Destilando Neurônios escrita por itsJuhMaciel


Capítulo 6
Belo desastre




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Nos meus primeiros 5 minutos como babá eu já estava certo de como era o inferno. Pegar fogo nos quintos dele não chegava nem na metade do que a desgraça do filho do Itachi está me fazendo passar. Depois de ter convencido Sakura de que Yachi estava pegando em outro caralho meu – que não era uma parte de meu corpo –, Sasuke apareceu desfilando com um relógio de ouro brilhando no seu pulso. Eu tinha um parecido – comprado da feira – ele quebrou com 30 segundos de uso. Ta né? Sasuke parou ao lado do telefone e me entregou uma lista, eu me aproximei com medo porque se tem uma coisa que eu mais devo me prevenir é de Uchihas.

– Que isso? – perguntei antes de pegar. Ele não respondeu. Tomei a folha da mão dele com o maior cuidado.

Telefones de Emergência

100 - Secretaria dos Direitos Humanos

180 - Delegacia da Mulher

181 - Disque-Denúncia

190 - Polícia Militar

191 - Polícia Rodoviária Federal

192 – SAMU

193 - Corpo de Bombeiros

194 - Polícia Federal

197 - Polícia Civil

198 - Polícia Rodoviária Estadual

199 - Defesa Civil

– Telefones de emergência?

– Olha que interessante, ele sabe ler. – eu ia abrir a boca pra retrucar, mas ele me interrompeu. – Atrás dessa folha tem o número do médico da família. É só isso, agora onde está o Yachi?

– Não sei. Ele estava aqui ainda pouco.

– Como não sabe? Que espécie de babá você acha que é? Vá agora mesmo procurá-lo!

Eu ia retrucar novamente, quer dizer, tentar. Mas Sasuke disse “psiu” como se estivesse chamando uma puta barata, aquilo me enfezou e eu acabei dando um tapa na cara dele, claro que Sakura começou a falar mil merdas pra defender seu queridinho, eu não tava nem aí e Sasuke também não porque ele não disse porra nenhuma, apenas pegou a chave do carro que estava na mesa, puxou Sakura pelo braço e caminhou até a porta, mas ele só saiu depois que me mandou tomar no cu.

– Yachi! – lembrei que estava lidando com um Uchiha, todo cuidado é pouco. Subi a escada para começar a procurar o discípulo de Sasuke. Comecei abrindo porta por porta cautelosamente, até que cheguei ao quarto com coisas familiares.

O quarto do Sasuke.

Comecei a esfregar as mãos que nem um mosquito quando ouvi um grito de dor no andar de baixo. O plano de bagunçar o quarto do Sasuke foi pro cacete, eu saí correndo do quarto, tentando ser guiado pelo grito assustador que se instalara nos meus ouvidos frágeis. Quando cheguei perto da escada, encarei uma figura sinistra tentando escalar a escada de quatro como um cachorro. Eu não consegui distinguir que espécie era aquilo porque havia um lençol tampando o corpo – se é que é um corpo.

Aquela coisa era grande demais para ser o Yachi. Eu gritei histericamente e saí correndo voltando para o quarto do Sasuke, entrei e bati a porta com força e até tranquei, sabe preservar a vida é muito proporcional.

Como é mesmo o número da policia? 193? Ótimo, é o que eu vou dizer quando ligar? Alô senhor policial, tem uma figura não identificada na escada, venham rápido antes que ela coma o meu cérebro.

Ouvi outro grito, e depois pancadas nem um pouco educadas na porta do quarto. Eu me encolhi quando escutei o meu nome ser pronunciado de um jeito horripilante. Afastei-me da porta com as mãos na cabeça tentando pensar em uma forma de fugir.

– NARUTO! – parecia o Deidara gritando. Droga parece que o Mal encarnou nele, ou será que a Besta que está me perseguindo consegue copiar vozes?

– Onde está um terço quando se precisa? – corri até o closet do Sasuke. – Sal! Água benta! Alho! O que for!

– NARUTO SEU DESGRAÇADO!

– DESGRAÇADO É O DIABO QUE TE DEIXOU FUGIR DO INFERNO!

Ouvi um barulho suspeito na fechadura da porta. Fodeu. O filho da puta ta abrindo a porta. Eu me afastei do closet do Sasuke e rumei pra janela, afastei as cortinas, dei ar aos pulmões, subi no parapeito e antes que eu pudesse me espatifar lá em baixo o demônio me puxou, eu danei a gritar – como uma garotinha – enquanto o demônio me jogava no chão.

