República Evans escrita por Carol Lair


Capítulo 12
O Primeiro Passo


Notas iniciais do capítulo

É com muita alegria que eu dedico o 12º capítulo de República Evans para duas leitoras MARAVILHOSAS que escreveram recomendações MARAVILHOSAS: Doze Primaveras (http://fanfiction.com.br/u/581349/) e Tris Pond (http://fanfiction.com.br/u/509740/).

Meninas, muitíssimo obrigada pelas lindas palavras incentivadoras, toda vez em que estou escrevendo e começo a odiar o que escrevi, me lembro do que vocês escreveram e me esforço para continuar. De verdade! Vocês são demais!



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Capítulo 12 – O Primeiro Passo

A semana que se seguira trouxe novidades inusitadas devido aos acontecimentos do final de semana. A principal e mais comentada de todas era o fato de que Sirius Black e Marlene McKinnon não se desgrudavam, fazendo com que o grupo das fofoqueiras de Hogwarts e o fã-clube de Sirius - o que, no fim das contas, eram a mesma coisa - tivessem muito o quê investigar. Primeiro, porque Marlene geralmente não saía com garotos do tipo "Sirius Black", segundo porque o próprio Sirius Black, até então, jamais havia ficado de "casalzinho" pelos corredores da universidade. Aliás, conforme o que apontavam as mais recentes pesquisas realizadas pelo mencionado fã-clube, a média de encontros dele era de, no máximo, três saídas por pessoa. Ou seja, após a quarta-feira, Marlene havia oficialmente se tornado a recordista.

Como a última semana de outubro traria, finalmente, a realização das provas bimestrais, Lily simplesmente desaparecera durante aquela semana, uma vez que esta precedia tal importantíssimo evento acadêmico. A ruiva passara a semana inteira estudando durante todo seu tempo livre, tanto na biblioteca da universidade no horário do almoço, quanto em sua casa depois de chegar do trabalho.

Para Lorens, a semana fora calma. Durante todas as noites, a jovem atriz comparecera ao Teatro Central e apresentara sua peça com a mesma excelência da estreia. No entanto, ainda na segunda-feira, após terminar sua apresentação, ela repudiou-se mentalmente ao se dar conta de que esperava encontrar Bill esperando-a do lado de fora do Teatro, a fim de tentar conversar. Mas ele não procurara por ela em nenhum dos outros dias. Mas no fim das contas, Lorens também não sentira a sua falta. De fato, ela nunca se sentira realmente apaixonada por ele durante todo o tempo em que estiveram juntos e estarem separados só lhe provara que o relacionamento teria acabado de qualquer forma.

Mas aquela semana trouxera uma ótima notícia à Anita, após esta ter retornado para casa depois de mais uma entrevista de emprego. Naquele mesmo dia, a marca de roupas lhe telefonou e a convidou a começar a trabalhar logo no dia seguinte.

Desde o início da semana, Alice tornara-se extremamente cautelosa para não encontrar Frank pelos corredores, evitando passar pelas redondezas do prédio de exatas nos intervalos das aulas e deixando de almoçar em Hogwarts, a fim de não encontrá-lo no Salão Principal. Tal estratégia dera bastante certo, uma vez que ela não o vira nem de longe por dias. Alice também acabara por retornar à sua casa e, para sua própria surpresa, Bellatrix não fizera nenhum comentário maldoso a respeito do acontecido. Ambas fingiram que nada havia se passado.

Portanto, acreditando piamente que sua tática daria certo para sempre, Alice chegou em casa à noite, na quinta-feira, orgulhosa de seus resultados. E, assim, acabou por encontrar Frank pela primeira vez depois de tê-lo flagrado com Bellatrix, na semana anterior, naquele mesmo sofá. Mas desta vez, ele estava sozinho.

–--

Alice chegara mais cedo naquele dia, agradecendo aos céus pela proximidade do tão esperado final de semana, um vez que não precisaria ir à faculdade e, assim, não precisaria ficar fugindo de Frank. Mas, para o seu assombro, o encontrou sentado no sofá da sala de sua casa.

E seu coração disparou imediatamente.

– C-como você entrou aqui? – ela perguntou, tentando ocultar seu espanto, mas fracassando nitidamente.

– Eu obriguei a Helena a me dar a chave. – ele respondeu, sério.

Frank levantou-se do sofá e andou até Alice, enquanto esta praguejava sua amiga mentalmente. Com a proximidade, ela pôde perceber que ele recentemente passara a cultivar leves olheiras e mantinha a barba por fazer.

– Bom, a Bellatrix não chegou ainda, você vai ter que esperar mais um pouco.

– Eu queria mesmo é falar com você. - ele parou a poucos centímetros dela, olhando-a nos olhos.

– Mas eu não quero falar com você. - Alice respondeu, categórica.

– Alice, só me escute por um minuto. É tudo o que eu te peço.

– Frank, eu não estou nada disposta a te ouvir, pelo menos por enquanto. Se ainda existir um pingo de bom senso em você, eu peço para que você não me procure por um bom tempo.

Alice fizera o possível para não deixar suas emoções afetarem sua voz. Frank sabia que ela tinha todo o direito te lhe pedir aquilo e por isso resolveu não insistir.

– Como quiser.

– Obrigada. – Alice andou até a porta e a abriu. – Agora, você pode se retirar, por favor?

Frank suspirou pesarosamente e andou até a porta. Involuntariamente, Alice lembrou-se, mais uma vez, do momento em que ela o flagrara com Bellatrix e que também o havia mandado sair de sua casa. Mas, diferente da primeira vez, Frank parou à soleira da porta. Virou sua cabeça em direção à Alice e confessou:

– Eu sinto muito pelo dia do Três Vassouras...

– Esqueça isso.

– ...Eu sei que você não vai acreditar, mas desde o dia que você pisou na minha casa, no meu aniversário, você foi a única pra mim. – continuou ele. – A única que fez eu me sentir como estou me sentindo agora.

E então, ele saiu e Alice ficou um tempo paralisada atrás da porta depois de tê-la cerrado. Por que ele tinha que ter lhe falado aquilo? Àquela altura, não havia nenhuma possibilidade de voltarem a ter qualquer tipo de relacionamento, então por que ele fizera tanta questão de dizer aquele tipo de coisa? Alice suspirou, decidindo que ouvir as últimas palavras de Frank não havia lhe feito bem. Ela subiu correndo para o quarto e chorou ali durante horas, sonhando com o dia em que a ferida finalmente cicatrizasse e ela pudesse esquecê-lo para sempre.

