O Amor Nunca Foi Tão Doce escrita por Tiago P Pereira


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês! Agradeço de coração todos vocês que estão acompanhando e gostando da história. Sério, obrigadão, vocês são muito legais!



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Finalmente sexta. Uma sexta-feira calorosa. E isso é uma novidade, finalmente é possível ver o céu azul de São Paulo. O pior dia para conversar com Lysandre, então. Estaria com o rosto todo oleoso e brilhante. Não poderia faltar o suor. E como poderia ser previsto, ele trajava uma roupa diferente, que desse mais liberdade a ele, pois suas roupas vitorianas poderiam ser usadas apenas em lugares com o clima europeu. E para me aproximar dele, inventei uma desculpa fajuta que acabou me ajudando bastante.

“Olá, com licença. O time da escola tá precisando de alunos novos, você se habilitaria?”

“Olá... Me desculpe, mas, infelizmente não posso participar por causa dos horários.”, respondeu ele.

“Ah, entendo...”, na verdade não entendia nada, talvez ele tivesse que ensaiar com Castiel, já que os dois tinham uma banda. “Mas e fazer parte do Conselho Estudantil?”, perguntei.

“Uma proposta interessante, mas digamos que eu não seja um aluno tão exemplar assim. Talvez você devesse falar com o Nathaniel. Me surpreende o fato de ele não ter corrido atrás disso ainda.”

“Nathaniel? Acho que não conheço...”, menti, “Talvez se você falasse com ele por mim.”

“Claro, apesar de eu não conversar muito com ele... Diga-me, qual o seu nome?”, perguntou ele, cruzando os braços e colocando a mão no queixo.

“Ah, nesse caso então, não precisa, eu mesma falo com ele!”, tentei evitar que minha mentira fosse descoberta, mas não consegui.

“Não se preocupe, eu posso fazer isso por você, senhorita...?”, inclinou seu rosto em minha direção com um olhar travesso.

“Camila.”, completei.

“Lysandre, encantado.”, ele pegou minha mão e a beijou em um ato de cavalheirismo. Por um momento fiquei sem ar, completamente derretida por ele e seu olhar travesso e ao mesmo tempo tímido.

Então, resolvi contar a verdade a ele de uma maneira bem discreta, além de saber um pouco mais sobre Castiel, “Esse Nathaniel, por acaso, seria um dos alunos novos?”. Ele assentiu com a cabeça, então continuei, “Ah, sim! Aquele garoto com o cabelo vermelho, certo?”

“Oh, não, senhorita Camila. Esse de qual você fala é o Castiel. Ele e Nathaniel são completamente diferentes! Nathaniel é o loiro. Talvez, por sua aparência, possa saber que ele é o mais responsável.”, senti que, naquele momento, o meu loveômetro deveria ter caído. Ou seja, minha afinidade com ele poderia ter caído alguns pontos.

“Ah! Lembrei! Conheci ele, mas não toquei nesse assunto. Eu havia me esquecido do nome dele, desculpa!”, dei uma risada sem graça, “Então, quer dizer que o Nathaniel é o responsável e o Castiel é completamente o contrário dele?”

“Podemos dizer que sim. Castiel tem um temperamento difícil.”

“Vocês são amigos a bastante tempo? Lembro-me de ter visto vocês dois chegarem juntos no primeiro dia de vocês na escola.”, talvez a pergunta tenha soado um pouco estranha, mas somente para quem pensasse assim. Mas ele então respondeu:

“Sim, somos amigos de longa data.”, uma resposta a qual demonstrou que ele queria me poupar de alguns detalhes, como o da banda. E isso só me fez querer saber mais sobre Debrah, a ex-namorada do Castiel. Ou talvez seja melhor não saber.

Uma conversa simples, porém, bastante interessante, que havia sido interrompida pelo sinal. Era, enfim, hora de estudar. Me despedi gentilmente de Lysandre, dizendo que nos falaríamos mais tarde e então, cada um de nós fomos para os nossos cantos.

Finalmente sexta, um belo fim de semana me aguarda, ficar o tempo todo em casa sem ter nada para fazer. E sem nada para fazer na aula chata de Artes que eu estava tendo, e aproveitei o momento para fazer rabiscos no caderno. Tentei desenhar dinossauros com asas, o que os tornariam pterodáctilos. Mas não, eram tiranossauros com asas. E eles voavam além dos arco-íris, com sangue na boca. Um desenho feito por uma pessoa completamente demente.