– O que deu em você, imbecil? – era Deidara com o lençol na mão.

– Espera – eu me levantei e apontei o dedo acusatório para o meu irmão postiço –, você está brincando de demônio ao invés de trabalhar?

– Você quem deveria está trabalhando, por um acaso você sabe do paradeiro de Yachi? – Deidara cruzou os braços e começou a bater pezinho no chão.

– Não. – culpado.

– Aquele aprendiz do capiroto me viu agachado em frente à máquina de lavar, adivinha o que ele fez? Engana-se você que pensa que ele me ajudou a colocar as roupas na máquina. O pequeno diabo me empurrou para dentro da máquina e a ligou.

Agora que eu fui perceber que o lençol que estava na mão de Deidara estava encharcado e que o próprio Deidara estava molhado. O meu medo por achar que era mesmo o demônio me tornou cego por alguns segundos.

– E você estava parado em frente à máquina de lavar com aquela cara retardada vendo as roupas rodarem lá dentro?

Deidara começou a assobiar, eu sorri me aproximando dele, tomei o lençol molhado de sua mão e o lacei pelo pescoço, comecei a enforcá-lo e a dizer palavras nem um pouco afetivas, eu só soltei o lençol no chão quando Deidara mudou de cor.

– Isso é por ter me passado um susto.

– Você deveria provar que é uma babá aplicada, hmm. – reclamou ele no chão com as mãos no pescoço.

– YACHI! – saí correndo atrás do discípulo do Sasuke, e acabei encontrando-o na sala com aquela carinha santa. – Oi. – cantarolei desconfiado enquanto me aproximava do pequeno diabinho que estava com cara de alguém que estava prestes a aprontar. Se ele prendeu Deidara dentro da máquina de lavar, o que diabos ele pode ser capaz de fazer comigo? Preciso tratá-lo com bastante carinho. – O que você quer fazer, queridinho?

– Quero brincar de autopsia.

Nem fodendo.

– O que você acha de comer alguma coisa? – puxei o braço magrelo dele em direção a cozinha, caralho, a cozinha dos Uchihas deveria ter uma placa escrita “MARAVILHAS”, porque se a cozinha era enorme, imagine então a geladeira? Comecei a flutuar enfeitiçado até a geladeira, quando a abri senti que havia duas estrelas brilhando em meus olhos. Tinha tudo ali que eu sempre quis experimentar, tipo, Nutella. Havia vários potes de Nutella. – Pega uma colher, Yachi. Que hoje nos vamos deixar a glicose nos foder bem devagarzinho. – peguei uns três potes de Nutella e coloquei em cima do balcão. Yachi olhava para os três potes com uma careta. Enfio uma faca nele se ele disser que odeia Nutella.

– O que é isso?

– Nutella. – cantei apontando para os potes.

– Eu sei, mas... explica.

O desgraçado mora praticamente no reino das Nutellas e não sabe. Mas que espécie de pai a porra do Itachi é?

– Nutella é um doce inventado pelo diabo para fazer você viciar e ficar gordo! – voltei até a geladeira pra fazer um limpo nela. – Nós vamos comer Nutella com iogurte e frutas. – peguei o iogurte e algumas frutas e coloquei em cima do balcão. – Começaremos pelo mais light. – misturei a Nutella no iogurte, mergulhei em morangos, amoras, cerejas e enfiei na boca do Yachi e na minha também. – Bon appétit!

Em seguida peguei bolinhos recheados e depois Cookies, sorvete, bolo de morango, Waffles, aveia e granola, panquecas e Brownie.

– Brownie já é uma perdição, coberto com Nutella fica um pecado capital!

Depois de ter afundado no açúcar, eu e o discípulo do Sasuke estávamos estirados em cima do balcão com as barrigas redondas como se nós dois estivéssemos grávidos, eu caí do balcão e comecei a rolar pelo chão com uma alegria extravagante. Eu provei todas as guloseimas que minha pobreza não permitia. Fiquei tão alegre que meu cu até trancou. Mas minha alegria foi pro inferno quando um pé coberto por um sapato social desceu com tudo na minha testa me obrigando a parar de rolar feito um porco melecado. Com aquele sapato próximo de meu nariz, eu fui capaz de sentir cheiro de Tenys Pé Baruel. Sabe, aquele desodorante para pés.

