Dangers of Love! escrita por Kunimitsu


Capítulo 5
Ato 04 - Apenas... Ps.




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Dangers of Love!

Ato 04 - Apenas... Ps.

Os olhos turvos arderam ao se depararem com a luz em seu rosto assim que acordara, piscara até se acostumar com a claridade da lâmpada bem em cima de si. Um pequeno gemido escapara de seus lábios, ao ser assolada por uma forte dor de cabeça, além das dores em seu corpo. Acho que preferia ficar inconsciente, pensara a garota de olhos rosados, não tinha a mínima vontade de mexer-se e ficar, mesmo que dura, cama na qual se encontrava.

O que lhe fez pensar, como chegara aquele lugar? Seus olhos rapidamente observaram seu entorno, um pouco alarmada. Mas soltara um suspiro aliviada ao constatar que estava na enfermaria escolar, assim trazendo lembranças do porque que estava em um lugar como aquele. Desmaiara bem em frente a Thales, quando o mesmo estava mostrando um quadro seu. Suiren franziu as sobrancelhas, recordando-se do que acontecera naquela hora, estranhando demais no jeito do amigo ruivo, além do próprio quadro que era inspirado em si; O que para a estrangeira não fazia sentido nenhum.

Sentando-se com cuidado para não despertar mais dores em seu corpo, Suiren levou a mão ao rosto, esfregando os olhos e dissipando os últimos resquícios da sonolência. Seus olhos acabaram por reparar em sua mochila e roupas suas em cima da cadeira metálica ao lado do leito. Suiren estranhou, olhou para si mesma, e com nervosismo e assustada, deparou-se vestindo com o uniforme de sua aula de Educação Física.

– Por que estou vestida assim?! - indagou para si mesma, descobrindo-se da manta esverdeada e vendo que estava mesmo com o uniforme completo: blusa branca e de mangas curtas, com detalhes em vermelho, além de sua calça elástica de malha e vermelha.

Contudo, antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, sua atenção fora desviada com o barulho da porta sendo aberta. Uma mulher elegante, com os longuíssimos cabelos arroxados e brilhantes entrava na enfermaria, arrumando distraidamente o jaleco branco e impecável no corpo escultural. A enfermeira Agatha voltava ao seu trabalho.

– Oh! Você está acordada! - exclamou a enfermeira, ao notar a jovem Azzoni, logo abrindo um sorriso amável para a mais nova. - Fico feliz! Já estava um pouco preocupada, sabia? Mas acho que a pancada que levara na cabeça pode ter sido bem forte. Tenha mais cuidado, viu? - voltara a dizer, aproximando-se de Suiren.

– P-pancada?! Q-que pancada? O que aconteceu? - perguntou a albina, freneticamente, sentindo o coração disparar assustado. A situação toda era muito estranha. Suiren jurava que estava na sala de artes, com Thales quando passara mal e desmaiara, e também nem estava usando a roupa de agora.

– Senhorita Azzoni? Está tudo bem? - perguntou a mais velha, preocupada. Colocou a mão na testa da adolescente, e constatando que não tinha febre. - Se lembra do que aconteceu? Poderia me dizer?

– B-bem, me lembro vagamente... Quero dizer, parece meio confuso, n-não me lembro de levar alguma pancada. Foi em um jogo, certo? - arriscou a dizer, não contando toda a verdade, estando nervosa demais.

Hun, é normal estar um pouco confusa. Imagino que esteja um pouco dolorida, não? - Agatha indagou com gentileza, recendo um aceno positivo da outra. - Pelo que me contaram, você estava na aula de Educação Física jogando uma partida de queimado. Particularmente, acho que é um jogo perigoso, mas... - a adulta revirou os olhos, indignada, antes de se voltar para a sua paciente corada. - Enfim, você levou uma bolada um pouco mais forte que o esperado. Um dos seus colegas a trouxe.

