Era no Tempo do Rei escrita por BloodyMah


Capítulo 3
O Ataque no Festival - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá? Tem alguém aí???

Pois é, nem adianta eu começar a me explicar, falando que a faculdade tava puxada, que a inspiração faltava, pq vcs já sabem disso tudo e só querem que eu pare de lenga lenga e coloque logo esse cap né?! Pois que assim seja!

Só quero deixar bem claro que, por mais que eu demore pra postar o cap, eu nao vou abandonar essa nem qualquer outra fic minha, ok? ok.

Boa Leitura!



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Os quatro piratas esperavam silenciosamente por entre as árvores próximo à estrada. Atentos a qualquer barulho suspeito, aguardavam a hora certa para colocar o plano em prática.

– G, a senhora não disse que ia entrar junto com os nobres? Já está quase na hora da entrada dos plebeus – sussurrou Diego.
– A gente vai entrar com os nobre nos urtimos instante, e sair quando os plebeu tiver entrando – ela respondeu, não deixando de olhar a estrada – Os guarda vão ser pouco quando nóis chegar, e provavermente vão estar na troca de turno; quando tivermo escapando, o monte de gente no salão vai ajudar a se misturá. Por isso nóis vai ter que entrar no tempo certo, D. Entendeu?
– Entendi, senhora.

Quando estavam atacando os nomes nunca eram ditos em voz alta, somente as iniciais, para que ninguém pudesse delatar aos oficiais qual pirata havia atacado. Mais uma das brilhantes ideias de Gina.

Ouviram um barulho de cascos pisoteando a terra e de rodas não muito bem lubrificadas, rangendo a cada volta dada. Gina abriu um pouco mais a folhagem que a camuflava, tentando verificar quem estava se aproximando. A carruagem não era das maiores, outras muito mais bonitas haviam passado antes. Na frente, a bandeira do condado revelava a quem pertencia.

– Ora, ora – cochichou ela – Os barões de Valíria por cá? Sabe de uma coisa, acabei de lembrar que ieu tenho que trocar uma palavrinha com eles. Ocê pode pedir, por gentileza, que eles cedam um pouco do tempo deles, J? – ironizou, chamando o comparsa.
– É pra já! – disse ele.

Juca pulou de onde estava escondido e atacou o cocheiro com um golpe na nuca, deixando-o desacordado. Puxou os freios dos cavalos. Abriu a porta da carruagem e puxou os dois ocupantes para fora sem qualquer cuidado. Eles já haviam começado a gritar por ajuda, quando ele apontou a espada para os dois, pedindo silêncio com um dedo sobre os lábios. Assustados, fizeram o que ele pediu.

Gina, Zelão e Diego, quando viram que tudo estava sob controle, saíram também, indo para onde Juca havia parado o veículo.

–“ Um barão e uma baronesa entram no baile”... Parece inté começo de piada sem graça, num acha Z? – disse ela, irônica como sempre era durante os ataques, se aproximando.
– Tão certo como sem dúvida, G.

Juca entregou a espada para a capitã que observava as três figuras no chão, com as mãos amarradas, olhando aterrorizados para ela.

– Ocês tavam indo pro baile do rei? Ara... Ieu acho que ocês tão muito mar vestido pra entrar no castelo – disse, fazendo uma cara triste.

Com a ponta da espada ela cortou partes do vestido da baronesa, que dava alguns gritinhos de horror abafados, e do colete e calças do barão.

– Tão vendo. Seria uma vergonha se apresentar pro rei desse jeito! Shh – disse ela, inclinando-se para a baronesa, que começava a chorar escandalosamente – Ieu disse que era pra fazer silêncio, não disse? – ela falou, ríspida, apontando a espada para a garganta dela – Acho que ocê num me orviu direito com essas brincos enorme nas orelhas – ela arrancou os brincos de ouro da baronesa com um puxão, fazendo-a guinchar baixinho de dor.

Gina colocou os brincos na frente das próprias orelhas e se virou para os amigos.

– O que acham? É... Tumém não gostei muito. Pode ficar, J – e jogou os brincos para ele, que pegou com as duas mãos, sorrindo pela regalia – O que disse? Que eu posso ficar com o colar tumém? Mai é muita bondade! – disse ela irônica, fingindo que a baronesa tivesse dito algo. Mais uma vez, puxou com força a joia do pescoço dela, arranhando a nuca da mulher – É de ouro? – a outra apenas acenou que sim com a cabeça – Gostei desse. O que acham, rapazes?
– Muito bonito! – disse Zelão, rindo. Ele se divertia muito quando Gina caçoava dos nobres.
– Tumém achei. Combina muito comigo! Mai acho que não com esse vestido, já tem coisa por demais. Segura esse tumém, J. Mas o colar é meu – ela jogou novamente.
– Oia G, acho que esse aqui quer falar arguma coisa – disse Zelão, apontando para o barão.
– Ah, é? Pois diga.

Ele apenas tremeu a cabeça, com a boca apertada, com medo de dizer qualquer coisa. Olhava de canto a esposa, que se desabou em lágrimas silenciosas, com o pescoço e orelhas vermelhos de onde Gina havia puxado os adornos e o rosto quase roxo por estar segurando a respiração para não chorar abertamente.