Subi o olhar dando de cara com Itachi.

FODEU, CARALHO!

Esperei que ele tirasse seu pé de cima de minha testa para me levantar e fazer pose de saldado. Ele olhou horrorizado para a geladeira aberta, para Yachi morto no balcão, para mim e minha camiseta que encolheu do nada e para a cozinha suja. Eu jamais irei esquecer que fiz arte na cozinha dos Uchihas.

– Eu não esperava que voltasse tão cedo.

– O que aconteceu aqui? – ele estava bravo, isso não é legal, não mesmo!

– Aqui onde?

– Neste cômodo!

– A casa foi invadida por um punhado de mendigos e eles levaram toda a comida, acredita?

...

– Naruto, por que você está com a bochecha esquerda vermelha? – perguntou Deidara estendendo roupa no varal. Eu estava sentado no chão, perto do cesto de roupa e fazia cara de bunda para uma borboleta gay.

– Itachi me bateu porque eu entupi Yachi até o cu com Nutella.

Deidara me tacou três prendedores de roupa e um deles me atingiu em cheio na testa, doeu pra caralho.

– Você é idiota! Não pode ficar entupindo uma criança com doces, isso pode fazer mal á ela. Coitado do Yachi. – Deidara se inclinou e puxou um lençol do cesto e o pendurou no varal. – O menino não tem culpa de ter uma babá tão desprezível, hmm.

– Te lasca, Deidara. – ergui a cabeça e arregalei os olhos. – RETIRA O LENÇOL, RETIRA!

– Quê? – Deidara me encarou.

– RETIR...

Yachi vinha correndo com os bracinhos abertos e se jogou no lençol limpo que Deidara havia acabado de pendurar, o lençol caiu no chão e Yachi caiu por cima dele. Deidara fez cara de mula e eu fiquei encarando Yachi fazer arte na grama em cima do lençol que antigamente era um branco normal. Deidara rosnou e começou a envolver Yachi no lençol, no final acabou fazendo um rolinho de diabinho.

– Você não disse “coitado do Yachi”? – lembrei ao Deidara. – Agora ta aí, sufocando o moleque! To avisando hein, ele pode morrer. – empurrei Deidara e desenrolei o capeta do menino. – Você está bem, Yachi?

Ele vomitou nos meus pés.

– Isso tudo é culpa sua! – tentei dar uma voadora em Deidara, porque se ele não tivesse explodido o carro da diretora, talvez meus pés não estariam vomitados agora. Mas infelizmente Deidara se esquivou e os meus dois pés vomitados acertaram em cheio a venta do Itachi. Ele voou para o chão e saiu rolando feito um bujão.

Eu fiquei parado sem reação, Itachi parou de rolar, se levantou e veio todo alegrinho para a minha direção. Não precisa nem ser vidente para adivinhar o que ele fez comigo.

Bochecha direita, marcada.

Agora as duas estão com cores combinando.

Esperei que Deidara terminasse de lavar o lençol e estendê-lo para irmos embora. No caminho nem aguentamos pedalar de tão cansados que estávamos. Eu sei que é pecado desejar mal ao próximo que isso pode nos trazer um carma ruim, mas eu gostaria que Itachi se engasgasse com o próprio vômito. No nosso trajeto de volta pra casa acabamos por encontrar o Sai que estava sentado no banco da praça com a cabeça baixa parecendo um zumbi. Eu avisei para o Deidara que ele poderia seguir que eu ia ver se Sai estava bem, Deidara assentiu e se mandou.

– E aí! – parei ao lado de Sai e o cutuquei com a ponta do tênis molhado (que eu tive que lavar, devido ao vômito.)

– Ah, é você? – Sai olhou para mim. – Que surpresa encontrá-lo aqui.

– Acha que eu não seria capaz de andar na praça como qualquer adolescente comum?

– Acho. – ta né?

– O que você está fazendo aí?

– Sentado.

– Pensando em quê?

Ele puxou o ar com força e coçou a cabeça (piolho?)

– Tô mal, cara.

– Sua vida está ruim? Tome ômega 3, afinal o ômega 3 ajuda na auto-estima, previne ataques cardíacos, cura AIDS, dor de chifre, e os caralho tudo.

