Destilando Neurônios escrita por itsJuhMaciel


Capítulo 3
Pequeno delito




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– O que você está fazendo? – papai entrou correndo na diretoria e quase caiu em cima da minha mãe. Ele se afastou, ajeitou o cabelo e cumprimentou a diretora. Eu e Deidara permanecemos com nossas caras de cus, enquanto mamãe se afastava e contava o acontecido para o papai que ouvia atento, como se fosse nos dar uma bronca. Mas eu sabia que ele não iria brigar, ele me ama. – Isso requer punição. – bom, pelo menos eu achava que ele me amava.

– Foi sem querer! – Deidara se levantou. – Eu queria explodir o carro do Sasuke, hmm!

– E por que raios queria explodir o carro dele? – perguntou a diretora.

– Porque ele é um veado! – eu respondi. – Ou gazela, como preferirem.

Eu seria capaz de dar, distribuir ou vender meu cu, só pra poder ver o brioco do Sasuke todo fodido, assim como ele todo. Porque é intolerável todas as garotas ficarem se arrastando para aquele serzinho insignificante, ele nem é isso tudo que elas falam, Hinata é a única que se safa desse fuzuê todo, acho que ela banha com água benta todos os dias para não se sentir afetada pelo Sasuke. Aquelas garotas puxam tanto o saco dele que não vai me admirar em nada se as bolas dele estiverem nos pés.

– Está com inveja por que ele tem um carro e vocês dois não? – perguntou meu pai com os olhos arregalados. Eu me levantei da cadeira e rosnei.

– Se eu disser que “sim” vai me dar um carro?

– Não.

– Olha, eu só sei que o meu carro virou cinzas, e quero resolver isso. – a diretora nos encarou. – O que decidirem, para mim, estará decidido!

– Eu tenho algumas economias, eu posso dar o carro. – papai disse, mas foi acertado com a chinela de mamãe.

– MINATO! – ela berrou. – PERDEU A TOTAL POSSESSÃO DO SEU JUÍZO? – ela me encarou e depois encarou Deidara. – É obvio que você não vai dar nada. Combinamos que quando eles fazem merda, sou eu quem limparia a sujeira e os foderia depois! Foi a minha regra e você concordou!

Meu pai limpou o sangue do nariz e se aproximou de mamãe.

– Você não é a única que tem regras, querida.

Eu me sentei para assistir a discussão.

– Como assim?

– Eu também tenho regras. Muitas para ser mais exato.

– Muitas regras? – Deidara e Tsunade repetiram pasmos. Eu nem me espantei, até porque fui eu quem ajudei papai a formular estas regras aí.

– Se você pensa que está gorda, é bem provável que esteja certa. Não me pergunte. Me negarei a responder!

Tsunade soltou um “uou”.

– Se você não se veste como as modelos de roupa íntima, não espere que eu me comporte como os galãs das novelas!

Essa foi boa.

– Se você quer algo, peça. Deixemos isto claro, as indiretas sutis não funcionam. As diretas, não funcionam. As indiretas muito óbvias também não funcionam. Diga as coisas tal como são!

Ele apontou um dedo na cara dela, e prosseguiu:

– Se você faz uma pergunta para a qual não quer resposta, não se zangue ao ouvir o que não quer.

Sufoquei uma risada.

– Às vezes não estou pensando em você. Nada está acontecendo. Por favor, acostume-se a isto. Não me pergunte no que estou pensando, a menos que você esteja pronta para falar de temas como política, economia, futebol ou Jeep’s.

Ela arregalou os olhos.

– Ir às compras não é divertido, e eu nunca vou ver isso de outra forma!

– Não estou crendo que ele disso isso. – falou Tsunade, bebendo um treco estranho lá que ela pegou da terceira gaveta de sua mesa, não que eu tenha prestado muita atenção, claro.

