Avatar: A lenda de Mira - Livro 2 Ar escrita por Sah


Capítulo 11
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Aconteceu uns problemas com o meu pc e eu tive que reescrever esse capítulo. Mas vamos lá.



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Olhei para Suki. Os seus olhos estavam arregalados. Como ela e Suni se pareciam. Os mesmos olhos e o mesmo rosto. O cabelo era sua principal diferença. Enquanto o da Suki era comprido e brilhante o de Suni era curto e mal cortado.

Mas eu não podia ficar reparando nisso. Eu tinha que achar o meu pai!

— Mas como? O que vocês estão fazendo?

— Suki, não temos tempo agora. Depois você pode fazer o que você quiser.

— Quem é essa?

Eu esqueci que estava com esse pano sujo na cara. Agora acho que não importa mais. Retiro o pano e tusso.

— O que ela está fazendo aqui. Ela tentou me matar!

Isso estava durando tempo demais.

— E se você não quiser que eu tente de novo, você não vai nos atrapalhar.

Falei com tanta raiva que até Meelo e Suni pareceram assustados.

Continuei a subir a escadaria sozinha. Não aquentava mais esse tipo de confronto. Só o meu pai importa agora.

A escada ia em espiral e havia algumas pequenas janelas que iluminavam um pouco.

O ar tinha um cheiro de mofo. E estava frio. A pedra das escadas eram lisas e qualquer escorregão seria fatal.

Ouvi passos atrás de mim. Eles finalmente estavam continuando.

Tudo começou a ficar escuro. Não haviam mais janelas nessa parte da torre. Eu queria ir mais rápido, mas eu não estava enxergando nada.

— Vai devagar, Mira.

Ouvi a voz do Meelo.

Eu já estava indo devagar demais.

Finalmente vi uma luz. Finalmente as coisas estavam clareando.

Meus joelhos estavam começando a ceder. Mas eu consegui chegar ao fim das escadas. Recuperei o fôlego e olhei para o lugar.

O teto era de vidro e havia várias janelas. O lugar era amplo, várias prateleiras e arquivos eram vistos. Uma mesa de carvalho escuro estava no centro, um computador muito moderno estava nela.

Meelo e Suni chegaram minutos depois. Eles pareciam exaustos.

— Uau. – Falou Meelo quando viu o lugar.

— E agora. Como procuramos?

Suni se aproximou da mesa e ligou o computador.

Silencioso e rápido. Suni digitou uma senha complexa e uma tela se acendeu e uma barra de pesquisa pedia características.

— Procure por Zun. – Eu falei a ela. Pelo o que me lembro era assim que eles o chamavam, o líder da UCG.

A busca foi inconclusiva. Mais de mil pessoas se chamavam assim. E esse poderia nem ser o nome dele.

Pensei na senhora que deu o depoimento. Eu não sabia qual era o seu nome, mas sabia onde ela trabalhava.

— Tem como procurar pelos funcionários de alguma empresa?

— Acho que sim. Já vi meu pai fazendo isso antes, esse banco de dados separa as pessoas por características.

— Pesquise os funcionários com mais de 70 anos da Fábrica Airo.

A pesquisa foi certeira. Havia cinco pessoas com essas características. Akat era o nome da senhora com feições duras. Ela tinha 73 anos e vivia no distrito particular da fábrica Airo perto do porto secundário.

— É ela. A senhora que deu um depoimento na reunião da UCG. Temos que ir até ela.

Descer as escadas da Torre foi mais fácil do que subir. Quando chegamos em baixo Suni lacrou novamente a porta.

— O distrito da Airo. Fica distante daqui. Como chegaremos lá? – Meelo disse inocentemente.

Eu e Suni olhamos para o carro que viemos automaticamente.

— Vocês não podem estar falando sério.

— Eu nunca estive tão seria na minha vida – Eu disse.

— Ótimo, mas agora eu dirijo.

— Você sabe dirigir?

— Não, mas pelo menos vou me sair melhor do que essa barbeira.

