A Constante da Bad escrita por Vinicius André Junqueira


Capítulo 19
Capítulo 19 - O melhor chocolate quente da minha vida e "Madrugada Show".


Notas iniciais do capítulo

Escutem XXYYXX, é legal.



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– O que foi amor? – O Vinny perguntava em desespero – O que foi? O que aconteceu?

Eu não conseguia responde-lo por causa do meu medo e da confusão que acontecia em minha cabeça. Eu não conseguia entender, muito menos raciocinar sobre o que tinha acontecido. Meu corpo então iniciou o movimento primitivo quanto a medo: gritar. Eu não conseguia parar de gritar, não importava quem me abraçasse ou ficasse próximo a mim, eu gritava e gritava cada vez mais forte e mais rápido. Com um movimento rápido e preciso, o Vinny me abraçou bem forte e me beijou, fazendo assim que eu me acalmasse.

– Amor, se controla, relaxa... Respira fundo – Respirei e soltei o ar – Isso... Vamos até a cozinha, eu te faço um chocolate quente.

Enrolei-me em uma coberta e com o Vinny me abraçando fui até a cozinha com ele. Enquanto ele preparava e até eu terminar de tomar aquilo eu não abrira a boca nenhum momento, nem para respirar, mantive-me em silêncio apenas observando o que ele estava fazendo.

Quando terminou, ele sentou-se comigo a mesa, entregou a caneca e pude provar o que foi o melhor chocolate quente que eu já tinha tomado em toda a minha vida, superava até mesmo o da minha avó. Pude sentir o sabor claro de cacau, não aquele achocolatado industrial que vem com oitenta e cinco por cento de açúcar, era cacau mesmo, senti um sabor suave, mas preciso bem ao fundo de canela e pela consistência de que estava, possuía creme de leite. Enquanto eu tomava, ele apenas me observava, talvez com medo de que eu surtasse novamente e me machucasse com o leite. Quando terminei de tomar, coloquei novamente a caneca a mesa e encarei-o no fundo dos seus olhos e ele me encarou de volta.

– Você acha que... – Ele deu uma curta pausa – Consegue dizer o que levou você a dar aquele surto?

Estremeci ao lembrar-se do que aconteceu.

– Você ao menos se lembra do motivo do seu surto? – Ele perguntou.

– Claro que sim, não tenho nenhuma doença degenerativa do cérebro. Apenas estou recioso em falar o que aconteceu, afinal, acabou de acontecer e você nem pôde me ajudar.

– Eu não tenho culpa, eu não sabia...

– Não é isso. Não é que você não quis me ajudar, você apenas não teve como. Eu tentava me mexer de todas as formas – Disse a ele – Movimentava meus braços de forma intensa pra ver se eles saiam do lugar, mas era em vão, mexi minhas pernas, mas elas também não respondiam. Tentei gritar, sim, tentei gritar, mas não consegui, parecia que eu não tinha mais cordas vocais, parecia que... Elas tinham sido arrancadas de mim. Eu não conseguia nem ao menos fechar os meus olhos para não ter que passar por aquilo novamente...

– Calma, isso já aconteceu antes? – Ele perguntou – Quando? Eu estava junto?

– Sim estava. No hospital, se lembra? “Pesadelo” – E fiz as aspas comm os dedos do meio e indicadores das duas mãos – Foi exatamente o mesmo. A diferença que lá não foi tão intenso, não foi tão brutal, a dor que eu sofri hoje, não se compara com a que aconteceu no hospital.

– Mas aconteceu alguma outra vez além dessas duas?

– Não, a primeira foi no hospital.

– Mas o que você viu? Algum morto ou algo assim? – Ele perguntou, mas eu me mantive em silêncio. – Amor, me responda.

– Eu vi um ser que parecia um humanoide com aranha, ele tinha as presas, como se fossem de obsidiana...

– O que é obsidiana?

– Obsidiana é um tipo de cristal muito preto, que se forma quando a lava do vulcão é esfriada muito rapidamente, como por exemplo, arrefecendo sob água.

– Ah, entendi. – Ele respondeu. – Continua...

– As suas presas saiam da sua boca que era humana, mas parecia ter sido rasgada para as presas saírem, pois... Sua boca era rasgada de uma orelha a outra. O lábio ainda se fazia presente, mas a rachadura da boca ia de uma orelha a outra. Seus olhos eram escuros como ônix, e das suas costas saiam pernas como de um aracnídeo, mas o seu corpo ainda era humano.

– E foi só isso?

Dei risada.

– Quem dera. Tinha outro que parecia ser feito de pano, como se fosse um boneco, ele era totalmente costurado, acho que era de feltro ou algo assim... Seus olhos eram costurados em X e da sua boca caia um liquido preto estranho com pedacinhos de algo... E do meu lado... Onde você estava, vinha uma gargalhada, uma gargalhada tão alta, tão alta que achava que meus tímpanos iriam estourar.