–--

Na manhã seguinte, Alice não pôde omitir seu choque ao ver Bellatrix e Frank juntos no jardim de entrada da Universidade de Hogwarts, àquela hora da manhã. Eles trocavam carícias. Lily, Anita e Lorens estavam com ela e compartilharam da mesma reação.

– Como ele pôde? - perguntava-se Anita. - E logo no dia seguinte?

– Então ele te pede desculpas num dia e, como você não voltou com ele, em menos de 24 horas ele resolve voltar para os braços da Black. - Lily balançava a cabeça, desacreditada. - O Frank realmente caiu no meu conceito.

– Alice, não sabia que o Frank era assim. – Lorens contou, com a voz triste. – Eu sempre achei que ele fosse legal.

– Pois é, eu também. - Alice desviou o olhar, tentando parecer bem. - Mas ainda bem que ele mostrou quem é de verdade bem rápido.

– Você não está perdendo nada. - Anita concordou. – Mas lembre-se, Alice, a festa de Halloween já é no final de semana que vem.

Alice sacudiu os ombros, desanimada.

– Não estou nada afim de ir para essa festa. Aposto que os dois vão juntos.

– Pelo amor, Alice! A festa de Halloween sempre foi comemoração para o final das provas! – lembrou-lhe Lorens. - Não deixe que eles interfiram na sua vida, você merece relaxar também!

– Mesmo assim, eu-

– Até lá, nós vamos te convencer. – Lily afirmou, sorrindo.

–--

Mais tarde naquela manhã, apenas uma coisa tirou a atenção de Lily dos estudos nos intervalos entre aulas. Pamela Winsley.

Os alunos haviam acabado de entrar na sala na qual teriam uma aula de Direito Civil. Depois de se acomodarem aleatoriamente pelas carteiras, Pamela, que acabara por escolher uma ao lado da de Lily, virou-se veementemente para Violet, que estava na carteira atrás da sua, dizendo:

– VIOLET, EU NÃO POSSO ACREDITAR!

Vários alunos se viraram para olhar, curiosos. Lily continuou lendo seu livro, desinteressada. Sabia que o quê a outra queria era justamente chamar a atenção das pessoas em volta, como sempre, portanto, não se deu o trabalho de se importar.

– O que foi, amiga? – perguntou Violet, sorrindo curiosa.

Alice também havia voltado sua atenção para a conversa das duas. Mas, em vez de responder, Pamela começou a choramingar.

– Pam, o que houve? – Violet insistiu. – É o James?

– Mas é claro! - ela respondeu, soltando todo o ar de seus pulmões. - Sa-sabe o que eu acabei de ver?

Por fim, Lily fechou o livro e aguçou os ouvidos para ouvir a conversa das duas. Afinal, um intervalo sem estudar não lhe prejudicaria, isso era fato. Não que ela estivesse interessada na história que Pamela queria contar. Ela simplesmente estava cansada de estudar e precisava de uma pausa, obviamente.

– O quê? – Violet perguntou, sorrindo pelo canto da boca.

– Você sabe que nós saímos na sexta passada. Achei que hoje podíamos repetir, afinal, foi ótimo. - Pamela franziu as sobrancelhas, com uma expressão dramaticamente triste. - Fiquei esperando um convite a semana inteira e nada! E sabe do pior? Eu acabei de vê-lo com outra aqui no corredor!

– Sério, Pam? Você viu quem era?

– Violet, você não vai nem me consolar?! – Pamela olhava inconformada para a amiga.

– Ora, querida, não fique assim. Amanhã passa! - Violet disse, com a voz falsamente preocupada. - Agora, me conta quem era!

– Era uma loira do último ano de Direito, eu acho. Não sei o nome daquela vaca.

Pamela começou a chorar, nervosa. Lily e Alice trocaram um olhar sem-graça, sem saber se deveriam dizer alguma coisa. Como se pudesse ler os pensamentos de Lily, Pamela se virou para ela e perguntou:

– Lily, ele falou alguma coisa sobre nosso encontro lá na sua casa?

– Hm... não.

– NADA MESMO? - Pamela tinha uma voz estridente, devido a sua surpresa. - Será que eu fiz alguma coisa errada?

A ruiva simplesmente balançou a cabeça negativamente, corando. A maioria dos colegas de classe já as olhavam e Lily estava começando a sentir uma certa vergonha alheia pelo mini-chilique de Pamela.

– Com licença, meninas. - Violet levantou-se. - Vou ver se consigo descobrir quem é a nova garota de James Potter.

Violet soltou um risinho e se afastou das colegas, em direção à porta da sala de aula. Pamela voltou a choramingar. Ao vê-la daquele jeito, Lily imaginou quantas garotas Potter já deixara naquela situação. Todas iludidas, afinal, ele sempre alimentava suas esperanças, embora jamais tivesse intenções de levar qualquer coisa para frente.

– Acalme-se, Pam. - Alice disse, com carinho na voz.

– É que... – Pamela começou a explicar, respirando fundo. – Depois de sexta, depois de tudo o que... aconteceu entre nós, vocês me entendem, não é? – mais algumas lágrimas deslizaram por seu rosto. - Ah, foi mágico. - ela suspirou. - Bem, eu achei que duraria mais tempo.

– O Potter não tem caráter, Pamela. – Lily afirmou, séria.

Pamela a olhou por um momento.

– Sabe, você bem que tinha razão, Lily. Ele disse que me ligaria, que sairíamos de novo. Mas é claro que ele estava mentindo.

O pequeno professor Flitwick entrou na sala, carregando inúmeros livros e, ao notarem sua presença, os alunos viraram-se para frente, ficando em silêncio. Um minuto depois, no momento em que o professor já estava falando sobre o planejamento da aula, Violet voltou à sala de aula com um sorriso enorme no rosto. Ela correu para sua carteira e sussurrou para as colegas:

– James está saindo com Hillary Cummins, acreditam?