Suni riu. Ela havia recuperado o humor. Eu não entendo direito o que foi aquela tensão. Ela dobrou metal e eu nunca tinha visto isso. Eu estava tão concentrada no meu pai que só agora eu percebi de que como aquilo foi incrível.

— Meelo, agora não temos tempo para te ensinar. A Suni vai dirigir, ela se saiu muito bem quando viemos.

— Muito bem?

— Eu sou uma ótima motorista Meelo, não atropelamos ninguém!

— Se esse fosse o único problema.

Eles estavam com aquele jeito de que iam começar a discutir.

Acomodei-me no banco da frente.

— Podemos ir logo.

Suni deu um risinho e abriu à porta do motorista, Meelo não teve alternativa.

Fomos rapidamente, Suni dirigiu melhor, não bateu em nada. Vi o por do sol da janela do carro. E vi ao longe o distrito Airo.

Distritos particulares eram bairros feitos e administrados por empresas. La eles acomodam os seus funcionários. Eu sei que as empresas descontam dos salários dos empregados o aluguel, a segurança, a energia e a água. Eles tributam tanto que os moradores não têm alternativa a não ser trabalhar até a morte para essas empresas. Os moradores não tem outra opção a não ser aceitar.

Acho que esse é um ótimo motivo para se juntar a uma organização que é contra o governo e esse tipo de empresa.

Viver em bairros livres como a Cidade da Fuligem tem os seus problemas, mas pelos menos somos livres para ir e vir.

Já estava tudo escuro. A lua estava crescente. Por causa desses últimos acontecimentos eu havia perdido a noção do tempo. Quando tempo havia passado desde o festival? Eu não tinha ideia.

O distrito a Airo era bem iluminado. Chegamos perto da cancela de entrada. Não havia ninguém para controlar a entrada. Já era tarde. Provavelmente esse bairro tem toque de recolher. Evadimos a cancela.

O lugar era composto por complexos de apartamentos. Tudo era muito bem planejado e excessivamente cinza.

— Onde será que ela mora?

Paramos o carro. O barulho do motor era a única coisa audível.

— Vamos bater na porta e perguntar. O nome da senhora é Akat, não é um nome muito novo. Deve ser fácil localiza-la.

Bati na primeira porta. Apartamento 01 bloco 1.

Bati com força.

Mas ninguém respondeu.

Insisti mais uma vez.

— Tem alguém em casa? – Gritei.

Olhei para Meelo, ele havia conseguido alguma coisa. Ele havia batido na porta do apartamento em frente.

A porta ficou entreaberta. Aproximei-me. Um homem de olheiras profundas e queixo marcado nos olhou de cima a baixo. Ele usava o tradicional uniforme da Airo.

— Vocês não são daqui. – Ele disse rispidamente.

— Nos estamos procur... – Tentei falar mas Meelo me impediu.

— Senhor, boa noite. Desculpe-nos por incomoda-lo a essa hora da noite. – Ele disse educadamente.

— O que vocês querem.

— Estamos procurando uma senhora de aproximadamente 70 anos chamada Akat.

— Akat? A velha?

— Isso, isso. – Afirmei.

— Apartamento 33. – Ele disse com aborrecimento. – Espero que não sejam problemas, não quero mais me envolver na vida daquela velha.

O homem fechou a porta com muita força.

Não dissemos nada. Eu comecei a procurar a apartamento 33. Ele era o último do primeiro bloco.

Suni se juntou a nós. Ela tinha a mesma informação. A senhora Akat morada no 33.

Todas as minhas esperanças estavam nesse encontro. Essa senhora vai me ajudar a encontrar o meu pai. Caso ela não saiba de nada. Eu não sei o que pode acontecer comigo e nem com todos que estão a minha volta. Se eu fosse fazer uma analogia eu seria um barril de pólvora preste a explodir, e quando isso acontecer eu vou acabar levando comigo tudo em volta.

Meelo bateu na porta. Eu estava ansiosa. Meu coração acelerado. OS segundos pareciam horas.

A porta abriu a mesma senhora daquele dia os mesmos traços e olhos fundos. Inicialmente ela não pareceu me reconhecer, mas de repente seus olhos se arregalaram.

