Então, eu deitei no chão e ela em minha cama, mas Isabella começou a ter pesadelos e chorar no meio da noite, então eu fui a alcamar e ela pediu para que eu deitasse ao seu lado. Conversamos até pegar no sono, minha mão em seu cabelo e outra em suas costas, enquanto ela estava deitada em meu peito.
Pela manhã quando acordei, Isabella e eu estavamos abraçados, ela ainda dormia, então me mantive parado, sentindo o cheiro bom que emanava de seu cabelo.

Ele narrando:
Quando ela acordou que foi o problema, Isabella se levantou apressada, perguntei o que estava acontecendo, mas ela só disse "bom dia e desculpe", então me levantei e comecei a me arrumar, meio que junto com ela.
Aí vieram mais problemas, quando estávamos saindo do meu quarto, demos de cara com Lia que começou a fazer um escândalo, em poucos segundos todos estavam olhando o escândalo de Lia.

Ela narrando:
Droga, custava eu ter saído um pouco depois? Ou então, Nate não ter saído comigo? Tudo que eu não queria era isso, mas agora estou aqui, escutando Lia gritar que todos os tipos de xingamentos, sobre eu estar saindo tão cedo (nem é tão cedo assim) do quarto de Nate.
Ah, me poupe Lia, essas horas da manhã e a cobra já está destilando veneno?
Ryan entrou em minha frente, segurando o braço de Lia e falando para ela se acalmar.

–Me acalmar como, se eu vi a Isabella saindo do quarto do Nate, com ele ainda? -ela gritou e segundos depois o silencio se instalou.

Todos, sem exceção, nos olhavam.

–Eu não te devo satisfação nenhuma da minha vida, nem do que eu faço ou deixo de fazer -Nate avisou em alto e bom som.

Ele se colocou na minha frente, me defendendo pela primeira vez desde que o escandalo começou, batendo no dedo de Lia, para que ela abaixasse, que antes estava apontado para a minha cara. Eu puxei Nate para o lado, voltando a ficar cara a cara com a maldita.

–Primeiro, ninguém te deve satisfação de nada. Segundo, querida, está vendo a hora que é? Eu ainda estou com sono, então amaria se você parasse de gritar como uma banshee -sorri cruelmente.

Todos ali estavam de boca aberta.

–Terceiro, eu dormi sim no quarto de Nate, mas tudo que eu fiz foi dormir, eu estava tendo pesadelos e não queria ficar sozinha. Ao contrário de você, que gritou e foi a verdadeira culpada da Mayra ter morrido, eu estava me sentindo culpada por não ter a salvado.
–Vadia -ela tentou gritar de novo, mas meu punho já estava erguido.

Quando eu vi, já havia acertado um soco na boca de Mayra e todos nos olhavam chocados.

–Cala a boca, porque a unica vadia aqui é você e não basta ter sido culpada por Mayra, quer ser culpada por atrair os zumbis para a escola também? Acho bom você ficar sem gritar por um tempo, querida -eu sorri para Lia no chão e sai andando.

Ele narrando:
Então a coisa desandou de vez, algumas pessoas realmente deixaram para lá, mas nos dias que seguiram, algumas mentes idiotas, começavam a fofocar sempre que eu e Isabella estávamos no mesmo lugar.
"Ela dormiu com ele", "Aposto que ele e ela se pegaram", "Não respeita nem a morte da própria amiga" isso era algumas das coisas que eu ouvia, eu preferi deixar quieto para não aumentar os boatos, mas eu via Isabella se quebrando lentamente, vi quando ela começou a segurar o choro.
Vi quando ela começou a comer menos, vi quando ela evitava sair de seu quarto e então, vi quando ela começou a me evitar.

Ela narrando:
Depois de uma semana, as coisas se acalmaram, eu já respirava mais aliviada, sei que não devia me importar, mas aí falarem que eu não me importava com Mayra... Idiotas.
Nesse tempo, eu evitei Nate, mas Ryan estava sempre ali. Isso me fez confiar mais ainda nele, ele era um bom amigo, sempre me apoiando e me ajudando. Ele chegava no meu quarto pela manhã e só saia nos horários em que precisava fazer algo ou quando ia buscar algo para mim, foi ele que deu um jeito de dizer que eu não dormiria com Nate e que eu não era esse tipo, até que as pessoas passaram a confiar nele.