– Quando temos que ir a algum lugar, absolutamente qualquer coisa que você vestir está bom. DE VERDADE. – ele suspirou, abaixando o dedo. – Você tem roupa o suficiente. Você tem sapatos demais. O choro é chantagem! A maioria dos homens tem três pares de sapatos. O que faz você pensar que eu sirvo para decidir qual dos 30 pares que você tem vai melhor com aquele vestido?

Mamãe abriu a boca para retrucar, mas papai estava desenfreado.

– Simples, SIM e NÃO são respostas perfeitamente aceitáveis para qualquer pergunta.

– Sim. – testou Deidara e eu dei um cascudo na cabeça dele.

– Venha a mim com um problema somente se você quiser ajuda para resolvê-lo. Para isto sirvo. Não me peça empatia como se eu fosse uma de tuas amigas.

– PUTA MERDA! – gritou a diretora.

– TODOS nós homens vemos não mais do que 16 cores. O salmão é um peixe, não uma cor. – meu pai apontou o dedo para si próprio ao dizer: – Onde eu tiver coceira, vou me coçar. Não importa quando, onde e nem na frente de quem. – essa aí fui eu quem formulei. – Se eu perguntar se está acontecendo algo e a tua resposta for "nada", minha reação será como se nada estivesse acontecendo. – ele respirou fundo, com as mãos na cintura. – Que diabos é a cor fúcsia? E mais: como diabos se escreve?

– Já acabou? – disse minha mãe, cansada de ouvi-lo.

– Espera. – ele ergueu o dedo indicador para o ar, querendo informar que ainda restava uma. – Não me pergunte “você me ama?” Tenha certeza de que se não te amasse, eu não estaria com você.

Eu pensei que depois desse descarregamento de regras, mamãe fosse fazer outra chinela voar no nariz de papai, mas do contrário os olhos dela brilharam e ela sorriu.

– Minato! – cantarolou o nome dele, sua voz agora parecia com voz de sereia.

– Kushina! – até o meu pai resolveu cantarolar.

– Ei! – até o mentecapto-emo do Deidara cantarolou agora.

– O quê? – olhei para ele.

– Tsunade está ocupada bebendo aquele negócio ali, e seus pais estão para se comer, vamos aproveitar a deixa e vazar!

– Estou bem atrás de você.

Saímos na carreira para fora da diretoria e só resolvemos parar quando atravessamos o portão do colégio, paramos bem em baixo de uma árvore para aproveitar a sombra que a mesma doava. Deidara olhou para mim com os olhos arregalados.

– A gente está muito ferrado, hmm.

Desta vez, fui eu quem arregalei os olhos, só que de raiva.

– Por que você não monta numa tartaruga e vai se ferrar bem devagarzinho? – apontei dois dedos para ele. – Se eu estou ferrado à culpa é sua!

– Eu só queria ajudar, hmm.

– Ajudar? – eu soltei uma risada, típica dessas de vilões. – Ajudar no quê? A me foder? Porque se você estava querendo me foder, foi um bom começo. Você ouviu o que minha mãe disse lá dentro! Temos que dar um carro para a diretora para encobrir a cagada que você fez! Agora me fale Deidara, você pelo menos sabe quanto custa um Vectra?

– Sei lá, uns R$25.000, talvez.

– Nós estamos muito ferrados! – comecei a andar em círculos com as mãos na cabeça, tentando pensar em alguma ideia para me safar. De modo algum darei meu cu, não mesmo. Por mais que eu tenha dito que seria capaz de dar, vender ou distribuir só para ver o do Sasuke todo fodido, eu não seria capaz. – Tudo isso por causa do Sasuke. Eu juro pela alma do meu falecido peixe Pliton, que irei brincar de Bem Me Quer, Mal Me Quer com os dedos dele.

– Temos que arranjar um emprego, se quisermos concertar a burrada que fizemos.

– Que fizemos? – estreitei os olhos nele. – Que fizemos o caralho! A culpa disso tudo foi sua, inferno. – bufei. – Vou embora daqui.

– Aonde você vai?

