Veni Vidi Vici escrita por MB Sousa


Capítulo 16
Watching You


Notas iniciais do capítulo

LEIAM! Para que vocês entendam esse capítulo, a primeira parte é narrada pelo Vini e depois pelo Personagem Principal, fiquem ligados à pausa (* * *). A música desse capítulo é Watching You da Natalia Kills, que fala sobre uma obsessão por alguém, o que super combina com o capítulo, aconselho vocês a ouvirem.

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=RKRypUaQ9Z0



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Tudo aconteceu muito rápido, em um momento eu vou no banheiro, enjoado com alguma coisa que comi no bar, ouço um barulho de tiro e quando volto de lá não vejo Julia e os garotos me esperando na saída do estabelecimento, corro até onde se forma um montinho de gente, o sangue pulsando em minhas veias com medo de que algo tenha acontecido com algum deles.

Torço cegamente que eles sejam apenas parte da multidão que foi ver o que tinha acontecido, mas no fundo eu sabia que isso era mentira, e isso se confirmou quando vi Ele abraçado em Cris, e Julia com a cabeça apoiada em suas pernas. A ambulância chegou rápido, mas não havia nada que podia ser feito.

— Tragam ela de volta! – Cris gritava enquanto os paramédicos tentavam remover o corpo de Julia da rua, Cris se agarrava à ela com todas as forças que tinha, Ele e eu ajudamos à afastá-lo do corpo enquanto ele se debatia e gritava em negativa.

Acho que nunca verei algo tão horrível na minha vida.

Eu queria tanto confortar Cris, queria tirar a sua dor, mas eu não sabia como, na verdade eu acho que não tinha como nem ao menos aliviar sua dor.

Agora eram dois sumidos da escola, Amanda e Cris (sim, ela ainda continuava desaparecida).

Uma semana depois da morte de Julia fui até a sua casa.

Sua mãe estava com um olhar muito triste quando me mandou entrar e disse que ele estava no quarto.

Bati de leve na porta e entrei no aposento onde já havia estado incontáveis vezes.

— Entra. – ouvi um murmúrio vindo de Cris.

— Oi. – disse envergonhado, acho que era a primeira vez que eu não sabia o que falar com Cris.

Sentei no canto da cama onde Cris estava deitado, ele não me olhou nenhuma vez, seus olhos encaravam o teto com uma expressão vazia.

O silêncio tomava conta do recinto, surpreendentemente foi Cris quem o quebrou.

— Ainda não acredito que ela se foi, simplesmente não parece real. – ele diz ainda concentrado no teto.

Penso em dizer que “sei como é”, mas isso seria uma mentira, nunca perdi alguém assim como Cris tinha perdido.

— Eu sinto muito, cara. – foi o que eu disse, da forma mais sincera que consegui.

— Eu sei. – ele respondeu, finalmente me olhando, os olhos estavam vermelhos e com profundas olheiras.

— Se eu não tivesse inventado aquele encontro estúpido... – Cris começou.

— Não. Pode parar! – intervi. – Você não tem nem um pingo de culpa no que aconteceu.

Cris me olhava concentrado.

— Eu não sei se consigo aguentar isso. – de repente ele desabou, e começava a chorar. Eu nunca tinha visto Cris tão mal, ele já tinha ficado bem triste por brigas ou uma vez que ele e Julia terminaram, mas não como ele estava agora, e eu me sentia tão impotente por não poder fazer nada.

— Ei, vem cá. – deitei ao lado dele na cama no espaço apertado e coloquei seu rosto no meu peito, abraçando-o forte enquanto os soluços fazem seu corpo tremer. – Tá tudo bem, eu estou aqui.

Não sei se Cris queria falar alguma coisa e não conseguia pela forte crise de choro. Eu sentia tanto mesmo por ele. Por que isso tinha que acontecer com a Julia? Garanto que tem milhões de pessoas que mereciam morrer e logo ela se foi, ela tinha Cris, e agora ele não tinha mais nada, somente a mim.

Eu estava preocupado com Cris, quando deixei sua casa no final da tarde ele não havia melhorado nem um pouco, mesmo depois das minhas diversas e falhas tentativas de animá-lo um pouco.

Já escurecia quando saí de sua casa e fui andando até a minha casa, não era muito longe, mas mesmo assim eu não gostava de passar pelo “Parcão” de noite.

Enquanto eu andava à passos largos em direção à minha casa, tive aquela estranha sensação de estar sendo seguido, olhei para trás, não havia ninguém, apressei ainda mais o passo e quando virei novamente para trás, uma silhueta encapuzada estava a poucos metros de mim. Meu coração gelou.

Pensei em correr, mas não o fiz, eu estava quase na esquina da minha casa. Deveria ter feito.

Continuei caminhando e o homem só se aproximava, e quando decidi correr era tarde demais, ele me alcançou rapidamente golpeando-me com um chute nas pernas, caí de cara no chão, raspando os braços para amortecer a queda.

— Pode levar tudo, não me machuca, por favor. – implorei, virando-me de frente para ele no chão.

— Ah, mas isso é tudo que eu quero fazer. – Ele é um rapaz negro, talvez um pouco mais velho que eu, porém com um físico bem mais avantajado e mais alto, beirando talvez 1,90m.

Ele me puxa pela camisa, fazendo eu ficar de joelhos na sua frente e com a outra mão me dá um soco, e outro, e outro, sangue espirra da minha boca. É impressionante como não tem ninguém na rua...

