Sick escrita por Mia Elle


Capítulo 14
Capítulo Quatorze




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- Gerard, que bom que chegou – Linda disse, forçando um sorriso - o médico me chamou para conversar e eu lhe disse que queria que você estivesse junto.

- Obrigada – o homem disse, sem ter certeza que era aquilo que deveria dizer, e sentou-se ao lado dela na sala de espera. Frank ainda dormia e ela estava ali para não acordá-lo, Linda explicou. Gerard apenas assentiu, nervoso em relação a conversa com o médico.

Depois de alguns minutos em que apenas permaneceram em silêncio, o médico - um homem já de meia idade, com os cabelos grisalhos e rugas em volta dos olhos verdes – adentrou a sala, com uma expressão séria no rosto, convidando Linda e Gerard para acompanhá-lo até sua sala.

Quando já estavam acomodados nas cadeiras em frente a escrivaninha do Dr. Edwards – como dizia uma plaquinha em cima da mesa –, este abriu uma gaveta puxando os exames de Frank e pigarreou. Gerard prendeu a respiração.

- Não trago boas notícias – Gerard lutou para voltar a respirar, apesar de já saber que as noticias não deveriam ser boas mesmo.

O médico abriu alguns dos envelopes, espalhando radiografias – ou o que fossem – por cima da mesa. Gerard não era médico para entendê-las sem uma explicação, tampouco Linda, que se mexeu, inquieta, como se pedisse por uma. E o médico a deu:

- Eu conversei com a senhora, Sra. Iero, quando chegou aqui com Frank. O que me disse é que ele costuma ter vômitos e náuseas com freqüência, e quedas constantes, que podem ser explicadas como uma simples tontura, mas também como fraqueza nos membros inferiores, ou falha na coordenação. Além de que tem perdas de consciência momentâneas, que é também um tipo de convulsão epiléptica, porém mais leve, conhecida como ‘Crise de Ausência’. E que, ontem sofreu um, como você diz, [i]ataque epilético[i], mas que eu prefiro chamar de ‘Crise Tônico-Clônica’. – ele fez uma pausa, enquanto Gerard tentava associar todas as informações. Pareciam corretas, e ele temia o que elas podiam significar – lembra do que eu te perguntei depois de seu relato, Sra.?

Linda assentiu. E a cabeça de Gerard girou em sua direção sem o seu consentimento, o cenho franzido, indagando silenciosamente o que era, mas não obteve resposta.

- Pois bem, depois de saber de que seu pai morreu, eu já tinha minhas suspeitas. Então partimos pros exames. Fiz um exame físico e neurológico completo em seu filho. Chequei os reflexos, a coordenação, a sensibilidade, a resposta a dor e a força muscular. Todas esses resultados confirmaram minhas suspeitas. Parti, então, para os exames computadorizados, que você pode ver aqui – virou a tela de seu computador de modo que todos os três pudessem vê-la – e aqui – apontou para as folhas espalhadas pela mesa.

Explicou então o que significavam aquelas figuras bastante abstratas para os outros dois presentes na sala. Quando terminou, enfim, Linda perguntou:

- Tudo bem, mas o que Frank tem [i]afinal[/i]?

- Como já disse, trata-se de um tumor cerebral. Mostrei nas tomografias. Porém, trata-se de um caso raro em um jovem, pois estes tendem a ter um prognóstico bom...

- O prognóstico de Frank não é bom – era uma afirmação, não uma pergunta. Mas Gerard só percebeu isso depois que as palavras saíram de sua boca, tornando-as mais verdadeiras. Elas caíram como um peso em sua cabeça, gerando dor e lágrimas nos seus olhos.

Quando um médico diz que um prognóstico não é bom, é por que não é bom. Ele havia aprendido isso.

- Não. Frank apresenta um Glioma de alto grau. Eles são comuns na infância, na verdade. Bem, não quero que percam as esperanças. Existe cura, sim, e existem vários tipos de tratamento. Infelizmente, o mais comum deles, a cirurgia, não poderá ser aplicada. O tumor de Frank localiza-se em uma parte vital de seu cérebro, e mexer ali poderia ser fatal. Portanto, será realizada uma biopsia para que possamos descobrir outras formas de tratamento. – Linda lançou-lhe um olhar indagador, que fez com que ele explicasse que, em uma biopsia, é retirado um pedacinho do tecido, para que se possa analisá-lo. Frank teria que permanecer mais algum tempo no hospital.

O médico respondeu mais algumas perguntas, e quando a reunião parecia ter sido encerrada, eles levantaram-se. Linda saiu o mais rápido que pode, estava nervosa, precisava tomar um copo de água. Gerard se deixou atrasar.

- Doutor – chamou pelo médico, que se voltou para ele – eu entendo tentar ser otimista com a Sra. Iero por perto, mas... Sinceramente, acha que ele tem chance?

O médico respirou fundo.

- Ele é muito novo, ainda é forte. O problema é que o tumor foi diagnosticado muito tarde, o que complica as coisas. – fez uma pausa – não posso te responder com certeza até que saia o resultado da biópsia, mas, como disse, o Prognóstico não é bom.

Sua expressão foi de profundo pesar.

- Acha que devíamos contar... a ele?

- Sem dúvida, não existe tratamento se o próprio paciente não se ajudar.

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