– Você não entendeu, cara. – Sai grudou na minha camiseta, o susto foi tão profundo que minha bicicleta caiu. Sai se levantou e me segurou nos ombros com força. – Eu tô mal mesmo.

– O que eu posso fazer por você? – ele se afastou e tirou um anel do bolso. – A resposta é não. Eu sou muita areia para o seu caminhãozinho.

Quê? Ah, esquece. E que eu quero pedir a Ino em casamento.

– Não acha que é cedo demais? – e ela também tem um amante, seu idiota.

– Mas a gente vai esperar se formar para poder casar, o problema é que eu não tenho coragem de pedi-la em casamento e queria saber se você podia pedir pra mim.

Franzi a testa, os lábios, os punhos, o cu, eu franzi tudo. Isso que ele estava me pedindo era muito repugnante, é o mesmo que me mandar matar alguém em nome dele. Ok, claro que isso foi uma consideração linda da parte dele, mas se ele está achando que eu vou me expor ao ridículo de fazer isso ele estava enganado. Ino poderia arrancar minhas bolas, tadinhas, foram tão ameaçadas que parecem estar se franzindo agora também.

– Isso é tão... tão... tão... escroto. Você é idiota?

– Eu sou. – Sai começou a balançar aquele anel falso em frente meus olhos. – Por favor, Naruto. Eu faço o que você quiser.

– Fica pelado aqui no meio da praça e imite um macaco.

– Hein?!

– Você disse que faria o que eu quisesse.

– Tudo bem, eu faço isso.

– Não. Pensando bem, eu tenho uma ideia melhor. Amanhã você vai me ajudar a tomar conta de Yachi, pode ser?

– Quem é Yachi?

– O discípulo do Sasuke. – Sai não entendeu e eu nem me darei ao luxo de explicar. – Onde Ino estaria agora?

– No shopping. Ela iria se encontrar com a Sakura lá.

– Sakura saiu com o Sasuke. – rosnei a frase toda.

– Elas iriam se encontrar depois disso. – Sai me segurou de novo. – Promete pedir logo? Por mim? Pela nossa amizade?

– Ta. Eu verei o que posso fazer. – me afastei dele e peguei minha bicicleta. – Mas preciso passar em casa antes e trocar de roupa. Em seguida eu vou procurá-la, se por um acaso der merda, a culpa vai ser toda sua então já pode ir se convencendo disso.

Cheguei em casa em questões de minutos e subi para o meu quarto – ignorando Deidara experimentando minhas meias – peguei uma camiseta cinza e uma bermuda jeans, arranquei meus tênis e meias e peguei um chinelo, deixei tudo em cima da cama e fui tomar um banho rápido, quando retomei ao quarto Deidara estava em frente o espelho segurando duas camisas – minhas – uma era esverdeada e a outra azul marinho.

– Qual dessas você acha que combina mais comigo?

– Por que não veste as suas? – comecei a me trocar ligeiramente. – Você tem muito mais roupa do que eu.

– Tem razão.

– Eu sei que tenho. – terminei de abotoar os botões da bermuda e me enfiei dentro da camisa.

– A azul destaca muito a cor dos meus olhos.

– Mas o q...

Ele jogou a esverdeada na minha cabeça e saiu desfilando do meu quarto. Rosnei e aticei a camisa em cima da mesinha – a mesinha cujo ficaria o aquário do Pliton, se ele não tivesse morrido.

Calcei meus chinelos e apanhei o anel miserável do Sai. Droga, acho que isso vai dar em uma merda tão grande. Como um cara como ele tem medo de pedir a namorada em casamento? Seria medo de levar a lapada do “não”? É, deve ser. Sai tem que perder as esperanças de ficar com Ino e procurar por outra garota. Acho que o chifre dele deve estar afetando seu cérebro e impedindo-o de ter pensamentos mútuos.

Tentei sair de casa ás presas, antes que eu pudesse ser abordado.

– Naruto.

Acho que minhas habilidades de sair apresado de casa se foderam com minhas expectativas de ser rico.

– Mãe?

Ela estava parada no meio da sala e eu estava a dois passos da porta. Ela veio até mim com os olhos arregalados, enfiou as mãos em minhas bochechas e começou a analisar o meu estado nem um pouco amigável. Ela virava minha cabeça para esquerda e direita, quase desgrudou minha cabeça do pescoço.

– Você não parece saudável.

Comi muito doce mãe.

