A Constante da Bad escrita por Vinicius André Junqueira


Capítulo 22
Capítulo 22 – Um chute no saco, uma promessa e o Ibirapuera.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novoooo, o/
MARA



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Após o primeiro soco, veio o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto e depois disso parei de contar. Os dois pareciam dos animais de rua brigando, o Vinícius socava pra um lado, o Math tentava socar pro outro, mas o Vinny era mais rápido e desviava, o Vi deu u chute no saco dele e o Math caiu agonizando no chão com a força do chute. A Tainá tentou se meter e eu só a joguei no chão, evitando que ela entrasse. Quando o Vinícius terminou e lembrou-se que ela tinha tentado se meter, ele apontou o dedo no rosto dela e disse:

– Você foi usada pelo Math, sua trouxa. Da mesma forma que ele pegou o Ganesha. Quando eles ficaram, era porque eu perguntei se ele já conhecia o menino. E não tente se meter em uma briga quando dois irmãos estão brigando, porque nós somos irmãos, eu e o Gan estamos há muito tempo juntos, vocês nem juntos estão. Então, não venha interferir em algo que não lhe diz respeito. Coloque sua roupa e vá embora. Não quero mais ver sua cara aqui, ou eu mesmo vou gravar e divulgar pra escola toda e acho que nós não queremos isso, queremos?

– Não. – Ela respondeu – Não queremos.

– Tudo bem. – E então ela ficou olhando chocada pro Vinny, com aquele olhar de “o que eu faço agora?” – VAI FILHA, COLOCA UMA ROUPA, XÔ, SAI DA MINHA CASA!

Ela levantou-se do chão e colocou a roupa o mais rápido que pôde e me lembrei de uma frase, um juramento na verdade, um tanto quanto engraçado pro dia de hoje. É difícil entender, as pessoas fazem promessas, juramentos, se comprometem em fazer algo, mas depois de algum tempo, isso some da cabeça delas.

“Ganesh, eu estou fazendo uma promessa aqui, eu nunca, mas nunca, nunca mesmo, vou ficar com alguém pra fazer ódio em outra pessoa. Eu sou uma garota descente, não sou dessas”.

Quando a Tainá passou por mim, eu olhei bem no fundo dos olhos dela, e ela percebeu o que eu queria dizer, quis dizer que ela quebrou a promessa. O que era mais importante, o que era o ponto dela se orgulhar, dela erguer a cabeça e seguir em frente, havia sido partido em vários pedaços, seus ideais caíram por terra, e a única coisa que eu podia sentir por ela, era pena, dó.

Aquela Tainá que eu conheci, agora, havia sido destruída completamente. E sim, eu fiquei triste, bem triste ao perceber isso.

Quando ela foi embora, o Vinny encarou o Math por mais algum tempo até, mas depois disso tudo, nós fomos pro quarto dele e o Vinícius desabou em lágrimas, ele não conseguia parar de chorar, talvez raiva, nervosismo, tristeza, era difícil dizer, muitos sentimentos vindo de uma só vez. Eu não podia fazer nada, a não ser, abraçá-lo. Dei um abraço bem forte, bem aconchegante, passando pra ele, tudo o que eu sentia por ele. Ele retribuiu e começou a chorar como um bebê, coloquei ele deitado no meu colo e fiz um cafuné nele enquanto ele chorava no meu colo. E então comecei a cantar bem baixinho uma música:

– Don’t make me sad, don’t make me cry, sometimes, love’s not enough when the road gets tough, i don’t know why. Keep making me laugh, let’s go high, road’s love, we carry on, try to have fun in the meantime. Come and take a walk on the wild side, let me kiss you hard in the pouring rain, choose your last words, this is last time, cause you and I…

– We were born to die. – Ele completou.

Demos risada e o choro transformou-se em risada.

– Acho que essa é a primeira vez que alguém da risada ouvindo Lana del Rey.

– Mas eu dou risada quando escuto, às vezes pelo menos né.

– Você chorou quando cantei Brooklin Baby.

Seu filho duma puta. Corei. Ele riu.

– Estou brincando amor. Não precisa ficar envergonhado...

– Mas é verdade né, você cantou Brooklin Baby quando a gente começou a namorar.

– Sim, você tinha esquecido?

– É que já passei tantos momentos ao seu lado, que é meio complicado lembrar todos os momentos.

– Entendo, sei bem. Amor, posso te contar uma coisa?

– Claro.

– Eu amo você, mais que tudo. Eu não consigo mais me imaginar sem você na minha vida, você é tão importante pra mim, quanto... Sei lá, respirar. Eu gosto de sentir seus carinhos, você cantando pra mim, se importando comigo sabe? As pessoas geralmente nunca se importavam comigo, eu sempre fiquei no meu canto e as pessoas não vinham me perguntar o porque, elas simplesmente... Me deixavam no canto, entende? Mas você foi no canto entender o porque deu estar lá e me tirou do canto, eu te devo muito meu anjo.

– Eu queria poder te falar algo, de verdade, mas eu... Estou tão sem palavras que você não tem noção...

– Posso imaginar, haha.

