Harry Potter e a Neta de Voldemort escrita por Thaty Shinoda


Capítulo 17
Capítulo 16 - Desenrolares


Notas iniciais do capítulo

História originalmente escrita com Sheila Farias.
Porque existem histórias que quando não são contadas ou finalizadas, ficam na sua mente lhe perturbando até que as deixem sair.



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 Capítulo Dezesseis – Desenrolares

 

 Ficara sabendo por Parvati Patil, e esta ficara sabendo por Hermione Granger quando esta cochichara com Rony Weasley a ausência de Harry na noite anterior, de forma que já era hora do almoço quando Cho finalmente se colocou a caminho da enfermaria de Hogwarts, ansiosa.

Ela adquirira uma apreensão quase patológica em relação aos garotos que se interessava quando estes sofriam acidentes, provavelmente por culpa de Cedrico. Não que ela tivesse se interessado por muitos garotos mais desde o fim do ano passado.

Quando entrou no quarto, sozinha, a não ser por uma caixa de sapos de chocolate – o que se levava para visitar um garoto doente, afinal? – ela se sentiu um pouco intimidada. Harry parecia desnorteado, e se interrompeu no que dizia, mas o pior era que não estava sozinho. A sua volta, a despeito da medibruxa com cara de desagrado, Cho podia identificar Rony e Gina Weasley, assim como Hermione Granger, Neville Longbottom, Morgana Summers e, para seu desespero, Sabrina Lair.

Não sabia como lidar com Sabrina depois de tudo o que elas haviam...sofrido? Não sabia mesmo se a outra a odiava e tinha tantos rancores quanto ela sentia ainda no fundo do peito, e lhe arrepiava os pelos apenas por imaginar que a ruiva acharia possível que fosse a primeira namorada, e ela a amante. Ela fora tão enganada quanto, odiava estar na situação de indigna, por mais que não muitas pessoas alem daqueles na sala soubessem. Talvez não Neville.

E ainda havia Morgana. Não só ela fora de alguma forma a culpada de toda a relação de mentiras, como ajudara de certa forma o primo a lidar com aquilo sem que Sabrina, ou ela, desconfiassem. Além disso, ao ver como a morena a olhou, teve a sensação ruim na boca do estômago de que mais do que Sabrina, ela própria queria a enfeitiçar com maldições imperdoáveis.

— Oi Cho. – Foi Sabrina quem o disse, para seu espanto e embaraço, e Cho entrou na ala se sentindo desengonçada e quente no rosto.

— Hm, Harry, eu fiquei sabendo que você desmaiou...

Harry gemeu, e Rony Weasley lhe deu um tapinha compreensivo nos pés, como que para estimulá-lo a seguir em frente. – É, imagino o que mais estão dizendo. Obrigado por vir.

Cho parou perto da cama, insegura sobre o que dizer, olhando Harry nos olhos. Não havia dúvidas de que ele tinha motivos para ir para a enfermaria. Seu rosto era uma máscara de morte pálida, com olheiras profundas e roxo escuro sob os olhos, e a expressão mortificada, como se quisesse que alguém acabasse de vez com sua vida e findasse seu sofrimento, não ajudava ao todo. A oriental sorriu, mais segura de si, como que para encorajá-lo, e colocou os sapinhos ao lado dele.

— Não sabia o que trazer, desculpe. Você gosta desses?

— Ugh, sim, obrigada. – Ele apertou os lábios bem firmes, passando os olhos pela sala, como se não pudesse decidir onde olhar. Qualquer lugar menos para ela, e a sua direita. Cho girou e franziu o senho ao ver Morgana cochichando algo com Sabrina ali.

— O que aconteceu? – A oriental voltou a olhar Harry, para perceber que agora ele tinha uma leve cor nas bochechas.

— Eu não posso...