– S-sim, claro, o jogo... Nossa, eu devia nem estar prestando a atenção na hora. - mentira, apesar de ter odiado ter feito isso, achava ainda necessário. Realmente, não se lembrava nada de jogo, apenas Thales e seu quadro estranho. - Hun, será q-que já posso ir? - perguntou, depois de alguns minutos em silêncio, um sorriso nervoso surgindo na face. Por algum motivo, Suiren não se sentia bem com o olhar ou até mesmo, a presença da mais velha perto de si. Queria sair o mais rápido possível daquele ambiente que parecia a sufocar com o passar do tempo.

– Claro, apenas lhe darei um último check-up antes de libera-la, tudo bem? - informou, sorrindo-lhe o mais amigável possível.

A romena apenas se limitou em apenas assentir, deixando a enfermeira fazer seu trabalho. Fora medido sua temperatura, que estava normal, além de sua pupila, normal também, sua pressão se encontrava um pouco alta - mas Suiren tinha certeza era por causa dos últimos acontecimentos vividos -; e por fim, Agatha examinou atrás de sua cabeça, onde supostamente acertaram a bola em sua cabeça. E para surpresa completa da Azzoni, sentira realmente uma leve dor no lugar indicado. O que lhe fez, momentaneamente, questionar se não estava com falta de memória.

Parfait, parece que tudo em ordem com a senhorita. - Agatha lhe sorriu, afastando-se um pouco, as mãos nos bolsos do jaleco impecável; uma pose despreocupada. - Acho que devo deixar você sozinha, vestir-se. - voltara a dizer, indicando as roupas sob a cadeira metálica. E antes que a jovem romena pudesse dizer qualquer coisa, a outra já puxava o cortinado branco lona em volta de sua cama; dando-lhe privacidade.

Suspirando, a adolescente logo estava se levantando da cama, tomando o cuidado em fazer movimentos mais lentos para não causar-lhe algum mal estar. Quando já de pé, pô-se a trocar de roupa de roupa o mais rápido que podia, guardou, por fim, sua roupa de ginástica na pequena bolsinha que levava consigo nos dias de Educação Física; e mais uma vez, surpreendendo-se ao vê-la no meio de seu material. Além disso, o resto de suas coisas também não pareciam pertencer ao dia que lembrava, já que não via seu estimado caderno de desenhos no meio do material.

Franzindo os lábios e comprimindo as sobrancelhas finas, fazia força para não chorar. Estava já sentindo os sintomas do pavor indo tomar-lhe o corpo, porém, não podia deixar nada daquilo a consumir naquele momento. Precisava ter a mente limpa, pensamentos mais organizados fariam o seu raciocínio aparecer e entender toda a situação. Ou assim esperava. Acalme-se, vă prostesc, acalme-se e veja tudo com mais clareza, pensava, fechando os olhos e tentando regular sua respiração. Acabara por lembrar-se de algo que um dia sua bela mãe lhe dissera, quando pequena e frágil demais para conseguir controlar suas emoções:

"- Disperării numai duce la impas. Calmant, ușile deschise, prințesa mea."

Quando retornara a abrir os olhos novamente, a serenidade lhe tomara o corpo, a mente despreocupada. Colocou a mochila pendura em um dos ombros, terminando de colocar os tênis. Pronta para sair da enfermaria, seus olhos pegaram de relance um brilho vindo perto da janela. Curiosa como era, virou-se para descobrir o que seria, apenas para ter os olhos arregalados e a cor sumir completamente do rosto. Assombrada, suas pernas ficaram bambas, caindo com um baque surdo na cama. Engolira em seco, com dificuldade como se houvesse algum caroço em sua garganta, a descrença brilhando nos olhos rosados, seu estômago parecia embrulhar-se.

