After the pain escrita por Neryn


Capítulo 47
Um caminho sem pedras não é um caminho


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo do ano! E é grandinho!!! Espero que gostem!
Capítulo não revisado por isso desculpem se houver algum erro.



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Uma semana passada... e mal passada se é que me é permitido dizer. Tenho as irmãs à perna, já para não falar nas peruas que ultimamente tem estado constantemente a atacar e a Sarah parecia ser a sua vítima predilecta. A minha mãe queria levar-me ao médico, disse que queria ligar ao Logan, e eu bem que tentei convencê-la de que eram só nervos por causa da escola.

Agora mais pareço uma mendiga perdida nos meus pensamentos, a andar de um lado para o outro. Às vezes sentia-me sem rumo.

Andrew, Josh e Michael andavam cada vez mais juntos. O Michael deve ter razão, quer dizer, se ele tivesse do lado do inimigo eu acho que o Andrew não ia ser amigo dele certo? Mas ele estava do outro lado, com as outras pessoas, o que tornava tudo ainda mais confuso. O dia estava quase a acabar, só faltava ir trabalhar e depois casa. Estávamos a sair do portão quando...

—E se hoje fossemos tomar um café? Temos que decidir o que vamos fazer para a apresentação de história. - sou interceptada por Lyla.

—Já me tinha esquecido disso.

—Ultimamente tens te esquecido de muita coisa tens.

—Desculpa se o meu disco externo não tem memória ilimitada! Qualquer dia esqueço-me da tua existência... é que ele é selectivo, só me faz esquecer o que não importa! - mandei a indirecta. Sorri e pisquei recebendo uma leve palmadinha de repreensão de Lyla.

—Hoje não tenho folga mas podemos ir no final do teu turno. Afinal porque trocaste a folga?

—Porque dava mais jeito ao meu patrão.

—Hmmm, mas podemos ir na mesma certo?

—Claro. A que sítio vamos?

—Ao do costume. - fiquei séria. Não me apetecia lá muito ir para o café, mas decidi engolir e calar-me porque só ia levantar mais suspeitas. 

Desde que tinha entrado ao serviço foi sempre a atender clientes. Nem tive tempo para ir a casa de banho, o que me estava a deixar irritada! Ninguém gosta de andar com a bexiga cheia, além disso é perigoso: pode-se morrer se ela rebentar. Quando a tortura acabou fui. Assim que acabei o meu turno lá fui eu. Assim que entrei Michael olhou para mim. Eu simplesmente desviei o meu olhar mas acho que ele se apercebeu que eu fiz de propósito. 

Estúpida nem para teatro servias!

Lyla e Sarah já estavam lá sentadas.

— Chegaram há muito tempo?- perguntei puxando a cadeira para me sentar.

—Riley, estamos à tua espera há mais de meia hora! Que se passa? - pergunta Lyla um pouco exaltada.

—Não tenho culpa se tive muitos clientes e se não quero perder dinheiro ao fechar-lhes a porta na cara.

—Ok, ok resmungona já não está aqui quem falou!

—Ainda não fizemos os pedidos por isso estás a tempo. - intervém Sarah calmamente.

—Não fizemos os pedidos porque fomos solidárias, se não já tivemos tempo de pedir, conversar, comer e ir embora!

—Já pedi desculpa. Não batas mais no ceguinho!

—Olá meninas. Já decidiram o que vão pedir?- falou uma voz atrás de mim. Até dei um pequeno pulo, que esperava que tivesse passado despercebido. Elas fizeram os respectivos pedidos mas quando chegou a minha vez eu nem sequer o olhei. 

—Olhem quem chegou! - assim que olhei para trás dei de caras com Andrew e o Josh.

Óptimo  isto está cada vez melhor.

—Vamos convida-los para se sentarem aqui connosco. - sugeriu Sarah fazendo-lhes sinal. 

yap, acabou de melhorar!

Eles vieram-nos cumprimentar e sentaram-se. Notava-se o meu desconforto a milhas.

Estavam todos a conversar enquanto eu tentava passar despercebida e limitava-me a disfarçar um sorriso de vez enquanto como se estivesse envolvida na conversa.

—Então soube que o jogo de sábado é importante. - comenta Lyla.

—É...e é sempre bom contarmos com mais apoio! - disse Josh.

