After the pain escrita por Neryn


Capítulo 17
Cena digna de um filme... de terror




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Começo a correr cada vez mais até que a pessoa me apanha e vira-me de frente para ela. Não outra vez não, mas o que é que ele queria!? Era o parvo do Valentine.

–Olá princesa! Então já vais embora tão cedo?

– Larga-me. Não tens nada a ver com isso. - começam a aparecer mais rapazes atrás dele e o meu pânico estava a aumentar à medida que os segundos passavam. Mas mesmo assim arrisco-me a responder-lhe - és covarde ao ponto de precisares de guarda costas!? És ridículo!

De repente, ele encosta-me à parede e agarra-me o rosto com a mão apertando-a. Num ato instintivo de defesa, ferro-lhe a mão com toda a minha força e dou-lhe uma joelhada no meio das pernas e ele acaba por me largar dando-me oportunidade de fugir e então eu corro dali para fora. Corri o meu máximo, nem nas aulas de educação física corro tanto. Também tinha motivação.

Avistei um táxi. Olhei para trás e não havia ninguém a seguir-me o que me deixou ligeiramente mais tranquila.

Cheguei a casa e a minha mãe e tia ainda estavam acordadas na sala a assistir à telenovela da noite.

– Chegas-te cedo querida. Eu disse-te para chegares cedo mas nem tão cedo! - diz ela.

– Amanhã é dia de escola. Não me queria deitar muito tarde. - Dei um beijo a cada uma e subi. Estava a começar a achar que eles tinham razão em relação ao Valentine.

Dia seguinte

Decidi não contar nada a Lyla para ela não ficar preocupada.

Chegamos a escola e vi o Valentine a sair de um jipe azul com os capangas da noite anterior. Eles eram todos altos e musculados. Uns tinham um brinco e outros tinham tatuagens mas todos tinham caras que metiam medo até ao próprio susto.

As aulas iam de vento em poupa!!!:(

Lyla e eu caminhávamos pelo corredor quando vimos Valentine e os compinchas a encostar a Sarah contra os cacifos e o que mais me enervou é que estavam pessoas ali a presenciar a cena e não faziam nada! Parecia que estavam a assistir a um filme e só faltavam as pipocas e as bebidas. Sarah quase que chorava de tanto medo que tinha daqueles matulões. De repente, um rapaz alto com um dragão tatuado no braço tira-lhe os óculos e os livros com força excessiva fazendo a rapariga tremer toda.
Eu comecei a caminhar até eles, mas Lyla segurou me o braço.

– Por favor Riley não faças isso! Não te metas numa luta que não é tua - diz Lyla agarrando-me no braço

– Eu não vou ficar parada a assistir ao seu sofrimento.

Solto-me do seu aperto e caminho em direção aquela cena deprimente.

– Larguem-na- digo eu tentando parecer segura do que estava a fazer, o que era tudo uma farsa.

– Olhem quem é ela!! A defensora dos pobres e oprimidos.

– Por a acaso não!! Caso contrário estaria a defender-te a ti- as pessoas que estavam ali soltaram gargalhadas abafadas.

– Estás a esticar a corda Riley, olha que ela rebenta.

– Eu só quero que a pares de chatear. É pedir muito?

– Pena que eu gosto de a chatear - disse gargalhando e aproximando-se de Sarah e empurrando a contra os cacifos com brusquidão quando esta tentava sair sorrateiramente.

Sarah já soluçava e chorava compulsivamente os seus livros e óculos estavam no chão. Ele ia fazer-lhe alguma coisa mas eu seguro-lhe no braço.

– Nem penses em tocar-lhe. - digo eu no tom mais ameaçador que consegui arranjar.

Ele começa a aproximar se de mim com um olhar ameaçador que faria qualquer um fugir dali a sete pés sem olhar para trás ou pensar duas vezes. Mas Lyla aproxima-se e fica à minha frente encarando aquele estúpido.

– Tu não lhe tocas. - agora é a vez dela de fazer ameaças.

– Oh estamos corajosas!!! No ano passado não tiveste essa coragem! Não é Lyla? Estava escondida na cama ou a Riley deu-te alguma?- mas de que é que ele estava para ali a falar. Lyla arrepiou-se e ficou séria. Num impulso puxei Sarah por um braço tirando a do meio daqueles cretinos e Lyla apanhou as suas coisas seguindo-nos.

– Isto não fica assim princesas! - ameaçou Valentine enquanto caminhávamos as três em direção a casa de banho mais próxima.

Sarah chorava compulsivamente. Eu e a Lyla nem nos atrevemos a perguntar se ela estava bem pois era uma pergunta idiota. Até um cego percebia que ela não se encontrava bem.

– Sarah, tu não podes deixar que eles continuem a fazer isso contigo - disse eu suave para não a preocupar ainda mais.