– Se eu quisesse dizer para você onde eu estou indo, eu já teria dito! – e então eu saí dali, rosnando feito um cachorro. Eu já sabia que quando eu chegasse em casa eu iria me foder bem fodidinho, então eu vou chegar tarde, até lá, quem sabe eu não consiga inventar uma desculpa para desviar das reclamações que com certeza Deidara ouvirá primeiro do que eu?

– Mas... e a sua bicicleta? – gritou Deidara acenando com os braços.

Eu até poderia mandar Deidara enfiar no cu, mas tudo o que eu fiz foi ignorá-lo e continuar andando. Eu só parei porque acabei vendo Hinata. Ela estava ao lado de uma garotinha de cabelo curto, parecida com ela. Aparentava ter uns 10 a 11 anos de idade.

Será que me aproximo?

Nããããão, é melhor eu ficar na minha, só observando como o vento se mexe.

Nhá, vou me aproximar.

Nããããão, eu não quero soar inconveniente.

– Naruto?

Merda.

– Ah, oi Hinata. Eu nem tinha te visto. Quem é essa? – apontei para a garota que estava de mãos dadas com Hinata.

– É a minha irmã mais nova. – elas se aproximaram.

– Então esse é o famoso Naruto? – perguntou a garota, obrigando-me a erguer ambas as sobrancelhas.

– Fale seu nome para ele e não diga besteiras! – exclamou Hinata um pouco vermelha.

– Meu nome é Hanabi. – disse a garota, estendendo a mão. – É um prazer conhecê-lo Uzumaki Naruto.

– Como sabe meu sobrenome, Hanabi? – peguei na mão dela para fazermos um pequeno comprimento.

– Agradeça á...

– Temos que ir, Hanabi. – Hinata puxou a irmã mais nova e sorriu para mim. – Desculpe pelo lance do caderno lá na sala, é que eu...

– Relaxe. Eu também tenho um caderno meio assim.

Eu belisquei minhas próprias nádegas para tentar me silenciar.

– Não gostariam de comer alguma coisa? – sugeri.

– Vai pagar com o quê? Órgãos vitais? – perguntou Hanabi me analisando de cima a baixo, como se estivesse me medindo. A garota é boa, viu? Eu não tenho dinheiro nem pra comprar uma balinha de menta.

– Hanabi! – Hinata a repreendeu completamente envergonhada. – Olha...

– Não precisa pedir desculpas pela sua irmã. – eu sou capaz de me dar um tiro se ouvir a palavra “desculpe” da boca de Hinata de novo.

– Temos de ir agora. Obrigada pela sugestão, talvez possamos sair para comer algum dia.

– Não sem mim. – concluiu Hanabi me encarando.

– Até. – suei frio enquanto acenava para as duas que tomavam o ruminho delas.

Então eu fiquei ali sem ter o que fazer, só esperando eu criar coragem para dar as caras lá em casa. Mas meu Senhor Jesus Cristo pareceu lembrar que existe um garoto aqui chamado Naruto e colocou um anjo em meu caminho. Um anjo de cabelos róseos que passava por mim em uma velocidade animal como se o próprio diabo estivesse correndo atrás dela.

– Sakura! – comecei a segui-la com minha legítima cara-de-pau.

– Meu tempo é mais importante que você. Por favor, não me atrase.

– Sakura! – puxei o braço dela, conseguindo fazê-la parar.

– Ah, o que você quer Naruto? – ela se virou para mim com os olhos vermelhos. Não era de lágrimas, conheço isso por outro nome, e se chama ‘raiva’.

– Conversar com você. – dei um sorrisinho, um dos melhores que eu adquiria. Mas não funcionou, ela me ignorou completamente e voltou a andar.

– Conversar sobre o quê?

– Qualquer coisa. – corri para acompanhá-la e desviei de uma velhinha carregando duas sacolas. – Sei lá, qualquer coisa mesmo.

– Por que você não vai conversar qualquer coisa com Hinata?

UI.

Sakura com ciúmes de mim. Isso precisa ir pro Caralho a quatro.