–--

A semana de provas era definitivamente um pesadelo para a maioria dos estudantes. Lily passara o final de semana inteiro estudando, do momento em que acordara, até pouco antes de dormir. Alice acabara por aceitar a estudar juntamente com a amiga apenas no domingo, para que Lily pudesse ajudá-la a tirar algumas dúvidas.

Lorens apresentara a peça novamente na sexta e no sábado à noite. Lily avisou-lhe de que ela não estava estudando o suficiente, mas a morena alegara que atuar era o melhor método para uma atriz estudar. Já Sirius e James não abriram um livro sequer, saíram e ficaram a madrugada inteira fora no final de semana, ao contrário de Remus, que estudou na mesa da cozinha por horas no sábado e só saíra com Helena à noite, tendo voltado cedo.

Durante a semana das provas não havia aulas na Universidade de Hogwarts. Os estudantes realizavam dois exames por dia e eram liberados. E todos os dias da semana, Lily chegara mais cedo no campus para revisar o conteúdo na biblioteca. James notou que ela desaparecera do Salão Principal nos horários de almoço, presumindo que ela estivesse, como sempre, debruçada sobre os livros. Como era possível alguém se dedicar tanto à faculdade? Por que ela não se contentava em apenas ser aprovada? Por que ela se esforçava tanto para ser a melhor em tudo? Por que estou pensando nela?

E finalmente o último dia dos exames chegara ao fim. Lily saíra da sala na qual estivera fazendo sua última prova extremamente aliviada e consideravelmente orgulhosa. Repassou as respostas mentalmente, parada no corredor, e sorriu. Não teria se esquecido de nada na questão sobre o sistema internacional de livre comércio no Reino Unido após a segunda guerra? Havia citado a Conferência Bretton-Woods? Mas é claro.

James também havia terminado um exame naquele mesmo corredor e reconheceu aqueles longos cabelos ruivos de longe. Notou que Evans provavelmente estava travando um diálogo interno dentro de sua cabeça, uma vez que gesticulava como se estivesse falando com alguém a sua frente.

– Lily! – Uma voz grave a chamou.

A ruiva interrompeu sua cadeia de pensamentos e se virou.

– Lou-Louis!

Ele sorriu e a cumprimentou. Imediatamente, Lily parou para se lembrar de que nem havia se arrumado direito e provavelmente estava com enormes olheiras devido às noites mal dormidas por conta dos estudos. Devo estar horrorosa, espero que ele não note, ela pensou, enquanto passava as mãos pelos cabelos, a fim de melhorar a aparência.

– Foi bem nas provas? – ele perguntou, sorrindo.

– Acredito que sim, mas nunca se sabe, não é?

– Não seja modesta, Lil. Você vai tirar dez em tudo, tenho certeza.

Lily corou violentamente, sem tirar os olhos dele.

– Eu espero que sim.

– Você virá para festa amanhã, não é? – Perguntou Louis.

– Sim, admito que preciso relaxar.

– E já tem convite?

– Ainda não, eu vou comprar hoje no horário do almoço.

Louis sorriu mais uma vez e meneou a cabeça, como se dissesse "não seja boba". Ele era um dos organizadores da festa, pois estava no último ano.

– Você achou mesmo que eu iria te deixar comprar um? – ele perguntou, gentil, tirando um convite do bolso.

Lily não conteve o sorriso ao aceitar o convite que o rapaz lhe oferecia. Sentia seu rosto pegando fogo. Por que pareço uma idiota?

– O-obrigada, Louis.

– Nos vemos amanhã na festa, então?

– Com certeza!

Louis beijou a bochecha corada de Lily, o que fez seu coração disparar e a paralisou.

– Tenho que acertar os últimos detalhes da festa agora. – Ele disse, mas Lily não ouvia, estava vagando em seus pensamentos. – Até amanhã.

E então, James observou que Evans permaneceu imóvel, sorrindo bobamente, enquanto o francês seguia para as escadarias.

–--

Naquela mesma tarde, no trabalho, James notou que o humor da ruiva havia mudado por completo. Com a semana de provas, Evans andara ainda mais irritada com ele e às vezes parava tudo o que estava fazendo para repassar algumas leis em voz alta. No entanto, naquele dia, ela o cumprimentara com um simpático sorriso e estava organizando dezenas de papéis cantarolando uma música animada. Lily Evans cantando no trabalho? Não, isso não era normal.

Ele simplesmente não conseguira mais continuar trabalhando. Ainda observando-a, James viu que ela tirou da bolsa um pequeno espelho e admirou seu reflexo por algum tempo, distraída, enquanto mexia nos cabelos, nem notando seu par de olhos castanho-esverdeados observando-a ininterruptamente. James se perguntava se toda aquela mudança se devia simplesmente ao fim da semana de provas ou ao fato do francês ter lhe dado o convite da festa de Halloween. Ainda intrigado, assistiu à ruiva suspirar sonhadoramente e guardar o espelho de volta na bolsa. Evans voltou a cantar uma música alegre, baixinho.

– Hey, Evans, quer parar de cantar? – James pediu, a fim de testar seu humor.

– Ah, desculpe, Potter! – ela sorriu. Ela está sorrindo para mim? – Esqueci que não trabalho mais sozinha nessa sala.

James sorriu de volta, mas ela já havia voltado seus olhos para os papéis em sua mesa. Como assim ela havia atendido a um pedido seu com tamanha prontidão? James não podia acreditar que aquela era a mesma Lily Evans que conhecia.

– Você está bem?

Evans levantou os olhos verdes para ele de novo. Havia um brilho diferente neles.

– Estou ótima! – depois, abriu um sorriso maravilhoso e voltou a mexer nos documentos sobre a mesa.

Mas James não conseguira tirar os olhos dela. Será que Evans estava apaixonada pelo francês? Será que eles estavam prestes a reatar o namoro? Bem, uma coisa James não podia negar: Lily Evans bem humorada tornava aquela convivência obrigatória deles muito mais agradável. Então, independente do motivo, ele deveria estar aliviado por algo tê-la feito mudar. Então por que não estou gostando nada disso?, ele pensava, confuso, por que prefiro a Evans irredutível de sempre?

–--

E finalmente o tão esperado sábado, o dia da festa de Halloween, chegara. Alice chegara à casa de Lily, Anita e Lorens logo após o almoço e as quatro garotas ficaram a tarde inteira trancadas no quarto, se arrumando para a festa.

