After the pain escrita por Neryn


Capítulo 24
Milagre


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!
Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/609073/chapter/24

POV Andrew

Logan não trazia uma expressão muito boa.

– Então?

– A Riley reagiu bem à transfusão e felizmente não tem nenhum órgão perfurado...

– O que se passa doutor, por favor!

– A Riley não acordou e tem os batimentos cardíacos irregulares e devido a isso está a respirar auxiliada por uma máquina.

– Podemos vê-la?

– Sim, mas um de cada vez. - A mãe e a tia foram primeiro. Eu permaneci sentado com o Ben ainda adormecido no meu colo.

A mãe e a tia chegaram passados 10 minutos. E eu fui a seguir. Depositei o pequeno corpo de Ben adormecido no colo da sua mãe, que disse que ia para casa.

Quando cheguei ao quarto da Riley, ela estava tão serena, adormecida num sono que quase lhe levava a vida. Eu tremia, tremia só de pensar que ela podia não sobreviver e então eu nunca mais ouviria ela a berrar comigo. Nunca mais veria aquele sorriso doce mas ao mesmo tempo apagado. Ela estava totalmente parada e os seus belos olhos fechados. Doía vê-la assim. Doía saber que eu não podia fazer mais nada para a ajudar. Doía vê-la ajudar os outros a qualquer custo sem olhar para as consequências que isso lhe pudesse trazer e neste momento isso não lhe valer de nada.

Num impulso levei a minha mão até a sua cara e acariciei-a. A sua pele era tão fina e delicada porém agora estava translúcida e fria. Tinha uma ferida na testa porém agora curada e em processos de cicatrizar.

Tinha vários tubos ligados ao corpo e o quarto era inundado pelo barulho das máquinas que a estavam a ajudar a manter-se viva. Com a mão livre toquei na sua mão e trouxe-a aos meus lábios dando-lhe um beijo suave. Podia apostar que senti o corpo por baixo do meu estremecer mas devia ser o meu desespero de querer ver o brilho dos seus olhos castanhos, eu queria tanto sentir-la viva nem que fosse para apontar todos os meus defeitos e queixar-se sobre o quão injusto era o mundo. Percebi que já estava ali a algum tempo e então decidi sair . Sentei-me na cadeira e vi que a mãe da Riley dormia noutra toda encolhida. Tirei o meu casaco e cobri-a. O Josh apareceu.

– A Lyla já foi para casa e eu também vou porque não estou aqui a fazer nada e quero certificar-me que ela chega inteira a casa . Foi um dia de loucos!

– OK, ainda bem que ela está bem! Vai lá.

– Ficas bem?

– Sim, não te preocupes. Não estou sozinho e ambos sabemos que eu não vou sair daqui sem a Riley. - Josh sorri para mim como se soubesse de algo que eu não sei.

– OK! Xau! Quando ela acordar liga-me para a vir visitar e trazer a Lyla comigo. Ela está super preocupada com a amiga.

–Xau e eu aviso! Dá as minhas melhoras à Lyla.

Deitei-me mais na cadeira, e acabei por adormecer. Acordei com uma enfermeira a cutucar-me no braço. Reparei que a mãe da Riley já não estava lá e o meu casaco estava agora a cobrir-me. Procurei Logan.

– Logan!- berrei partindo na direção dele assim que o vejo no corredor atraindo a atenção de alguns médicos e pacientes - como está a Riley?

– Está estável. Ela vai ficar bem. - diz ele sorrindo.

– Eu espero que sim.

– Dormis-te aqui?

– Hum... dormi!

– Espero que tenhas avisado a mãe para não a deixares preocupada.

– Sim, é claro que avisei.

– É melhor ires para casa descansar um pouco e tomar um banho. Se houver novidades eu ligo.

– Eu não sei se consigo. Não quero deixá-la sozinha!

– A mae dela está com ela. Aliás vou tentar convence-la a fazer o mesmo que tu. E ela nunca está sozinha, eu estou sempre por perto.

– Obrigada por tudo.

– De nada! - arrastei-me para fora daquele hospital e entrei no meu carro.

Tudo parecia estar estranho como um puzzel com as peças todas trocadas.

Cheguei a casa e tomei um longo banho. Estava mesmo a precisar e ainda bem que era sábado. Dormi durante algumas horas ou melhor tentei. Decidi voltar para o hospital pouco depois do jantar pois já não conseguia estar muito mais tempo sem estar perto dela logo quando ela precisa que lhe dêem forças. Eu precisava de saber como é que ela estava. Eu precisava de estar perto dela.

Quando cheguei encontrei a família dela e algumas pessoas da escola o que achei estranho porque a sua única amiga era Lyla. Parece que o meu irmão não conseguiu convencer a mãe da Riley pois ela ainda tinha as mesmas roupas e estava num estado lastimável: olheiras, ar cansado e um sorriso apagado como se o seu corpo fosse comandado e não tivesse vida dentro dele. Mas era compreensível, a vida estava a ser tão injusta para com ela aliás para com elas. A Riley não merece.