Reluzindo no sol, e a areia com um brilho âmbar, a ampulheta pequena estava descansando despreocupadamente sob a mesinha ao lado do leito. Suiren não podia acreditar, aquela coisa estava ali, junto a ela. Muito tempo concluíra que a ampulheta era algo que a deixava desconfortável, de uma maneira quase como se o objeto de tempo pudesse conter algo maligno. Balançando a cabeça, focando seus pensamentos e respirando fundo, percebendo só agora que havia prendido o ar.

Suas mãos foram lentamente - e trêmulas também - até a ampulheta pequena, pegando-a com certo cuidado. Parecia ser a mesma, com a madeira escura e o vidro fino. Mas, quando seus dedos passearam pela superfície de madeira, reparava que havia inscrições ou símbolos entalhadas. Tentou identificar o que seriam, mas nada vinha a mente, eram estranhos e desconhecidos para si. O que será que significam?

Seus pensamentos, no entanto, foram interrompidos com o barulho de passos ecoantes no piso, aproximava-se cada vez mais. Rapidamente, Suiren guardou a ampulheta em sua mochila, levantando-se ao mesmo tempo em que Agatha abria o cortinado. Os olhos roxos da mulher detinham um brilho que a outra não pode identificar, mas podia, com certeza afirmar que eram quase suspeitos ou até mesmo irritados. Então, havia um pequeno sorriso nos lábios pintados, quando ela falara:

Tout va bien?– indagou, puxando o cortinado para os cantos e deixando a cama visível. Seus olhos momentaneamente percorrem o lugar, quase como se estivesse a procura de algo, antes de focar novamente em sua paciente.

O-oui. Só estava p-procurando algo, mas já encontrei. - mentiu, praguejando internamente por gaguejar. Os olhos da mais velha a deixavam inervada. - J-já posso ir, não?

– Claro, além disso, você tem um amigo te esperando lá fora. - informara, deixando a passagem livre, mandando um piscadela maliciosa que deixara a outra ruborizada.

– A-amigo?! - exclamara surpresa, e sem mais esperar uma resposta, começara a andar a passos largos, já na porta virou-se para a enfermeira: - Merci!

Saíra da enfermaria, encontrando o corredor vazia aquela hora do dia, que aliás, nem sabia em que período estava. Suiren esperava encontrar Thales, seu amigo querido, mas para sua surpresa, não era o ruivo de sardas que estava encostado na parede em frente a porta. Era um menino alto e de ombros largos, os cabelos eram negros como as penas de um corvo e seus olhos azuis cristalinos brilhavam quanto o sorriso nos lábios carnudos. Armin.

– V-você?! - dissera surpresa, apesar de sua voz sair apenas em um sussurro. - O que está fazendo aqui? - indagou, agora mais alto, aproximando-se lentamente do rapaz.

– Ah, queria ver como estava. - informou Armin, aproximando-se e parando a poucos centímetros da garota vermelha. Sorrira. - Sabe, fui eu que a carreguei até aqui, então, bem, queria saber se precisava de mais alguma ajuda. - continuou a dizer, agora meio acanhado, coçando a nuca levemente.

– Estou bem, f-foi apenas uma batidinha de leve. - contou, soltando um riso meio nervoso, também meio envergonhada. - Oh, obrigada, pela ajuda.

– Bem, então...

O silêncio se abateu entre os dois, se tornando desconfortável com o passar dos minutos, nenhum deles tinha algum assunto para falar. Ou pelo menos, no caso de Suiren. Já para Armin, ela nada sabia sobre ele, apenas que era irmão gêmeo de Alexy e ambos estavam em sua turma; sendo o primeiro sempre dormindo ou jogando em classe, já o irmão, era sorridente e contagiante, sempre falando sobre moda e música. Suiren os achava pessoas boas e tão cheias de vida, que às vezes, parecia difícil olha-los. Nunca se aproximou de ambos, pois achava que não merecia tal honra. E agora, via um deles ali perto de si, sendo surreal. A albina estava prestes a dizer algo, quando o sinal tocou, assustando-a.

– Parece que o último período vai começar. - informou Armin, afastando-se um pouco. - Você irá assistir a aula?