– Quer dizer – parei de andar e fiz pose de galã enquanto me escorava em um poste. –, que a senhorita está com ciúmes de mim? – brinquei com as sobrancelhas tentando parecer sexy.

– Ciúmes de você Naruto? – ela parou de andar e se virou para mim, me encarando. – Claro que não! Eu só...

– Ah, vamos lá! Não precisa ser tímida! – me aproximei dela com segundas intenções. – Pode confessar que você está com ciúmes, ninguém além de mim, precisa saber sobre nós dois.

– Como assim? – pela careta dela, a mesma não estava entendendo nada. – Não venha me dizer que ainda acha que eu sou o amor da sua vida, porque isso é... por que está rindo?

– Eu não quero achar o amor da minha vida. O que eu quero é achar petróleo no fundo do meu quintal. – acabei por levar outro tapa.

– Filho da mãe! – e lá se foi à rosada. Cu.

Depois desse tapa forte, estou certo de que posso aguentar qualquer coisa vindo de meus pais. Segui para casa com o coração na garganta de tanta preocupação. Coloquei a mão na maçaneta estranhando o silêncio que reinava ali. Aquilo não estava certo. Tirei meus tênis e entrei devagarzinho, bem devagarzinho mesmo e rumei para o meu quarto, dei dois passos bem silenciosos, mas o veado do Deidara apareceu da cozinha e correu pro meu rumo desesperadamente e se jogou em cima de mim. Caímos no chão de imediato.

– Não sei se você perdeu essa aula, mas dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Sai! – berrei me debatendo de baixo dele que nem um peixe fora d’água. – Sai de cima de mim!

Enfim ele saiu, arrumando a franja bagunçada e se levantou, eu me levantei logo em seguida, me segurando para não obrigá-lo a engolir minha mochila.

– Por que caralhos está sorrindo? Não deveria estar chorando no cantinho do seu quarto? – porque era exatamente aquilo que eu estava disposto á fazer.

– Ganhamos emprego! – berrou Deidara e começou a bater palmas que nem uma foca treinada.

– Como assim ganhamos emprego? – agarrei os pulsos dele para impedi-lo de continuar batendo palmas.

– Kushina e Minato decidiram que vão dar um Vectra pra diretora, mas eles querem algo em troca. – ele apontou para si próprio e depois para mim. – Que trabalhemos, hmm.

– Ótimo. – aquilo era melhor que dar o cu, sem duvidas. – E que emprego é esse?

– Bem, Kushina me deu esse endereço aqui ó. – Deidara tirou um papel que estava perdido no meio dos fios loiros do cabelo dele e me entregou. Peguei o papel e encarei o endereço. – Sabe onde fica?

– Não. – respondi. – Vamos trabalhar aqui? É o quê? Uma espécie de fabrica?

– Não. – Deidara respondeu. – Os donos da casa trabalham muito.

– E nós vamos cuidar da casa deles? – nunca imaginei que iria morar em uma casa de ricos por alguns períodos.

– Não. Eu irei cuidar da parte da limpeza, e você vai ser babá, hmm.

Babá? – amassei o papel. – Nem morto.

– Prefere dar o cu que nem sua mãe disse?

– Prefiro ser rico.

– Vai começar sendo babá. Kushina disse que podemos ir para esse endereço amanhã depois da aula.

– Ótimo. – desamassei o papel e rumei para o meu quarto. Quando entrei, dei um grito com a bagunça que estava ali. Havia cueca pendurada no lustre, às gavetas do meu guarda-roupa jogadas pelo chão. Eu conseguia ver a bagunça toda, menos minha cama. Eu olhei até as paredes que estavam sujas com resto de comida e depois olhei mamãe, que estava no meio da bagunça de braços cruzados olhando para mim como se estivesse olhando a pior inimiga dela (que eu nem sei quem é, mas teria a imensa dó se soubesse.) – Oi, mãe! – cantarolei arrancando a mochila dos ombros e atiçando-a no chão perto do guarda-chuva.

– Parece que o furacão Katrina passou por aqui. – o comentário dela me fez rir.

– Não mãe, o nome desse furacão é Deidara.