– Eu, eu, tenho medo. - disse ela aos soluços.

Lyla parecia mal. Estava branca como um fantasma e não pronunciava uma palavra sequer.

– Que se passa Lyla? - Lyla disse que não se passava nada mas eu não acreditei nela. Aposto que tinha a ver com o que o Valentine tinha dito! Eu queria saber que história era aquela, mas não lhe ia perguntar agora. Sarah secou as lágrimas, agradeceu-nos e saiu. Eu preparava me para fazer o mesmo mas Lyla falou.

– Riley promete me que vais ter cuidado.

– Mas o que é que se passa?

– Nada, só promete.

– OK, eu prometo mas eu quero que me contes essa história.

Lyla fez se de despercebida mas eu sabia que ela tinha percebido e então assentiu.

No final das aulas a minha melhor amiga perguntou me se queria ir ao cinema com ela no próximo fim de semana. Eu achei uma ótima ideia pois era uma boa maneira de tirar o estúpido do Valentine da minha cabeça, por isso aceitei.

O resto da semana foi calmo, bem não muito, mas pelo menos aquele badameco do Valentine e companhia não se meteu mais connosco.

Desde a nossa discussão não voltei a falar com o Andrew e sempre que nos encontrávamos desviava-mos o olhar como duas crianças. Lyla chegara a dizer que parecíamos o gato e o rato.

Sábado

Lyla tinha pedido para eu estar a porta do cinema as 20h e o filme começava as 20:30h. Arranjei-me e a minha tia deu-me boleia. Cheguei cedo ao cinema. Ainda faltavam 10 minutos para as 20h e Lyla ainda não tinha chegado. Decidi sentar-me na beira da estrada e esperar. Coloquei os meus fones e entreguei-me aos meus pensamentos que acabaram por parar no Andrew.

Não sabia o que havia de pensar sobre ele: ele era convencido, gostava de se exibir namorava, a rapariga que eu mais odiava, era popular, rico tinha a mania que podia ter tudo o que queria e isso irritava-me. Mas por outro lado era simpático e às vezes mostrava se mesmo preocupado comigo.

Passado algum tempo sinto uma mão no meu ombro viro me assustada mas dou de caras com aquela maluca da Lyla, que se riu da minha cara.

Repreendi-a por quase me matar do coração e ela desculpou-se dizendo que não tinha culpa de eu pertencer a uma família cardíaca a começar pela minha tia. Ahahahah!!!! Muito engraçadinha menina Lyla!!

Escolhemos o filme e compramos um balde de pipocas grande acompanhado de bebidas igualmente grandes.
O filme até que era bom mas a minha mente estava a mil e Lyla não parecia estar muito melhor que eu. Chegamos ao fim e ambas percebemos que nenhuma de nós sabia o que é que se tinha passado no filme. Jantamos num restaurante barato que ficava em frente ao cinema o que eu deu muito jeito.
Sentamo-nos numa mesa com uma vista para a rua. Enquanto jantávamos lembrei-me de perguntar a Lyla aquela história, mas tive medo.

– Lyla ... - digo eu receosa.

– Desembucha de uma vez Riley!

– Que se passou entre ti e o Valentine??- Lyla desviou o olhar e ficou calada pensativa.

– É só que ... Não sei se estou pronta para falar sobre isso.

– Haha! Eu sabia que se tinha passado alguma coisa! Não me consegues enganar...

– Sim passou! - diz ela derrotada - Por favor Riley da-me tempo sou a única que sei! Espera por favor!

– Oh claro!!- disse eu percebendo que ela já tinha lágrimas a escorrer lhe por o rosto. O que quer que seja que tenha acontecido tinha sido traumatizante ao ponto de deixar Lyla a rapariga que tem sempre a resposta na ponta da língua divertida e extravagante, sem palavras e com lágrimas. Eu não conhecia a história mas a minha vontade de matar aquele ser desprezível e mesquinho do Valentine era bem grande e estava a aumentar. Acabamos de jantar e íamos a caminhar pelo passeio quando passa por nós um BMW preto que eu reconheci. Lá dentro ia o Andrew, o Valentine e os seus capangas. Achei aquilo estranho um vez que eles não se davam. Alguma coisa me dizia que se estava a passar alguma coisa.

Lyla apercebeu-se de tudo e reparou que eu já me estava a preparar paro os ir enfrentar.

– Por favor Riley. - diz ela suplicante.

– Desculpa mas eu não saio daqui sem saber o que se passa.

– Eles provavelmente não se dão assim tão mal.

– Passa se alguma coisa eu persinto isso. Não tens que vir comigo! Pode ser perigoso.

– O quê?! E deixo-te aqui sozinha entregue a tua sorte que para atrair sarilhos é muita por sinal.