– O que deu nelas? - James perguntou a Sirius, ao passarem pelo corredor em direção ao quarto masculino. Mesmo com a porta fechada, era possível ouvir as vozes risonhas e animadas pertencentes às garotas.

– E você está perguntando isso para mim? - respondeu o outro.

E em apenas vinte minutos, os dois garotos já estavam prontos. Tomaram banho e vestiram qualquer roupa preta, como mandava o convite. Remus já havia saído com Helena a fim de jantarem antes de irem para a festa. O evento começaria às dez horas e James e Sirius haviam terminado a rápida arrumação exatamente dez minutos antes das dez.

– Será que elas já estão prontas? - James se questionou, terminando de bagunçar os cabelos.

Os dois atravessaram o corredor e bateram na porta do quarto feminino. Puderam ouvir a voz de Anita dizendo para alguém abrir e, depois de alguns segundos e alguns barulhos, os olhos azuis de Lorens surgiram pela singela fresta que ela abrira.

– Pois não, senhores?

– Vocês vão demorar muito? - Sirius perguntou, tentando espiar o quarto por meio da pequena abertura, sem sucesso. - A festa já está começando.

– Bem, não sei. Esperem aí, deixa eu ver com as meninas!

– Mas vocês estão aí há sete horas! - James exclamou, indignado. - Como assim não estão prontas?

Lorens começou a rir e finalmente abrira a porta o suficiente para aparecer por completo. Ela também vestia roupas escuras e a maquiagem forte em volta dos olhos, algo que ela jamais costumava usar, realçava sua brancura.

– Eu já estou pronta. Mas as outras não, então eu preciso ficar e ajudá-las, entendem?

– De quanto tempo vocês precisam? - Sirius perguntou, olhando a amiga de cima a baixo, aprovando o visual.

– LORENS, volta aqui! – era a voz de Lily chamando pela amiga.

A morena virou-se para trás para conferir o que estava acontecendo e ficou boquiaberta. James e Sirius esticaram seus pescoços para poderem ver também, mas Lorens rapidamente se voltou para frente, dizendo:

– Tenho que ir, a Lily vai surtar!

E ela fechou a porta. James e Sirius se entreolharam, sem entender. Esperaram brevemente, mas Lorens não reaparecera.

– Vamos embora, Sirius. Elas vão demorar muito.

– Certeza.

Quando eles se viraram para descer as escadas, Anita saiu do quarto e cerrou a porta logo atrás de si.

– Vocês dois! – chamou ela, fazendo com que eles se virassem. – É melhor vocês irem na frente. Temos um probleminha aqui com o cabelo da Lily...

– Anita, você está linda! Deve valer a pena esperar por vocês. – Sirius concluiu, lançando um olhar galante à loira.

Anita estava realmente bem vestida. Usava uma blusa preta e roxa um tanto longa com um decote que chamava a atenção, apesar de não ser exagerado, uma legging de couro e uma bota de cano alto. Os olhos de Anita também estavam envoltos em uma sombra negra e os lábios cobertos por um batom muito vermelho.

– Aposto que você só quer nos esperar para que a universidade inteira veja você chegando acompanhado por quatro mulheres, não é, Sirius?

– Mas é claro que não! - Sirius se aproximou, sorrindo. - É que pode ser perigoso se vocês forem sozinhas, querida.

– Ora, me poupe.

– Vocês vão demorar quanto? – James perguntou, impaciente.

– Bem, a Lorens já está fazendo o babyliss no cabelo da Lily. Hum... uns quinze minutos, mais ou menos.

– Ok, então eu vou esperar lá embaixo. E sentado. – James disse, um tanto sarcástico. – Quinze minutos para as mulheres é igual a uma hora no mundo real.

E, assim, James descera as escadas. Mas Sirius continuara examinando Anita dos pés a cabeça, sem se importar em demonstrar interesse. Ao notar a expressão atenta dele, a jovem acenou e fez menção de voltar ao quarto, mas ele interveio:

– Anita, eu vou te encontrar lá na festa.

– Claro que vai. Nós vamos juntos, não vamos? – ela respondeu, como se tudo fosse muito óbvio.

Ele riu.

– Anita, eu vou te encontrar lá. Você está demais e eu sei que não vou conseguir te ignorar se te e vir na pista de dança.

Finalmente Anita entendera a indireta. Seu coração se acelerou imediatamente, num misto de raiva com interesse. Era óbvio que ela adoraria passar a noite inteira ao lado dele, mas ele não estava saindo com uma de sua melhores amigas? O que ele havia combinado com Marlene para aquele noite? Bem, não importava, afinal Anita havia se proibido de se relacionar com ele; pelo menos enquanto aquele sentimento não sumisse de dentro dela.

– É melhor que você ignore, Sirius.

E ela voltou a entrar no quarto.

–--

De fato, a teoria de James estava correta. Somente uma hora mais tarde, Lily e Alice finalmente ficaram prontas. Alice estava com os cabelos meio presos e os cachos castanhos estavam impressionantemente definidos. Lily era a única dentre as amigas que vestia um elegante vestido negro, o qual era feito de seda e mal alcançava seus joelhos, combinando com seus sapatos de salto agulha. O vestido possuía um ligeiro decote e seus cabelos ruivos tinham cachos nas pontas. Estava magnífica.

Sirius e James não esconderam suas respectivas aprovações em relação às roupas das garotas. Enquanto Sirius lançara um comentário galante para as amigas, James deteve sua atenção em Evans. Era inevitável notar que ela se destacava dentre as demais, além do fato de que, após dois meses inteiros de convivência, era a primeira vez em que James a via de decote, mesmo que fosse um decote discreto. Então tudo aquilo era para aquele francês?

– Vamos, queridas? - Sirius ofereceu o braço à Anita, que o ignorou, revirou os olhos e se dirigiu à saída da sala.

Como a república se localizava a três quarteirões da Universidade de Hogwarts, os jovens se encaminharam para o local da festa a pé. Alice estava de braços dados com Evans, trocando risinhos, enquanto Anita e Lorens estavam mais a frente, conversando. Deixados para trás, Sirius e James olhavam as quatro de costas.

– Cara, eu acho que eu nunca as vi assim. - Sirius comentou com o amigo, olhando-as de cima abaixo.

