Nat

Por quê isso está sempre acontecendo comigo? Sério, eu acho que fui amaldiçoada ou algo do tipo por que não é possível.
Sabe aquele ditado, "quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece"? Então, acho eu deveria parar de pedir para não vê-lo para ver se dá certo.
Eu acho que a vida tá meio doidona comigo, acho que fiz alguma coisa de errado e os "caras" estão chateados comigo e por isso, estão me pregando peças não tão legais.
Era o nosso segundo encontro depois das verdades e eu não queria mais isso. Não queria mais vê-lo, porquê vê-lo tinha a consequência de não conseguir parar de pensar nele depois. E eu não podia fazer isso. Não mesmo. Sem chance.
Eu tentei não falar, fingir que não tinha o reconhecido mas nossos olhos tinham essa mania de ficar um encravado no outro e isso dificultava o meu plano de afastamento.
– Natasha, certo ? - ele quebrou o silêncio entre nós.
Balancei a cabeça para confirmar.
– Steve, certo? - perguntei ironicamente. Ele riu. Meu Deus, que sorriso!
– Sim. Então... tudo bem? - ele realmente estava puxando uma conversa.
– Oh sim sim, e você.. está.. bem? - eu sou a pessoa mais patética de toda face da Terra.
– Ah, não dá para reclamar.. - ele brincou. Fez-se silêncio novamente. Eu pensei em abandonar a fila e tudo mais, porém, isso não seria uma boa atitude - Está gostando do trabalho?
– Sim, é tudo muito bom - respondi.
– Bucky não tem te dado muitas tarefas né? - ele riu - Diga que sim e ele terá problemas..
– Oh não, ele é até... bem, como eu posso dizer, engraçado? - sorri e ele também.
– Sim, ele é até demais.
A vez dele chegou. Ele se virou, fez o pedido e então voltou a atenção para mim.
Enquanto eu pedia, pude sentir os olhos dele em mim.
Ficamos calados enquanto esperavámos nossos pedidos. Eu aproveitava para olha-ló quando ele estava distraído.
Como era lindo. Aquele rosto, aqueles olhos, os cabelos.. tudo era tão surreal.
Pepper teve uma sorte que eu acho que nunca vou ter na minha vida.
Não falo só por causa da beleza mas Steve aparentava ter um coração mais bonito ainda.
Ele tinha esse jeito de fazer com que eu me sentisse bem. Mesmo querendo tanto evita-ló, afastar ele de mim e dos meus pensamentos, acho que no fundo eu só queria ter a oportunidade de conhecer ele. Toda vez que ele o via, era como se, não sei, algo se acendesse em mim.
Não é a coisa mais absurda do mundo? Alôo, você só viu ele duas vezes na vida. Não pode deixar alguém ter esse efeito sobre você.
Mas eu não conseguia evitar.
Quando o pedido dele chegou, pude perceber que ele enrolou um pouco mais só para esperar o meu chegar para que nós pudéssemos caminhar - sabe se lá para onde - juntos.
E olha que deu certo.
Peguei meus pedidos e fui em direção à uma mesa onde Mari estava me esperando.
– Nunca gostei de vim nesse shopping dia de sábado, é sempre muito cheio.. - ele disse enquanto caminhávamos.
– Eu também não sou muito fã de lotação mas hoje é o dia das garotas e eu estava louca para vim ao shopping como uma pessoa empregada - eu sorri mas logo percebi que isso não era uma coisa legal de se falar. Mas Steve não percebeu meu incômodo.
– Isso é bom.. eu me lembro de quando recebi meu primeiro salário.. - ele pensou um instante - ele não durou muito - nós rimos. Ele me olhou, como se me admirasse e isso me deixou vermelha.
– Acho que vai ser assim comigo também.. - falei para disfarçar.
– Você está sozinha? A gente podia fazer alguma coisa.. adoraria te ajudar à gastar seu dinheiro... - ele riu.
Meu Deus, momento de pânico.
Eu não sabia se agradecia por Hill estar comigo ou se ficava zangada por ter trazido ela.
Mas quando a imagem de Pepper vem na minha cabeça, fico agradecida.
– Na verdade... eu já tenho uma companheira para isso - apontei para Mari na mesa à nossa frente. Quando ela me viu, arregalou os olhos. Steve tentou esconder a frustração com um sorriso mas eu percebi. Na verdade, eu também fiquei frustrada em não poder aceitar a proposta dele.
– Bem, então.. fica para o próximo salário. Aproveite seu dia - ele disse - Foi bom te ver Natasha.. - aqueles olhos encantadores me observavam de uma forma única. E por mais que eu quisesse, não consegui tirar os olhos dele.
– Igualmente ... - falei por fim. E então, ele sumiu no meio da multidão.
Mari estava eufórica quando eu me aproximei dela mas esperou eu me sentar antes de começar o interrogatório.
– MEUDEUS! Quem era aquele homem? - ela perguntou ainda tentando acha-ló no meio da multidão.
– Era o meu super-herói ..
– MENTIRA? ... foi ele que .. - balancei a cabeça em confirmação - Menina do céu! Esse homem é mais do que você me falou..
– É, eu sei ..
– Pegou o número dele? Diz que sim.. porquê se você não quiser ele, eu quero - ela sorriu mas percebeu que eu não estava feliz - Ei.. o que foi?
– Eu não faço à miníma ideia...
*

Depois de me esquivar das perguntas que Mari fez, ela finalmente desistiu e deixou o assunto Steve morrer.
Aproveitei isso e comecei nossa jornada no shopping. Começamos com um almoço e depois da sobremesa, corremos para o cinema.
Depois do filme, fizemos nossa sessão de beleza. Roupas, sapatos, maquiagem... precisava inovar e me preparar.
Era bom ter Mari nesses momentos. Era a única que me fazia rir.
Era difícil a gente sair junta. Eu não sou muito de sair e Mari trabalha na maioria do tempo. Quando ela tinha um tempo sobrando, ou ficava em casa - na maioria das vezes - ou alguma amiga do trabalho chamava ela pra ir em algum lugar. Eu sempre estafa procurando um emprego, então nem me atrevia a ir.
Não é bobeira, mas pensa bem, você vive em um lugar de favor e não tem condição de ajudar em nada, é ou não é pra se sentir deslocada?
Por isso eu estou tão feliz de poder passar esses momentos com ela. Acho que é uma maneira de recompensar!
Fora que eu estou me sentindo muito bem também.
Então deixa eu ir aproveitar meu dia.