– Nossa amor...

– Pois é.

– Quer ver um pouco de TV pra ver se relaxa?

– Claro.

E então fomos para a sala. Ele sentou-se no sofá e eu encostei minha cabeça no seu ombro e deitei. Ficamos aproximadamente quinze minutos daquela forma até que ele caiu no sono com o controle na mão. Estava em um canal chato de noticiários e eu realmente queria trocar de canal. Tentei mover-me sutilmente para pegar o controle da mão dele, quando algo na TV me chamou atenção. O apresentador já era um tanto quanto velho, tinha os cabelos grisalhos, usava óculos, um terno cinza, uma gravata azul marinho e ficava em um daqueles cenários de fundo verde.

– Você acorda no meio da madrugada, como agora às quatro da manhã, por exemplo, e não consegue se mexer. Você vê coisas extramente perturbadoras, coisas que supostamente não são reais, você sabe que são, mas continua a acreditar que não? Então saiba que você não está sozinho nessa. Falamos com outros pacientes do Asilo Para Pessoas Com Distúrbios Antonieta, APPCDA, sobre suas experiências nesse estado. O repórter José Frederico conversou com alguns deles. José.

E então se cortou para o José em um quarto de hospital totalmente branco.

– Obrigado Carlos, é isso mesmo. Estamos aqui para conversar com um dos pacientes que aqui internado foi diagnosticado com a “Paralisia do Sono”. Você pode conversar comigo?

Sem mostrar o rosto, o rapaz responde:

– Sim, eu posso...

– E como foi pra você essa experiência?

– Foi extremamente assustadora – Ele disse – Eu podia ver coisas estranhas, ouvia vozes, risadas, via pessoas, os móveis se moviam, todos viam para cima de mim, e parecia que eu tinha ficado naquele estado durante horas e horas, mas quando olhava pro relógio, haviam se passado apenas quatro minutos.

E então cortou para José em um consultório médico:

– O Dr. Iziodoro diz que isso nada mais foi do que apenas uma ilusão e ele explicou para nós o que acontece com o nosso cérebro quando atinge esse estado.

– A “paralisia do sono” é uma condição caracterizada por uma paralisia temporária do corpo imediatamente após despertar ou, com menos frequência, imediatamente antes de adormecer. Fisiologicamente, ela é diretamente relacionada à paralisia que ocorre como uma parte natural do sono REM, a qual é conhecia como atonia REM. REM que significa "Rapid Eye Moviment" ou movimento rápido dos olhos. É fase do sono na qual existem os sonhos mais vividos. Durante esta fase, os olhos movem-se rapidamente e a atividade cerebral é similar àquela que se passa nas horas em que se está acordado. Já durante o sono, o REM faz com que o cérebro bloqueie os neurônios motores, para que o copo não obedeça às ordens sonhadas ou as encene. Além disso, o estado pode ser acompanhado por alucinações hipnagógicas. Com frequência, a paralisia do sono é vista pela pessoa como nada mais do que um sonho. Isto explica muitos relatos de sonhos nos quais as pessoas se veem deitadas na cama e incapazes de se mover. As alucinações que podem acompanhar a paralisia do sono tornam mais provável que as pessoas que sofram do problema acreditem que tudo não passou de um sonho, já que objetos completamente fantasiosos podem aparecer no quarto em meio a objetos normais.

E cortou novamente para o repórter em um dos quartos do sanatório.

– Se isso acontece com você, saiba que é comum, e pode ser causado pelo stress do dia a dia. José Frederico, de volta para o “Madrugada Repórter”.

Alguém então entrou pela porta com tanta força, bateu com mais força ainda que eu levantei em um pulo e o Vinicius também assustou.

– Ah, Math...

– Espero que vocês não tenham transado nesse sofá. Eu assisto TV ai.

– Não, não transamos. Cadê a mãe? – Vinny perguntou.

– Foi pra “algum lugar” com o namorado dela.

– Namorado?

– Sei lá se é namorado, mas eles ficam e etc. Devem ter ido ao motel. Melhor do que transar no sofá da sala. Vão dormir, amanhã o Ganesha tem escola. Certo, Gan?

– Tenho... Mas estamos acordados por minha causa.

– Eu não me importo – Ele respondeu – Apenas vão dormir.

Subimos para o quarto e vi o Math entrando pro dele também e quase quebrando a fechadura da porta dele de tamanha força que jogou a porta contra o batente.

A noite passou lentamente pra quem ficou acordado, assim como eu, até que finalmente deram oito da manhã, horário que todos acordam na casa do Vinny. Vesti-me, arrumei minhas coisas e fui pra casa, pensando que após toda essa novela mexicana, após tudo isso, eu deveria ir pra escola e apenas fingir que nada aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Peço o favor que entre em contato comigo para que eu saiba se devo continuar a história ou não . Facebook: Vinícius André Junqueira Email: viihzin@hotmail.com, eu ficaria muito grato. De verdade.



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