— Vamos ter um pouco de simancol e deixar eles a sós. – Rosnou Morgana de repente, fazendo com que Cho e Harry dessem ligeiros pulos de susto. Hermione puxou o ar, como se fosse dizer algo mas metade dos amigos já tinham disparado dali como se fossem balaços desgovernados.

Harry soltou o ar de uma vez, apertando os lados do lençol ao mesmo tempo que os olhos, com uma expressão de quem sentia muita, muita dor. De fato, sua cabeça voltara a doer, mas ele tinham certeza de que não era outro ataque dessa vez. Cho sentiu os lábios tremerem um pouco, com uma onda de amor e cuidado preenchendo seu peito.

Harry parecia tão quebrado quanto Cedrico parecera quando ela se aproximara para ver seu corpo morto no ano anterior. Porque os garotos de sua vida precisavam ser tão complicados assim? Sem se dar conta, a preocupação que sentira dera vazão e ela sentiu lágrimas quentes escorrendo por suas bochechas e embaçando sua visão de Harry um pouco.

— Oh...Merlin, Cho o que foi? Eles te magoaram, meus amigos podem ser meio... – Ele engoliu em seco, sem saber o que dizer enquanto a garota limpava o rosto com a manga do suéter, desolada.

— Não, me desculpe, eu só pensei em como...você parece tão doente! Eu fiquei preocupada quando fiquei sabendo e pensei...eu...desculpe Harry. – A oriental soluçava, e tremia, parada no mesmo lugar, com vergonha de si mesma. As sombras sob os olhos dele, a fragilidade do seu rosto pálido. Parecia tanto com Cedrico. Abafou um soluço.

Harry pareceu engasgar e afastou os lençóis tentando se aproximar dela. O que ele deveria fazer afinal? Porque ela chorava? Porque mulheres choravam? Mordendo os lábios, ele tocou ligeiramente o ombro de Cho, tencionando a lhe dar tapinhas de consolo, quando ela gemeu em dor e se jogou em seus braços.

Suspirando profundamente, o garoto que sobreviveu deixou os braços caírem ao redor dos ombros dela, e deixou que ela chorasse em seu peito até se esgotar, enquanto acariciava seus cabelos longos e negros.

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— Isso é obtuso, irresponsável e... – ele ouviu a voz muito conhecida, de Lupin entrar pela porta.

— Boa tarde, Harry. Atrapalhamos? – Harry deixou os lábios caírem, e se apressou a se afastar de Cho, enquanto a menina, vermelha e parecendo querer que um buraco se abrisse no chão virou de costas e limpou os olhos.

A sua frente um grupo de adultos se prostara na sala. Dumbledore estava parado com os olhos brilhantes de riso, as mãos cruzadas a sua frente observando os dois com interesse evidente. Madame Pomfrey sibilava, se apressando a ralhar com Cho, enquanto fazia Harry voltar a se deitar e se adiantava para levar a garota para fora da enfermaria, continuando um discurso sobre pessoas enfermas sentindo grandes emoções, enquanto Lilandra se apoiava na parede avaliativa e pensativa, olhando a saída das duas. E bem ao lado da cama Lupin parecia vermelho e contrariado, enquanto observava o homem que lhe fizera a pergunta e parecia algo entre travesso e orgulhoso, ao observá-lo.

—Hm, não senhor Weasley, só estávamos...conversando. – Harry deu um sorriso amarelo, ao que Arthur Weasley soltou uma gargalhada retumbante, e diferente do que ele jamais vira antes, se jogou na cama e bateu em seus pés, com cumplicidade.

— Oh sim, James costumava usar esse tipo de desculpa sempre. As vezes acontecia de algum balaço acertar bem em cheio, e então a enfermaria se enchia de garotas querendo conversar.