—Nós vamos tentar ir não é Riley? - pergunta Lyla dando-me uma cotovelada mesmo nas costelas.

—Hmmm... o quê?-Perguntei. Estava a leste do tema de conversa.

—Sábado, jogo.

—Não sei... acho que trabalho nesse sábado.

—Riley é feriado. - informou Josh. Raios! - Ai é? Nesse caso vou tentar ir.-Estava enterrada até ao pescoço. A minha tia entretanto chegou e  veio buscar-me. Estava a salvo por agora!

Nessa noite dormi minimamente.

Pov Andrew

Estas últimas semanas têm sido fatigantes. O Valentine não parou de fazer ameaças, tem-nos pedido para fazer mais "favores" regularmente e eu realmente estou a ficar farto. A Riley parece querer matar-me de ataque cardíaco. Naquela noite em que encontrei a pulseira dela e descobri que ela foi a estação quando eu lhe pedi claramente para não o fazer, fiquei tão chateado que apetecia-me espancá-la. O que me preocupava mais é se ela viu o Michael, o que para grande sorte aconteceu. Depois do treino quando ainda estávamos no balneário Valentine apareceu lá todo sorridente.

— Então como vão os meus melhores amigos? 

—Estávamos melhor à 30 segundos atrás acredita. - Resmungou Josh enquanto enfiava as sapatilhas no saco violentamente.

—Oh...não sejas assim. Eu sei que já não estavam a aguentar com as saudades.

—Deixa-te de tretas e vai direto ao assunto. - digo eu sem paciência alguma para o aturar com as suas falinhas mansas.

—Calma bebé que ainda te dá alguma coisinha. Não precisas de ser agressivo. Apenas preciso que façam um favorzinho. Amanha há uma entrega importante e preciso que a façam.

—Quem te disse que o faremos? -  questiona Josh.

—Porque tenho a impressão que vocês vão ser uns lindos meninos até porque não querem que aconteça nada às vossas familiazinhas perfeitas. A propósito, parabéns Josh soube que o teu papá comprou mais uma ourivesaria. Parece que o negócio vai de vento em poupa! Pode ser que passe lá para ver as jóias que ele tem.

—Seu filho...

—Josh, não vale a pena. - disse segurando-o pelo ombro, enquanto Valentine continuava parado bem à nossa frente com aquele sorriso presunçoso e vitorioso, fazendo com que me arrependesse de ter impedido Josh de o desfazer em pedaços.

—É melhor ouvires o teu amigo, Josh, estás muito nervoso. - disse Valentine dirigindo-se para a porta.

—Quando é que este pesadelo acaba?! -desabafou Josh nervoso, dando um pontapé no cesto do lixo assim que o Valentine deu de costas.

—Vai acabar breve não te preocupes. Desculpa ter-te metido nisto. 

—Não tem problema, além disso a culpa não é tua, é daquele paspalho. Estamos nisto juntos.- encorajou enquanto que colocava a mão no meu ombro.

Assim que saí do balneário Josh foi-se embora. Disse que ainda tinha que passar pelo centro de jogos. Enquanto isso eu tive que ir ter com a Jenny, porque ela estava sempre a discutir comigo porque eu nuca tinha tempo para ela e que andava muito misterioso. 

—Olá. - disse dando lhe um beijo na cara.

—Eiiiii isso não é um beijo decente!- disse virando-se para mim e plantando-me um beijo na boca. Demasiado escusado. Desde quando é que eu me sinto assim com os beijos dela? Não sei... foi estranho. É como se tivesse a fazer aquilo por fazer e o beijo não tivesse significado nada. - Andrew, eu queria jantar contigo. - diz ela num tom pedinte.

—Hoje?

—Sim hoje, não me digas que tens "coisas" para fazer? - interroga cruzando os braços e arqueando a sobrancelha.

—Hoje não me dá muito jeito, tenho um jantar de família lá em casa.

—Óptimo! Eu podia ir. Ainda não conheci os teus pais nem o teu irmão.

—Hmmm talvez hoje não seja o melhor dia. Vão lá uns tios meus mais afastados.

—Porque é que estás sempre a evitar que eu conheça a tua família?

—Eu não estou a evitar coisa nenhuma, já te disse que hoje não é um bom dia.

—Eu não acredito em ti. - diz Jennifer já zangada.

—Desculpa, mas esse é um problema teu. - virei costas e saí.

