The place that never sleeps escrita por Elizabeth


Capítulo 5
Despedida




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Pedimos uma pizza grande e realmente era a maior que eu já havia visto, comemos tudo e ficamos tão cheios que cambaleamos para fora da pizzaria um pendurado no ombro do outro.

— Eu acho que vou explodir — resmunguei — Por que não foram para a festa de formatura?

— Por que iríamos a uma convenção de babacas? — ironizou Brian.

— E você? — me dirigi a Brad — Por que veio?

— É assim que minha namorada fala comigo? Eu estava com saudades.

— Depois conversamos — sussurrei para ele.

— Pelos menos fizemos alguma coisa juntos antes de você se auto-despachar para Nova York — falou Oliver — Vou sentir falta do seu mau humor.

— Vou ter que encontrar outra cobaia para minhas experiências estressivas — Jasmine disse.

— Vou sentir falta dos seus dias de TPM — Brian era tão estranho que ignorei esse comentário.

— Obrigada e não vou sentir falta de nenhum de vocês — falei, embora a verdade fosse totalmente o contrário disso.

Todos riram, me conheciam o bastante para saber que eu estava sendo irônica. Decidimos parar em um parque que havia no caminho, não era o tipo de lugar que víamos nos filmes, alegre e com algum tipo de coisa que chamava as pessoas para aproveitar um dia de sol ali. Bom, ele já teve seus dias de glória até ser abandonado e transformado em um cenário sombrio e deprimente. Nos sentamos em um banco que ficava logo de frente para a rua, o clima estava frio apesar de o inverno se encontrar a meses de distância, devia ter sido a chuva que caíra mais cedo. Brian tirou um maço de cigarros do bolso, acendeu um e ofereceu para cada um de nós.

— Você sabe que eu parei — recusei quando chegou a minha vez de responder — Na verdade, eu preciso ir. Tenho que partir ainda hoje.

— Sem despedidas deprê, Aurora? — indagou Oliver.

— Isso mesmo — consegui esboçar um sorriso.

Apesar de todo o meu esforço colossal não me contive em abraçar cada um deles, me aturaram por tanto tempo que deveriam receber medalhas de honra. Jasmine, a garota que conheci há quatro anos atrás quando me emprestou uma caneta antes da prova de biologia, Oliver era o garoto mais insultado da escola até eu defendê-lo na frente do time de basquete do qual virou astro depois, Brian que ganhou meu respeito quando cedeu generosamente seu lugar para mim na fila do lanche no dia que eu estava passando mal e Brad é o meu primeiro namorado assim como o primeiro idiota que me beijou.

— Preciso de uma carona — falei.

— Eu estou de carro — Brad disse balançando as chaves na mão.

— Tudo bem — suspirei aliviada e nervosa ao mesmo tempo — É melhor irmos logo.

Olhei para meus três amigos já sentindo um aperto no coração com a possibilidade de nunca mais vê-los. Sorri com o canto dos lábios e eles sorriram em resposta. Entrei no carro e Brad logo depois, me inclinei para a janela do motorista e acenei uma última vez para o trio.

— Por que não me ligou? — perguntei assim que Brad deu a partida no carro.

— Eu estava ocupado organizando umas coisas do trabalho do meu pai — respondeu distraído.

— E por acaso ele tomou seu celular? Impôs um toque de recolher, proibiu você de sair de casa?

— Olha, amor...

— Amor? — bufei — Me desculpa Brad mas já faz tempo que você não me chama assim e eu sei que isso é um sinal de que está tentando fazer as pazes comigo, mas desta vez não vai funcionar.

— Por que não? — ele diminuiu a velocidade e me fitou de cenho franzido.

— Eu vou embora, e eu não quero deixar nada mal terminado aqui.

— Você quer terminar, é isso?

— Acho que já fizemos isso há muito tempo atrás — respirei fundo antes de continuar — Nem nos comportamos mais como namorados, Brad. Quando foi a última vez que saímos antes de hoje? Não ligamos mais um para o outro e eu não quero continuar com isso.

— Você não sabe nem o que quer da sua vida quanto mais do nosso relacionamento, Aurora. Essa é a verdade — ele disse impaciente, fiquei encarando Brad por um bom tempo e percebi que o cara que estava agora do meu lado não era o mesmo de anos atrás — De agora em diante seremos só amigos.

