do cabelo dela.

– Bia é apelido. - Ela me olhou de cara fechada. - E dá pra por favor você tirar suas patinhas do meu cabelo? - Ela deu alguns passos pra trás se afastando de mim.

– Ai, ai, ai. - João debochou.

– Bravinha, hum. - sorri.

Ela revirou os olhos, pegou um skate de baixo da mesa e foi saindo.

– Aí Bia, vamos também. - Cris falou alto fazendo Bia parar e ficar esperando por elas. - Meninos estão afim de ir?

– Demorou, isso aqui tá uma merda. - Juca foi o primeiro a se manifestar.

Eu, Mathias e Juca fomos de carro, João ficou na festa e a Cris, Vivi e Bia foram a pé.

Bia Narrando

– Por que vocês chamaram aquele cara tosco? - Falei bufando.

– Nós não chamamos ele, mas relaxa que ele é convencido, mas é legal. - Vivi respondeu.

– Além de ser lindo né? - Cris falou rindo.

– Lindo? Lindo sou eu nua. - Respondi irônica.

– Você é muito má Beatriz, credo. - Vivi resmungou.

– Tanto faz. - dei de ombros e sai na frente delas com o skate.

Juca Narrando

Estávamos quase chegando quando paramos no ultimo semáforo. Beatriz passou na nossa frente de skate. Seus cabelos voavam com o vento e ela parecia adorar aquela sensação.

– Essa mina é louca hein. - Falei baixo.

– Louca mesmo, não me deu moral, deve ser... - Ia falando o Eduardo mas o Mathias o interrompeu dizendo;

– Não é porque ela não te deu moral que ela seja lésbica Eduardo, achei ela bem esperta em te dar um fora. - Mathias falou rindo e eu ri também.

– Esperta, ata. - Eduardo falou irritadinho.


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Notas finais do capítulo

Bia mexeu com o ego do boyzinho, definitivamente ele não estava acostumado com a rejeição...



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