– O que? Ieu posso ficar com o seu chapéu? Ieu agradeço! – disse Zelão, imitando a outra na maneira de falar com os nobres. Pegou o chapéu do barão e colocou na cabeça – O que acha, G?
– Não ficou muito bão – disse com a mão no queixo – Parece meio estúpido, na verdade.
– Tenta ocê, D – e atirou o chapéu para o outro, que colocou em si – Ah, ficou mió!
– Mió mermo! – concordou Gina – Agradecida pelo presente, barão.
– G, acho que o cocheiro disse arguma coisa, tumém – apontou J para o rapaz ao fundo, que já tinha acordado do golpe que levara.
– Não se acanhe, pode dizer. O que? A carruagem?! Ara, mai é muita generosidade da sua parte! Ieu agradeço por demais!
– Nóis tivemo muita sorte de trombar com gente tão generosa assim, num acha, G?
– Pode apostar. Foram mermo muito amáveis. Prometo que vamo recompensar ocês quando nós vorta... Craro, se ocês se comportarem. Ocês vão se comportar? – ela perguntou, bem próxima aos três, colocando a espada na frente do rosto de cada um. Todo concordaram com a cabeça – Muito bem. J, ocê fica aqui de oio neles. E ieu acho que ocê pode fechar a boca da baronesa... Ela fala por demais.

Gina devolveu a espada para Juca,que foi logo levando os capturados para trás das árvores, longe da estrada. Diego tomou o lugar do cocheiro, vestindo as roupas que haviam retirado dele, enquanto a capitã e o imediato entraram na carruagem, tendo uma certa dificuldade, pois o vestido dela havia ficado preso na porta. Mais um motivo para Gina odiar aqueles vestidos enormes.

A lua começou a aparecer, timidamente, enquanto o céu ia mudando de tom, indicando que estava na hora exata de partirem para o castelo. Até agora, tudo corria como deveria ser.

**

– E todos viveram...
– Felizes para sempre! – as crianças completaram juntas.

Juliana ria pela alegria das crianças todas as vezes que terminavam uma história. Ela ia parando de tempos em tempos para explicar algumas coisas que ela julgava necessária, bem como algumas palavras chaves dos trechos. Ela pegava papel, pena e tinta de uma taberna próxima e mostrava para eles como escrever aquelas belas palavras; depois, pedia para alguns tentarem copiar as palavras que ela havia escrito, escolhendo diferentes crianças para que todos tivessem a chance de aprender.

– Muito bem! – ela batia palmas, alegre – Vocês estão melhorando muito, pelo que eu posso ver aqui! – ela passava os olhos pelos escritos – Bom, já segurei vocês bastante tempo. Podem ir para casa se arrumar, e nos vemos no baile!
– Até mais tarde! – eles se despediram.

A princesa se levantou da fonte, respirando fundo. Por mais que quisesse ficar para sempre com aquelas crianças, sentada, lendo e ensinando, tinha que enfrentar o que esperava por ela no castelo.

Ela pegou as coisas que havia pedido emprestado e foi em direção à taberna para devolver. Ao entrar, diversos olhos dos homens que ali estavam se voltaram para ela, muitos não a reconhecendo a primeira vista, mas assim que descobriam de quem se tratava logo desviavam os olhares, retornando para a conversa de antes.

Andou todo o caminho com muita segurança e cabeça erguida. Já estava acostumada com aquele tipo de gente naquele local, e não se amedrontava. Foi até o balcão onde o dono do estabelecimento estava, secando algumas canecas.

– Agradeço novamente pela tina e pela pena, senhor Giácomo.
– Não há di que, alteza – respondeu ele, cordialmente, com um sotaque de uma terra distante – A signora non vai se arrumare para a festa?
– Vou sim – ela suspirou – Só não queria abrir mão da minha tarde com as crianças. Elas são a minha prioridade – sorriu – Até a semana que vem.
– Até – ele se despediu.

Juliana saiu da taberna, indo o mais vagarosamente que podia de volta ao castelo. Provavelmente, a essa hora, o príncipe de Terranova já deveria ter chegado e estava a sua espera. Como ele seria? Será que um dia poderia amá-lo?

Deveria tirar essa palavra da cabeça. Amor. Este era o único luxo que ela nunca iria possuir. O amor, a possibilidade de escolha, era apenas destinado àqueles que possuíam um bem que ela muito ouvia falar, mas nunca definitivamente conhecera: liberdade. Desde criança viveu entre as muralhas do castelo, cercada de criados e guardas, prontos para protegê-la de qualquer coisa. Um pouco mais velha teve permissão de aprender a usar um arco e flecha, mas nunca pode sair para caçar. Claro, aquele não era o papel de uma dama, muito menos de uma princesa, mas Juliana ficava imaginando como deveria ser a sensação de correr, por meio às arvores, em busca de algum alvo. Agora adulta, não podia escolher com quem deveria se casar. Por fim, ela compreendia que mesmo sendo tão afortunada em ter vivido no palácio, com joias, vestidos, criados, ela nunca fora livre. E nunca seria.

Em pouco tempo conheceria seu noivo. Noivo. Ela repetiu a palavra para si mesma algumas vezes para tentar se acostumar com a ideia, mas não surtiu o efeito desejado. Juliana não conseguiria amar alguém a força. O amor deveria vir dela. De fato, ela nunca havia encontrado alguém que fizesse seu coração pulsar de maneira descompassada, que causasse arrepios nela toda vez que o visse, mas ela realmente duvidava que esse estranho de quem ela nunca tinha ouvido falar pudesse causar-lhe esse tipo de sensação. De qualquer forma, não podia recusar. Teria de aprender a conviver com ele, e tentaria o máximo para que essa convivência fosse a melhor possível, afinal, era só o resto de sua vida que estava em jogo.

O céu ia gradativamente se tornando alaranjado. Com certeza o pai brigaria com ela pelo enorme atraso, mas ela não ligava. As ruas estavam desertas, certamente por todos estarem em suas casas se arrumando para o baile. Juliana podia ouvir algumas conversas apressadas e silhuetas de mulheres se adornando, tentando aparentar o seu melhor. Ela sorriu sozinha. Todos queriam entrar no castelo, e ela só queria sair.

Ela parou por um instante e olhou para trás. Poderia jurar que havia ouvido alguma coisa se movendo por detrás dela. Talvez fosse apenas algum animal. Deu de ombros e continuou sua pacata caminhada.