— Você sabe que eu não acredito em amizade pós-namoro — retruquei.

— Essa é mais uma coisa que eu não sabia sobre você — ele voltou a acelerar o carro — Na verdade tem tantas, que eu devia saber que namorava uma incógnita.

— O que você quer dizer com isso?

— Que você é como um ponto de interrogação gigante e implacável, não dá para saber o que você está pensando ou sentindo, é imprevisível, um livro fechado.

— Eu vou ficar aqui mesmo — fiz menção de abrir a porta do carro mas Brad me impediu e parou o carro.

— Calma, acabamos de terminar um relacionamento mas isso não significa que eu não me importe com você, vou te levar até o aeroporto.

— Não precisa fazer mais nada por mim — lutei contra a raiva que floresceu dentro de meu ser. — E não diga que se importa, por que não é verdade.

— É claro que sim, Aurora. — ele se aproximou do meu rosto e quase o tocou, mas abaixou a mão e respirou fundo — Eu ainda gosto de você, mas desde que meu pai jogou a responsabilidade da empresa para cima de mim eu não tenho mais tempo para pensar direito.

— Eu gostava de você, agora não tenho mais certeza. — suspirei— Eu preciso recomeçar.

— Eu entendo. — Brad se afastou e se endireitou no banco dando a partida no carro novamente — Mesmo que você não queira mais ver a minha cara, conte comigo.

Eu fiquei irritada com tudo o que ele me disse mas a carona era mais importante, sairia dessa cidade e me livraria de Brad também. Paramos em frente ao meu gramado, deixei que ele me esperasse no carro enquanto eu fosse pegar minhas malas. Abri a porta e todas estavam jantando quando se viraram para mim e me observaram enquanto eu subia as escadas.

Peguei as malas e quando desci os últimos degraus mamãe estava parada diante da porta com os braços cruzados.

— Aonde vai? — ela ergueu uma sobrancelha — Fugir de casa com o namorado?

— Não, eu não fugiria de casa e sim de você — falei encarando-a.

— Ainda não respondeu a minha primeira pergunta, menina — ela disse quando tentei chegar até a maçaneta.

— Vou para Nova York.

— Aurora — escutei a voz de Edith nas minhas costas.

Me virei para ela e a abracei.

— Sobreviva — pedi, sorrindo.

— Vou tentar — ela sussurrou no meu ouvido.

— Eu vou ligar para vocês — falei para minha avó e mirei em Grace — Cuide-se.

Quando me direcionei para Rachel seu semblante estava suave, não havia mais rancor ou raiva. De repente, houve uma metamorfose que a trouxe de volta para seu estado de mãe.

— Se é o que quer. Faça seu próprio caminho. — foram as últimas palavras que ela disse antes de abrir a porta para mim.

–---------*----------

No trajeto até o aeroporto tudo pareceu por um momento errado e comecei a questionar minha decisão, seja lá o que fosse acontecer daqui para frente senti uma pontada de arrependimento e saudade, de todos. Abandonei esse pensamento e me concentrei na música que tocava no som de Brad, era uma banda com músicas melosas que passei a detestar no segundo que a escutei. Quando chegamos ao aeroporto já eram altas horas da noite, me despedi de Brad formalmente e desejei que apesar de tudo seu próximo relacionamento fosse menos desastroso que o nosso.

A viagem foi tranquila e mais rápida do que pensei, quando desembarquei reconheci o cabelo ruivo inconfundível da tia Joyce segurando um papel onde tinha escrito meu nome. Eu estava tão cansada, exausta e de mau humor que quando os braços dela me apertaram e me sufocaram contra seu busto protuberante senti uma vontade imensa de dormir ali mesmo.

— Ah, Aurora, quanto tempo! — exclamou ela estridente.

— É, muito tempo. Podemos ir logo? Estou a ponto de cair aqui. — Tentei parecer animada mas sem muito sucesso, os olhos já estavam pesando de sono.

— Oh sim, desculpe. — Ela se acanhou — Deixe-me ajudá-la. Ah, e mais uma coisa: Bem-vinda a Nova York.


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