Ele narrando:
Dia de festa, um dos dias mais legais, eu e Ryan criamos juntos esse dia. Hoje é o dia em que as crianças brincam até cansarem e dormirem, depois nós bebemos até ficar com sono ou alguém começar a passar mal. Nós inventamos esse dia para não pensarmos apenas no fim do mundo e convenhamos, nada melhor do que beber.

Ela narrando:
Ryan veio dormir no meu quarto, aproveitando que todos estavam bebados para saberem o próprio nome, claro, ele no colchão, no chão e eu na cama. Nós conversamos bastante, eu não tinha bebido e Ryan havia tomado apenas algumas cervejas, então conversamos sobre bastante coisas, até começarmos a ouvir gritos.

–É melhor irmos dormir, caso não esteja conseguindo, coloque o travesseiro, abafa o som.
–Mas, que gritos são esses?

Ele suspirou, antes de me olhar sério e segurar minha mão.

–É a Lia, ela meio que gosta de esfregar na cara de todos que o Nate bebeu de novo e está comendo ela -eu fiz uma careta em resposta. -Eu sei, é nojento, Nate não gosta dela, mas quando ele bebe, ela se aproveita, aí ele a usa e ela se acha por isso.
–Nossa, que idiota.
–A Lia é uma rodada, no começo o Nate e ela até namoravam, mas aí um dia ela traiu ele, claro que ele não sabe, não queria que ele ficasse mal, mas também ninguém mais sabe. Eu sei porque ouvi, infelizmente.
–Mas então, porque os dois terminaram?
–Nate terminou com ela, porque, literalmente, enjoou da cara dela.
–Podemos conversar mais alto que os gritos dela? Estou sem sono.
–Claro -ele sorriu.

Ele narrando:
Pela manhã, havia um corpo em minha cama, mas o cheiro que emanava não era do cabelo de Isabella, era cheiro de sexo... Lia.

–Droga -reclamei baixo.
–Bom dia amorzinho -Lia disse sorrindo.
–Some Lia, eu não devia ter feito nada com você.
–Mas fez -ela sorriu se levantando.
–Eu sei que me traiu, você também sabe, não sei porque insiste em se jogar em cima de mim.

Depois de Lia ter ido embora, tranquei a porta do quarto e voltei a dormir.

Ela narrando:
Pelo fato de ficarmos conversando, tanto eu, quanto Ryan acordamos tarde, já era uma e pouco da tarde, então Ryan levantou e foi se arrumar, por mim eu passava o dia todo na cama, mas Ryan fez eu me levantar.
Após Ryan virar de costas, troquei a calça por um chort e fiquei com a regata que usei para dormir, prendi meus cabelos em um rabo, rindo de Ryan que não parava de se mexer, impaciente.

–Pronto.
–Nossa, assim não da Isa, todos os garotos vão babar em você.
–Então fecha a boca querido -eu disse rindo, passando por ele e saindo do quarto.

Ryan saiu logo atrás de mim, nós dois estavamos rindo, porque ele disse que eu ia pagar por ter dito aquilo, quando o clima ficou pesado.
Nate estava saindo de seu quarto também e nos olhou, antes de sair andando com as mãos no bolso da calça, ele estava com os cabelos bagunçados mais que o normal, o que indicava que ele tinha acabado de dormir, seus olhos levemente inchados de dormir e sua roupa preta (camiseta de manga curta e calça de moletom), fazia um contraste incrivel com sua pele branca.
Eu e Ryan nos entre olhamos, antes de voltar a andar em direção a cantina, graças a bebedeira, o almoço ia demorar mais uns minutos para sair, então não haviamos perdido ainda. Eu e Ryan nos sentamos na mesa em que batia sol e do outro lado ficava uma arvore com flores, ela provavelmente havia sido plantada por algum aluno e agora crescia sem parar, derrubando flores pelo banco que o vento levava.

