Uma Stark, Um Lannister escrita por Izzy Hojou


Capítulo 2
Prologo


Notas iniciais do capítulo

Aqui está. Saindo do forno um capítulo fresquinho! Fiquem à vontade e boa leitura!



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Viu o corvo chegando apenas quando sua sombra pairou sobre o pátio coberto de neve. O Longo Inverno já durava desde muito antes de ela nascer, quando sua avó Arya ainda servia ao Deus Sem Rosto. E em Winterfell parecia rigoroso demais. Até o bosque sagrado com suas águas escaldantes parecia congelado. Lyannia sempre ia até lá para ver o represeiro em sua resplandecente manta alva de neve e gelo, mas agora preferia ajudar meistre Wolemon com as cartas. Ao ver a ave negra pousando na torre do meistre, a jovem correu desajeitadamente pelo pátio, as botas de couro quebrando ruidosamente a neve congelada no caminho. Ao chegar em frente à porta do aposento, ouviu se pai conversando com o Meistre.

– Reunião das Casas Antigas e Novas? O que Barristan vai querer de nós a esta altura?

– Deixe-me terminar de ler, senhor – e o velho prosseguiu enquanto sua voz durou. Quando Lyannia notou que a voz sumira, entrou no quarto.

– Posso terminar de ler? – ela interveio. O meistre acenou que sim com a cabeça, sentou-se e bebericou de um copo com água, não sem antes entregar a carta à jovem. O pai franziu o cenho.

– Escutando atrás de portas, Lyannia? Dê-me aqui, eu termino.

Olhando a filha de soslaio com olhos frios como cinzas, Brandon tomou a carta e a leu por si. Tratava-se de uma reunião extraordinária, a que o rei denominara Reunião das Casas Antigas e Novas. Seria uma grande assembleia para que fossem feitos os últimos arremates em relação ao término da guerra: novos impostos, novas leis, o término da reedificação de fortes, castros, castelos e pontes, e o registro das novas famílias e das famílias extintas.

Lyannia logo se agitou. Era a filha mais velha do filho mais velho de sua avó Arya; com certeza iria com o pai. Tinha de ir. Já havia completado vinte dias de seu nome e aprendera muito acompanhando o pai durante a reconstrução de Winterfell. Fora com ele visitar os vassalos e a família da mãe, ajudara a receber convidados de honra e até ficou no lugar do pai enquanto ele estivera fora. Agora iria finalmente conhecer o Trono de Ferro e a Fortaleza de Sangue, a herança dos Antigos Targaryen para os Novos Targaryen.

Brandon fitou a filha de soslaio mais uma vez. A animação dela era evidente. Revirou os olhos e suspirou pesadamente, sorrindo torto em seguida.

– Pode ir falar com Gorik. Peça que a partida esteja pronta para antes do alvorecer – ele mal teve tempo de endireitar a espinha. Lyannia pulou em seu pescoço e encheu o rosto do pai de beijos, correndo pela escadaria em seguida.

Dois ou três degraus de cada vez era o que ela pulava, com as saias de seda violeta esvoaçando pelos archotes e pelas paredes de granito. Quase caiu no último lance com um vacilo para a frente, mas tocou o chão com a mão e se endireitou. Seguiu então pelo pátio encarpetado pela neve até a sala comum, onde sabia que o veterano de guerra e intendente do pai estaria.

Ao entrar no longo salão, ouviu gargalhadas e o rugido do intendente. Gorik devia estar perto dos sessenta, mas tinha em meio aos cabelos castanhos apenas uma mecha cinza-clara pendendo sobre o olho. A voz era forte e ecoava com facilidade. Era fácil distingui-lo do resto dos homens do pai também por estar sempre vestido em uma capa de veludo cinza debruado de arminho, com a placa de peito reluzindo ao menor sinal de luz, assim como o machado de ouro em miniatura que segurava a capa. Estava tão à vontade que não se importou em não vestir cota de malha naquele dia.

– Sor Gorik! Meu pai ordena que organize uma comitiva com os melhores homens para que sigamos ao amanhecer para Porto Real. Recebemos um corvo de Vossa Graça para uma reunião extraordinária, portanto devemos estar partindo logo – a jovem tinha altivez e cortesia na voz, e um sorriso zombeteiro nos lábios finos. O coração palpitava, e logo a garota perdeu a pose, sentando-se junto aos homens e pedindo algo pra beber, furtando um naco de queijo do prato do intendente.

– O que fazem olhando para mim? – o velho bradou enquanto olhava docemente para Lyannia – Vão logo! Lorde Brandon Stark não espera, quão menos sua filha! – todos saíram em disparada, mantos e capas turbilhonando ao vento com os movimentos bruscos dos homens. A Stark sorriu e se levantou, acompanhando Sor Gorik até a saída.

– Estou ansiosa para conhecer Porto Real – ela exclamou, com olhos que sorriam sem precisar dos lábios. Enquanto andavam até os estábulos, a jovem ria, com a respiração em uma névoa branca junto do rosto. As mãos balançavam de um lado a outro enquanto se lembrava das histórias que a avó contava sobre a guerra e sobre como tudo terminou. Nymeria abriu a garganta de centenas dos Lannister, enquanto eu passava por entre as pernas de cavaleiros e cavalos arrebentando-lhes tendões e músculos das pernas com a Agulha. Um homem me puxou pelos cabelos, e eu o acertei no olho esquerdo. Quando puxei a Agulha para me libertar, o olho estava lá, espetando e me olhando. Foi nesse momento que o berrante do Terror dos Gigantes soou do alto da colina de Vysenia. Aquele velho. Foi por causa dele que o Jon morreu... bem, todos os guerreiros da Rainha Daenerys saíram correndo para as florestas, deixando os homens de Cersei desbaratinados. Olhei para os céus enquanto corria. O meio-dia desaparecera em um piscar de olhos e nesse mesmo intervalo de tempo retornara. A Rainha estava montada sobre o lombo de Drogon, e ele soltava rajadas de chamas negras como as de seus ancestrais, sobre os homens em carmesim dos Lannister. Viserion e Rhaegal vinham logo atrás, cobrindo a retaguarda. Quando por fim a fumaça se desvaneceu, subi em um pinheiro e cheguei até seu topo, visualizando a Rainha em pé sobre o Trono de Ferro. As espadas retorcidas estalavam e soltavam fumaça, mais vermelhas do que o manto Lannister. Mais vermelhas do que sangue ou a luz da alvorada. Foi de lá, com os três dragões em torno dela como se fossem apenas um, que a nossa Rainha levantou a Garra da Besta e reclamou o trono para a Casa Targaryen.

A lembrança se desvaneceu aos poucos, e logo ela estava ouvindo cavalos, carroças, aço e gritos. Logo ela iria para Porto Real.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham apreciado a leitura :)



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