Eu sei  que ela tinha razão e que mentir para a minha namorada não era assim lá muito saudável para uma relação. Mas a verdade é que eu não sei se era  o momento certo para ela conhecer a minha família. 

O momento ou a pessoa certa? 

Falou uma voz interior. Ok, talvez seja eu que não tenha assim tanta  certeza se é a Jennifer que eu quero apresentar aos meus pais. 

Assim que cheguei a casa vi que  o meu sitio já estava ocupado pelo carro do Logan por isso tive que estacionar nas traseiras. Bem, parece que o meu maninho estava em casa. Abri a porta e deparei-me com toda a gente a conversar animadamente na sala.

—A que se deve tanta animação? - pergunto enquanto tiro o casaco e pouso-o.

—Bem, parece que o seu irmão tem algo para nos contar. - disse a minha mãe e sentei-me.

—Diz lá então qual é a bomba.

—A Kelly está grávida!

—Opá vou ser tio! - disse levantando-me e dando um abraço ao meu irmão. A minha mãe ficou logo emocionada.

Finalmente uma boa notícia!

Assim que a minha mãe foi mostrar qualquer coisa a Kelly e o meu pai foi até ao escritório, sobrei eu e o meu irmão que ficamos na sala.

—Então não estás contente pelo teu maninho? - brinca Logan dando um leve murro no braço.

—Estou. Sabes bem que sim.

—Então conta lá o que se passa.

—A Jenny queria conhecer-vos  hoje.

—Normal. Vocês já namoram à algum tempo.

—Eu sei só que...

—Só que tu não queres.

—Não é isso. É só que eu não sei se é o momento certo.

—Hmmm eu acho que não é com o momento certo que tu estás preocupado, eu acho que é mais com a pessoa certa. Andrew, tu gostas da Jennifer?

—Eu gosto dela.

—Recapitulando, tu amas a Jennifer?

—Acho que não. 

— Eis a tua resposta. Eu sei que neste momento não queres ouvir um sermão de irmão mais velho mas acredita, eu sei como são os adolescentes. Namoram, acabam, tornam a namorar depois acabam...

—Eu gostei realmente dela, mas agora eu não sei mais... é como se ela não fosse a mesma pessoa.

—Eu acho que tu é que não és a mesma pessoa. Será que isso não tem a ver com uma de tal Riley?

—Ah o quê ? Não, claro que não, quero dizer a Riley não tem nada a ver com isto.

—Andrew, sê sincero para ti próprio. Tu preocupas-te com ela, tu tens uma vontade maior que tu de a proteger, ficas mal quando discutes com ela, ficas intrigado com a personalidade dela e acima de tudo os teus olhos iluminam-se quando o nome dela é pronunciado.

—Eu só acho a Riley uma rapariga incrível e somos só amigos. Apenas isso. - aliás já nem tinha a certeza se éramos amigos ou não com os trabalhos todos em que me meti.

—Ok. Tu é que sabes. Mas para que fique claro eu não acredito nisso principalmente quando tu próprio não acreditas numa palavra que acabaste de dizer.

—Não me estou a enganar.

—Não bato mais no ceguinho, porque coitado dele... não tem culpa do tapadinho seres tu.

—Mudando de assunto, chegaste a falar com o Tio Rick a ver se eles sempre tinham alguma vaga na oficina?

—A mãe vai-se passar quando descobrir que queres trabalhar numa oficina.

—Eu sei... mas eu não gosto de estar sempre a pedir coisas aos pais, além disso vai dar-me alguma independência.

—É... e alguns ataques à mãe também.

 

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Já era a segunda vez esta semana que o Valentine falava connosco. Precisava de falar com Michael.

Assim que as aulas estavam terminadas Josh e eu fomos até o sitio onde Michael costuma estacionar a carrinha dele e decidimos esperar lá por ele.

Ao longe, sim porque o sítio onde o Michael estacionava era escondido, elas saíram por o portão principal. Lyla parou de repente a olhar algo e a Riley distraída como é não reparou e bateu feio contra ela. Percebi que ela resmungava algo enquanto a Lyla gargalhava. Com certeza estava a dizer-lhe que a culpa era dela e do facto de andar sempre com a cabeça na lua e de ela não ter anda que parar do nada. Sorri. Como é que alguém podia andar sempre a sonhar acordado. Só mesmo ela! Elas desapareceram e logo avistamos Michael também a sair do portão. Dirigiu-se até nós ou melhor até à sua carrinha afinal nós é que estávamos lá.