– Estou bem.

– Quer que eu faça alguma coisa para você comer? Agora que começou a trabalhar deve manter uma alimentação balanceada.

– Estou bem, mãe. Tenho que ir agora.

– Aonde você vai?

Gelei aqui.

– Preciso fazer um favor para um amigo meu. – ta, isso era uma verdade.

– Que favor é esse? Não me diga que são downloads ilegais!

– Vou cuidar do cachorro dele, mãe. E já estou atrasado. – saí correndo antes que ela pudesse fazer mais perguntas.

Não demorou nem 30 minutos e lá estava eu com minha cara-de-cu no shopping. Agora era só encontrar a Ino, fazer a merda do pedido, ligar para Sai e transmitir a resposta e depois ir pra casa dormir. Comecei a andar por entre as pessoas, empurrando algumas sem querer. Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal. Droga! Seriam as Nutellas? Não, não poderia ser. Ignorei essa dorzinha medíocre e continuei com a minha missão.

Subi escada. Desci escada. E nada daquela miserável da Ino aparecer. A desgraça da dor veio mais forte e eu concluí que era mesmo devido aos doces do diabo que eu comi na casa dos Uchihas. Eu me encolhi sentindo a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro.

Saí desesperado procurando por algum banheiro disponível, a dor faltava me cegar. Parei de correr para ganhar ar e acabei por ver Ino e Sakura carregando várias sacolas e fofocando alegremente, nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei força de vontade para trabalhar e segurei a onda. Corri de encontro a Ino e puxei seu braço para ganhar sua atenção, ela me encarou espantada.

– Naruto? O que você está fazendo aqui? Parece mal!

– Preciso te falar uma coisa.

– Você pode esperar um pouco? Eu tenho que levar essas sacolas para o carro!

– Ou você quer ajudar? – sugeriu Sakura. Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo e eu senti o suor escorrer na testa. – Você parece realmente mal.

– Eu estou ótimo. – eu afirmei com uma voz fina e fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação anus a qualquer momento. – Eu não sei se posso esperar Ino! – exclamei quase morrendo.

– É rapidinho. Vem Sakura. – elas duas se retiraram me largando ali com minha cólica descontrolada. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado.

Tentei me distrair olhando as pessoas bonitas que passavam ao meu redor, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico, então? Branco e macio, com textura e perfume e... preciso de um banheiro, a Ino pode esperar!

Corri até o banheiro, havia um homem que estava prestes a entrar no único boxe disponível, mas eu o puxei pela gola da camisa e ergui meu punho para ameaçá-lo.

– VAZA!

Então ele vazou, obrigado Jesus!

Entrei no boxe, tranquei, abaixei a calça e sentei no vaso, só foi o tempo limite. Eu caguei, foi um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que dá vontade de ligar para os amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada tão perfeita obra, dava para expor em uma bienal. Depois veio um peido, tipo bufa, que eu nem tentei segurar e foda-se os meus vizinhos de banheiro que fossem ouvir, peidar é normal para qualquer um. Santa Nutella.

Não sei por que eu acabei me lembrando de um acidente que aconteceu com o Deidara, ele estava com tanta caganeira que resolveu colocar absorvente na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou a metade dos pelos do rabo junto.

Deixando de lado o passado, limpei minha bunda e dei a descarga no vazo – tive que dar três descargas para a merda toda descer –, em seguida saí do boxe aliviado, lavei minhas mãos e joguei uma água no rosto, até fiquei cansado. Ta, agora esquece. Eu saí do banheiro e corri para fora do shopping, Ino havia acabado de colocar suas coisas e a de Sakura no carro.

– Você parece melhor agora Naruto. – disse Sakura me analisando.

– Ah, é que eu já ca... – engoli em seco. – já cancelei o fato de ficar sem remédios. – suei frio.

– Então – Ino se virou para mim e cruzou os braços. –, o que você quer tanto me falar?

– Bem... – eu enfiei as mãos no bolso da bermuda, mas o engraçado é que não senti a porra do anel falso do Sai. – e agora? – perguntei com minha cara polêmica olhando para Ino.

– O quê?