Ou teria. Dois homens, mal vestidos e com uma barba rala apareceram em sua frente. Um deles foi logo tapando a boca dela para que não gritasse e eles não fossem denunciados. O outro ria do desespero da garota. Ficou um tempo encarando o rosto dela, as joias discretas que usava, o vestido refinado. De fato, ela não era uma pessoa qualquer naquele vilarejo. Ela era nobre.

– Olá, boneca! – disse o ruivo – Você é muito bonita sabia disso? – ele passou dois dedos ásperos pelo rosto dela.
– Larga de cavalheirismo, F, amarra logo ela – rosnou o outro que estava prendendo a boca dela, tentando controlar a garota que se mexia de um lado a outro como um peixe, tentando se desvencilhar.
– Calma T. Eu só tava sendo gentil com a moça – e deu uma piscadela para Juliana.

Ele pegou uma corda que trazia no colete surrado e amarrou nas mãos dela, de modo que ela mal podia mover os braços sem que a corda arranhasse os pulsos. Rapidamente, ataram uma mordaça de pano em sua boca, para impedir os gritos.

– A gente num vai fazer nada com você não, meu bem.
– Mas a capitã vai! Com certeza! – ele riu.
– Ela disse pra não sair do navio, nem sequestrar ninguém, mas quando ele vir que a gente prendeu essa nobrezinha aqui, ela vai é ficar feliz da vida com a gente!
– Pode apostar!

Juliana estava assustada, com medo, e sentindo nojo do que estavam fazendo, ou que poderiam fazer com ela. Para onde a levariam afinal?

**

– Mai ieu num sei dançar!
– Craro que sabe, ieu já te ensinei!
– G, isso num vai dar certo – dizia Zelão, colocando o rosto entre as mãos, imaginando o que estava por vir.
– Z... Agora num é hora de discutir nem dá pra traz!
– Tá certo... Tá certo...

A estrada começava a ficar mais iluminada a medida que a carruagem avançava. Gina olhava a altura da lua, calculando quanto tempo tinham para chegar ao castelo antes da abertura total ao povo.

– Gina – Zelão sussurrou – Ocê... Ocê tava falando sério com aquela coisa de úrtima missão?
– Tava Zelão – ela suspirou, ainda olhando pela janela – Mai se ocê num se importa, ieu num quero fala disso agora.
– Tudo bem, num vamo discutir... Vamo repassar o plano? – tentou mudar de assunto, querendo animá-la.
– Vamo! – ela respondeu, sorrindo, se virando para ele – Quando entrar no castelo ieu vou procurar a sala no andar de cima, e ocê...
– Ieu vou convidar arguma moça pra dançar inté ocê vorta – respondeu ele.
– Perfeito. E se arguém perguntar arguma coisa...?
– Ocê responde, eu fico quieto ou falo que num sou daqui.
– Ótimo!

**

– Você está lindo, querido! – elogiava Catarina, ajeitando o fraque do enteado.
– Por fora, devo estar mesmo – ele pensou alto, desanimado.
– Nando...
– Não se preocupe, eu vou ser cortês, educado, simpático... Vou agir como o perfeito pretendente.
– Faça o que quiser, querido – disse ela, cansada – Só não esqueça que a princesa também não tem culpa de nada do que está acontecendo. Pelo que eu ouvi dos criados, ela está tão decepcionada com as ações do pai quanto você.
– Já é um bom começo – respondeu, feliz por ela não parecer uma daquelas princesas esnobes que ele conhecia – De qualquer forma, vou esperar mais um pouco para descer – disse ele, sentando-se próximo a lareira, pegando um livro aberto na mesa de centro.
– Só não demore muito, tudo bem? – ela colocou a mão no ombro do rapaz – Vou terminar de me arrumar, qualquer coisa me chame.

Ele assegurou com a cabeça, observando enquanto a madrasta saia de seu quarto. Não entendia o que ela ainda pudesse acrescentar no vestuário, afinal, o vestido já tinha enfeites o suficiente, bem como os longos cabelos castanhos, presos com diversas flores por todo ele, além dos adornos no pescoço e nas mãos. Mas, se bem conhecia a mulher, ainda ficaria certo tempo em frente ao espelho. Ele sorriu.

Ferdinando não entendia como a madrasta podia aparentar ser tão fantasiosa para com os outros e com ele era extremamente séria e centrada. De fato, ela estava fazendo tudo o que podia para convencer o pai e Rei Victor para anular o casamento, mas era uma tarefa quase impossível e ele entendia.

Ele só queria ser feliz em seu casamento como os pais um dia foram, e agora como seu pai era com Catarina. Ficava feliz pela sorte com que Epaminondas encontrara o amor duas vezes, e ao mesmo tempo se entristeceu por imaginar que não encontraria o seu nenhuma vez.

Levantou-se e tomou uma taça de vinho que os empregados haviam deixado no quarto. Em breve conheceria sua futura noiva.

**

A velocidade da carruagem diminuía a medida que as luzes, vozes e música ficavam mais intensas. Gina começou a ficar nervosa. E se não conseguisse? E se fosse pega? E se a reconhecessem? Antes tão calma, e agora a respiração falhava e o coração pulsava forte.

Zelão percebeu a inquietude e insegurança da amiga. Colocou a mão por cima da dela, lançando um olhar calmo e confortante. Ela sorriu em resposta.

Eles ouviram alguns toques na madeira, vindos de fora, que era o sinal que Diego deveria dar quando tivessem chegado. A carruagem parou.

Os amigos se olhavam, ligeiramente nervosos. Agora não havia como voltar atrás, mesmo que eles quisessem. Zelão ajeitou a capa e o colete enquanto Gina verificava se a peruca ainda estava no lugar e alisava o colo do vestido.