—Então? - pergunta ele enquanto se aproximava de nós.

—Temos um problema. - fala Josh.

—Valentine?

—Quer que nós entreguemos uma carga na próxima sexta. 

—Tenho que trocar a folga para esse dia e tenho que pedir a senhora Johnson que fique com a Bella.

—Se a Riley descobre... Temos que arranjar uma maneira de nos certificarmos que ela não sai de casa.

— Não estás a pensar tranca-la pois não?- perguntou Josh.

—Não, embora a ideia seja tentadora. Ao menos ia ficar descansado.

—E porque é que o Michael não deixa a Bella com a Riley? Ela adora crianças e verdade seja dita elas parecem gostar mais dela do que de chocolate. Assim sabemos que ela não vai sair porque vai estar a tomar conta da Bella. - sugere Josh.

—Ótima ideia!

—Sim, eu não me importo. E a Bella adora a Riley.

—Então temos o problema resolvido! - digo eu mais animado pois assim Riley ficaria segura e longe de confusões.

Pov Riley

O autocarro ia cheio e o barulho era o mesmo de sempre, ensurdecedor, mas já me tinha habituado àquilo e já nem estranhava. Mas ao menos podiam dar me um desconto... era de manhã! Ninguém merece!

Assim que saí do autocarro, vi algo que me desagradou assim que lhe pus os olhos em cima, Michael estava num canto onde sempre estacionava a carrinha, mas estava com uma expressão séria. Estava a falar ao telemóvel e parecia nervoso. Estava sempre a passar a mão pelo cabelo de uma maneira desesperada, e não como se o quisesse compor ou até dar estilo como a maioria dos rapazes fazia. Não sei  o que me deu mas quando dei por mim as minhas pernas já estavam a caminhar na sua direção.  

O Andrew tem razão. Um dia a minha curiosidade vai ser o meu fim. Mas eu só era curiosa porque estava preocupada até porque nunca gostei de me meter na vida de ninguém nem andar a falar mal das pessoas porque acreditem há quem faça disso um hobbie. Quando o Michael se apercebeu da minha presença já tinha desligado.

—Olá Riley!

—Hmmm... olá- disse não o encarando de todo. 

—Até te cumprimentava mas não quero correr o risco de ainda estares constipada. - disse e eu engoli em seco apesar de não ter sido com um tom mau. Apenas parecia magoado.

—Peço desculpa se estou a ser injusta porque é tudo o que eu não quero ser, mas está difícil. A imagem daquela noite não me sai da cabeça e ninguém me contou. Michael eu vi com os meus próprios olhos. Eu preciso de saber o  que está a acontecer. O Andrew nunca me irá contar.

—Riley, o Andrew só não te conta nada porque eu lhe pedi. Isto é para o vosso bem, Acredita. Só estamos a tentar proteger-vos.

—Eu não acredito que mentiras protejam alguém Michael.

—Talvez tenhas razão mas por enquanto eu vou seguir com o meu plano.

—E qual seria esse plano?

—Manter-vos fora dele. - toma e embrulha Riley. Calada é que tu estás bem para depois não ouvires o que não queres.

—Ok. Então o plano é deixarem-me à nora, preocupada e a fazer filmes na minha cabeça.

—Só fazes esses filmes... -tocou-me com o dedo na testa - porque te estás a preocupar de mais. Riley, nós somos grandinhos, podemos tomar conta de nós.

—É claro que podem. Vocês nem são adolescentes nem nada. Essa escumalha não é como os bullys da primária que ladram mas não mordem! Estes ladram, mordem e arrancam pedaços!

—É... eu sei, mas nós seremos cuidadosos.

—Prometes?

—Confias em mim?

—Eu quero mas...

—É importante para mim que confies, Riley.

—Ok. 

—E agora pára de pensar tanto nisto. - Michael deixou-me ali a fazer o quê? Exactamente o que ele me pediu para não fazer.

Fui ter com Lyla que não sabia onde eu estava e já devia estar a fritar a pipoca. Lá estava ela a tirar e por os óculos, tique de quando estava nervosa ou irritada ou impaciente que era mais este o caso. Estava vestida de forma simples, as suas calças de ganga escura, uma camisola de malha azul celeste, uma gabardina preta e o gorro cinzento preferido. 

