When In Paris escrita por Kamila Monteiro


Capítulo 4
Capítulo 4




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– David! – ela deu seu belo sorriso de canto ao dizer meu nome.

Eu não estava crendo que ela estava ali, eu morto de vontade de ligar pra ela, mas sabendo que não poderia, e então, Deus a coloca em meu caminho mais uma vez, Ele sabe mesmo o que faz. A amiga com quem ela conversava olhou pra mim e depois pra ela, mas Mariana parecia nem notar mais a presença da outra garota ali.

Naquela noite Mari me contou sobre o seu não-casamento, que havia sido noiva de um tal Rodrigo durante seis anos e que no dia do casamento recebeu um vídeo em que ele a traía com uma de suas melhores amigas e madrinha de casamento. Passamos horas conversando a sós numa mesa isolada na varanda de cima do restaurante. Eu pude perceber o quanto ela era transparente quanto aos seus sentimentos e quanto a quebra de confiança de duas pessoas que ela amava, a decepcionavam e a tornavam frágil.

Após aquela noite, eu tive coragem de ligar pra ela, e acabamos nos aproximando. As vezes nos encontrávamos, um café, uma noitada entre amigos, essas coisas, inclusive Thiago começou a azarar uma das amigas dela, o que eu achava o máximo porque ela e a amiga eram inseparáveis, e quando o Thiago saía com ela eu podia ir junto pra que Mari não ficasse de vela. E bem, não custava nada unir o útil ao agradável não é mesmo?

Com o passar dos meses posso dizer que nos tornamos realmente amigos. Eu acompanhava seu esforço para superar tudo o que havia acontecido envolvendo seu “quase-casamento”, e até havia contado pra ela sobre meu namoro desastroso à distância com uma dinamarquesa ciumenta que eu preferia esquecer, coisa que eu não comentava com quase ninguém.

– Sabe, as vezes eu não entendo muito bem o que foi que deu na cabeça do Rodrigo para trair você. – comentei enfiando minha mão no saco de pipocas.

– Sexo. – respondeu dando de ombros. – Você homens têm uma fissura nisso, parece que a força vital de vocês se esvai se tiverem que esperar a hora certa. – completou.

– Oh! Não me coloque neste meio aí! – a repreendi – Eu sou um rapaz de Deus, sexo só depois do casamento.

Ela me olhou com os olhos arregalados o que me fez rir. – Você não ta falando sério! – disse me empurrando enquanto ria.

– Não! – respondi – Mas tem que rolar uma confiança né, não é assim tipo sair com qualquer uma. – expliquei.

– Sei. – comentou voltando a olhar a tv.

– É sério! – contestei – Prefiro um milhão de vezes transar com uma amiga que eu já conheço e confio, do que com qualquer mulher em balada. – expliquei.

– A sua cara de pau é sem limites sabia?! – indagou rindo.

Eu deixava claro que ela me atraía, e muito. Fazia questão que ela soubesse o quanto mexia comigo, mas também a respeitava, ela era muito forte e tinha uma personalidade meio indomável, não me sentia confortável para bancar o macho alfa com ela. Até porque, suspeito que se tentasse, a magia acabaria ali. Queria que me admirasse e respeitasse, como eu fazia em relação a ela.

Certa vez a chamei para jantar lá em casa, sem avisar a ela é claro, que meus pais estariam lá. Obviamente que foi como amiga, mas os velhos sabiam do meu interesse por ela.

– Eu não acredito que você me apresentou aos seus pais! – comentou na portaria do prédio em que vivia. – Nós somos apenas amigos!

– Sim, e por isso mesmo achei que meus pais deveriam conhecer minha melhor amiga. – expliquei dando uma piscadela.

– Eu não sou boba, David! Não gosto quando me subestima!

Era incrível como ela era perspicaz e percebia tudo, eu achava essa uma das melhores qualidades dela. Ela era inteligente e tão sutil e sensível a tudo o que a rodeava que muitas vezes eu me surpreendia com a reação dela às minhas ações.

– Você sabe o que sinto por você, não me culpe por querer que você faça parte de todas as instancias da minha vida! – confessei.

Ela pôs seus braços ao redor do meu pescoço e encostou nossas testas me olhando firme nos olhos disse: - E você sabe que eu correspondo. E também sabe que preciso de tempo. Sabe o quanto tem sido difícil em relação ao Rodrigo e à Vanessa, eu ainda sou obrigada a conviver com eles todos os dias, com essa humilhação e decepção me assolando dia e noite...

– E também sei que é só quando está comigo que isso perde a importância. – interrompi.

– Sim! – confirmou – Mas não quero te usar como uma válvula de escape, David. Eu quero estar com você, mas quero estar por inteiro, sem nenhuma ferida aberta.

Eu a entendia, e me sentia infinitamente bem por ela me valorizar ao ponto de reprimir o que sentia a fim de fazer as coisas do jeito certo para o meu bem. Mas ao mesmo tempo eu queria ficar com ela, queria mostrar a ela o quanto eu era capaz de torna-la a pessoa mais feliz do mundo, eu queria curá-la, mas ela queria fazer isso sozinha.


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