Fazia calor, e o tédio só aumentava, foram duas aulas chatas, e só o que me animaria seria o intervalo. E quando o sinal soou, chamei Arthur e Larissa para lancharmos. Eu estava com muita fome, e aquele arroz temperado estava delicioso.

Para botar o papo em dia, contei a eles sobre minha conversa com o Lysandre. Larissa ficou muito feliz pela notícia, e relembrou a conversa dela com ele. Arthur só observava, não tinha muito a falar sobre o assunto. Não era a praia dele. E como fazia tempos que não tínhamos uma conversa legal, perguntei sobre como andava a dieta dele.

“Comecei a dieta do limão, dizem que dá pra perder 8 kg por mês.”

“E você acredita nessas coisas, Arthur?”, perguntou Larissa.

“Claro! A Beyoncé perdeu 10 kg por causa dessa dieta!”, respondeu ele.

“Interessante... E como funciona?”, perguntei.

“Nem queira saber.”, e fez uma cara de misterioso, o que fez com que caíssemos na risada. Foi então que Gustavo apareceu, com um sorriso enorme no rosto e sentou conosco na mesa.

“Saí com a Ambre ontem!”, contou.

“Ah, é? E como foi?”, perguntou Larissa, curiosa.

“Bom, a gente saiu de noite. A gente foi numa sorveteria, apenas. E a gente conversou e tal, ela me contou muitas coisas, que eu acho que não vão ser tão úteis assim, já que vocês querem saber se ela é real. Claro que ela é real, pois eu a beijei.”

Me lembrei do que Nathaniel havia me dito outro dia, o que me fez repensar muito sobre o que eu achava de Gustavo. Não senti ciúmes, nem ódio, é apenas algo de que o corpo humano necessita. Só que o que o Nathaniel disse é verdade, ele não passa de um cafajeste e muitas vezes, as aparências enganam. E Nathaniel sabe muito bem o que é isso.

“Sério?! E então, o que tá rolando entre vocês dois agora?”, perguntou Larissa.

“Ah, depende de vocês. Eu posso levar isso mais à frente, pois, quando eu quero, eu consigo. Vocês sabem, né?”

“Sim, sabemos que você ‘pega’ facilmente qualquer uma e joga fora, assim como todo dia você faz com suas cuecas sujas.”, de boca aberta observei Arthur dizendo isso sério. Fiquei muito surpresa. E na hora Gustavo tirou o sorriso do rosto, totalmente sem graça.

“Engraçado... Com você é o contrário, né?”, retrucou Gustavo.

“Opa, opa!”, Larissa colocou os braços a frente dos dois, pois estavam a tempo de um pular no outro. “Podem ir parando aí vocês dois!”

“É melhor eu sair daqui, o clima tá ficando pesado.”, disse Arthur, se levantando.

“Isso, vai, vai correndo pro colo da mamãe, seu bebezão!”, caçoou Gustavo.

Foi então que me levantei para seguir Arthur, e claro, eu não poderia sair dali sem dizer alguma coisa, “Gustavo, pára de agir feito idiota!”, foi o que eu falei. Ele apenas me olhou e desviou o olhar. Arthur e eu fomos para a sala de aula e nos sentamos um de frente ao outro nas cadeiras.

Percebi que Arthur parecia abalado e, ao mesmo tempo, zangado. Balançava as pernas em sinal de nervosismo e mantinha suas mãos e cruzadas e cabeça abaixada. “Não liga pra ele, Arthur, ele é só mais um idiota!”, falei.

“Ele fala como se fosse o maior ‘pegador’, ele não passa de um idiota.”, disse Arthur. “Ele merece uns bons tapas, não acha?”

“Sim, eu acho.”, eu ri, “E eu percebi o quão idiota ele é há pouco tempo. E pensar que eu estava a ponto de beijá-lo... Seria só mais uma última opção pra ele. E gostei muito do que você disse, achei que você foi bem corajoso.”

“Na verdade eu só queria ficar sozinho.”, ele levantou a cabeça e colocou as mãos em cima das pernas, “Sozinho com você... também.”

“Eu gosto de você, Arthur.”

“Eu também. Gosto muito de você, Mila.”

Quantas vezes dissemos isso um ao outro? E quantas vezes isso foi apenas sinal de amizade? Mas para ele, era só uma maneira de dizer o quanto ele realmente gostava de mim, que sempre me amou. E meus sentimentos por ele, sempre foram tão confusos. Mas eu o amo, ele me entende. Com certeza, o melhor amigo que alguém poderia ter.

