Anteriormente...
–Você fez um bom trabalho, pelo que me contou é corajosa e determinada. Acha que pode entrar para a minha equipe?
–Claro que sim, por tanto que Anahí fique protegida.
–As manteremos em segurança. Tem algo de que precise? Comer ou sei lá... Temos pouco mas o dia de ir buscar é amanhã já. Perdemos muita gente que resolveram ir embora e por isso estamos racionando.
–Na verdade... Acho que posso ajudar com isso -ela sorri.

Ele narrando:
Depois que todos tomaram banho e se alimentaram (com uma pequena ajuda de Isabella Trade), finalmente chega a hora mais esperada do dia, a de dormir.

–Mais eu não quero! -ouço um grito e corro ver o que é.
–O que está acontecendo aqui? -pergunto, vendo Isabella segurar a pequena Anahí pelos ombros e Lia bufar alto.
–A Trade não quer entender que as crianças são separadas dos adultos senhor -explica Lia e Isabella revira os olhos.
–Eu já entendi, mas eu não quero! -Isabella grita de novo batendo o pé no chão.
–Quer parar de dar um escândalo? -digo pegando Isabella pelo braço e Lia fica olhando.
–Me solta -ela diz entredentes.
–Não -respondo e no segundo seguinte sinto um tapa em meu braço. -Qual o seu problema garota? -a solto.
–Anahí vai dormir perto de mim e ponto final, ela precisa ser protegida e subiu protegê-la -ela diz com raiva.
–Olha Isabella -respiro fundo para não bater nela. -As crianças ficam longe por muitos motivos...
–Não me interessa -ela me corta e eu a puxo para um canto longe de Lia.
–Elas ficam longe porque alguém pode sequestra-las, porque alguém pode usá-las para servir de isca enquanto elas fogem, porque alguém pode matá-las em um acesso de raiva... -enquanto vou listando nos dedos, ela me encara.
–Entendi -Isabella finalmente responde e percebo o quanto estamos próximos.

Ela narrando:

Nate deve estar acostumado a encurralar pessoas, porque ele nem notou o quanto estamos próximos, sua mão segurando meu cotovelo firmemente, quando ele fala sua respiração bate em meu rosto...

–Entendi -respondo e ele finalmente para de falar, olha para onde sua mão segura e depois me encara.
–Isabella... -ele vai dizer algo mas não dá tempo, porque Lia chega e ele me solta rapidamente.
–Anahí você vai para o quarto das crianças -a aviso. -Mas não se preocupe que eu vou ficar no quarto ao lado do seu.

Ao dizer isso Lia olha para mim de boca aberta e pisca algumas vezes, Anahí sorri e eu encaro Lia.

–Mas, mas, mas é ao lado do quarto de Nate, ninguém usa aquele quarto -ela diz como se estivesse chocada.
–Mande as arrumadeiras arrumarem para Isabella -diz Nate e até eu me surpreendo.

Lia sai rápido, olho para Nate e ele apenas da de ombros, então pego Anahí pela mão e a levo até o quarto. Após me despedir dela, noto que ela vai para o lado ao contrário, ela abraça uma perna de Nate e da boa noite, enquanto ele passa as mãos no cabelo dela e diz boa noite. Após fechar a porta do quarto onde várias crianças dormem, vejo Nate olhando para o céu, então me aproximo dele.

–Você gosta delas -comento.
–Alguém tem que proteger as crianças -ele dá de ombros.
–Sei -bato de leve com meu ombro no dele e então, ele olha para trás se afastando um pouco.
–Isabella -vejo um loiro gritar em minha direção. -Eu não acreditei quando me disseram que a humanidade estava a salvo pois sobrou uma garota bonita viva -ele diz me abraçando e eu retribuo com cautela.
–Ryan menos -diz Nate.
–Ah é, prazer sou Ryan e você é a Isabella né?
–Sou sim -digo rindo do jeito dele.
–Diga que você é o rostinho bonito que vai procriar crianças lindas para esse mundo, porque se formos depender das mulheres que têm aqui estamos perdidos...
–Ryan, mano, cala a boca. Vai assustar a garota -diz Nate rindo.