Harry titubeou, olhando para Lupin sem entender direito. O senhor Weasley já saira de Hogwarts quando seu pai frequentara a escola, ao menos quando ele podia já pensar em garotas, e bom, ele nunca soubera que eles haviam sido tão próximos. Lupin rosnou e segurou o braço do senhor Weasley, o puxando da cama e murmurando baixinho:

— Você poderia ao menos não ser tão obvio assim? Em cinco minutos o Ministério pode aparecer aqui e você estaria morto, antes que disséssemos dementadores.

— Porque os dementadores viriam atrás do senhor Weasley? – Harry recuperou rapidamente a compostura, curioso sobre o que era tudo aquilo, ao que Dumbledore se adiantou sorrindo.

— Exatamente, Remus, porque eles fariam isso com Arthur?

Remus cerrou o maxilar e lançou um olhar sujo em direção ao diretor, mas se calou e se aproximou de Harry, mais composto.

— Você está bem, eu vejo. Sabe porque estamos aqui? – disse o ex professor, e Harry acenou um afirmativo com a cabeça, a despeito de não ter exata certeza sobre o senhor Weasley, nem o porque de Lupin ter vindo também.

Já estranhara o fato de que Dumbledore não viera questioná-lo sobre o que ele vira ou que acontecera até então, e tinha um milhão de perguntas sobre as quais já tinha meia ideia de suas respostas. Abriu e fechou a boca infinitas vezes, assistindo os outros olharem pacientemente e então, com a ajuda de Lilandra começou a contar cada sensação e por menor do ocorrido.

Ao fim, Lupin e Lilandra encostavam-se na parede,pensativos, e Arthur Weasley o olhava com uma mistura de preocupação, raiva e impaciência no olhar. Foi ele o primeiro a dar alguma resposta, lançando-a ferina ao diretor.

— Eu disse, desde o princípio, que a ideia era ruim, que isso poderia acontecer! Voldemort vai se aproveitar de cada fraqueza que Harry tiver, e ele praticamente o chama quando fica tão excitado assim.

— Esse é precisamente o motivo para que tome as aulas de Oclumência, meu caro.Eu estou de fato mais preocupado com o meio que ele achou para chegar até Harry. – O diretor girou os olhos para a professora Blacklight, e ela pareceu constrangida e acuada. Harry se perguntou se tinha algo a ver com a sua memória, a que ele tivera acesso.

— Sim, desculpe Lilá, mas eu também disse que seria mais prudente que não fosse você a ministrar as aulas. Você sabe que seu passado... – Arthur Weasley acariciou o ombro da professora, de forma tão carinhosa que Harry encolheu os ombros meio constrangido. A sra Weasley, talvez não gostasse muito daquele tipo de contato. Girou os olhos para longe, um mero espectador sobre a conversa que definia sua própria vida. E um extremamente irritado com isso.

— Está fora de cogitação que você o faça, pare de insistir. – Brigou Lupin, irritado. – Lilandra é nossa melhor escolha.

— No entanto, foi mais do que provado que não. – Dumbledore apertou os lábios, severo. – E eu não o poderia fazê-lo com tudo que tenho feito. Você tão pouco o pode, Remus. O que nos dá apenas a outra opção!

— Não! – Arthur se aproximou esbaforido de Harry, meio enlouquecido. – Não importa o que vocês digam, eu não confio nele. Harry não pode correr esse risco, eu não vou permitir.

Harry olhou para o senhor Weasley, assustado. O que diabos? Tudo bem, ele era como um filho, ele imaginava, e agradecia a ele por isso, no entanto...

— Qual é a outra opção? Supondo que vocês falem sobre quem me ministrará essas benditas aulas de Oclumência? – Ele tornou, decidido a tomar partido mínimo de sua própria vida.

— Snape. – Rosnou o senhor Weasley, lhe lançando um olhar significativo. Harry se encolheu. Ele só vira aquele tom ao falar do professor em apenas uma pessoa antes e por instantes aquele olhar lhe lembrou. Oh!

— Sirius? – Ele sussurrou, olhando o outro mais de perto.

— Um garoto bem perceptivo. – Dumbledore tornou sem um tom de sarcástico que deveria vir junto.