– Eu... – passei as mãos na cabeça. Puta merda, o anel só pode ter caído dentro do vazo. Que hora boa pra cagar, hein Naruto? – Espera aqui! – voltei pro banheiro, mas o boxe que eu usei estava ocupado, tive que esperar o usuário sair, mas quando ele saiu eu tive que aguardar alguns segundos antes de entrar porque a catinga estava insuportável. – Nossa! – abanei o rosto. – O que esse cara comeu? Manda exorcizar esse desgraçado! – tentei ignorar o fedor e adentrei o boxe, mas quando olhei para dentro do vazo não vi nenhum vestígio de anel ou algo parecido, só as evidências da merda que o cara podre largou.

Saí do banheiro passando mal – não pelo fedor, mas sim pela minha burrice. Eu sou um imbecil, excelente em imbecilidades!

Quando eu apareci lá fora novamente nem Ino e nem Sakura estavam mais lá, vagabas, me largaram aqui!

– O que eu fa... – me virei, batendo de frente com Hinata.

– Oi. – ela sorriu. – Naruto, o que foi?

– Oi Hina. – respondi desanimado. – Aconteceu uma desgraça comigo.

– Mas você está bem? – ela me encarou seriamente e assustada.

– Não. – segurei o choro. – Perdi o anel.

– Que anel?

– Que eu ia dá pra Ino.

– Quer dizer que você e a Ino... – ela parecia decepcionada.

– Ah, não... não... não. – respondi rapidamente. – Estou fazendo isso para o Sai, ele não está com coragem de pedi-la em casamento e sobrou pra mim, sabe. No final das contas eu perdi o anel que ele mandou para ela no... banheiro.

– E agora? – ela colocou as mãos sobre a boca. – O que você vai fazer?

– Vou me foder, que tal?

– Não, calma. Como é o tal anel? Talvez eu possa ajudar.

– Ele é ouro branco, com um diamante – eu sorri. –, falso, porque Sai é pobre.

– Ouro branco com um diamante. – repetiu ela com a mão no queixo. – Ouro branco com um diamante. – ela estralou os dedos. – Ah, eu acho que tenho um em casa!

– Quem foi que andou te pedindo em casamento? – brinquei, cutucando a costela dela com o meu cotovelo. Hinata deu de ombros e corou até a raiz dos cabelos.

– Ninguém. – respondeu ela. – Foi um presente.

– Mas você não pode me dar um presente que você ganhou.

– Eu nem o uso, e você precisa de um anel. Se importa em ir comigo lá em casa para eu pegar?

– Claro que não. Vamos!

Começamos a caminhar rumo a casa dela que não ficava muito longe dali. Eu só espero que o pai dela não esteja lá – e muito menos a irmã mais nova dela.

Não trocamos nenhuma palavra no caminho inteiro, quando chegamos na casa dela reparei que não havia ninguém – minhas preces foram atendidas com sucesso –, Hinata destrancou a porta e entrou, logo sendo seguido por mim. Abri a boca quando vi o interior da casa dela, não era nenhuma mansão Uchiha, mas a casa era bem organizada, limpa e perfumada.

Hinata caminhou para a escada, de certo estava indo para o quarto. Em minha mente brilhou a luz que eu encontraria quando abrisse o caderno de segredos dela. Aproveitei a deixa – já que estava aqui – e a segui escada a cima. Quando ela se virou tomou aquele susto.

– Naruto?

– Sim, sou eu. – apontei o dedo para a porta que estava atrás dela. – Seu quarto?

– Ah, sim. – ela abriu a porta e entrou ligeiramente. Eu entrei logo atrás com os braços cruzados e com o ar de desinteressado. Hinata foi procurar pelo anel indo até a cômoda. Eu fiquei parado no centro do quarto, olhando diretamente para o caderno gordo de segredos dela que estava abandonado em cima da cama.

Disfarçadamente eu andei até a cama e me sentei, limpei as mãos na bermuda e peguei o caderno com extrema determinação e curiosidade.

– Achei! – Hinata se virou para mim segurando o anel erguido. – Naruto não mexe nesse caderno! – ela caminhou em minha direção completamente nervosa.

– Calma Hina, todos nós temos segredos. – abracei o caderno e apertei-o em meu peito. – Relaxe.

– Não. Você não pode mexer nesse! – ela jogou o anel no chão e se inclinou para puxar o caderno, mas ela não era tão forte assim.

– Eu já disse para ter calma!

Ela começou a me debater, eu soltei o caderno e a segurei pelos pulsos. Seja qual for esses segredos dela, são bastante cabeludos, talvez até impuros.