Depois de algum tempo de conversa com Ryan que é extremamente engraçado, vejo pelo canto do olho Nate sair de perto, então dou uma desculpa de que estou cansada para Ryan e corro atrás dele.

Ele narrando:

(Coloquem a música)

Estou quase entrando no meu quarto quando sinto uma mão em meu ombro e rapidamente jogo a pessoa no chão, para depois perceber que sem querer, por puro reflexo, joguei Isabella.

–Desculpe -ofereço minha mão a ela.
–Belo reflexo -ela comenta enquanto segura minha mão e eu a puxo para cima, perto demais.
–Desculpe -ela engole e se afasta. -Só queria agradecer por ter me deixado ficar no quarto...
–Não precisa agradecer, só te deixei ficar porque eu não queria mais escândalos.
–Eu não estava fazendo escândalo.
–Não? -pergunto rindo e ela sai indo para seu quarto brava.

Ela narrando:

Já passa das onze da noite, mas ainda não consigo dormir, então saio do quarto sem fazer barulho e perambulo até encontrar uma escada que dá para o telhado da escola, então me sento e olho para baixo notando alguns zumbis ao longe. A camisola que eu uso para dormir é fina e me faz tremer um pouco, mas não quero descer e o frio é confortável.

Eu não posso continuar te tocando assim
Se é apenas felicidade temporária
Apenas felicidade temporária

Ele narrando:

Me viro para um lado e para o outro da cama, mas não consigo dormir, deve ser o fato de que logo teremos que sair pegar comida e eu não gosto nem um pouco disso porque às vezes perdemos pessoas.

Ela narrando:

Escuto passos e me encolho pois minha camisola não passa de um vestidinho branco com rendas que é um pouquinho sexy e isso me deixa constrangida, por que eu nunca pensei em comprar roupas mais comportadas para o caso de um apocalipse zumbi.

Me diga qual é o sentido de fazer isso todas as noites?
O que você está me dando
É nada além de uma canção de ninar sem coração
Está matando os meus sonhos. Oh.
Essa é a última vez
Baby, mude seus pensamentos.

–Isabella?
–Oi Nate -ele parece surpreso em me ver ali.
–O que faz aqui?
–Eu estava sem conseguir dormir e você?
–Eu também -ele se senta ao meu lado. -Achei que eu fosse o único a vir aqui...
–Se quiser posso ir embora... -respondo me levantando e ele segura meu pulso.
–Pode ficar... Não está com frio?
–Um pouco, mas as vezes o frio é confortável.

Ele narrando:

Não sei qual foi o impulso que me deu, mas quando vi já tinha tirado minha jaqueta e dado a ela, que agradeceu com um sorriso. Após alguns minutos de silêncio puxei a manga de minha blusa marrom para baixo, incomodado, por que ela não falava nada?

Ela narrando:

Após um tempo em silêncio, me levantei e Nate também.

–Vou para meu quarto -dissemos juntos.
–Ta, eu desço com você -Nate disse.
–Nate você acha que eles podem invadir aqui? -aponto a cabeça para os zumbis, agora, mais perto.
–Eu espero que não.

Ele narrando:

Descemos as escadas e paramos na porta de meu quarto.

Não estou tentando ser sua vida inteira
Eu não quero adormecer

Ficamos nos encarando por alguns minutos, talvez segundos, não sei.

–Boa noite -ela diz e vai para seu quarto.
–Boa noite -respondo apesar dela já ter ido e entro no meu.

Eu não posso continuar dormindo em sua cama
Se você continua confundindo minha cabeça

Ela narrando:

–Por aqui Isabella -ele diz meu nome e eu o sigo, sua voz extremamente familiar para mim.
–Cuidado -digo a ele, uma vez que ele me puxa e eu quase caio.
–Não temos tempo -sua voz é tão doce e apesar de ser grossa, não é tão grossa. -Você precisa ter cuidado, está cheio de zumbis aqui -ele avisa e eu percebo como seus ombros se tencionam... Ele me lembra alguém... Ele é o...

E eu acordo com mãos fortes me chacoalhando.

Eu não posso continuar dormindo em sua cama
Se você continua confundindo minha cabeça
Eu não posso continuar amando desse jeito
Felicidade temporária não funciona.