—Oi! - cumprimento eu tentando parecer animada.

—Oi? Que lata tu tens! Desapareces-te e o teu autocarro já chegou há séculos! Onde raios te metes-te? 

— Calma lá ó stressadinha. Só fui ali falar com a Aria que me chamou.

— E o que ela queria?

—Nada de especial, tinha a ver com as aulas de matemática.

—Podemos ir agora? É que eu estou a morrer de frio.

—E a Sarah?

—Ah pois! Achas que ela ia ficar chateada se esperássemos lá dentro, é que estou realmente com frio.  É que ter ficado aqui sozinha à espera de uma certa pessoa não ajudou. Nem calor humano tinha!

—Coitadinha. - disse fazendo uma careta. Passados alguns segundos lá chegou o diabo.

—Ai Sarah, vamos depressa senão ainda congelo o rabo cá fora.

—Ok ok vamos lá. -  Assim que entramos deixei sair um "ah muito melhor".

Rimo-nos e fomos caminhando para dentro da sala enquanto esperávamos pela professora.

Passei o dia todo a remoer na ideia que estava a trair a confiança delas. Estava a matar me por dentro. Quando ia a passar pelo portão da escola, alguém vem ao meu encontro e me chama.

—Riley?

—Sim - disse virando-me e apercebendo-me que se tratava do Michael.

—Eu queria pedir te um grande favor... 

— E que favor é esse?

—Se podias ficar com o diabrete. - pede com um tom de incerteza.

—Claro. Eu vou para a livraria e ela pode ficar comigo. 

 -Não é só isso. Achas que podes ficar com ela durante a noite e assim... 

— Sim posso. Tenho só de avisar a minha mãe e a minha tia mas de certeza que elas não se vão opor. 

—É que eu preciso de sair e a senhora Johnson, que é a senhora que costuma ficar com ela, foi passar um tempo com o marido à casa do filho e eu não tenho mais com quem a deixar.

—Ei calma não precisas de falar tão rápido! E também não precisas de te justificar até porque já sei que se estiver relacionado com aquilo tu não me vais contar, certo?

—Exactamente. - suspirei. Não adianta tentar perguntar-lhes.

—Por favor! - fez carinha de carneiro mal morto.

—Ok, eu tomo conta dela não te preocupes. 

—Obrigada Riley! - disse plantando-me um beijo na testa e deixando-me ali. Não estava preocupada com o facto de ter de tomar conta de Bella. Ela era uma criança espectacular, preocupava-me mais com o irmão. Era sexta por isso podia estar com Bella à vontade, a minha mãe e a minha tia iam adora-la.

Estava na livraria quando a porta se abre e claro entra tanto frio que até me arrepio.

Bella caminhava agasalhada parecendo um pequeno chouricinho com pernas e com uma mala às costas.

—Olá! - disse aproximando-se do balcão.

—Olá! - saudei-a saindo de trás do balcão. - Pronta para a nossa noite de mulheres?

—Noite de mulheres? - pergunta a pequena franzindo o sobrolho.

—Claro, logo em casa só vai haver mulheres.

—Sério? Sem nenhum rapaz? -sorriu entusiasmada.

—Rapazes estão proibidos de pôr os pés naquela casa. Convidei a Lyla e a Sarah e elas também vão ficar connosco.

—Fixe! - sorriu contente. - E posso ficar acordada até tarde?

—Hm... - fingi um ar de pensativa - Não muito tarde e isto tem de ser um segredo só nosso, o teu irmão não pode descobrir.

—Prometo! -disse jurando beijando os dedos. Estivemos a atender uns clientes e depois fomos nos despedir do Michael.

— Bella, porta-te bem. - advertiu Michael pela milésima vez. - Não faças asneiras e obedece à Riley.

—Sim. Vamos Riley!- disse Bella puxando-me querendo, entusiasma, ir o mais depressa possível.

—Ei! E o meu beijinho minha menina? - diz Michael apontando para a sua bochecha.

Bella voltou para trás e saltou para o colo do Michael que já estava de braços abertos para a apanhar e para receber aquele beijo fofo na bochecha.