–Poxa, ninguém vai fazer nada nesse lugar? -alguém gritou, eu olhei em volta, mas não vi a pessoa, apenas Nate sentado em uma mesa com alguns amigos e Lia.
–É caramba, hoje é sabado, vamos animar gente! -Ryan gritou de volta.

Eu subi em cima da mesa, todos me olharam, mas eu foquei em Ryan que havia sentado na mesa de sempre, de volta, me olhando divertido.

–Bom, já que vocês querem animar, alguém traz um radio para cá.

Mais do que depressa meu pedido foi atendido, todos me olhavam, mas para evitar ficar com vergonha, eu olhava só para Ryan que mantinha um sorriso divertido no rosto e um dos olhos verdes dele, meio fechado por causa do sol. Eu tirei meu pen drive do bolso, junto com as minhas chaves e liguei no radio.

(Coloquem a música para tocar)
Esta cidade
Tão bonita
Ao céu do luar
Andaremos como cigarro
Tão assustador
Comece a correr
Esta noite é como uma faca
Você me cortaria com o seu beijo?

Eu comecei a cantar mais alto que o radio.

Eu acredito nos seus lábios
Você é inacreditável
Não posso perder a chance de te pegar
E este é o meu convite
(Convite)

Olá, Brooklyn
Hey, LA
Fique nas ruas a noite inteira
Porque dormimos o dia todo
Quando o mundo começa a agitar,
Quem está pronto para a festa?
Olá, Brooklyn
Hey, LA
De costa a costa
Eu vou te deixar em chamas
Deixe os tempos bons rolarem,
Nós podemos deixar pra lá
Todo mundo sabe
Que tem uma festa no fim do mundo

Eu comecei a dançar, enquanto cantava e vi as pessoas começarem a levantar, dançando.

Esta cidade
Era a sua cidade
Saltos altos na calçada
Implorando por um fim
Não se preocupe
Eu jogo sujo
Esta noite é como um gancho
Para te tirar do chão
Eu eu serei seu, verdadeiramente inacreditável
Não posso perder a chance de te pegar
E este é o seu convite
(Convite)

Ryan subiu na mesa comigo, nós começamos a dançar um do lado do outro, rindo muito.

Olá, Brooklyn
Hey, LA
Fique nas ruas a noite inteira
Porque dormimos o dia todo
Quando o mundo começa a agitar,
Quem está pronto para a festa?
Olá, Brooklyn
Hey, LA
De costa a costa
Eu vou te deixar em chamas
Deixe os tempos bons rolarem,
Nós podemos deixar pra lá
Todo mundo sabe
Que tem uma festa no fim do mundo
Diga adeus a tudo isso
Esta noite você nunca esteve
Mais viva(Você está tão viva)
Você não tem medo de morrer
E eu posso ver isso em seus olhos
Seus olhos

Varias pessoas começaram a subir na mesa para dançar.

Olá, Brooklyn
Hey, LA
Fique nas ruas a noite inteira
Porque dormimos o dia todo
Quando o mundo começa a agitar,
Quem está pronto para a festa?
Olá, Brooklyn
Hey, LA
De costa a costa
Eu vou te deixar em chamas
Deixe os tempos bons rolarem,
Nós podemos deixar pra lá
Todo mundo sabe
Que tem uma festa no fim do mundo

Todos dançavam, menos Lia que me olhava com raiva, até Nate estava em cima de uma mesa, dançando e sorrindo.

Londres, Tóquio
Boston, Frisco
D.C., Chicago
Baltimore, Toronto
(Há uma festa no fim do mundo)
Memphis, Rio
Dublin, México
Paris, aqui vamos nós
Todo mundo sabe
Que tem uma festa no fim do mundo

Essa ultima parte, todos nós cantamos em alto e bom som, depois a cozinheira avisou que estava pronto o almoço e eu deixei o radio tocando no baixo.
Após o almoço, todos iam saindo e me parabenizando por ter animado tudo, eu sorria agradecida, Ryan agora sentado do meu lado na mesa me olhou.

–Que foi? -eu perguntei.
–Eu te adoro -ele sorriu.
–Também te adoro.
–Não desse jeito.
–O que?

Então, ele me beijou e eu deixei.