Diego abriu a porta da carruagem e estendeu a mão para ajudar a capitã, agindo como se fosse apenas um subordinado. Gina ergueu a cabeça e esperou enquanto o outro saía para se juntar a ela.

Olhando em volta ficou ligeiramente encantada pela beleza. Fazia muitos anos desde a última vez que viera visitar aquele castelo com seu pai, mas tudo ainda estava da mesma forma: a grande fonte do centro do pátio principal, os pequenos arbustos por toda a volta, os corredores abertos e a imponência da entrada do castelo, iluminado com grandes tochas. Muitos nobres ainda estavam chegando, muito bem vestidos e agradeceu internamente por Serelepe ter escolhido um vestido mais requintado. Piscou os olhos algumas vezes, se recuperando do deslumbramento momentâneo.

Zelão se posicionou ao seu lado, sério, ereto, estendendo o braço como um perfeito cavalheiro, como ela havia ensinado. Ela sorriu, achando graça da situação desconfortável que ela sabia que ele se encontrava, mas ainda assim agiu com naturalidade, colocando a mão por dentro do braço dele.

Andaram juntos, calmamente, na direção do saguão. Até agora, tudo corria bem. Eles observaram que as suspeitas a respeito da segurança estavam corretas: a maioria dos guardas estava no portão de entrada, vistoriando as carruagens, enquanto por ali apenas haviam visto alguns, e desatentos, homens fardados.

– Vossas senhorias seriam...? – um homem com uniforme do reino perguntou aos dois, segurando uma grande lista de convidados.
– Barão e Baronesa de Valíria – Gina respondeu, segura, do modo que a mãe havia ensinado uma vez, sem qualquer resquício do sotaque tão característico.
– Ah sim – ele passou os olhos pela lista, encontrando os nomes – Sejam bem vindos ao reino de Santana. Por favor – ele acenou para os dois entrarem – Aproveitem o baile, e um bom início de primavera.

Gina e Zelão agradeceram com a cabeça e adentraram ao saguão, relativamente pequeno, onde alguns casais conversavam entre si. Um ou outro notou a presença deles, que andavam com naturalidade, mas não prestaram muita atenção, rapidamente voltando para a conversa anterior.

Logo atrás do saguão de entrada ficava o grande salão, onde o baile já tomava forma. Era uma sala imensa, maior do que Gina podia recordar; havia cinco pilastras em cada lado por toda sua extensão, e, no centro, vários casais dançavam alegremente ao som da música produzida pelo grupo, em especial um violeiro de cabelos relativamente longos, que estava do outro lado do ambiente. Gina procurou logo, enquanto andavam pelos corredores laterais, as escadas que levavam aos andares superiores, e as encontrou próximas aos músicos. Ela suspirou, imaginando que iria ter que ser bastante discreta.

– Pronto? – ela cochichou, sempre de cabeça erguida, e braços dados com Zelão.
– Pronto – ele respondeu, diminuindo o passo.
– Atenção em qual ocê vai escolher... Procure arguém que pareça... Leviana – ela sugeriu – Provavermente não vai fazer muitas pergunta. E cuidado com o sotaque tumém.
– Certo.

Os dois se despediram com um aceno de cabeça, desejando o máximo de sorte um para o outro. Sim, já haviam feito diversas missões juntos, já haviam saqueado vários castelos, lutado em várias batalhas, duelado inúmeras vezes, mas voltar aonde tudo havia começado, saber que aquela era a última missão dos dois os deixava ainda mais tensos. Aquele era o último plano. Tinha que ser perfeito.

**

Zelão observava discreto, enquanto a parceira andava graciosamente pelo corredor lateral em direção às escadas. Desviou o olhar e fez o que ela havia dito: tentou procurar uma moça para dançar, a fim de desviar as atenções que um homem sozinho poderia atrair.

Avistou uma mulher muito bonita; todas naquele salão eram belas, mas essa tinha certo ar de inocência. Os cabelos castanhos estavam adornados com flores, bem como o vestido lilás. Ela conversava animadamente com duas outras mulheres, jogando a cabeça para trás e tremelicando os dedos quando ria. Sim, era uma boa escolha.

Ele jogou a capa negra para trás e rumou em sua direção, com o olhar fixo e passo firme, como Gina havia lhe dito.

– Com licença – ele disse, perfeitamente, apesar de ainda ter alguns resquícios do sotaque rústico – Será que me concederia a próxima dança, milady? – ele se curvou estendendo a mão.
– É claro! – ela sorriu, levando uma mão ao vestido, e a outra aceitando a de Zelão.

Ele a guiou até o centro do salão onde outros casais também se encontravam. Se dividiram em duas filas, homens e mulheres, e começaram a dança*, que não envolvia muita proximidade ou toques demorados, apenas uma grande troca de olhares e conversas rápidas.

– Não me disse seu nome, cavalheiro – ela começou, sorridente. Ele percebeu que era uma mania dela, sempre mostrar o belo sorriso que tinha.
– Antônio, barão de Valíria – ele disse, dando algumas voltas em torno dela, indo e vindo, tentando lembrar de todos os movimentos que havia aprendido com Gina no dia anterior – E a senhorita?
– Catarina – ela respondeu, movimentando-se graciosamente – Rainha de Terranova.

Por um momento Zelão congelou onde estava, até perceber que deveria continuar dançando para manter as aparências, e por sorte ninguém notou seu breve devaneio. De todas as mulheres daquele salão ele havia escolhido justamente a rainha do reino vizinho. Seria uma longa noite.