– Como assim? - James desviou os olhos das malditas pernas de Evans.

– Eu não achei que fosse ver a Lily de decote tão cedo nessa vida! - Ele riu, balançando a cabeça. - Depois que eu beber algumas, com certeza vou ter que dizer a ela que ela deveria usar todos os dias.

– Ela vai te mandar à merda, Sirius.

– Não, isso ela diria a você. - Sirius abriu um sorriso despreocupado.

James intimamente não gostou de admitir que o amigo tinha razão. Em poucos metros, os jovens puderam ouvir a música alta vinda das propriedades do campus. Assim que alcançaram os portões de entrada, apresentaram o convite aos seguranças, que os deixaram passar sem mais nenhuma outra exigência.

A decoração do Salão Principal era vivamente fiel ao tema Halloween. A iluminação estava baixa, havia abóboras com velas espalhadas por toda parte e as mesas, que sempre ficavam espalhadas pelo ambiente, foram afastadas para as extremidades e haviam se tornado tendas, nas quais variados tipos de comidas e bebidas eram vendidos. O centro do salão vivara uma espécie de pista de dança e, ao fundo, havia um palanque no qual um DJ discoteava animadamente.

Haviam, também, muitas pessoas fantasiadas. Sirius e James avistaram alguns conhecidos e foram recepcionados por Peter e Amos, que estavam logo na entrada.

– Sirius!

Sirius virou-se para seguir a direção da voz que o chamara e encontrou Marlene, sorrindo. Antes que o moreno pudesse lhe responder, ela o beijou.

– Você demorou! – ela continuou, sorridente. – Venha, venha, vamos dançar!

Marlene estava deslumbrante, os cabelos castanhos escuros ondulados estavam presos no alto da cabeça e seu sorriso se destacava ainda mais com o batom escuro em seus lábios. No entanto, havia um pequeno problema que não permitia que Sirius estivesse realmente feliz por tê-la encontrado.

– Lene, você não disse que não poderia vir?

– Pois é, mas eu consegui terminar meu trabalho mais cedo! - ela exalava empolgação. - Então resolvi fazer uma surpresa! - porém, notando que o outro estava perplexo, ela desmanchou seu sorriso. - Aconteceu alguma coisa?

O fato era que Sirius, ao saber que Marlene não poderia comparecer à festa, havia combinado de se encontrar com uma bela jovem do quarto ano de Economia à meia noite nas escadarias. E, à uma da manhã, tinha deixado pré-combinado com uma caloura de Pedagogia de encontrá-la na entrada do Hall de Entrada do campus. Dependendo do quê a caloura estivesse disposta, poderia ser que fosse embora com ela ou que se encontrasse, lá pelas duas horas da manhã, com uma bela intercambista finlandesa com a qual havia trocado inúmeras mensagens durante aquele mesmo dia, mais cedo.

Os olhos brilhantes de Marlene ainda aguardavam uma resposta.

– C-claro que não, querida. - Sirius rapidamente a envolveu num abraço carinhoso. - Você está linda.

– Obrigada!

– Vamos ali pegar uma bebida? James, você não quer vir também?

James o olhou e, ao notar a presença de Marlene, entendeu tudo. Os três seguiram até a tenda das bebidas destiladas.

– Um whisky. - pediu James.

– Dois. - Sirius acrescentou. Virou-se para Marlene. - E você?

– Eu não quero nada por enquanto. Obrigada.

Naquele momento, uma conhecida de Marlene a avistou e viera cumprimentá-la. Sirius aproveitou a deixa, puxou James para o lado e murmurou:

– O que eu faço, cara? Eu não sabia que ela vinha!

James riu do desespero do amigo.

– Fala que você já tinha marcado um encontro, ué.

– Ficou louco? Se eu disser isso, ela não vai continuar saindo comigo! - Sirius espiou por cima dos ombros a fim de se certificar de que Marlene ainda conversava com a amiga. - Mas eu tambémnão quero cancelar o que já tenho planejado com as outras!

– As bebidas. - anunciou o bartender. James deu-lhe uma nota de vinte libras e disse-lhe para ficar com o troco.

Sirius bebeu metade de sua dose de uma vez, enquanto tentava pensar no que fazer.

– Se você não quer falar a verdade para ela, mas também não quer cancelar seus outros planos, então, meu caro, você só tem uma saída. – James ponderou, arqueando as sobrancelhas. - Você vai ter que dar um perdido na Marlene mais tarde.

– Certo. Mas você vai ter que me ajudar, porque ela não pode desconfiar de jeito nenhum e-

– E aí, vamos dançar, Sirius? – Marlene surgiu por trás dele, abraçando-o.

– Claro! – E ele lhe lançou um sorriso de derreter gelo.

Trocando um olhar cúmplice com James, Sirius se afastou, acompanhado de Marlene, em direção à pista de dança. James bebericou o whisky e passou os olhos pelo salão, a fim de avistar gente conhecida. Na verdade, a fim de avistar uma certa pessoa... Não. A fim de avistar gente conhecida.

Você, sozinho?

James olhou para o lado e se deparou com Sarah Adams, que vestia um decote tão enorme que a blusa parecia-lhe desnecessária. Um decote bem diferente do de Lily Evans, ele comparou, mentalmente.

– Oi, Sarah. – ele a cumprimentou.

– Você estava tão sério. - a morena comentou, desconfiada. - O que houve, hein, Jay?

– Não houve nada, Sarah. Eu só estava me perguntando quando é que você viria me tirar para dançar.

Sarah riu e o puxou para a pista de dança, com um olhar sedutor.

–--

Assim que Lily, Anita, Alice e Lorens começaram a passear pelo salão, as jovens atraíram vários olhares de todos a sua volta. Em Hogwarts, as notícias se espalhavam muito rapidamente e, àquela altura, todo mundo já estava sabendo que Lorens não estava mais saindo com o nerd Bill Jones. Já o caso de Alice e Frank não chegara a ser de conhecimento geral, uma vez que eles mal ficaram um com o outro em locais públicos. Anita era a típica eterna solteira, mas nunca sozinha, enquanto Lily era vista como um mistério pela maioria dos homens, que, exceto por Louis Renoir, nunca conseguiram nada com ela.