– Ainda bem que vocês vão começar a trabalhar! Pelo menos assim terei ao mínimo um pouquinho de paz!

– Eu trago paz para essa família á 16 anos!

– Claro, claro! E começou com essa “paz” quando resolveu assim, do nada, a explodir o nosso porão!

– Deidara também tem culpa.

– Desde que você mudou de quarto, seu quarto vive essa zona toda aqui. Quero ver quando arrumar uma namorada e resolver bancar um de idiota e querer trazê-la para cá.

– Ninguém vai se interessar por ele, Kushina. – Deidara entrou de intruso em meu quarto e já foi fuçar nas gavetas espalhadas no chão. – Acho que nem Pliton o amava.

– Não fale mal do Pliton, você nem o conhecia.

– Tem razão, ele morreu de fome antes que eu o conhecesse.

– E você Deidara? – chamou mamãe, ganhando a atenção do emo. – Quando vai arrumar uma namorada? Já passou da hora, não acha? Eu quero netos!

– Ei! – reclamei, completamente, incondicionalmente e perdidamente indignado e frustrado. – Tem que pedir netos para mim, que sou seu filho legitimo!

– Esperar filhos de você é o mesmo que esperar seu pai peidar cheiroso.

– Filhos? – Deidara olhou para o teto e começou a alisar a peça de roupa que estava em suas mãos. – Eu queria ter uns oito, Kushina. Mas não achei minha alma gêmea.

– E nem vai achar se continuar alisando minha cueca! – arranquei minha cueca das mãos dele e a joguei para cima, ela ficou presa no lustre ao lado de outras cinco. – Sabe Deidara – me virei para ele. –, talvez o amor da sua vida tenha morrido presa em uma camisinha.

Deidara me encarou, puxou a gaveta vazia do chão e jogou na minha cara, eu caí de costas com o nariz sangrando.

...

– Vai dar tudo certo. – eu escutei uma voz cochichar. – Sim, eu sei! Está tudo nos repletos esquemas. Eu vou pegar o carro do pai dele, mas é claro que ele vai! Quem você acha que vai dirigir?

Abri os olhos sentindo uma dor miserável no nariz. Resolvi tocar nele para ver se não estava inchado. Eu não quero dar seta pra virar o rosto que nem Sasuke fez.

O bom era que meu nariz não estava inchado. Sentei-me lentamente e encarei Deidara que estava sentado na minha pilha de roupas, falando ao celular com tanta concentração que nem reparou que eu estava acordado.

– Deidara...? – chamei com a voz seca.

Deidara virou a cabeça para mim com os olhos tão grandes que eu até olhei para trás para ver se tinha algum demônio ali, mas a única coisa que tinha ali era um pôster de Guns N’ Roses. Sacudi a cabeça rindo e olhei novamente para Deidara, foi então que eu lembrei o porquê de eu ter ficado adormecido.

– Vou te moer no pau! – pulei da cama e comecei a correr até ele.

– Valeu, tchau! – Deidara se despediu desesperadamente da pessoa com quem ele falava no celular e mergulhou dentro do meu entulho de roupa.

– Volta aqui Deidara. – me ajoelhei em frente minhas roupas e comecei a jogar peça por peça para trás. – Não adianta se esconder aí, eu vou achar você. – puxei uma calça jeans e dei de cara com o rosto dele. – Eu não disse?

– Espera! Espera! Eu tenho uma noticia boa, espera!

– Espero que seja boa mesmo.

– Nós vamos para uma festa! – ele sorriu sem-vergonha.

– Festa? – me levantei com uma careta. – Festa aonde?

– Na casa do Sasori.

– E quem é Sasori?

– Um amigo meu. – Deidara saiu do entulho e tirou uma jaqueta de sua cabeça e jogou para trás. – E eu disse para ele que você também ia, porque é claro que você teria de ir, já que vai dirigindo.

– Dirigindo o quê? Minha bicicleta ficou no colégio caso tenha esquecido!