Nisto entra o Ben com a mãe e assim que me vê corre e atira-se para o meu corpo. Apanho-o com facilidade. Ben apesar da sua idade ainda era muito pequeno e magrinho. Quando lhe toquei senti um conforto enorme. Era tão bom estar perto dele, ele era tão parecido com a Riley. Sentei-o no meu colo e sorri-lhe. Depois do Ben ter insistido tanto levei-o a ver a Riley. A mãe não queria muito deixa-lo ir, mas cedeu para o seus olhos brilhantes e irresistíveis. Igual à Riley quando ela pedia a Lyla alguma coisa a Lyla cedia sempre. Observei-a a fazer isso algumas vezes.

Agarrei na pequena mão de Ben e guiei-o até ao quarto. Assim que entramos vi o meu irmão em frente as máquinas a anotar os valores.

– Como e que ela está?

– Está bem. Mano ela vai ficar bem - disse tocando me no ombro. - A cada dia ela melhora um pouco.

Ben correu para junto dela e agarrou-lhe na mão com cuidado. Pequenas lágrimas caíram do seu pequeno rosto. Abracei-o. Ele continuava a passar a mão pelo rosto apagado da Riley. Era tão engraçado ver a sua pequena mão acariciar o rosto da sua salvadora. Eu próprio tinha vontade de acariciar o seu rosto. Era estranho eu sentir isso, mas a verdade é que eu sentia. Estava a observar a Riley quando me percebo que ela está a abrir os olhos.

Fiquei tão aliviado.

Ben sorriu.

– Riley como te sentes?- perguntou o meu irmão calmamente.

Estava tão contente finalmente aqueles olhos castanhos abriram-se. E como eu tinha saudades deles.

Pov Riley

Sinto uma mão forte a agarrar a minha e de repente sinto algo húmido a encostar-se na minha pele e estremeço toda mas não devia passar de um produto da minha mente agora sedada por analgésicos e antibióticos.

Senti a algo acariciar a minha cara não sabia se era imaginação minha ou se eram uma espécie de dores. Dores estranhas porque sabiam bem.

Tentei abrir os olhos. E deparei-me com três pares de olhos a encararem-me com surpresa.
Aqueles olhos verdes que eu estranhamente já me habituara e aqueles olhos pequeninos e mais longe um par que não reconheci à primeira.

– Riley, como te sentes? - Perguntou Logan examinando-me.

– Bem! - menti. Sentia-me mal, doía-me a cabeça, mal me conseguia mexer, e tinha um enorme formigueiro na perna esquerda. O que era desconfortante. Já para não falar na vontade de ir a casa de banho.

Andrew soltou uma gargalhada abafada.

– Parece que a tua capacidade para mentir não foi afetada pela pancada. Continhas a mentir pessimamente- disse aproximando-se de mim e dando um sorriso meio triste.

Ben sorria para mim alegre. Eu não pude evitar sorrir-lhe de volta mesmo que isso fizesse os meus músculos faciais e do pescoço doer. Estava tão contente por ele estar bem.

A dor era tão mais suportável quando somos nós a sofre-la porque ver os outros a sofrer e não poder fazer nada é um sofrimento mesquinho. Pensar no que lhe podia ter acontecido. E se ele ficasse numa cadeira de rodas e perder o resto do pouco que tinha, poder jogar a bola deixava o tão feliz.

– Sabes o que aconteceu certo Riley? - pergunta Logan.

–Sim, porquê?

– Porque normalmente os pacientes acordam sempre confusos, o que claramente não foi o teu caso. É melhor avisar a tua mãe.

Logan saiu deixando-me a sós com o Andrew e o Ben.

– Fazes ideia do susto que nos pregas-te?- disse Andrew sentando-se na minha cama com uma cara de chateado - Tens ideia do que podia ter acontecido. Riley, porque é que tu nunca pensas nas consequências? - virei a cara ligeiramente envergonhada. - Desculpa ter falado assim. Como te sentes? E sem mentir por favor - disse quase suplicando.

– Algumas dores, só. Nada de preocupante. O pior já passou.

Ele fechou os olhos como tentando conter a raiva.

Não tive tempo de dizer mais nada pois a minha mãe a minha tia entraram disparadas pelo quarto.

– Oh meu Deus filha, pensei que te ia perder. Nunca mais voltes a repetir uma assim! Olha que eu mato-te.

A minha mãe e a minha tia fartaram-se de fazer perguntas e eu tentei ao máximo parecer bem. Quase que nem reconhecia a minha mãe. Os seus olhos claros estavam absorvidos numa escuridão e debaixo deles umas olheiras enormes marcadas. O cabelo sempre arrumado estava bagunçado. Sempre considerei a minha mãe com boa aparência para a sua idade mas agora parecia uns bons anos mais velha. Doía saber que eu era o motivo.

Logan que ainda se encontrava lá pediu para todos saírem porque eu precisava de descansar o que não era mentira.

E assim voltei a adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

deixem os vossos reviews
bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "After the pain" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.