Depois da briga com Damon — mais uma — resolvi andar um pouco para espairecer a mente.

Ainda não acredito que Damon realmente chegou a achar que eu tinha alguma coisa com o irmão dele. Stefan estava com Caroline. Como ele foi capaz?

Eu tentava, mas aquilo não saia da minha cabeça. Me fez pensar em várias possibilidades. Ele se diz apaixonado por mim. Mas será mesmo que aquilo era verdade?

Como podia ser se entre nós não havia confiança?

Não devia me preocupar com isso. Eu mesma disse a Damon que nada daria certo entre nós. Então por que eu me importava tanto? Acabei com todas as esperanças possíveis.

Eu era culpada; ele era culpado. Nunca daria certo. Fim.

Tentei excluir aqueles pensamentos. Como havia dito, eu teria um ótimo fim de semana. Só me preocuparia comigo mesma. Era isso que eu precisava.

Percebi que já estava me distanciando muito da casa e resolvi voltar. Avistei Caroline sentada perto da piscina lendo um livro e sorri. Aquela era uma cena que eu nunca imaginei ver em todos os anos da minha vida. Estava feliz por ela.

Passei direto para não atrapalhá-la e entrei na casa, onde Stefan se encontrava indo na direção da cozinha. O segui, assustando-o assim que cheguei por trás. Comecei a rir e ele tentou ficar sério, mas não agüentou por muito tempo.

— Você quase me fez cortar a mão — disse mostrando a faca com a qual estava.

— Sinto muito por isso — falei sorrindo —, mas pagaria qualquer coisa para ver sua reação novamente — cai na gargalhada.

— Haha, muito engraçado.

— E então — continuei —, o que está fazendo?

— Pensei em fazer um bolo de chocolate para lancharmos. Caroline gostou muito.

— Tenho certeza que sim. Estou ansiosa por um pedaço, então adianta esse trabalho aí. Não entendi o que está fazendo com uma faca, mas não vou questionar — ele riu. — Vou te fazer um pouco de companhia, tudo bem?
— Claro! Na verdade, eu queria mesmo falar com você — disse e eu esperei. — Primeiramente, está tudo bem entre você e Damon?

— Acho que sim — menti. Eu queria muito poder falar com Stefan sobre aquilo, mas tenho certeza que não daria certo. Era melhor apenas aproveitar a companhia dele. — Por quê?

— Pareciam estranhos um com o outro quando sai do estábulo. E Damon não estava com uma cara muito boa. Mas ele é sempre assim. Acho que se estressa muito com o trabalho, nosso pai e tudo mais... — disse e eu apenas concordei. — Mas não é sobre isso que eu quero falar.

— É sobre o que, então?

— Estou pensando em pedir Caroline em casamento hoje.

— Isso é ótimo, Stefan! — Sorri e ele ficou com a expressão séria. — Muito bom mesmo, mas, por que está assim?

— É que... Eu estou muito nervoso. Tenho medo de fazer alguma coisa péssima e estragar tudo. E é por isso que eu preciso de sua ajuda.

— Mas, com o quê? — Perguntei confusa.

— Quero que me ajude a organizar tudo. Tudo tem que ser perfeito. Sei que Caroline é exigente. E você é amiga dela. Deve conhecê-la tanto quanto eu. Duas cabeças pensam melhor que uma. Posso contar com você?

— Mas é claro, Stefan! — corri e o abracei. — Apesar de saber que você sozinho já faria tudo perfeito, me sinto honrada — sorri.

— Não sabe como isso me deixa aliviado, Katherine — disse correspondendo meu abraço.

Nos separamos quando ouvimos a porta da geladeira se fechando. Damon estava lá. Respirei fundo e sentei no balcão mexendo a massa do bolo que Stefan estava fazendo.

— Damon! Não te vi aí — Stefan falou enquanto limpava as mãos.

— Desculpe. Atrapalhei algo?

— Não. Eu e Katherine estamos preparando um bolo pra o lanche. Quer se juntar a nós?

— Gostaria muito, mas tenho algumas coisas para fazer — senti que seu olhar estava sobre mim. — Até mais, Stef.

Ouvimos os passos subindo as escadas e eu virei para Stefan.

— Onde está o achocolatado?

— Logo ali — apontou para um armário. — Tem certeza que está tudo bem entre vocês?

— Melhor impossível. Agora me conte quais são os seus planos — tentei mudar de assunto.

— Bom, eu encomendei um jantar completo do restaurante preferido da Caroline. E não me olhe assim, ela vai ter tempo suficiente para provar da minha comida. Não quero que enjoe rápido — semicerrei os olhos e fiz sinal com as mãos para ele continuar. — A organização envolve flores, velas, música e local. E é aí que você entra.

— Tudo bem. Como pretende despistar Caroline, espertinho? — ele começou a rir.

— Qual o problema? — Perguntei sem entender nada.