Desisti e então começamos a caminhar mais rápido até que nos apercebemos que o carro parou. Encostamo-nos a uma casa e avistamos a sair do carro o Andrew e Valentine e mais a trás o Josh e os outros cães de guarda do Valentine. Quando Lyla se apercebeu que o Josh estava ali congelou ao pé de mim. Soltou um gemido e eu repreendi-a pois se nos apanhassem virávamos frango frito. Caminhávamos para mais perto para perceber melhor o que raio se estava a passar diante dos nossos olhos. Até que vimos o Valentine e os amigos atirarem o Josh e o Andrew contra a parede dum beco. mãezinha!!! Quando nos apercebemos que estavam armados, o meu coração começou a bater descontrolado como se me quisesse fugir do peito e correr dali para fora. Lyla estava branca a presenciar aquela cena toda. Tínhamos que os ajudar! Mas tinha que ser doutra forma. Tentamos ouvir a conversa.

– O quê é que tu queres? - Andrew não tentava disfarçar o ódio que nutria por Valentine.

–Já te disse que não era nada de mais, apenas uns favorzinhos. Até escolhi uma pessoa para te ajudar vê tu bem.

– E eu recusei educadamente. - diz Andrew

– É bom que mudes de ideia se não essa tua educação de betinho riquinho não te vai levar a lado nenhum. Ou melhor até pode levar, mas é ao hospital ou quem sabe aos anjinhos. - Senti Lyla endurecer ao meu lado- se precisares de motivação, posso sempre fazer uns estragos. Sei tudo sobre ti Andrew. Sei que tens um irmão médico que namora com uma rapariga que é veterinária. A tua mãe é dona de uma ourivesaria e o teu pai gere uma empresa de advogados. Não queres que nada de mal lhes aconteça pois não!? - Andrew levantou-se e agarrou-o pelo colarinho mas afastou-se porque este lhe apontou a arma ao seu abdómen. Andrew afastou-se e Valentine fez um gesto aos soldados e estes agarraram Andrew e Josh enquanto outro começava dar-lhes socos e pontapés. Andrew tossiu sangue e Josh parecia mais para lá do que para cá.

Tínhamos de fazer alguma coisa e rápido. Íamos a correr para encontrar ajuda quando Lyla choca contra um caixote do lixo derrubando-o. BOA! Eles olharam na nossa direção e então começamos a correr a toda a velocidade até que nos escondemos num beco com esperança que não nos encontrassem até que me apercebo que Lyla não estava ao meu lado. Comecei a entrar em parafuso. Eles apanharam-na. Estava a tentar arquitectar um plano quando ouço aquela voz presunçosa do Valentine.

– Riley!? - ouço alguém chamar-me - Sei que estás aí, não tentes nada de estúpido. Aparece, ou a tua amiguinha aqui é que sofre. - ouço Lyla soltar um gemido de dor. Num impulso saí de trás de um sofá velho que se encontrava atrás dos caixotes do lixo e apareci. Quando vi a minha melhor amiga ali no ar nos braços daqueles brutamontes as minhas pernas tremeram.

– Linda menina! Gosto delas assim, obedientes.- quando dei por mim Valentine já me tinha agarrado.

Eles arrastaram-nos para junto de Andrew e Josh. E atiraram-nos contra a parede, com brutalidade. Lyla bateu com as costas na parede e soltou um grito de dor. Eu bati a cabeça a atingir a parede com força e a minha visão começou a ficar turva. Caí de joelhos. Pus a mão na cabeça e senti algo quente na minha mão. Sangue! Olhei para Andrew assustada e este caminhou para mim a tossir e com a mão na barriga- onde lhe tinham acertado. Lyla arrastou se para justo de Josh segurando-lhe o rosto com as suas mão pequeninas e tirou-lhe os cabelos da frente dos olhos. Josh parecia desmaiado.

– Estás bem? - perguntou Andrew fazendo caretas de dor e ainda com a mão sobre a sua barriga.
– Sim, é preciso muito mais para me derrubarem! E tu?

Nem cheguei a ouvir a resposta de Andrew, nem sequer sei se ele chegou a responder pois Valentine interrompeu-nos quando agarra Lyla pelos cabelos e esta geme de dor.

Levantei-me para a tentar ajudar mas fui empurrada outra vez para o chão por um dos brutamontes.
– Larga-a! - berrei com um tom feroz.

Valentine ignorou-me e puxou Lyla mais para si encostando a parede.

Lyla suplicava que ele a deixasse mas este ignorava e apenas olhava para a sua expressão de terror que o seu corpo demonstrava: as lágrimas a surgirem nos olhos e a querer sair, lábio inferior a tremer, as pernas a tremer, os pés e mãos inquietos... Até que a contemplação acaba e começa a bater-lhe compulsivamente e sem qualquer pingo de humanidade...


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