**

– Vossa majestade, não há qualquer sinal dela.
– Como não?! – perguntava Victor, enfurecido com o desaparecimento da filha – Ela estava na vila! Ela não pode simplesmente sumir desse jeito!
– Majestade... O senhor não acha que ela possa... – começou um dos guardas.
– Não. Ela me prometeu que estaria aqui antes de anoitecer. Alguma coisa aconteceu com a minha filha, e a culpa é de vocês! Incompetentes! Eu disse para ficarem atrás dela!
– Nós procuramos em todos os lugares da vila e do castelo, majestade – o outro explicou.
– Então não procuraram direito! – disse, batendo o punho fechado na mesa de carvalho – Eu quero cada canto desse reino vasculhado, e quero minha filha em segurança antes do final desse baile! Fui claro?!
– Sim, vossa majestade – os três guardas assentiram, fazendo uma reverência, saindo em busca da princesa, novamente.

**

Gina não ousou olhar para trás enquanto subia os degraus da escada de pedra. Respirou fundo. O corpete que usava restringia sua respiração, e o nervosismo que sentia também a prejudicava a circulação do ar. O som dos baixos saltos das botas ecoava mais alto do que ela pretendia e desejava, mas ainda sim, nada que a delatasse.

Subiu os dois lances de escada até o andar de cima. Olhou discretamente para os lados, aparentemente vazios. Ao ouvir alguns passos vindos do final do corredor, ela se posicionou contra a parede, sentindo um calafrio percorrer as costas, tanto pelo nervosismo, quanto pela sensação gelada que as pedras proporcionavam. Ao ouvir os passos se distanciarem ela olhou novamente, e confirmou que os dois guardas simplesmente continuavam o caminho por outro longo corredor ao final daquele. Gina seguiu na direção contrária, procurando rapidamente as outras escadas.

Verificou mais uma vez a presença de guardas e, ao notar que não havia ninguém, correu até a metade de um outro corredor até as escadas e as subiu, amaldiçoando a cada segundo por estar usando aquele vestido tão pesado, que limitava enormemente seus movimentos.

O terceiro andar era levemente mais escuro que os outros, o que era de certa forma bom, afinal, Gina poderia se camuflar melhor. Era naquele andar que estava a sala que procurava.

Ela correu os olhos pelo corredor antes de avançar. Aparentemente, tudo estava tranquilo. Andou cautelosamente, tentando não fazer barulho, pois ela sabia que era naquele andar que poderia estar algum convidado especial do rei, ou qualquer outro hóspede que pudesse haver.

Gina deu mais uma última olhada por cima do ombro, antes de virar no próximo corredor.

– Ai!

Ela havia trombado com alguém. Felizmente não parecia ameaçador muito menos ter ideia do que ela fazia por ali.

Ele era ligeiramente mais alto do que ela própria. As vestimentas azuis caiam perfeitamente pelos ombros largos do rapaz, e eram da mesma cor que os olhos. Se ela fosse qualquer uma das mulheres do salão, provavelmente teria se jogado em seus braços. Mas ela era Gina.

– Me desculpe, eu não vi o senhor – ela pediu, fazendo uma reverência, baixando os olhos, mais uma vez, eliminando qualquer resquício do sotaque em sua fala.
– Não há com o que se desculpar – ele respondeu, gentil – Na verdade a culpa foi minha por estar andando de maneira tão distraída – ele sorriu.

Gina levantou os olhos, ainda receosa. O rapaz a encarava com um sorriso charmoso nos lábios, não desviando os olhos dos seus.

– Ouvi dizer que seu pai está te procurando, pelo menos foi isso que eu ouvi dos gritos dele – ele começou, rindo.
– Como? – ela perguntou desentendida.
– O rei está preocupado com vossa demora, alteza.
– Alteza?! Eu não sou alteza nenhuma! – Gina reclamou. Uma das coisas que ela mais odiava era que pensassem que ela fosse uma princesa.
– A senhorita... Não é a princesa? – ele perguntou, um pouco desapontado e envergonhado pelo erro.
– Não! E por favor, me dê licença que estou com um pouco de pressa.

Ela tentou continuar, mas ele rapidamente entrou na sua frente, impedindo a passagem.

– Mil perdões, senhorita. É só que... Tamanha beleza – ele disse, encantado – Eu achei que, talvez, a senhorita fosse...
– Pois achou errado – ela cortou, ríspida, começando a se irritar – E agora, por favor, queira sair do caminho?!
– Mas tão rápido? Nem nos apresentamos devidamente. Eu sou Ferdinando, príncipe de Terranova, ao seu dispor – ele pegou a mão dela, beijando, deixando Gina encabulada e cada vez mais impaciente.
– Está certo. Posso ir agora? – perguntou, limpando as costas da mão no vestido.
– Não vai me dizer seu nome?
– Não. Eu não pedi para saber o seu nome, só quero passar!
– Pois eu estou pedindo – ele sorriu malicioso, cruzando os braços.
– Não acho que saber o nome de uma mulher de classe menos elevada que a sua, vossa alteza, faça alguma diferença na sua vida – ela imitou o movimento dele.
– Menos elevada? Não me diga que... – ele levantou uma sobrancelha.
– Sim, sou uma plebeia. Agora será que...
– E o que uma “plebeia” faz tão longe do salão do baile? – ele perguntou, dando pequenos passos na direção dela, fazendo com que ela tivesse que recuar.
– Eu... Estou procurando meu irmão – ela mentiu. Já tinha todas as desculpas preparadas para caso situações como aquela viessem a acontecer – Ele saiu correndo de mim e creio que tenha passado por aqui.
– Não vi ninguém enquanto estava vindo. Tem certeza que ele veio por aqui? – ele perguntou, começando a duvidar daquela história.
– Claro que tenho. Eu conheço meu irmão, agora, com licença.

Gina desviou de Ferdinando, indo em direção ao outro corredor, mas ele não queria que ela se fosse, não ao menos sem saber seu nome. Ele agarrou o pulso dela antes que ela fosse embora. Mal sabia ele que aquela era uma péssima ideia.