— Não sei... Nós nos conhecemos de verdade há menos de um dia. É engraçado ver como estamos nos dando bem. Me lembra a garota que eu conheci parecida com você.

— Coincidência. Sem querer ofender, mas, como eu já disse, minha beleza é única — sorri. — Estarmos nos dando bem é bom.

— Sim — sorriu. — E respondendo a sua pergunta, minha mãe já sabe de tudo. Vai levar Caroline para conhecer alguns lugares enquanto organizamos tudo — disse colocando o bolo no forno. — Temos pouco tempo. Acha que conseguimos?

— Pode apostar que sim, querido Stefan — sorri convencida — Vamos ao trabalho.

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POV Damon

Eu provavelmente sou a pessoa mais estúpida existente no universo inteiro.

Talvez Katherine nunca mais queira olhar na minha cara. Sei que fui burro em achar que ela estava gostando do Stefan, mas... O que eu poderia achar?

Eles estavam se divertindo muito juntos. Queria que nós pudéssemos conversar daquele jeito, mas ela sempre me afasta.

Eu deveria desistir de vez e tentar esquecê-la. O problema é que eu não consigo me afastar. Ela me tira o juízo. Por que ela não quer nada comigo se gosta de mim?

Talvez essa seja a explicação. A gente estragou tudo. Devíamos ter tentado ser ao menos amigos primeiro.

Tenho que resolver isso. Não aguentaria ficar muito tempo desse jeito. Preciso de uma solução.

Argh, aquilo estava me matando. Precisava conversar com alguém.

Poderia tentar Stefan. Antigamente nós sempre desabafávamos e ajudávamos um ao outro. Mas depois que ele entrou na empresa nós nos afastamos. Poderia não ser a mesma coisa, então melhor não. Ligar para o meu pai com certeza estava fora de cogitação. Lexi poderia conversar comigo, ela sempre me deixava mais calmo. Mas o telefone estava sem sinal. Quem poderia me ajudar a encontrar uma solução?

A resposta veio assim que vi da varanda quem estava na piscina. Desci as escadas apressadamente e vi que Katherine e Stefan ainda conversavam na cozinha, mas passei direto e sai da casa.

— Olá — disse chegando perto da mesa onde minha mãe e Caroline se encontravam.

— Damon! O dia está maravilhoso. Por que não vem se juntar a nós? — Caroline sugeriu.

— Talvez eu fique um pouco — disse me sentando e respirando fundo.

— Tudo bem, filho? — minha mãe perguntou.

— Sim, tudo bem. Será que eu poderia conversar com você em particular um pouco, mãe? — perguntei.

— Acho que vou nadar um pouco. Aquela água está bem chamativa — Caroline disse se levantando.

— Obrigado, Caroline — falei e ela sorriu em resposta, mergulhando na piscina logo em seguida.

— Algum problema? — Perguntou minha mãe parecendo preocupada. Eu não tinha certeza se deveria conversar com ela sobre isso. Mas era minha mãe. Quem mais poderia me escutar? Resolvi arriscar.

— Estou apaixonado por Katherine — soltei e ela ficou calada olhando para mim. — Está me ouvindo, mãe?

— Tem certeza, querido? — Indagou após um tempo.

— Sim. Eu acho que sim. Quando estou com ela eu... Não sei. Gosto da companhia dela. Gosto do sorriso, da voz... Do jeito dela. Me sinto bem e feliz quando estou com ela e... — olhei para minha mãe e ela estava sorrindo — O que foi?

— Nada. Continue, por favor — sorriu. Olhei para ela confuso, mas continuei.

— Infelizmente ela não quer nada comigo. Mas acho que esse não é problema. Nós poderíamos ser amigos — falei, apesar de saber que eu não queria apenas isso.

— E qual o problema, então?

— Eu sou um idiota. Por minha culpa, acho que estraguei qualquer possibilidade que eu ainda tinha. Ela deve me odiar nesse exato momento.

— Tenho certeza que não. O que você fez?

— Achei que ela estava com Stefan — admiti depois de um tempo

— Eu não acredito, Damon! Já parou para pensar que ela pode ter se ofendido?!

— Claro que já, mãe. E me culpo muito, muito mesmo. Mas o que eu poderia achar? Eles andam tão juntos ultimamente e...

— Stefan vai pedir Caroline em casamento.

— O quê?! Por que ninguém me conta essas coisas? — Vociferei.

— Stefan pediu minha ajuda e a de Katherine. Era pra ser segredo. Então eu realmente espero que você fique calado — apontou para Caroline na piscina.

— Era isso que Katherine queria me contar, então — ri sarcástico. — Ela nunca vai me perdoar.

— Admito que não foi muito inteligente ter ficado com ciúmes por causa do seu irmão, mas já pensou em pedir desculpas?

— Claro que já. Ela não vai me escutar.

— Você já tentou? — Perguntou e eu neguei. — Então como pode ter tanta certeza?

— E se ela não aceitar minhas desculpas?