Hinata! – dei ênfase em seu nome, fazendo ela parar de se debater. – Você está muito vermelha e nervosa, não precisa ficar deste jeito.

– Desculpe. – eu assenti e soltei os pulsos dela, com isso ela esticou o braço para pegar o caderno e a porta se abriu.

O sr. Hyuuga estava parado no meio da porta, enquanto Hinata estava quase em cima de mim com a mão entorno do caderno. Eu engoli em seco pela cara horrível que o sr. Hyuuga lançou em minha direção. Ele deve estar pensando que eu estava abusando da filha dele ou algo do gênero.

Quando eu disse para Hinata que eu iria me foder, literalmente eu não estava brincando.

– O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO COM A MINHA FILHA? SEU MOLEQUE DESGRAÇADO!

Hinata se levantou e eu levantei logo em seguida e comecei a gesticular com as mãos.

– Não é nada disso que o senhor está pensando, eu...

– VOCÊ IA ABUSAR DA MINHA FILHA, NÃO É SEU DESCARADO?

– Não é nada disso pai! – Hinata estava mais nervosa do que antes, ela parecia com medo. Se ela está com medo, imagine eu? Ainda bem que eu dei uma passada no banheiro antes de vim pra cá.

– O que foi pai? – Hanabi apareceu na porta, e seus olhos se arregalaram para o meu rumo. – Jesus!

– Não, meu nome é Naruto.

Era Naruto. – corrigiu o sr. Hyuuga e começou a correr atrás de mim.

– Corre Naruto! – berrou Hinata e jogou algo para minha direção, eu peguei sem nem ver o que era e pulei a janela sem nem medir a altura. Para minha sorte havia uma caçamba de lixo lá em baixo, eu mergulhei com tudo lá.

– NUNCA MAIS OUSE VOLTAR AQUI, SEU DESGRAÇADO! – ouvia os gritos do sr. Hyuuga.

Saí de dentro da caçamba de lixo e encarei o que havia em minha mão. Era o anel.

– Naruto. – ouvi um cochicho, ergui a cabeça para cima e encarei Hinata na janela.

– Cadê ele? – será que ele resolveu descer aqui em baixo para me matar? Preciso de um pedaço de pau!

– Ele foi pra cozinha, estava furioso. Desculpe.

– Eu quem peço desculpas. Mas o teu pai é doido, ele não viu que não estávamos fazendo nada demais?

– Sinto muito por isso. Você está bem?

– Estou. Eu preciso ir agora.

– Entendo. Boa noite.

– Boa noite. – acenei e saí andando como um ser humano normal, encarei o anel por entre meus dedos, ele era exatamente igual aquele que eu perdi, mas será que esse é falso também?

No caminho para casa acabei encontrando Sasori, ele estava coberto com uma capa preta e um chapéu de mágico na cabeça, assim que me viu ele veio correndo para minha direção.

– Narina!

– É Naruto.

– Como vai? – ele grudou na minha mão e começou a sacudi-la com força e depois a soltou.

– Bem, e você? Por que está vestido assim?

– Inusitado, não? Eu gosto de coisas inusitadas. – ele deu um sorrisinho. – Por que caralhos tu está fedendo a Yakisoba?

– Tava no lixo.

– Revirando?

– Não, eu caí nele.

– Sua vida parece difícil. Aqui toma. – ele tirou um cartão do bolso e me entregou-o. Eu peguei com um pouco de receio.

Mestre S? – eu li.

– Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, é só me telefonar. Como você é o irmãozinho do Deidara, posso fazer de graça. Agora tenho que ir, marquei uma sessão com um senhor. – ele saiu nem sem esperar que eu me despedisse.

Mestre S, hein? Ele deve ser um macumbeiro/feiticeiro dos bons!

Enquanto eu seguia para casa eu me perguntava o que eu poderia pedir para ele fazer para mim. Não são muitas coisas, sabe? Só dinheiro, beleza, um iPad, um iPhone, uma internet rápida, criatividade, um carro... Já disse dinheiro?

Quando cheguei em casa, Deidara estava estirado no sofá vendo um filme de exorcismo, ele se virou para mim e me encarou curioso. Eu estava com um sorriso de um jegue.

– Nossa Naruto! Que sorrisão! Eu não vejo você sorrindo assim há muito tempo. Me fala aí, qual é o motivo do seu sorriso?

– Colgate total 12.


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