— Senhora Akat? Precisamos conversar – Eu disse como um ultimato.

Ela abriu caminho e nos pediu para entrar.

A casa era escura. Somente iluminada por luz de velas. . Não havia muitos móveis nem espaço, mas a casa estava cheia. Crianças dormindo ao chão, pessoas sentadas em frágeis cadeiras de plásticos. E um caixão de madeira clara no meio da pequena sala. Eles estavam velando alguém. A primeira coisa que pensei em ver aquela cena foi no meu pai.

As pessoas nos olhavam com curiosidade. Uma mulher de cabelos curtos com os olhos chorosos me encarou com um ódio palpável. Senti que ela queria dizer alguma coisa. Mas ela não disse, pareceu que ela apenas engoliu as palavras e chorou mais.

— Ele era o meu filho. – Me assusto quando a senhora Akat diz.

— Eu sinto muito.

— Não precisa sentir. Essa foi a escolha dele.

Fico sem palavras.

— Sinto por parecer insensível. Mas precisamos conversar sobre a UCG.

O ar ficou pesado. As pessoas cochicham. A senhora apenas assente e me mostra o caminho para o outro cômodo.

Uma pequena cozinha. Sinto cheiro de café fresco e percebo que há panelas no fogo. A cozinha está quente e bem mais aconchegante que qualquer lugar que eu estive hoje.

— Você sabe quem eu sou? — É a minha primeira pergunta.

— Não tem como não saber. Eu estava no festival. Foi depois que meu filho morreu, a destruição que ele causou não foi pior por que você ajudou.

O filho dela era o terrorista. A empatia que eu tinha por ela se intensifica. Podia ser eu no lugar dela. Pode ser meu pai no lugar do filho dela.

— Meu pai. Preciso encontrá-lo. Ele foi levado pela UCG.

— Iroh? Ah sim. Você é aquela garota que nos foi apresentada como uma arma. Mas quem diria , você era mais do que qualquer um podia imaginar.

— Sim, por favor me diga, onde eles estão?

— Por que eu deveria dizer? Ele traiu a nossa causa. Ele escondeu que estava com o Avatar o tempo todo.

— Você vai me dizer. Se não...

— Se não o quê? Eu já vivi o que tinha que viver. Você pode me denunciar ou mesmo me matar.

O olhar dela era vacilante. Eu não sentia a raiva que eu previ. Eu entendia o que ela sentia. Eu sabia que se estivesse no lugar dela eu seria pior.

— Na reunião você me disse que ninguém sabia nada sobre você. Mas eu sei. Eu sei que você é contra a covardia, contra a corrupção. Eles levaram os meus irmãos. Eles têm só quatro anos. – Falei implorando.

O olhar dela se suavizou.

— Eu sei que você não está mentindo. Eu sinto quando falam a verdade. E meu ponto fraco são as crianças. Eu perdi um filho a muito tempo para esse governo e isso me fez entrar para a UCG. Meu outro filho entrou pelo mesmo motivo mas ele foi se desviando do caminho. Eu realmente tentei impedi-lo. Não é com a morte de inocentes que conseguiremos a nossa tão sonhada revolução.

O discurso dela me fez sentir coisas. Uma vontade de mudar o mudo. É realmente inspirador e foi por isso que a UCG a escolheu para testemunhar.

— A senhora pode me ajudar? Não estou pedindo como uma filha a procura de um pai. Mas como a Avatar. E também como ela eu faço uma promessa a você.

— Promessa?

— O mundo irá mudar. Tudo o que conhecemos hoje mudará. Eu prometo que quando isso acontecer eu não vou deixar mais ninguém passar pelo o que estamos passando. Eu acabarei com a guerra que está por vir, eu destruirei qualquer ditadura que nos diga o que fazer!

A senhora riu por um momento.

— Você me lembra muito o meu filho. O que morreu há muito tempo. Ele havia feito uma promessa parecida.

— Mas como isso é possível?

— É que ele também era o Avatar.


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