Tivemos de ir para casa de autocarro uma vez que nenhuma das irmãs nos podia vir buscar.  Já estavam avisadas sobre a Bella. Tinha convidado a Lyla e a Sarah para também lá passarem a noite. Elas ficaram de ir lá ter, mas como foi assim um bocadinho em cima da hora a Sarah disse que ia fazer o saco e que jantava com o pai e ele depois levava-a e a Lyla teve de ficar a trabalhar até às 20 horas.

 

—Chegamos! - Disse praticamente berrando para que elas me ouvissem da cozinha, até porque concentradas como estavam, nem deram por nós.  Fomos até à cozinha. Uau! Elas já tinham o jantar praticamente pronto.

—Olá meninas! - dizem as irmãs ao mesmo tempo.

—Mãe, tia, esta é a Bella.

—Bella, é a minha mãe Mary e a minha tia Glória. - apresentei-as apontado para elas conforme dizia o nome.

—Olá! - cumprimentou Bella com um enorme sorriso.

— És muito bonita sabias? - elogia a tia Gloria.

—O meu irmão está sempre a dizer que eu sou uma princesa. - diz em tom orgulhoso.

As três rimos.

Estávamos na sobremesa e Bella estava a deliciar-se com o bolo de chocolate que a minha tia tinha feito.

—Já vai. - digo quando ouço o som da campainha.

—Olá meninas! - cumprimenta a minha mãe. Lyla e Sarah estavam à porta com os sacos às costas com as suas coisas. 

 -Chegaram mesmo a tempo da sobremesa. - claro que a tia Gloria ia fazer propaganda à sua comida.

— Ainda bem! - Disse Lyla puxando uma cadeira e sentando-se.

—Já comes- te alguma coisa Lyla? - pergunto. Quase que conseguia ver a moça a salivar de ver tanta comida com tão bom aspeto.

—Não.

—Então eu preparo-te um prato. Sobrou comida do jantar e ainda está quente.

—Se não te importares, por favor. Estou realmente esfomeada.

—Não, isso é que não! Pessoas esfomeadas em minha casa jamais! - retorquiu indignada a minha tia, o que nos fez rir.

—Sarah, queres alguma coisa?

—Não obrigada Riley.  Já jantei mas aceito uma fatia de bolo que parece delicioso.

— Claro querida. Eu parto-te uma fatia. - aprontou-se a minha mãe.

Estava a ser  uma noite muito divertida. Vimos filmes de animação, comemos pipocas, falamos de coisas de raparigas e Bella admitiu que gostava de estar connosco porque podia falar de coisas que não contava ao Michael porque ele é rapaz. Nós percebemos o quanto lhe fazia falta uma figura feminina. Ela disse que a mãe estava muito doente no hospital e que o Michael trabalhava muito para pagar as contas e tomar conta dela.

—Riley, ficas-te séria de repente. Que foi? - pergunta Sarah após reparar no meu silêncio.

—Nada. Estava só a pensar numa coisa. Nada de mais.

Será que era por isto que Michael estava a fazer o que estava a fazer? Isto está cada vez melhor na medida que se vai afastando a cortina e o cenário revela-se cada vez pior.

Como de manhã tinha que ir trabalhar às 10 horas e Lyla entrava às 9, nós levantamo-nos mais cedo mas  Bella e Sarah estavam tão bem a dormir que não as acordamos.

— Anda. Eu vou tomar o pequeno almoço contigo. - chama Lyla.

A minha mãe e a minha tia já tinham ido trabalhar. Elas trabalham sempre ao sábado de manhã.

—Bem, eu vou indo. - anuncia Lyla enquanto pousava a caneca no lava louças.

—Eu breve também vou. É só acabar de me preparar que daqui a pouco também saio de casa.

—E a Bella?

—Vou deixá-las a dormir e depois a Sarah fica com ela e vão lá ter. Depois a Bella fica connosco e passa o dia connosco. À noite vai com o Michael para casa.

— Vejo que já tratas te de tudo.

—Claro! Eu sou extremamente profissional.

—É convencida também.

Tinha deixado um bilhete a Sarah a dizer para se prepararem e para ela e Bella irem almoçar connosco. Assim foi por volta do meio dia elas apareceram.

Eram quase 11 horas quando o Michael apareceu à procura da Bella.

—O meu diabrete? - pergunta ele.

—Ficou a dormir e não faças essa cara porque devo já dizer-te que ficou bem acompanhada.