– Bicicleta? – ele riu. – Vai ser o carro do seu pai, hmm.

– E o que te faz pensar que vou pegar o carro do meu pai escondido dele para ir á uma festa de um estranho que eu nem conheço e não me dá vontade nenhuma de conhecer?

– Ouvi dizer que Sakura vai. – Deidara ciscou o chão fazendo um bico. Eu quase perguntei se ele queria milho, mas do contrário sorri.

– Vou tomar um banho.

– Então você vai?

– Sim. – fiz joia com o polegar. – É hoje que eu irei fazer com que ela seja prisioneira do meu sorriso, e imobilizada pelo meu encanto!

– Nossa. – Deidara cruzou os braços, fazendo pose de superior. – Você vai ter que enfiar muitas doses de vodka nela se quiser fazer realmente isso, hmm. – eu ia retrucar, mas nem precisou porque uma de minhas cuecas despencaram do lustre bem em cima da cabeça do meu irmão adotivo.

...

Sakura tem ciúmes de mim, mas seu egoísmo feminino é maximizado demais para ela assumir.

Após inaugurar meu Caralho a quatro com um segredinho de Sakura ao qual me enquadra, escondi o caderno de baixo da cama e desci para jantar. Eu e Deidara nos portamos como dois adolescentes normais, e não como adolescentes que estavam prestes a cometer um delito quando os pais fossem dormir. Quando minha mãe foi lavar a louça e meu pai á secar, eu e Deidara fingimos que fomos dormir, mas saímos dos nossos quartos minutos após a luz da cozinha ser apagada.

– Você promete em nome do pai, filho e espírito Santo de que se formos pegos, você quem ficará com a culpa? – murmurei seguindo Deidara para a garagem.

– Não vou prometer nada. Vai dar tudo certo. – ele ergueu as chaves do carro. – Temos que empurrar o carro para fora, se ligarmos ele aqui, seus pais podem acordar, hmm.

– Pelo menos você pensa.

Empurramos o carro para fora da garagem, enquanto Deidara fechava o portão, eu dava a partida.

– Anda logo! – apressei-o, olhando para a janela do quarto dos meus pais. Deidara abriu a porta do carona e entrou.

– Anda logo você! – e então bateu a porta.

Ficamos parados alguns segundos ouvindo o barulho do motor ligado.

– Deidara? – chamei, impaciente.

– O quê?

– Você não está esperando que eu pergunte ao gênio da lâmpada como se chega a casa desse seu amigo, ou por acaso está?

– Foi mal. – ele riu e me comunicou o endereço do suposto “amigo” dele.

Quando chegamos ao endereço dado por Deidara, havia uma criatura impaciente no jardim. Era um ruivo de cabelos curtos e olhos arregalados marrom e vestia uma túnica. Aquilo só me obrigou a estreitar os olhos. Só podia ser amigo do Deidara mesmo para estar usando túnica em uma festa.

– Esse aí que é o Sasori? – perguntei após estacionar e me virei para o Deidara, mas o imprestável do emo corria de braços abertos até o ruivo do jardim. Os dois deram um abraço de urso como duas amiguinhas íntimas. – Se me perguntarem, não o conheço! – saí do carro e ativei o alarme.

– NARUTO! NARUTO! – Deidara berrou acenando para mim.

Droga, que merda, cara!

– TÔ INDO CARALHO. – me aproximei dos dois, sorrindo falsamente para o ruivo. – Naruto. – me apresentei.

– Sasori. – ele se apresentou e pegou em minha mão, apertando-a enquanto nós nos cumprimentávamos.

– Se todos soubessem da vida sexual de cada um, ninguém se cumprimentava com aperto de mão. – Deidara sussurrou olhando para cima. Recebi aquilo como um aviso e larguei a mão de Sasori e limpei a minha disfarçadamente em minha calça.

– Bem, vamos entrar! – Sasori pulou nas costas de Deidara da mesma forma que Deidara pulou em mim hoje mais cedo. Eu desviei o olhar para não sofrer mais constrangimento.