– Sim... Mas preciso ir ao meu armário antes. - dissera depois de uns segundos a pensar, lembrando-se que seu trabalho de biologia se encontrava no seu armário.

– Vamos, te acompanho até lá. - Armin já estava com passos adiantados e esperando a garota, a mesma atordoada por algum tempo, então, assentira.

Os dois andaram pelo corredor largo e deserto, até virarem na esquina e encontrarem a escadaria que os levaria para o térreo. Desceram, escutando os múrmuros que vinham do corredor principal na qual estavam indo, era o intervalo entre a penúltima e última aula daquele dia. O som alto e o falatório os recepcionou assim que entraram no corredor, e instintivamente Suiren se sentiu acanhada em meio a multidão de estudantes; todos preocupados com sua própria vida. Além disso, ainda pode tentar localizar Thales, mas parecia ser impossível vê-lo no meio de tantas pessoas.

Com um pouco de custo, Suiren conseguira chegar ao seu armário, que estava em uma das colunas bem perto da sala do grêmio. No caminho, percebera muitos que a olhavam, não sabia se era por causa do incidente, ou se era por causa de Armin ao seu lado. Talvez, seja os dois, pensara, envergonhada. Armin era um pessoa popular, afinal, mesmo que nem percebesse tal coisa.

– Ei, se importa se eu sair por um instante, pra falar com meu irmão? - Armin de repente falara, chamando a atenção da outra, que apenas assentira com um sorriso pequeno. - Te encontro na sala, okay? - o moreno saíra antes mesmo de ouvir uma resposta, misturando com facilidade entre os adolescentes.

Suiren ainda ficou a olhar para onde Armin desaparecera, um pouco confusa com toda a situação. Suspirando, a albina concentrou-se em lembrar os números que abriam seu armário: 33547. Números simples, e que facilmente lembrava. Ao abrir a porta metálica e enferrujada, um papel pardo caíra aos seus pés, em rodopios. Franzindo as sobrancelhas, abaixara-se e pegara o papel, analisando-o intrigada.

Era de uma textura suave, de tom pardo e com enfeites dourados nas extremidades, não havia nenhum remetente. Suiren olhou para os lados, como se procurando quem poderia ter colocado tal coisa em seu armário; encontrara o corredor quase vazio, pois o próximo horário já estava perto de começar. Colocou novamente sua atenção ao papel cuidadosamente dobrado, e tomando uma respiração profunda, abria-o.

Por dentro, era um outro papel cuidadosamente dobrado. Por um momento, a Azzoni ficara indecisa qual ver primeiro, mas decidira deixar o segundo papel por último. O primeiro bilhete, por dentro, era pardo em uma cor mais escura, com adornos dourados nas pontas, e ocupando toda a folha, em uma caligrafia bela e curva; que muito a lembrava da nobreza, dizia a seguinte mensagem:

"Você deve estar confusa, não, querida Suiren Azzoni? Não apenas por este bilhete, mas para todas as coisas que acontecem ao seu redor. Ou ainda não notara nada de estranho em seu entorno? Espero que não sejas tão mente fraca quanto parece. De nada me adianta uma garota tola. Contudo, devo deixar sua capacidade intelectual de lado no momento. Mas não posso deixar de reforçar; olhou tudo, principalmente, à todos com atenção? Se ainda não fez, sugiro que faça o mais rápido possível. E que possa julgar com sabedoria. Pois, o que você enfrentará daqui para frente é uma batalha feroz entre leões prontos para degolá-la; ou para as águias lhe picarem a carne.

Tenho a impressão que já falei demais. Até agora, você deve estar a se perguntar, quem lhe manda este bilhete? Hun, o momento não é propicio, e prefiro manter-me no anonimato; Contudo, se aceitar seguir em frente, terei a permissão de me revelar. Mas lembre-se de duas coisas: Não sou seu inimigo, mas também não me julgo seu aliado, apesar das várias circunstâncias nos envolverem. E outra, não estou aqui para lhe ajudar de bom grado, mas também, não estou sendo forçado; quero apenas ter alguma diversão.