Quando as aulas acabaram, surpreendentemente Nathaniel veio falar comigo, todo tímido:

“Camila, você tá livre amanhã? O que acha de a gente ir, sei lá... numa lanchonete?”, ele coçava o cabelo, nervoso.

“Ah, claro, adoraria!”, eu respondi. “A que horas?”

“Que tal às duas?”

“Pode ser!”

“Então a gente se vê amanhã, até!”, disse ele, indo até o ponto de ônibus.

Não pode ser! Nathaniel me chamou para sair e eu aceitei! Isso é estranho, mas tudo bem. O que importa é que isso é perfeito, e eu preciso ir preparada para descobrir tudo sobre ele, e espero que ele também esteja bastante preparado para todas as minhas perguntas.

E tudo isso foi dito em frente aos meus amigos, que também puderam ver junto comigo, o Gustavo conversando com Ambre em frente à escola. Ainda estava cedo para o ônibus chegar, e eles ainda tinha mais ou menos uma hora para conversarem sobre o que quisessem. E nós também. Tanto que nos sentamos novamente no pequeno comércio que fica em frente, o ponto de encontro de quem não tem nada demais para fazer.

Lá presenciamos momentos estranhos, onde Gustavo e Ambre se beijaram. Mas também vimos que Gustavo olhava com frequência em nossa direção, e às vezes, Ambre percebia isso. O que poderia fazer com ela ficasse com ciúmes, já que perto da gente tinham muitas garotas e também, haviam eu e Larissa. Mas era claro que ele olhava para mim. E de vez em quando, marcava Arthur com um olhar de ódio.

Arthur não admite, mas todo mundo sabe que ele tem uma leve inveja de Gustavo, já que ele namorou muitas garotas e Arthur teve muito azar para conseguir namorar uma. E ele nem conseguiu ainda, coitado. Mas eu também, sou um pouco tímida, mesmo não parecendo. Arthur foi o único que me deu coragem para que pudesse namorar, pois durante um tempo gostei dele de verdade, e adorava quando a gente ficava. Agora não é como antes, somos apenas amigos. Só rola algumas cantadas às vezes, e nada mais.

Larissa tem sorte, teve dois namorados, e eles eram super legais. Nunca entendi porque eles terminaram, sempre achei que os dois fossem a alma gêmea dela. Mas um teve que se mudar e o relacionamento à distância não deu muito certo, e o outro terminou porque ele disse que precisava de um tempo. E esse tempo não acabou até hoje.

Mas acredito que o motivo de eles terem terminado foi por causa do temperamento explosivo da Larissa, que ela geralmente têm em relacionamentos. Ela é bastante possessiva, e quando fica com ciúmes, se transforma em um monstro. E eu já vi isso acontecer diversas vezes.

O tempo finalmente passou, e Ambre foi embora. Gustavo normalmente viria até nós, mas ele mudou o percurso e foi para casa. Foi bom ele ter feito isso, pois poderia finalmente evitar as brigas. E depois de tantas conversas e goles de refrigerante, fomos embora.

Em casa, meu havia comprado uma pizza deliciosa de calabresa, meu sabor preferido. Minha mãe preparou o seu delicioso molho de tomate apimentado e nos servimos. Mamãe queria saber as novidades da escola. Ah, haviam tantas... Tantas que ela não poderia saber, muito menos o meu pai. “Tá tudo ótimo.”, falei.

“Só isso? Tudo ótimo, mesmo?”, insistiu ela.

“Só isso. Mãe, o que mais poderia acontecer?”

“Ah, sei lá... Talvez você tivesse algum namorado, não sei.”, disse ela, com um pouco de molhe na bochecha. Só pude ver o olhar de interesse do meu pai, o que me fez ficar com medo.

“Mãe, pára com isso! Não tá acontecendo nada demais, só isso.”

“Tá bom, desculpa. É normal você não querer falar sobre isso na frente do seu pai, eu te entendo, mas a gente precisa conversar. Talvez em outro lugar.”, sussurrou ela.

“Eu estou ouvindo!”, disse meu pai.

“Eu sei, querido. Agora fique quieto.”, ela riu, mas continuou, “Estou falando sério, meu bem. Eu preciso saber mais sobre sua vida.”

Sim, mãe, você precisa.


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Notas finais do capítulo

Ah, como eu amo a treta!



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