— Olha, filho, isso pode acontecer. Mas e se ela aceitar, hum? Nunca vai saber se não tentar. Talvez você possa fazer algo diferente. Sei que ela gosta de você também.

— Ela disse isso?

— Não, ela não disse. Ela demonstra isso. Eu já deveria ter percebido que vocês se gostavam.

— E se você estiver errada?

— Ela não pode enganar a ela mesma.

— Mesmo assim. Como vou entrar na vida dela se ela impede a passagem?

— Sei que dará um jeito.

— O que sugere com “fazer algo diferente”?

— Não sei. Algo que demonstre que você realmente está arrependido. Tenho que ir embora hoje mesmo, eu e seu pai temos um jantar de negócios para ir. Stefan vai jantar com Caroline para fazer o pedido. Então você e Katherine vão ficar sozinhos.

— Ela pode muito bem não querer falar comigo e se trancar no quarto — ela olhou para mim com raiva.

— Está sendo pessimista.

— O quê? É uma possibilidade.

— Não se por algum acaso a chave do quarto dela sumisse... — disse enquanto batucava os dedos na mesa.

— Está dizendo para eu furtar a chave dela?

— É exatamente isso que estou sugerindo — sorriu ironicamente e eu ri.

— Obrigada mãe, você é um gênio — falei levantando e beijando o topo de sua cabeça. — Foi uma ótima idéia vir falar com você — sorri —, até logo.

Agora já sabia perfeitamente o que fazer. Katherine teria que me escutar de um jeito ou de outro. Seria uma longa noite.

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POV Stefan

— Então, está tudo pronto? — Katherine me perguntou, enquanto eu tirava o bolo do forno.

— Bem, parece que sim — respondi sorrindo.

— O meu trabalho aqui já acabou?

— Aqui sim; mas terá que enrolar Caroline já que minha mãe foi embora.

— Certo; então vou chamá-la e levá-la para se vestir, avisando que você quer jantar com ela — disse e senti firmeza em suas palavras — Até mais, Stefan!

— Tchau, Katherine — despedi-me e a vi indo embora.

Comecei a preparar o bolo: cobertura, recheio, decoração e tudo mais que restava nele. Analisei-o e soube: eu era um bom cozinheiro. O que me restava saber era se Caroline apreciaria meus dotes como da última vez. Eu esperava me sair muito bem naquele pedido. E, esperava que ela aceitasse.

Fui para o meu quarto, e vesti-me apropriadamente para a ocasião. Tentei parecer o mais formal possível. Não queria que ela desconfiasse de nada; tudo tinha que sair perfeitamente bem.

Após me vestir, desci as escadas e avistei Caroline. Ela estava deslumbrante com um vestido vermelho que destacava claramente suas curvas. Se eu não fosse pedi-la em casamento depois, eu provavelmente pediria naquele momento.

— Caroline, você está... Uau — disse boquiaberto, enquanto ela sorria.

— Você também não está nada mal — ela respondeu, chegando perto de mim.

— “Obrigada pela ajuda, Katherine” — Katherine comentou atrás de Caroline, que revirou os olhos em seguida.

— Obrigada, Katherine — Caroline respondeu dando ênfase no “Katherine” — Podemos ir?

— Claro que podemos — sorri e ela pegou em meu braço.

Começamos a andar pelo gramado e quando faltava pouco para chegar ao nosso destino, pedi para Caroline fechar os olhos.

Guiei-a até uma parte afastada da casa, até chegarmos ao local.

— Pode abrir os olhos, Caroline — disse e ela fez o que pedi, visualizando a beleza do lugar.

Era um território não muito grande, mas tinha várias árvores e muitas flores. Estava tudo iluminado com várias luzinhas que eu mesmo coloquei, que também rodeavam um chafariz que ficava ao lado das rosas. No centro de tudo tinha uma mesa, que continha o jantar e duas garrafas de champanhe e vinho.

— Stefan, isso é maravilhoso! — Caroline disse.

— Gostou? — Perguntei sorrindo.

— Eu amei! — sorriu.

— Sente-se, por favor — falei puxando a cadeira, na qual ela sentou. — Pedi comida do seu restaurante favorito, espero que não se importe — anunciei servindo-a.

— Isso está maravilhoso, Stefan — disse provando um pouco da comida. — Obrigada, faz tempo que não como algo tão bom assim.

O jantar seguiu normalmente, como o planejado — tirando a parte em que eu ainda não havia a pedido em casamento —.

Eu já devia ter perguntado o que ela achou de cada centímetro da casa. As perguntas estavam acabando e a hora estava chegando. Eu estava muito nervoso.

— Qual o motivo de tudo isso? — Caroline perguntou após um momento de silêncio, e eu percebi que já estava pensando há minutos.

— Sabe, já faz um tempo que eu quero te perguntar uma coisa — comecei —, mas não sabia o momento certo para isso — Caroline me observava atentamente — Eu te amo, Caroline. Você aceita se casar comigo?