Fico cada vez mais atordoado com a dor e acho que vou desmaiar, ele solta minha camisa e eu caio no chão, não se dando por satisfeito, ele golpeia minha barriga várias e várias vezes, eu mal consigo respirar, há sangue no meu rosto, talvez até um dente quebrado.

— Isso é pra você aprender a não fazer merda com os outros. – essas são as últimas palavras que ele diz antes de fugir.

Fico deitado com a dor latejando no meu corpo, depois levanto-me e ando até meu apartamento, o porteiro abre o portão assustado e pergunta o que houve, não consigo pensar numa resposta apropriada, a cada passo meu corpo dói, porém aguento ir até o elevador e chegar no meu apartamento, então o choque de minha mãe e o hospital.

* * *

Eu estava chegando no apartamento de Vinicius.

Ele tinha me ligado no outro dia dizendo ter sido agredido, fiquei assustado na hora, mas ele me disse que estava bem, ainda assim eu insistia em vê-lo. Cheguei lá aflito, sua mãe foi muito simpática e disse que ele estava no quarto.

Entrei e Vinicius estava na cama e nossa...

Ele estava cheio de hematomas no rosto, além do mesmo estar inchado e alguns cortes no rosto e nos braços que estavam com curativos.

— Ah, meu amor, o que aconteceu com você? – perguntei ajoelhando-me ao lado da cama.

— Eu estou bem, não é tão ruim quanto parece. – ele tenta se inclinar para chegar perto de mim, mas geme de dor e desiste.

— Estou vendo... – ironizo.

Ele solta uma risadinha fraca.

— Um cara chegou em mim de noite e me bateu. – Vinicius resumiu.

— Um assaltante?

— Não, ele não levou nada de mim.

Pondero isso por um instante.

— Ele disse alguma coisa?

Vinicius parece se esforçar para lembrar de alguma coisa.

— Algo sobre não fazer merda com os outros. – ele responde por fim.

— Você fez merda pra alguém?

— Não, idiota.

Mas então tudo se encaixa na minha cabeça e apenas um rosto passa por meus olhos.

Junior.

Isso era vingança.

— Que foi, amor? – Vinicius parece perceber que eu sei de algo.

— Nada. – minto, ele não precisa se estressar com isso, não agora.

Vinicius parece acreditar. Ele é tão ingênuo, eu nem me esforcei tanto para parecer convincente.

A tarde foi bem agradável, Vinicius e eu ficamos conversando o tempo todo, sobre algumas coisas idiotas, outras nem tanto, mas eu não conseguia focar 100% na conversa, minha cabeça trabalhava rapidamente no que eu faria a respeito de Amanda e seu ex-namorado.

Chegando em casa, eu já tinha um plano, se era vingança que Amanda queria, era vingança que ela teria.

Como uma espécie de confirmação da minha teoria, Amanda deu às caras na escola no outro dia. Vinicius não tinha ido, ainda estava se recuperando em casa, mas ela estava radiante, sorria e cumprimentava todos.

— Parece que alguém está feliz. – chego, sorrindo falsa porém convincentemente.

— Ah, sabe como é né? – Amanda me cumprimenta com dois beijinhos. – O mundo dá voltas.

Ela não suspeita que eu sei o que ela fez, e tenho que me controlar à todo instante para não revelar, meu plano é melhor, e essa não é a hora.

O intervalo, era tudo que eu queria e quando ele chegou, eu tirei-os da mochila, centenas de panfletos e saí a distribuí-los para todos que eu passava, atirava eles no chão, em todos os lugares, a tinta da impressora lá de casa estava acabada, mas minha vingança apenas começava.

E lá estava ela, quando avistei-a, metade da escola já a procurava curiosa, Amanda não entendia o motivo dos olhares, até que ela pegou um dos panfletos e leu.

Tinha diversos prints de conversas minhas com ela, onde ela desabafava sobre Vinicius logo depois que eu tinha ficado com ele e no período que se decorreu a isso até que o próprio descobriu e conversou com ela, o que só piorou as coisas, Vinicius teve boas intenções, mas Amanda foi uma estúpida.

Ela não viu eu me aproximar, parei as suas costas e sussurrei em seus ouvidos.

— O mundo dá voltas. – Amanda assustada vira e me encara.

— Por...Por que você fez isso? – ela pergunta, ainda atônita.

Limito-me a responder essa pergunta retórica.

— Isso não é nada, se você mandar seu namoradinho atrás do Vinicius ou de mim de novo, eu acabo com você.

A raiva guardada por Amanda, acumulada em apenas um dia é inacreditável, realmente não se pode confiar em ninguém mesmo. Eu achei que ela fosse confiável, eu abri mão da minha felicidade para não perder sua amizade, e ela fazia isso? Corria para o namorado nojento que ela dizia odiar e manda espancar o cara que ela dizia amar. Qual o problema dela?

Eu gostaria de ter dito tudo isso para ela, mas as pessoas estavam se amontoando em volta dela e seus olhos se enchiam de lágrimas.

Amanda passa correndo por mim a fim de se esconder e eu sorrio triunfante, e ao mesmo tempo censuro-me por me sentir tão bem fazendo o mal.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, dia 5 sai um novo e com uma surpresa que vocês estavam esperando... Narrado pelo Cris! Estou ansioso para postá-lo e ver o que vocês acham! Beijooos e até lá ♥