Ela paralisou. Apenas se virou para ver seu pulso sendo segurado fortemente por aquela mão, e depois subiu os olhos para o rosto ansioso do rapaz que pedia internamente para que ela permanecesse ali.

– Me larga – ela sibilou, baixinho, visivelmente furiosa, tanto, que até voltara com o sotaque.
– Um nome. É só o que eu quero – ele implorou, nem reparando na mudança de tom dela, ou a repreendendo por tratá-lo daquela forma.
– Ou ocê me sorta agora...
– Ou o que?! – ele desafiou.

Gina não gostava que a impedissem de fazer qualquer coisa, e adorava um desafio. Aquele rapaz estava mexendo com fogo e não conseguia identificar o tamanho da chama que se formava.

Em um único movimento, que surpreendentemente não foi atrapalhado pelo vestido, Gina rodopiou e prendeu o braço de Ferdinando nas costas dele, sem este soltar o pulso da garota. Ela levantou a saia e pegou a adaga presa na bota, e colocou-a contra a garganta do príncipe.

– Ieu disse pr’ocê me sorta – ela cochichou no ouvido dele.

Assustado, sem entender direito o que acabara de acontecer, Ferdinando largou rapidamente do pulso da outra, fazendo com que agora ela segurasse o dele, ao que ele levantou a outra mão até a altura dos olhos, simbolizando que não iria contra-atacar.

– Agradecida, vossa arteza – ela ironizou – Agora ieu vou continuar meu caminho, e ocê não vai contar nada disso pra ninguém, fui clara?! – ele apenas assentiu com a cabeça – Ótimo.

Ela soltou a mão presa nas costas do rapaz, ainda ameaçando-o com a adaga, andando para trás, com os olhos fixos nele. Depois, correu até o fim do corredor, se escondendo atrás de uma das pilastras, esperando o tempo de ele se afastar.

Ferdinando respirou algumas vezes, tentando assimilar tudo que havia acabado de acontecer. Piscou os olhos e até ousou dar um beliscão em seu ombro. Não, ele não tinha sonhado afinal. O pulso ainda doía um pouco, bem como o braço, que havia dado um mal jeito pelo movimento brusco que ela fizera. Ele andou até o corredor que ela havia entrado, mas não havia visto ninguém.

Seria ótimo, de fato, se ela fosse a princesa. Ele lembrava dos olhos dela, escuros, misteriosos. Os cabelos castanhos, lisos, a pele suave, a figura completamente perfeita não se comparava a personalidade forte e única, que ele não havia visto em nenhuma mulher antes. Era independente, forte e segura, não tolerando qualquer ameaça, muito pelo contrário, sabendo exatamente como se defender. Ela era incrível. E ele iria descobrir seu nome de qualquer jeito. Ele balançou a cabeça. Numa coisa (se não em todas) aquela mulher misteriosa estava certa: que diferença faria ele saber seu nome, se já estava comprometido com outra mulher?

Ele suspirou, com o coração ainda mais diminuto do que antes. Passou a mão pelos cabelos presos em dreads (como o costume de seu reino), olhando para o teto, tentando pensar em alguma saída ainda não cogitada, alguma resposta que não fora considerada... Mas não havia nenhuma. Por enquanto, o que podia fazer era seguir para o baile até que encontrassem a princesa, que ele internamente esperava que tivesse conseguido fugir para ser feliz em algum outro lugar longe dali.

(...)

Após alguns minutos, Gina teve a certeza que o tal príncipe havia ido embora. Ela ainda estava ligeiramente abalada, tanto por ter sido pega por alguém, quanto pela ousadia e prepotência dele. Prendê-la daquele jeito, impedir sua saída, e nitidamente se achar muito importante. Para o povo dele e para aquele reino ele até poderia ser... Mas não para ela. Suas únicas leis, comandantes e líderes eram aqueles relacionados ao mar.

Ela tirou aqueles pensamentos que a distraíam da cabeça, e seguiu seu rumo. Olhava para trás vez ou outra para garantir que não estava sendo seguida, e que o ambiente continuava deserto.

Finalmente, ela chegou a um corredor mais esguio, iluminado por uma tocha mal apagada. Ela entrou, sem titubear. No final, havia uma grande porta de carvalho, com as dobradiças e a fechadura de metal.

Gina empurrou a porta, mas estava trancada. Ela bufou. Pegou a adaga e colocou por dentro da grande fechadura, movimentando habilidosamente, como Diego havia ensinado há alguns anos, de um lado a outro, dando algumas voltas nos momentos certos. Finalmente, ouviu-se um “creck”, indicando que a fechadura estava destravada.

Gina abriu apenas uma fresta na porta, grande o suficiente para que pudesse entrar com aquele vestido. Depois, ela fechou, dando uma última olhada, para garantir que não havia, de fato, ninguém por ali além dela.

A sala era ampla, e o leve cheiro de fumaça indicava que alguém havia estado ali recentemente. Gina tateou a mesa, próximo aos candelabros por algum fósforo para acendê-los, não tendo muito problema para encontra-los e iluminar o ambiente escuro.

Ela lembrava-se daquela sala. Ali era seu lugar favorito quando brincava de se esconder, nas poucas vezes que o pai a havia levado àquele castelo, quase nunca sendo encontrada. Ficava embaixo da mesa, em silêncio, esperando o momento certo de sair correndo e pulando por entre os corredores.

Ela balançou a cabeça, mais uma vez, espantando as recordações, lembrando-se do propósito de estar ali. Pegou o candelabro pela base. Havia um grande armário na parede oposta, apinhada de rolos de papel por todas as estantes. Como raios ela saberia qual deles era o correto? Ela bufou.

Aproximou-se, com o candelabro nas mãos, iluminando cada uma das prateleiras. Aparentemente todos os rolos eram grandes demais para ser aquele que estava procurando. Se não estava ali, onde estaria?