– Vocês viram o Frank por aí? – Alice perguntou, esticando o pescoço para procurá-lo.

– Ora, esqueça ele, Alice! – Lorens a repreendeu, lançando-lhe um olhar reprovador.

Alice baixou o olhar e respirou fundo, desanimada. Lily tocou o ombro da amiga, em apoio.

– Oi, Lily! Oi, Alice!

As duas se viraram e encontraram Pamela Winsley e Violet Brown, sorridentes. Pamela trajava uma fantasia que lhe fazia lembrar remotamente uma vampira por conta de uma mísera gota de sangue falso ao lado da boca.

– Vocês não vão acreditar! – Violet começou e as outras quatro já compreenderam que viria fofoca pela frente. – Acabamos de ver James Potter agarrando Sarah Adams no meio da pista de dança!

Pamela concordou com a cabeça, tristemente.

– Já estou superando... – ela falou, esganiçada.

– Será que eles voltaram, Lily? – perguntou Violet, arregalando os olhos de interesse.

– Como você acha que eu vou saber? – Lily retrucou.

– Vocês moram juntos, afinal!

– Mas nós não somos amigos, Violet.

– Vocês sabem de alguma coisa, Ecklair e Ludmann? - Violet finalmente parou de ignorar as outras duas.

– Eu sei que o problema é deles. - Lorens lhe respondeu, com um sorriso forçado.

Violet revirou os olhos irritada pela falta de informação e puxou Pamela pelo braço, dizendo:

– Vamos passear, Pamela!

E as duas se afastaram.

– Essa Violet já saiu com o Sirius. É impressionante como ele não tem critério algum para sair com alguém! – Anita comentou, um tanto aborrecida.

– Chega! – Lorens exclamou. – Mais um pio sobre qualquer ex e eu vou procurar outras amigas! Entenderam?

As outras rapidamente concordaram com um aceno, obedientes. Depois, todas se encaminharam para a tenda na qual as bebidas eram vendidas. Todas pediram um drink, exceto por Lily, que pedira apenas uma água, sob olhares reprovadores das amigas.

– Aquele não é o Sirius com a Marlene? - Lily os indicou com a cabeça, tentando mudar o foco do assunto. O casal estava aos beijos no meio da pista de dança.

– Eu achei que a Lene não viria! - Alice comentou.

Anita fuzilou o casal com os olhos, lembrando-se do que Sirius havia lhe dito mais cedo, no corredor da casa deles. Ele que se atrevesse a tentar qualquer coisa com ela naquela noite, ela pensou, profundamente decepcionada. Que ele não tinha conhecimento dos sentimentos de Anita, isso era óbvio, mas ele sempre soube que ela e Marlene eram grandes amigas. Como ele pôde cogitar a ideia de ficar com as duas na mesma noite, tão descaradamente? Idiota.

– Anita, pode melhorar essa cara agora. - Lorens ordenou, fingindo uma seriedade atípica. – Já sei! Vamos fazer uma aposta.

– Que tipo de aposta? – Anita se interessou imediatamente pela proposta.

– Bem, nós nos encontramos na pior fase das nossas respectivas vidas amorosas de toda a nossa existência, não concordam? - após uma pausa, na qual as outras concordaram com a cabeça, a jovem atriz continuou: - Eu estou muito disposta a aproveitar essa festa para esquecer que algum dia da minha vida eu saí com o idiota do Bill. Você, Alice, também parece disposta a esquecer o mau-caráter do Frank. Você, Anita, precisa esquecer o Sirius se ainda quiser ser feliz morando com a gente e você, Lily... bem, você não beija ninguém há sete meses.

– Não precisa ficar me lembrando desse fato. – Lily resmungou.

– Enfim - retomou Lorens. - Nós precisamos conhecer gente nova, então quem sair dessa festa sem beijar ninguém vai ter que beber uma garrafa inteira de whisky de fogo. E de uma vez! Apostado?

– Apostado! – Anita concordou imediatamente.

– Beber uma garrafa inteira de whisky pode resultar num coma alcoólico! – Lily protestou, inconformada. - Essa aposta é um absurdo!

– Ora, Lily, justamente por isso que você vai preferir beijar alguém do que entrar em coma, não é? - brincou Alice, divertida. - Eu estou na aposta, Lorens!

As três se voltaram para Lily, que ainda permanecia impassível.

– Lily?

– Eu não vou participar. - a ruiva insistiu. - E eu realmente espero que vocês ganhem a aposta, porque não seria nada legal ter uma amiga em coma por um motivo tão infantil como esse.

Lorens caiu na gargalhada.

– Lily, você não está entendendo. O objetivo não é o whisky, é pegar alguém!

– E a aposta é só um incentivo. – Anita explicou, pacientemente.

– Aliás, talvez seja isso que esteja faltando para você perder o medo de se relacionar com alguém de novo. – Alice sugeriu, num tom amigável.

A ruiva respirou fundo e ficou pensativa, negando com a cabeça.

– E então, Lils... Vai participar da aposta ou não? – Lorens finalmente resolvera interromper a corrente de pensamentos altamente racionais de Lily.

Lily estava preparadíssima para responder que não, que nada a faria participar de uma brincadeira irresponsável como aquela, que nem as amigas deveriam cogitar aquilo. Mas no momento em que abrira a boca para dizê-lo, sentira uma mão sobre seu ombro. A ruiva virou-se e se deparou com Louis.

– Oi, Lily! Que bom te encontrar aqui. – ele a cumprimentou com seu melhor sorriso.

Enquanto Louis cumprimentava as outras três, Lily simplesmente sentira que seu corpo congelara. Ai meu Deus, o que eu faço?

– Louis, você e o pessoal do último ano fizeram um ótimo trabalho! – Anita quebrou o silêncio que subitamente dominara a roda. – O Salão ficou muito legal!

– Obrigado, Anita. – Louis agradeceu, educadamente. - Bem, eu vim aqui para roubar a Lily de vocês um minutinho. Você pode vir comigo, Lily?

Lily ainda se sentia congelada, exceto por suas bochechas, que estavam em chamas. Olhou para as amigas e as três lhe lançavam o mesmo olhar indiscutivelmente incentivador e animado.

– Lily? - Alice a chamou para a realidade.

– V-vamos, Louis. - Lily finalmente conseguira pronunciar alguma coisa.