—Quem? - perguntou arqueando a sobrancelha.

—A Sarah ficou com ela. Ficaram as duas na ronha. Que inveja! Depois a Sarah trá-la.

—Eu confio em ti.

—Claro! Eu faço sempre o meu trabalho direitinho.

— Não duvido.

—Michael, queria perguntar-te uma coisa. Não quero meter-me na tua vida, mas realmente tenho que te perguntar isto!

—Sim diz.

—A Bella comentou algo acerca da tua mãe, ela apenas desabafou, mas disse que ela estava hospitalizada e que estava difícil para ti conseguires pagar a clínica.

—Sim, é verdade. - uau. Ele respondeu sem que eu tivesse de o ameaçar ou fazer birra.

—É por isso que estavas com os outros naquilo?

—Riley, não me interpretes mal. Eu sei que não te estas a meter-te na minha vida e percebo que estejas preocupada, mas acho que não te deves preocupar e eu continuo com a minha ideia de quanto menos saberes mais segura estás.

—Eu queria só dizer que se precisares de ajuda, nem que seja económica, nós podemos arranjar uma maneira. Quero dizer não sou rica mas haveremos de dar um jeito sem fazer nada de mal.. .- olhei para ele.

—Agradeço Riley, mas eu vou continuar com os meus planos e pedir-te dinheiro não é um deles.

Andrew apareceu de repente não me dando tempo para contra argumentar contra Michael.

 -Olá.

—Olá- disse eu.

—Michael, andava à tua procura! A Lyla disse que estavas aqui. Precisamos de falar. -disse enquanto me direcionou o seu olhar, enquanto que  eu franzi a sobrancelha num gesto involuntário de preocupação. Será que era mais uma daquelas coisas, em que era suposto eu não me meter?

Andrew olhou para mim diretamente nos olhos.

—Vamos então. Falamos por o caminho. - diz Michael. Ambos olharam para mim. - Xau Riley! E obrigada fico a dever-te uma. - despede-se ele.

—Xau! De nada. Eu não me vou esquecer dessa promessa e não penses que eu não vou cobrar.

Hm o que é que estes andavam a tramar agora.

Pov Andrew

—Tens uns minutos Michael? - pergunto.

—Claro.

—Precisamos mesmo de falar.

—Já percebi pela tua cara...

—O Valentine veio outra vez ter connosco. Na quarta temos outra entrega. Provavelmente o teu pai vai falar contigo e contar-te melhor.

—Muito provavelmente. E sendo assim vou ter que trocar a folga com a Lyla.

—Eu não queria que ela comentasse nada com a Riley. - digo mais como forma de desabafo.

—Sabes que é o mais provável não sabes?

—Eu sei, mas é só que a Riley é curiosa, inconsequente e atira-se de cabeça, se ela sonha...

—E linda.- disse Michael olhando para mim e sorrindo. 

—É, isso também. Mas tem tanto de linda como de teimosa. - espera lá. Eu disse isto mesmo em voz alta?

—Mas acho que ambos sabemos que é isso que a torna especial.

—Mesmo assim, eu não a quero metida nisto.

—Eu compreendo, também não quero as pessoas de quem eu gosto envolvidas.

—Isso abrange a Sarah? - isto mais parecia uma guerra de bocas inofensivas do que uma conversa sobre o quão perigosa estava a nossa vida neste momento.

—Talvez... mas é muito cedo para falar. - admite tímido.

—Falar o quê? Que sentes um carinho especial por ela?

—Vamos mudar de assunto. O Josh?

—Esse tem um fraquinho pela Lyla. - respondo sem pensar recebendo um olhar incrédulo de Michael.

— Não estava a falar nesse sentido moço...

— Ah pois. Desculpa. Não faças comentários acerca disto com ele senão é dele que devemos ter medo e não do Valentine. - tentei fazer um pouco de humor com a nossa situação. - Foi a uma entrevista de emprego.

—Sério? Onde?

—Sim, sério. Numa pista de bowling no centro comercial.

—Muito bem o senhor Josh! Um homem de responsabilidades! - Rimo-nos com o comentário do Michael. - Pode ser que assim possa mimar mais a Lyla. - acaba piscando o olho enquanto se ria.

Caminhamos de volta para o café.


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Notas finais do capítulo

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Até ao próximo!



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