Um tanto chocado, Harry viu oum olhos azul céu do senhor Weasley lhe dar uma piscadela. – Você não achou que eu ia ficar quieto em casa, sabendo que você tinha os miolos fritados, não é?

— Isso é...você está correndo muito risco! Você não deveria estar aqui! – Ele começou a juntar os pontos. Polissuco, provavelmente, e no entanto, isso poderia facilmente ser descoberto, se alguém no ministério sequer desconfiasse? Sirius estava louco?

— E sensato também. – Lupin revirou os olhos, cruzando os braços e olhando feio para Sirius, como se dissesse: Até o garoto tem mais juízo que você. – O ponto é que você tem muitos deveres no Ministério para ajudá-lo com isso, e Snape é nossa melhor opção.

— Vocês sequer já perguntaram? Eu não acho que ele, huh, concordaria. – Harry tornou com o óbvio, e se sua voz soava esparançosa e desagradada, ninguém poderia culpá-lo. Ter aulas com Lilandra era ruim. Ter aulas com Snape ia ser o inferno sob a terra.

— O professor Snape está a par de nosso problema, e se preciso for sua ajuda...se esforçará ao máximo.

— Sim, e abrirá um caminho direto para seu Lorde chegar a Harry!

— Seu Lorde? O professor Snape ainda é...?

— O professor Snape é de extrema confiança, e colocaria minha vida em suas mãos se fosse preciso. – Suspirou Dumbledore, encerrando a questão. – E há coisas que você não precisa saber ainda, Harry. De fato, deveríamos deixá-lo descansar.

— Eu quero saber se vão colocar um Comensal da morte para me dar aulas de como me proteger de Voldemort, obrigado por perguntar, professor. E a resposta é não. Eu não vou ter aulas com Snape! – Sirius apoiou a mão em seu ombro, olhando com desafio para os outros, em apoio. Lupin e Lilandra se entreolharam, mas Dumbledore manteve firme seu olhar em Harry, avaliativo.

— Talvez eu esteja colocando a coisa de forma errada, senhor Potter. Veja, a professora Blacklight tem uma linha que pode facilitar o acesso de Voldemort, que não me cabe explicar, mas que já mostrou-se ineficaz. Remus e eu nos encontramos impossibilitados de começar algo assim, sem contar o fato de que seria fácil que nossos próprios planos fossem aniquilados com a presença constante ao seu lado, planos de suma importância nessa guerra. Nenhum outro tem acesso livre a você, ou pode tê-lo sem que as ligações emocionais mais atrapalhem que ajude, e que tenha o pescoço cortado antes disso. – Ele tachou olhando para Sirius condescendente. – Desta forma, ou seguimos essa opção, ou você é livre para não tomar aulas, afinal, é sua vida. – Ele esperou, enquanto Harry o olhava estupefato.

Então, era realmente uma opção? Era realmente uma escolha? Ele sabia o que sentira, e o quanto o incomodava o fato de que o que Voldemort fizera nada mais fora do que brincar com ele. Ele o testara, o provocara, deixara claro que não importa o que ele estivesse tentando fazer, ele era mais forte, e podia chegar a si facilmente. O que Voldemort fizera não fora usar Legilimencia para descobrir algo, e sim brincar com o fato de que para ele Harry era extremamente fácil de prever, e enganar. Ingênuo...fora isso que ele dissera. Harry sentiu o peito tremendo, a garganta apertando. Não de dor, mas de ódio, puro e simples. A sua frente Dumbledore prendeu a respiração, e ele teve quase certeza de que o diretor podia sentir aquela energia emanando dele, e não gostava ao todo daquilo.