– Acho que me enganei quando disse que o amor da vida de Deidara tinha morrido presa numa camisinha. – comentei vendo Deidara correr para dentro da casa com Sasori enfeitando suas costas.

– Ei Naruto. – ouvi um cochicho vindo de uma moita. Lá estava Sai segurando uma mochila enorme. – Chega aí.

– O que você está fazendo moitado? – perguntei ao me aproximar.

– Trabalhando. – ele abriu o primeiro zíper de sua mochila e olhou sedutoramente para mim. – Tá a fim de comprar um DVD?

– Não obrigado.

– Só um.

– Não! Afinal de contas, Ino sabe que você está aqui?

– Não, não sabe. E sua mãe sabe que você está aqui?

– Não.

– Eu não conto, você não conta. Agora já que não vai comprar DVD, desembaça que você está atrapalhando minha freguesia. EI ROCK LEE, CHEGA AÍ!

Rock Lee se aproximou curioso.

– Tá a fim de comprar um DVD?

– Claro. – Rock Lee tem que aprender a ser mal.

Desembacei dali antes que Sai me chutasse novamente. Entrei no interior da festa, meus atentos olhos azuis vagaram por toda a sala entupida de gente, á procura de apenas uma pessoa que carregava cabelos róseos e olhos verdes... Espera... Achei! Mas que diabo é aquilo ali se remexendo na frente dela? Ah, é o Sasuke. Espera...? Deidara não me disse que Sasuke iria vim!

Respirei fundo. Saí dali e me aproximei de algumas velas acesas. Primeiro foi Sasori vestido com uma túnica, agora velas? Acho que Deidara também se esqueceu de me avisar que o amigo dele é macumbeiro.

Peguei uma vela apagada e a acendi num cantinho da imensa sala.

– Está se divertindo? – perguntou Deidara dançando em minha frente. Ok, se para ele acender uma vela é diversão, que seja!

– Você não me disse que Sasuke viria!

– Ah, eu nem sabia que ele iria vim, hmm. O que tá fazendo? – perguntou ofegante.

– Acendendo uma velinha pra minha paciência, que morreu faz tempo.

– Não fica assim, Naruto. Se Sasuke se aproximar de você, lamba ele.

– O quê?

– Quando uma pessoa que eu não gosto se aproxima muito de mim, eu lambo o rosto dela.

– Saia daqui com suas nojeiras!

Ele saiu rodopiando. Eu me agachei todo encolhido e emburrado, até Hinata surgir na minha frente toda agasalhada nesse calor dos infernos.

– Hinata? – franzi o cenho. – O que faz aqui?

– Vim com o meu primo e a namorada dele.

Eu ia perguntar se ela estava velando o casal, mas aquilo era meio obvio, então eu perguntei:

– Que primo?

– Neji. – ela encarou a vela em meu lado e me encarou. – Você está bem?

– Estou uma maravilha. – me levantei e sorri, dando uma olhada demoníaca para Sasuke e Sakura que estavam dançando a “dança do acasalamento” no meio da sala. – Não poderia estar melhor. – olhei para Hinata e sorri.

– Está assim por que Sakura está dançando com o Sasuke ao invés de estar dançando com você?

Dei um passo para trás e sacudi as mãos.

– Não... Não... Não! O que te faz pensar que eu ficaria com essa minha cara-de-cu por causa deles? Eles que se fodam!

Hinata fez uma careta como se tivesse entendido. Isso me livrou de mais explicações ao quais eu não daria conta. Ela ergueu a cabeça apreensiva e me encarou um pouco confusa.

– Você está sentindo este cheiro, Naruto?

Eu aspirei lentamente.

– Sim, sim. Parece algo queimando.

Hinata inspecionou toda a sala rapidamente, até ela localizar a origem do odor. E eu não gostei nada, nada dela ter apontado apavorada para os meus próprios pés e gritar:

– É VOCÊ!


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Notas finais do capítulo

Só quero deixar claro que o casal central é NaruHina, antes que pensei que é NaruSaku.



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