Gina começou a andar, procurando em cada canto por uma única peça de papel, tentando fazer aquilo o mais rápido possível, afinal, não sabia quanto tempo tinha até alguém entrar ali novamente. Olhou nas outras estantes espalhadas pela sala, gavetas, escrivaninhas, mas nada. A garota começou a ficar impaciente e preocupada. Não teria outra chance de entrar ali, aquela era a única oportunidade de conseguir aquele documento. Tinha de estar em algum lugar daquela sala.

Ela passou por uma parede com um grande quadro da família real: o rei, a antiga rainha e a filha, a princesa. Gina ficou parada, observando. Ela lembrava-se vagamente de Alexandra, mas podia recordar que sempre fora muito boa para com ela; o rei não lhe dava muita atenção, afinal, estava sempre muito ocupado, discutindo sobre o governo com o pai dela; e a princesa. Ela era uma das poucas pessoas, além dos pais, que Gina sentia falta. Apenas a tinha visto algumas, pouquíssimas vezes, mas ela sentia um amor muito grande pela garota, quase como uma irmã. Hoje provavelmente elas não reconheceriam uma à outra, ambas crescidas, diferentes... Mas para Gina, o sentimento continuava o mesmo.

Gina revirou os olhos. Porque estava se lembrando de todas aquelas coisas justo agora? Tinha que se concentrar se quisesse encontrar o documento, mesmo que já tivesse revirado a sala inteira, mas não havia nem sinal dele.

– Mas que droga! – ela xingou, batendo forte com o candelabro de volta na mesa, chutando-a.

Ela ouviu um barulho de algo se abrindo. Ficou estática por um momento, com medo de ser alguém que estaria entrando. Mas percebeu que o som não havia vindo da porta, mas do outro lado, sem contar que era baixo demais para ela ter escutado de tão longe, o que significava que aquilo viera de perto dela. Deu a volta na mesa, e encontrou uma gaveta, menor que todas as outras, ligeiramente aberta, que não estava ali antes. Ela sorriu.

– Ara, majestade, muito inteligente da sua parte. Esconder essas informação numa gavetinha secreta - ela riu, sozinha.

Gina terminou de abri-la. Surpreendentemente era bastante funda, tanto que caberia folgadamente um daqueles rolos de papel da estante. E ela nem precisava fazer o teste, porque dentro dessa gaveta, sobre alguns pequenos blocos de anotações, estava um rolo, muito bem fechado. Ela o pegou, e, com cuidado, rompeu o selo real, verificando o conteúdo, sorrindo ao ver ali todas as anotações que procurava. Enrolou o papel novamente, prendendo em um bolso especial na lateral de seu vestido.

Já havia conseguido entrar no castelo e encontrar o documento, tendo agora que, apenas, retornar ao navio. Ela não sabia dizer qual das partes do plano era a mais difícil.

**

Aquela era a segunda música que Zelão dançava com Catarina, tomando o máximo de cuidado para que ela não percebesse seu sotaque, dando sempre respostas curtas, e perguntando somente quando necessário para manter as aparências. Seus braços já estavam começando a ficar cansados pelos movimentos compassados, e sua cabeça fervia tentando acompanhar os passos, a música e calcular o tempo que Gina deveria estar de volta, o que estava deixando-o preocupado.

A música cessou e os instrumentistas foram aplaudidos pelos convidados. Zelão andou até a parceira para depositar um leve beijo na mão dela.

– Cansado, senhor Barão? – ela perguntou, com um sorriso irônico.
– Na verdade sim – ele sorriu em resposta, entrelaçando os braços com os dela – Fazia algum tempo que ieu não ia em um baile.
– Pelo jeito que você dançou eu não diria isso! – ela riu – Posso lhe tratar por “você”?
– Claro que sim, majestade.
– Pois então pare de me chamar assim!
– Como a s’ora quiser.
– Ahm... Com licença – um rapaz se aproximou – Não quero atrapalhar, mas, será que poderia conversar, Catarina?
– Claro, querido. Este é meu enteado, Ferdinando, príncipe de Terranova – ela apresentou à Zelão – Este é Antônio.
– Barão de Valiria, ao seu dispor, alteza – ele se curvou. Não sabia exatamente como se dirigir a reis, rainhas e príncipes, então agia como achava que deveria.
– É um prazer, e, por favor, não precisa dessa formalidade – ele cumprimentou, sorrindo amigavelmente.
– Bom, vou deixar vocês a sós, com licença – ele se despediu, retirando-se, mas não indo muito longe, atento à conversa, sendo camuflado pela multidão de pessoas que enchia o salão a medida que os plebeus iam chegando ao palácio.
– Você soube o que aconteceu? – ele perguntou, baixando o tom de voz.
– Sobre o que exatamente?
– A princesa. Aparentemente ninguém consegue acha-la em lugar algum.
– Você acha que...?
– Honestamente? Não faço ideia, mas o rei parecia bastante preocupado, e um tanto quanto irritado, pelo que eu pude ouvir do meu quarto.
– Espero que nada tenha acontecido com aquela pobre garota – disse Catarina, desviando o olhar, preocupada.
– Apesar de tudo, eu também espero.
– Ferdinando, que marca é essa no seu pescoço? – ela apontou para uma marca vermelha, na direção da garganta.
– Ah... Isso – ele levou a mão instintivamente até o local, dando um sorriso de lado ao se lembrar da garota – Na verdade é uma história interessante...

Zelão, que estava fazendo o seu melhor para conseguir ouvir aquela conversa, fora simplesmente carregado pela multidão até o outro canto do salão. Ele subiu os degraus em direção ao corredor lateral para ter uma melhor visão de tudo. Olhou para o grande relógio, próximo ao local onde se encontravam os músicos, e viu que logo iam bater nove horas. Já haviam se passado dez minutos do horário que Gina deveria estar de volta, mas até agora, não havia qualquer sinal dela, e isso o preocupava muito, afinal, ela sempre fora muito pontual, principalmente nas missões.