Meu papel nesta trama não me apetece, todavia, contento-me em dar-lhe um dos meus queridos poemas. Sinta-se honrada, pois não os mostrei a ninguém até agora. E por tal, o mesmo lhe guiara ao inicio de sua jornada, caso aceite.

Boa sorte, Lírio d'Água, precisará de muita, já que seu caminho terá poucas rosas, porém, muitos espinhos."

L.A.

Suiren prendeu a respiração, sentindo todo o seu corpo paralisar e ser entorpecido por uma onda de adrenalina. Quando soltara o ar, seus pulmões pareciam pesar, sua respiração tornando-se ofegante. Não acreditava no que havia lido. Simplesmente, era surreal e nada do que esperava. Quem quer que tinha mandado aquele bilhete sabia, com toda a certeza, o que estava acontecendo. Poderia ajuda-la, apesar de, Suiren presumia, que a pessoa que havia mandado o bilhete, estaria a mando de outra. Mas quem? Quem seria essas pessoas? E por quê? Eram muitas as perguntas que povoavam a mente da romena, mas sabia que não poderia ter suas respostas naquele momento. A única pista na qual detinha, era a assinatura: L.A. Com certeza, tanto poderia ser um pseudônimo, quanto a abreviação do nome verdadeiro da pessoa. Mas ninguém assim, que conhecia, vinha a sua mente.

Soltara um suspiro, frustrada. Ao menos, uma pequena centelha de esperança de entender todos os acontecimentos, havia nascido em seu peito; e a albina tinha certo receio de quanto forte ela poderia torna-se. Mas, tenho uma chance... Uma chance de entender, pensara, mordendo os lábios. Tinha medo, pois como o próprio bilhete dizia, seu caminho será penoso e difícil, teria que estar preparada para, talvez, sentir dor. Física ou não, ainda lhe fazia hesitar. Ademais, também alertava-a que deveria manter um olho muito bem aberto para as pessoas ao seu redor, ao que parecia, nem todos eram dignos de confiança.

Foi então que lembrara-se, havia outro bilhete. Suiren hesitou em abri-lo, apreensiva no que o poema poderia conter. Afinal, era a pista que a guiará até as respostas que tanto procura. Olha-lo não irá fazer nenhum mal, é minha escolha, pensara, depois de longos minutos debatendo-se internamente. Decidida, abrira o segundo papel cor pardo, com as mesma características do anterior, apenas menor. Para sua surpresa, era escrito inteiramente em romeno:

"Calea pe care vor călători

este periculos și fără întoarcere.

Deci, aduce:

Un decodor urât,

nu este de încredere.

Mediatorul între lumi,

care ascunde misterele

piata chihlimbar.

Două trebuie să fie sacrificii,

la reapară răzbunătorul.

Și ultima voință

care frânge inima

când măștile cad.

Urmați spre casa lor,

și cine caută, găsește

astfel încât să apară adevărurile."

Ao final, a garota se encontrava pálida e trêmula, tendo que se encostar nos armários metálicos ao lado, pois sentia suas pernas bambas demais, até mesmo para manter-se em pé. Tentara engolir, apenas para engasgar com a própria saliva, tossindo e deixando a respiração descompensada. Estava sem ar, e o seu entorno parecia girar. Suiren, com o estômago embrulhado, sentia um arrepio passar-lhe na espinha. O poema parecia, para seu pavor, um tipo de profecia, daquelas nada boas. Realmente odiara o que lera, arrependendo-se amargamente.

– Ei, novata, está tudo bem? - a voz fina, e um tanto autoritária, fizera Suiren assustar-se, virando-se bruscamente para a pessoa. Era uma garota de sua idade, com os cabelos presos ondulados e castanhos claros. Os lábios contraídos como se tivesse visto algo desagradável. - Eu falei com você, ao menos deveria responder.