— Podemos tentar com a professora Lilandra, novamente, é claro. Mas não sei se ela está disposta a correr tal risco. – Ele olhou Lilandra e ela apertou os olhos, como se estivesse sentindo muita dor. – Você deve saber que confio plenamente nas habilidades de Severo, e sei que a despeito de suas...diferenças...ele é a opção perfeita. O Lorde das trevas não desconfiaria disso, ele é confiante demais de que sabe como as pessoas pensam. Tomariamos medidas de maior segurança, é claro. Harry...a pergunta é: Você confia em mim?

Harry apertou os lábios e observou Dumbledore de forma diferente agora. Não como um aluno, não como um inferior. Apenas como um homem, um homem velho no qual aprendera tremendamente a confiar, não com admiração, mas de igual para igual, como alguém que tanto quanto ele, queria um fim nessa guerra. Rangeu os dentes e concordou com a cabeça, ouvindo a exclamação de raiva de Sirius ao seu lado.

— Vamos deixar Harry descansar. – Disse seu padrinho, para sua surpresa e lhe deu um tapinha nas costas, se dirigindo a porta. – E conversar sobre essas medidas de segurança.

Foi a maior representação de respeito a suas decisões que ele tivera em meses.

xxXXxx

Dois dias depois Harry saiu da enfermaria com duas realidades em mente. A realidade onde ele não fizera as perguntas que de fato queria para Lilandra Blacklight. Sua relação com Sirius, quem era aquela mulher em suas lembranças e porque isso tornava mais fácil que Voldemort tivesso acesso a ela e por conseguinte a ele. A realidade em que Severus Snape era um Comensal da morte, provavelmente ativo, que Dumbledore confiava, e lhe daria aulas de Oclumência. E a realidade em que ele se abraçara a Cho, sentindo todas aquelas sensações boas e quentes, ao mesmo tempo que se sentia um fracassado porque sabia que ainda pensava em Morgana Summers como alguém com quem também queria ter alguma coisa. E por isso precisava fazer algo sobre isso.

Não que isso importasse, já que nas visitas posteriores não vira a garota e tão pouco a vira naquela manhã.

Ela e as garotas estavam se concentrando de corpo e alma na audiência e tinham acordado um pouco mais cedo e ido fazer os últimos retoques na coreografia. Por causa disso talvez, pensou ele, é que a mesa da Grifinória parecia ter menos garotas do que o comum.

Quando o sinal para a primeira aula bateu Harry pôs sua mochila nas costas, e junto com Rony e Neville se dirigiu para a aula de TDCM.

Chegando lá encontrou Hagrid, junto com canino encostado em uma árvore do lado de sua cabana. Nenhum dos problemas pareciam afetar o guarda caças, e a despeito de Malfoy’s e companhia, que desde o terceiro ano pareciam querer tirar-lhe do cargo, o meio gigante se mantinha como um dos melhores professores de Trado das Criaturas Mágicas que Hogwarts tivera em anos, ao menos na visão de alguns Grifinórios. Ele era um pouco empolgado demais com seus bichinhos assassinos, é verdade, mas o que era a vida sem emoção? Assim que os viu o meio-gigante mancou para junto deles, e só então Harry notou uma espécie de faixa em seu tornozelo esquerdo. Isso não o impediu de dizer animado:

— Onde estão as garotas? Elas é que vão adorar a aula de hoje!

Harry e Rony deram de ombros e Neville respondeu sucinto:

— Elas foram ensaiar, já devem estar chegando. Gina me disse que voltariam no horário das aulas.

— Ah, elas devem estar muito ansiosas com essa audição. Principalmente a Mione, Merlim sabe como ela quer entrar pro time de chefes, e está insegura. Mas eu não sei porque ela acha que não consegue, sendo uma garota tão encantadora.

— Nem nós sabemos, Hagrid. - disse Rony suspirando. Ele realmente não sabia era porque ela queria entrar pras chefes, pra começar. – O que houve com sua perna?

Hagrid pareceu se retrair e murmurou baixo enquanto olhava para a floresta proibida:

— Experiência com animais para as próximas aulas. Experiências ruins.