Ele ofereceu-lhe sua mão e ela a aceitou prontamente. Anita, Lorens e Alice se entreolharam sorridentes. O casal já estava pronto para sair, mas Lily hesitou. Virou-se para as amigas e disse, baixinho:

– Estou na aposta. – e deu-lhes uma piscadinha marota antes de seguir Louis.

–--

Frank Longbottom bebera mais um gole de whisky de fogo. Disfarçadamente, ele assistia à Alice conversar com Anita e Lorens a alguns metros de distância, enquanto Bellatrix Black falava sem parar. Alice parecia ótima, talvez porque ainda estivesse saindo com o cara sobre o qual Bellatrix havia lhe contado.

– ...sua casa ou para a minha? – Bellatrix perguntou, jogando os longos cabelos para trás.

– Não ouvi sua pergunta, Bella. Pode repetir? – Frank perguntou, voltando à realidade.

Bellatrix revirou os olhos impacientemente e repetiu:

– Hoje à noite nós vamos para a sua casa ou para a minha?

– Para a minha.

A morena cruzou os braços e uniu as sobrancelhas no centro de sua testa, demonstrando estar contrariada.

– Até quando você vai ficar com essa frescura? A Alice já está em outra faz tempo, Frank!

– É melhor assim, por enquanto. Você sabe disso, Bella.

Ela revirou os olhos, irritada. Frank a envolveu em seus braços e a beijou. A morena rapidamente aprofundou o beijo, segurando-o por sua nuca. Se alguém perguntasse a Frank qual era o tipo de relacionamento que ele e Bellatrix Black tinham, ele não saberia ser exato. Mas uma coisa era fato: após ter pensado em oficializar um namoro com Alice, mesmo depois de tanto negar a ideia, cogitar a mesma possibilidade com outra pessoa parecia menos difícil. E mesmo Bellatrix não sendo a mulher de seus sonhos, Frank não podia negar que, fisicamente, a atração entre eles era grande.

– Ca-ham. Frank?

Frank e Bellatrix se soltaram, ofegantes. Era Peter Pettigrew, um pouco sem jeito.

– O que foi, Pete? – perguntou Frank.

– Você por acaso viu o Sirius, o James ou o Remus por aí?

Bellatrix torceu o nariz, enquanto Frank olhou a sua volta, a procura dos amigos mencionados.

– Não vi.

– Se você os vir, avisa que eu estou procurando por eles! - e o rapaz baixinho saiu, arrastando os pés.

– Nossa, eu detesto esse idiota. – Bellatrix comentou, assistindo-o se afastar.

– É impressionante como ele vive correndo atrás do Sirius, do James ou do Remus.

– Esse Pettigrew é um idiota total. Agora vamos beber outra coisa, Frank! Venha.

–--

James não quisera perder muito tempo com Sarah, receando que ela interpretasse tudo de forma equivocada e achasse que eles poderiam voltar a sair frequentemente, como acontecera poucos meses antes. A morena o acompanhara em outra dose de whisky e entendera perfeitamente que ele não passaria a festa inteira com ela quando suas amigas vieram cumprimentá-la e ele a incentivou a aproveitar o resto da festa com elas. Dentre as amigas de Sarah estava aquela ninfomaníaca da Pamela Winsley, o que fez James querer ainda mais se distanciar daquele grupo.

Ao deixar Sarah de lado, James foi sozinho pegar mais uma dose. Àquela altura o moreno já sentia os efeitos do álcool correrem por sua corrente sanguínea, mesmo que sutilmente. Passando pela pista de dança, foi abordado por um Sirius Black quase desesperado.

– James, onde você estava? Você tinha dito que ia me ajudar, já é quase meia-noite e a Justine já deve estar me esperando!

James havia se esquecido completamente do que o amigo tinha lhe pedido. Mais adiante, avistou Marlene dançando animadamente com Helena. Remus, timidamente, tentava acompanhar as duas, que riam e se divertiam com suas tentativas.

– E por que você precisa de mim para dar um sumiço? - James questionou, confuso. - Está esperando o quê para ir embora daqui?

– Ok, eu vou sair agora. Invente que eu fui ao banheiro ou qualquer coisa assim e não deixe ela chegar perto das escadarias, entendeu?

Mas a música estava muito alta e James havia se distraído ao ver uma bela jovem passar por eles, olhando-o intimidadoramente.

– Hã? Desculpe, não ouvi.

Sirius revirou os olhos e bufou.

– Invente para ela que eu fui ao-

– Sirius, venha aqui! - Marlene surgira ao lado dele e puxou-o pelo braço, animada.

E o rapaz se deixou levar por ela e novamente se viu na antiga rodinha, a qual agora também contava com um James meio perdido. Sirius simplesmente não conseguia acreditar em seu azar, por que ele simplesmente não conseguia dizer à Marlene que já voltaria em breve e saía dali? Enquanto pensava e dançava mecanicamente, Sirius entornou sua garrafa de cerveja e finalizou-a de uma vez. Quantas já havia tomado? Aquela era a quarta, ele tinha certeza. Ou quase. Ouviu James dizer qualquer coisa sobre ir buscar mais bebida. Ótima ideia.

Após alguns minutos de uma dança sem sentido ao som de uma música eletrônica também sem sentido, Sirius encontrou Justine perto dali, olhando-o com curiosidade. Ela acenou, indicando que estava se dirigindo às escadarias. O moreno verificou se Marlene estava distraída e indicou-a à Justine com a cabeça, a fim de lhe mostrar que ele não poderia segui-la naquele momento.

Justine franzira o cenho e começou a andar na sua direção. Sirius desviou o olhar, receoso por Marlene, mas ela aparentava estar compenetrada em dançar com Helena. Justine parou ao lado dele, fingindo ter acabado de encontrá-lo e, como se estivesse cumprimentando-o casualmente, sussurrou em seu ouvido:

– Até quando você vai ficar brincando de namoradinho com essa daí?

E se afastou, em direção às escadas. James, que havia acabado de voltar segurando dois shots de tequila, um em cada mão, comentou, surpreso:

– E aí, cancelou tudo e ela ficou brava?

– Mas é claro que não.