– D-desculpe, mas você me assustou. - dissera, sentindo-se ainda abatida, porém endireitando-se com o tempo. Passara a mão pelo rosto, como se pudesse clarear a mente com mais rapidez, depois logo focando a atenção na colega de classe. - Está tudo bem, só uma tonturinha de nada, Charlotte.

– Sim, claro. - a morena resmungou, fechando o próprio armário que Suiren nunca reparara que era bem ao lado do seu. Sem mais delongas, Charlotte saíra, sem se despedir, mas lhe mandara um olhar aguçado por cima do ombro.

A garota nunca tinha reparado propriamente Charlotte, sabia que era uma das amigas de Amber - uma loira que sempre a atormentava quando podia, sem explicação na visão da Azzoni -; além disso, a morena sempre estava em destaque com suas notas e seu intelecto, sua especialidade, pelo que diziam, eram símbolos e enigmas. Suiren nunca conversara com Charlotte, mas nunca entendera como que alguém que muito tinha de esperteza, parecia ter pouca quando estava com Amber e amigas. Por outro lado, a albina nada tinha haver com aquilo.

Abanou a cabeça, concentrando-se novamente nos papeis em mãos, agora um pouco amassados, devido que inconscientemente, os apertara um pouco. Alisou as rugas do papel, sem muita vontade, encontrando-se insegura e assustada com o conteúdo da pequena carta. O poema era o que mais lhe assustava; não apenas suas mensagens, mas também, por ser em romeno, o que a surpreendia, sim. Pois, quem sabia que ela era da Romênia, se ela nunca dissera para outra pessoa, se não Thales? Então, levantara a questão que o amigo - desaparecido até o momento - pudesse ter contado para alguém. Mas, quem? Eram dúvidas que tinha o pressentimento de não receber as respostas tão cedo como queria.

Frustrada, guardara os bilhetes no bolso de sua calça jeans, resolvendo que o melhor seria pensar naquilo mais tarde; com a mente mais calma. Pegaria o que precisava de seu armário, o trabalho de biologia que tanta a custara em fazer, e depois iria para a aula. Todavia, lembrava-se: se estava no dia que havia Edução Física, então, o dia que vira Thales já passara - ou nem acontecera– e de nada precisava do trabalho. Mesmo assim, vasculhara seu armário, e como esperava, nem sinal das folhas digitadas.

Fechou o armário com certa força, um pouco irritada, no exato momento, o sinal tocava. Suiren pô-se a andar, indo para a sala no final do corredor, suas mãos pegaram novamente o bilhete, olhando-o como se fosse revelar algo a mais, mas nada encontrara. Decidida a guarda-lo em um lugar mais seguro, abrira a mochila e lá o colocara, mas não antes de notar certa coisa no verso do papel do poema, em uma letra pequena demais. Incrivelmente, escrita em francês daquela vez. Suiren parara de andar bem em frente a porta de sua sala para ler o conteúdo, que no final, a deixara completamente desnorteada. Quem quer que escrevera aquilo, sabia muita coisa. Coisas que a Azzoni resolvera, por fim, descobrir tudo o que significavam, a verdade. Ela iria atrás de respostas.

Ps.: Os sonhos revelam mais que quaisquer palavras... Basta acredita-los.


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Notas finais do capítulo

VOCABULÁRIO:
"Parfait", do francês, "Perfeito"
"vă prostesc", do romeno, "sua boba ou sua tola"
"Disperării numai duce la impas. Calmant, ușile deschise, prințesa mea", do romeno, "Desespero apenas levará ao beco sem saída. Acalmando-se, as portas se abrem, minha princesa"
"Tout va bien?", do francês, "Está tudo bem?"
"Oui", do francês, "Sim"
"Merci", do francês, "Obrigada"

Sobre o poema... Logo, logo, saberão o que significa!
Espero que tenham gostado!
Até logo,
Kunimitsu.



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