— Que animais você queria trazer para as aulas que lhe torceu o tornozelo? – Perguntou Harry com um mal pressentimento. Hagrid corou e engoliu em seco, olhando incerto para Neville.

— Algo não deu certo com a família de Aragogue. – Foi a única explicação que ele ofereceu, antes de se afastar enquanto Rony empalidecia mais e mais como se estivesse pronto a desmaiar.

— Ele não está pensando em trazer aqueles monstros pra estudarmos está? – Ele agarrou a manga de Harry desesperado, enquanto olhava a volta aflito, como se a qualquer momento uma aranha gigante fosse pular em cima de si e arrancar sua cabeça.

Harry esperava muito que não.

Nesse momento Malfoy apareceu no alto da colina sem seus dois guarda costas e acompanhado ao invés disso por, para espanto dos garotos, Sabrina, Morgana e... Hermione, a única que parecia não estar muito feliz com a companhia.

— Se agarre menos ao seu namoradinho, Weasley, não somos obrigados a assistir seus amassos. – Disse o loiro, e os três estavam tão estupefatos pela forma cordial que as meninas andavam ao lado do sonserino que não tiveram reação a não ser observar.

— Ah, cresça, Draco! – Morgana torceu os lábios e se encaminhou aos pés da clareira onde Hagrid batia uma palma satisfeito, para chamar atenção de todos.

Não demorou um segundo para que Hermione saísse das companhias nefastas, se postando ao lado de Harry como se Malfoy tivesse uma doença contagiosa. Malfoy que fingiu que nem tinha percebido que ela estava lá, desde o começo, continuou sua vida, cochichando algo para Crabbe que gargalhou e olhou nefasto para Harry e Rony. Só então o ruivo se deu conta que ainda continuava segurando a manga do amigo e a soltou, constrangido, e prestou atenção finalmente no que dizia o professor e guarda caças – que também assistira a cena um pouco chocado, antes de se recompor.

— Bem... hoje nós vamos começar a estudar Fireonts. - Ele foi até atrás da árvore e tirou uma espécie de cachorrinho peludo com pelos avermelhados, orelhas grandes e arrebitadas, grandes e assustados olhos bordôs e, o mais impressionante, uma cauda espessa, feita de uma espécie de fogo que em vez de assustar dava impressão de ser fofinha como a própria cara do cachorrinho.

Hagrid tinha razão, as garotas adoraram o bichinho e soltaram exclamações do tipo: "Ohhhhh! Que coisinha fofa!" ou "Ahhhhh! Eu quero um pra mim!"

Quando Lilá se adiantou para frente para acariciar o bichinho Hagrid interveio, dizendo:

— Cuidado, é um filhote, mas ainda é arisco, eu o peguei ontem e acho que ele está assustado com tanta gente. A cauda, apesar de parecer inofensiva, tem um alto poder de fogo, portanto é melhor vocês se agacharem. - Todos se agacharam, até Malfoy, e Hagrid continuou. - Isso, agora eu vou soltar ele um pouco e vocês deixem ele ir até vocês e cheira-los. Depois ele mesmo vai pôr o focinho debaixo de suas mãos, se ele não fizer isso não acariciem, ok?

A classe concordou com a cabeça, era mais ou menos a dinâmica do Hipogrifo, que marcara suas memórias a um tempo, mas agora era um bichinho que eles realmente queriam chegar perto, pra variar. Hagrid soltou o Fireont. O bichinho recuou alguns passos, depois com passinhos tremidos foi até Morgana e se pôs a cheirá-la. Depois de um tempo ele empurrou a mão da garota em direção a sua cabeça e ela acariciou seus pelos vermelhos gentilmente. Ele virou-se para Sabrina e fez o mesmo com ela, depois Hermione, e num instante todos da classe podiam passar a mão no bichinho, inclusive Malfoy, Pansy, Crabbe e Goyle.