E então os dois realizaram o ritual da tequila rigorosamente: lamberam o sal em suas mãos, entornaram-na e chuparam o limão após beberem. E, assim, assinalaram um contrato telepático de que, a partir daquele momento e após já terem bebido consideravelmente, permitiriam que os efeitos inebriantes do álcool agissem por eles.

– Você não pára de beber, não é, Sirius? - Marlene disse, fingindo estar séria.

Sirius lhe lançou um sorriso encantador e a puxou para dançar. E também não demorou muito para que James começasse a flertar com uma garota que dançava ali por perto. Sirius consultou o relógio e arregalou os olhos.

– Eu preciso ir, James. - Sirius interrompeu o amigo com a garota, preocupado. As pessoas a sua volta estavam consideravelmente mais embaçadas e a música ecoava em sua mente, parecendo distante.

Cansado de ver Sirius se remoendo e lhe pedindo ajuda a cada cinco minutos, James finalmente percebeu que o amigo estava, na verdade, sem coragem de mentir para Marlene.

– Você tem certeza de que quer isso? - James perguntou.

– Claro que tenho, James.

James compreendeu, então, que Sirius precisava que alguém mentisse para Marlene em seu lugar. Portanto, ele deixou a garota com quem flertava completamente de lado, sem se despedir, deu alguns passos até Marlene e teve que dizer, bem perto de seu ouvido, para que ela conseguisse ouvi-lo:

– Lene, o Sirius não está passando muito bem, acho que o estômago dele não aceitou bem a tequila.

– Ele quer vomitar? - Marlene arregalou os olhos de preocupação.

– Sim, vou levar ele ao banheiro. Fique aqui, assim que ele estiver melhor, nós voltamos, ok?

– Você não precisa de ajuda?

Sirius assistia aos dois conversando, perguntando-se o que James estaria inventando. Sentiu alguém esbarrar nele ao passar e tal empurrão quase o levou ao chão. Foi só então que ele admitiu para si mesmo que estava consideravelmente embriagado.

Marlene assistira a Sirius quase perder o equilíbrio, apreensiva.

– Não se preocupe, Lene. - James a tranquilizou. - Ele vai ficar bem.

A jovem confirmou com a cabeça, chateada. Helena viera perguntar o que estava acontecendo e, enquanto Marlene começava a se explicar, James virou-se para sair da aglomeração de pessoas da pista de dança, puxando Sirius pelo braço.

– Você precisa vir comigo até o banheiro, a Marlene deve estar olhando.

Sem olhar para trás, Sirius o seguiu. Entraram no toalete masculino apenas por precaução.

– Eu inventei que você estava precisando vomitar. Depois vou dizer à ela que você voltou para casa. - James explicou. - Você tem certeza mesmo de que você quer fazer isso, não é?

– Eu já falei que sim, mas que saco, James! - Sirius já estava se irritando e estava consideravelmente atrasado. - Eu preciso ir agora.

– Então você está ciente de que, na segunda-feira, essa festa vai ser o assunto e o que você fez nela também. A Marlene vai descobrir tudo, até porque ela mora com a Sarah, que é amiga da Justine! Você sabe que as mulheres falam demais.

Sirius ficou pensativo por um momento, mas isso não o fizera mudar de opinião. James tinha razão e ele precisava de um plano B. Coçou a parte de trás da cabeça, procurou ideias em seu cérebro, mas pensar parecia tão difícil com o ambiente girando sem parar... Olhou atentamente para James, começando a esboçar alguma coisa.

– O que você acha da Marlene? - Sirius perguntou, com dificuldade de articular as palavras com plena clareza.

James estranhou a pergunta.

– Como assim?

– Você acha ela legal, sei lá, bonita, gostosa?

– Claro, mas por quê?

– Então dê um jeito de pegar ela hoje. – Sirius decidiu, simplesmente.

– O QUÊ?

Sirius já havia planejado tudo.

– Se você der um jeito de ficar com ela hoje à noite, então, mais tarde, quando ela descobrir sobre a Justine, ela não poderá terminar comigo. Entendeu?

– Eu só não entendo por que você faz tanta questão em continuar saindo com a Marlene se não quer ser monogâmico.

– James, meu caro, eu e ela jamais falamos sobre sermos exclusivos. - Sirius abriu um sorriso quase maldoso. - Portanto, tecnicamente, eu não estarei fazendo nada de errado. E como eu estou gostando de sair com ela, preciso garantir que nosso status não vá mudar por causa de uma festa sem importância.

James balançou a cabeça negativamente.

– Bem, então invente outra coisa, Sirius. Eu não posso te ajudar nesse caso.

– Mas por que não?

– Você não percebeu que você gosta dela? Eu não vou dar em cima da mulher de quem você gosta. Além disso, você está muito bêbado, ou seja, não faz ideia do que está falando!

– Eu não namoro a Lene, James. – Sirius insistiu. – Não se preocupe porque, mesmo nesse estado, eu estou muito consciente. Você tem a minha permissão.

Em seguida, Sirius soltara uma gargalhada embriagada, enquanto o amigo abrira um sorriso divertido.

– Você enlouqueceu. – James concluiu.

– Pare com o drama, James. Eu sei que isso não vai ser sacrifício nenhum para você.

O fato era que Sirius tinha razão e James estava começando a pensar no caso. Marlene era consideravelmente amiga de Evans e talvez aquilo pudesse mexer com a ruiva. Ele parou para pensar e descobriu que nunca havia saído com qualquer mulher com a qual Evans realmente se importasse. E quando James se deu conta do que estava pensando, xingou-se mentalmente. Acho que bebi demais.

– Ok, Sirius. - James finalmente concordou. - Então espere dois minutos para sair daqui depois que eu sair. Vou levar a Lene para os jardins, bem longe de onde você vai encontrar a Justine e as outras.

Sirius esticou a mão direita, com um meio sorriso. James a apertou.

– Qualquer coisa, me mande uma mensagem. - Sirius disse, ainda segurando a mão de James. - E não abuse dela. - acrescentou, antes de soltá-la.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente, o que acharam?
James está meio perturbado com os novos pensamentos, não é? Lily parece estar mesmo pensando em voltar com o ex, já Sirius não sabe bem o que quer da vida...

Não sei quando poderei postar o próximo porque tenho provas e trabalho para entregar nessa semana... Mas farei o possível!

Muitos beijos,
Carol Lair