E então a mãe do Vinny girou a maçaneta, entra no quarto, e diz:

– Ei rapazes, eu vou com a Giovana pro Ibirapuera. Tão afim de nos acompanhar? Ela ia com o namorado, mas ele terminou com ela, então já podem imaginar o estado da menina.

O Vinny me deu um olhar como quem diz “você quer?” e eu assenti.

– Claro mãe. – E ele sorriu – Nós vamos sim.

– E não se comam na frente dela, ela tá triste.

Corei, só pra variar e o Vinny percebeu.

– Tudo bem mãe, eu e o Gan vamos rapidinho ali na casa dele pra pegar uma roupa legal. Dá tempo?

– Dá sim, podem ir.

Ela saiu e foi fazer o que ela estava fazendo, e eu e o Vinny fomos pra casa. Peguei minha regata que era a bandeira GLS (aquela que é um arco-íris), minha calça preta mesmo, tênis. O Vinny estava com uma regata do Queen, calça preta e tênis também. Voltamos pra casa dele e a amiga da mãe dele já estava lá, e ela parecia estar muito bem pra quem havia terminado o namoro.

– Giovana, esse aqui é o meu filho Vinícius.

– Oi Vini, é um prazer te conhecer!

– O prazer é todo meu, Giovana, certo?

– Isso! E ele... – Dizia se referindo a mim.

– Ah, ele é o Ganesha...

– Como o deus hindu? – Ela perguntou.

– Isso, Ganesha, filho de Shiva, cabeça de elefante, removedor de obstáculos...

– Ah sim, claro! Eu adoro o hinduísmo, já até fui pra Índia algumas vezes.

– Que dahora, cara.

– E ele é o que de vocês, por assim dizer? – Ela perguntou.

– Meu genro. – A Mãe do Vinny respondeu.

– Você tem outra filha? – Ela perguntou.

A Mãe do Vinny riu.

– Não, ele namora o Vinícius.

– Aaaaaah, desculpa pessoal, é porque eu não tinha conhecido outro casal homossexual antes.

– Não, tudo bem. – Respondi.

– Enfim, vamos ou não? – A Mãe do Vinny perguntou.

– Vamos. – Giovana respondeu.

Entramos no carro dela e fomos pro Ibirapuera. Demorou um certo tempo até chegarmos lá, porque é um tanto quanto longe da onde a gente mora, fora o trânsito e etc. Demoramos cerca de uma hora até conseguirmos chegar no parque.

O Parque do Ibirapuera e um dos lugares mais lindos que eu já visitei em minha vida, pra quem diz que o Brasil não tem pratrimonios nacionais, eu apresentam o parque do Ibirapuera. Ele é muito, mas muito grande, tem vários lagos, obras de vários pintores e escultores como Vitor Brecheret, tem o Museu de Arte Moderna (MAM) que possui diversas obras de diversos artistas. Fora isso tudo, ainda tem o ponto de ser totalmente natural. Possui sua ciclovia que vai de uma ponta do parque a outra, mas tirando isso, o parque é completamente repleto de árvores de diversas etnias, climas, países, flores, frutos, mas o foda de tudo, é que as pessoas não reconhecem o que tem, e poluem o parque. Ainda bem que existem pessoas que se tocam com isso e fundaram um ONG pra limpar o parque.

Tem um lugar perto do MAM que é carinhosamente chamado de “Bosque”, que é literalmente um bosque, um lugar mais aberto no meio das árvores, com mesas para piquenique, é perto de um lago imenso, onde cisnes e patos nadam nele, em resumo, um lugar pra ser contemplado.

Nós estávamos deitados no chão do parque, estufados de tanto comer pão de forma com queijo e presunto, bolacha recheada, refrigerante e mais um porrada de baboseiras, quando um homem bombado, bem monstro, passou por perto de nós e gritou:

– Viadinhos!

– O que você nos chamou? – O Vinny levantou no impulso.

– Viadinhos, porque é o que vocês são.

– Não, nós somos gays ou homossexuais, mas não viadinhos.

– São bichinhas, boiolas, vocês só são gays porque nunca fuderam uma buceta com jeitinho.

– E você deve ser hetero porque nunca te comeram com jeitinho.

– Eu sou homem fio, não tenho dúvida da minha sexualidade.

– Eu aposto que você é virgem, sabe por quê? Nós não estamos mexendo com ninguém e olha minhas costas – O Vinny levantou a regata e mostrou os arranhões que eu havia deixado em suas costa um dia antes – Isso são marcas de um sexo em feito. E as suas costas? Como estão?

E o cara simplesmente fechou a cara e foi embora.

Eu não entendo o porque de homofobia, porque, cara, a gente tava na nossa, sem mexer com ninguém, sem ofender, sem machucar alguém nem nada e o cara sem motivo algum vem mexer com a gente? E ainda nos ofender? Nós somos homossexuais porque nascemos assim, não escolhemos isso, e se eu pudesse escolher, seria homossexual da mesma forma.


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Notas finais do capítulo

Peço o favor que entre em contato comigo para que eu saiba se devo continuar a história ou não . Facebook: Vinícius André Junqueira Email: viihzin@hotmail.com, eu ficaria muito grato. De verdade.



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