Num certo momento o bichinho deitou-se de bruços na grama em frente a Parvati e ela olhou para Hagrid indagadora. Hagrid acenou com a cabeça num sinal para ela seguir em frente, e a garota passou os dedos sobre a barriga do bichinho.

Já na segunda aula, Hagrid começou a explicar as propriedades mágicas dos Fireonts e explicou para a classe como havia capturado aquele.

— Mas, Hagrid. - Perguntou Sabrina- e se ele não conseguir achar os pais dele quando você o colocar de volta na floresta?

— Pais? -Hagrid deu uma risadinha. - As fêmeas dos Fireonts estão na lista das menos maternais. Elas abandonam os filhotes assim que eles criam dentes e já podem comer sozinhos. Provavelmente por isso eles se tornam tão desconfiados e ariscos.

— Ele não me parece muito arisco. – Resmungou Theodore Nott se aproximando do fireont ainda deitado na grama e pronto a cutucá-lo com o pé quando o animal se colocou em posição de ataque e na frente de todos atacou o sonserino com a cauda que dobrara de volume em fogo. O garoto gritou e assistiu as calças e logo o roupão das vestes pegarem fogo, que ele não conseguiu apagar com um feitiço, o que só o fez gritar mais. Malfoy se adiantou, rosnando insultos ao colega enquanto fazia alguma coisa que para surpresa deles acalmou o animal e o fez deitar compassivo na grama a seus pés.

— Menino idiota, eu disse que ele atacaria. – Hagrid bufou, enquanto jogava um barril inteiro previamente cheio de água nas vestes do sonserino gritante.

— Eu não tenho culpa de você ser um desastre como professor. – resmungou o outro, enquanto Hagrid corava e balbuciava uma reprimenda.

— Ora...eu sou...sou seu professor! Dez pontos a menos para a sonserina.

O clima pesou enquanto lados eram formados, e sonserinos hesitavam entre azarar o meio gigante, lutando contra os grifinórios e correr o risco de perder ainda mais pontos. Para estranhamento geral, foi Malfoy quem acabou com tudo. Ele ainda estava alheio á confusão toda e resmungou no silêncio que se havia formado.

— É uma ótima linhagem, os pais dele deviam ser sangue puros castamere, pela forma do focinho e patas, um animal desses seria bem cotado nos criadouros de cruza como macho alfa. E pare de chorar, Nott, ele ainda não tem força o suficiente para queimar profundamente, são só vestes. – O loiro se ergueu e limpou os joelhos das calças, olhando a volta e achando coelhos pendurados sem a pele ali por perto. – É suposto alimentarmos ele com essas coisas esqueléticas?

Hagrid, e mesmo alguns outros, o olhavam com um respeito diferente agora. Foi só mais tarde, quando eles faziam experimentos com diversas carnes e tentavam colher um pouco da chama do fireont em tubos de ensaio – segundo Hagrid era possível, o fogo fireont parecia solidificar magicamente quando dentro de vidros temperados com sangue de dragão. – foi que Harry ouviu Malfoy explicando a Morgana de onde viera aquela aparente “bondade”.

— Minha família tem criação de fireonts, tenho cerca de treze animais premiados. – Disse simplesmente, dando de ombros.

A vida não parava mesmo de surpreender.

Depois dessa aula, um tanto chocados, eles se dirigiram para a aula de Feitiços. A algazarra da visita a Hogsmeade no dia seguinte, e a abertura na semana seguinte dos jogos de Quadribol estava demais para eles conseguirem se concentrar com os Feitiços para criar um escudo protetor. Então o professor Flintwick resolveu deixa-los conversar e praticar sem muita vistoria, enquanto punha em ordem seu diário de classe, que tinha sido desorganizado por um aluno do sétimo ano, que achava que aquilo era engraçado.

"Fred e Jorge" — Pensou Rony satisfeito.


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Notas finais do capítulo

Maldito Rony bocudo... u.u



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