Então, como um sopro de vento gelado, toda a apreensão fora retirada de seu peito e sua mente quando viu a garota de vermelho vindo em sua direção, com um olhar de satisfação, e um sorriso que quase não conseguia esconder sua imensa satisfação.

– Conseguiu?! – perguntou ele, ansioso, quando ela estava ao seu lado.
– O que ocê acha?! – ela respondeu, sorrindo de lado – É craro que sim! E vamo logo, antes que aconteça arguma coisa.

Os dois saíram do salão, com o coração apertado, mas a passos calmos, sempre mantendo a aparência natural que dois barões deveriam passar. Alguns plebeus olharam para os dois, admirados, supondo que eles seriam nobres de alguma forma, alguns até se curvando quando os dois passaram por eles.

Ao chegar no pátio externo, avistaram a carruagem com Diego, que esperava, igualmente ansioso, pela saída dos amigos. Ele bateu as rédeas, e guiou até o ponto em que os dois o aguardavam. Entraram, Gina com o auxílio do “cocheiro” para que não tropeçasse no vestido, afinal, haviam guardas nas portas do castelo, e ela não poderia perder a pose de baronesa, com Zelão logo atrás.

Diego subiu novamente na carruagem e passou pelos portões sem qualquer problema, dando um aceno de cabeça aos oficiais quando passou por ele.

(...)

– Ai ieu dei um chute naquela mesinha e abriu uma gaveta, e tava lá dentro! – disse Gina, animada, contando à Zelão como havia achado o rolo de papel.
– Deixa eu ver!
– Não! Ainda não... Só vou tirar ele daqui quando nóis chegar no navio. Não quero correr nenhum risco.
– Tá certo. Agora eu entendi ocê demoro tanto pra vorta...
– Bão... Num foi só por isso – ela começou, recostando no assento da carruagem – Ieu trombei com um tar de Fernando – disse, fazendo força para lembrar o nome – Um principezinho metido a besta – ela fez uma careta – Mai num aconteceu nada, porque quando ele começou a querer se engraçar pro meu lado, eu peguei a minha adaga e coloquei embaixo do nariz dele! - ela ria – Ele ficou tremendo de medo! Tava mais branco que areia de praia!
– Príncipe? – Zelão pensou – O Principe de Terranova?!
– Deve de ser... Porque?
– Porque a moça que ieu tirei pra dançar... Era a rainha...
– Como é que é?!
– Ieu num sabia! – ele começou se desculpando – Mai ieu num acho que ela tenha desconfiado de nada, a gente dançou umas duas veiz... E sabe, um pouco antes d’ocê chegar, esse tar de príncipe foi cunversa com ela, e pelo que ieu orvi, a princesa tá sumida.
– Sumida? Como assim? – ela curvou o corpo para frente, mostrando interesse.
– Ieu num sei, só sei que tava os guarda tudo procurando por ela na vila.
– É... O príncipe tumém me disse que o rei tava nervoso, mai ieu num tinha entendido bem o porque – comentou ela, pensativa.
– Gina... Ocê lembra o que aconteceu da urtima vez que arguém fugiu de um palácio, num lembra?
– Ara, Zelão, para de bestagem! Ela deve de tá em argum lugar na vila, ou no castelo... Esses guarda são tudo uns tapados...
– Craro, craro – ele revirou os olhos, sorrindo – Falando em tapado, vamo logo libera aqueles barão e devorve a carruagem, que eu quero chegar logo no navio.
– D, isso é o mais rápido que esses cavalo anda?! – Gina gritou de dentro da carruagem.

**

– Mano! – gritou Serelepe, um tanto aliviado e bastante contente, ao ver Zelão. Aparentemente o garoto não havia saído do mesmo lugar desde que os quatro saíram do navio para a missão.

Zelão abriu os braços, abraçando o pequenino, ambos com um enorme sorriso no rosto, girando com ele no colo. Outros marujos se juntaram no convés ao ouvir a voz do Imediato, afim de saber como haviam se saído na missão.

– Vocês... Conseguiram? – um deles perguntou.
– Arguma veiz ieu já falhei c’ocês?! – gritou Gina, tirando a peruca, liberando os longos cachos ruivos.

Ela abriu o bolso escondido na lateral do vestido, e retirou o documento enrolado. Levantou a mão com o papel, como um troféu, para que todos pudessem ver a conquista.

– Nois conseguimo! – ela gritou.

Todos comemoraram, batendo palmas, assoviando e gritando, dando alguns tapinhas nas costas de Zelão, Diego e Juca, enquanto dois levantavam Gina nos ombros. Era como se houvessem ganhado uma guerra, ou ao menos, uma grande batalha.

– Agora a gente é que tem uma surpresa pra você, Capitã! – gritou um marujo ruivo.
– Tenho inté medo do que pode ser – ela brincou, sorrindo, descendo dos ombros dos rapazes e cruzando os braços.
– Surpresa! – alguém gritou atrás dela.

Gina virou-se e o semblante alegre e sorridente, que raras vezes tomava conta de seu rosto e sua alma, foi trocado por angústia, preocupação e raiva. Angústia por ver o medo e aflição nos olhos da garota; preocupação por imaginar o que ela estava sentindo e o que podiam ter feito com ela; e raiva, por terem descumprido suas ordens, mas acima de tudo, terem-na raptado. Ali, na sua frente, com as mãos fortemente amarradas, a boca amordaçada e algumas lágrimas de medo deixando seus olhos brilhantes, estava Juliana, a princesa que todos julgavam ter fugido.

– O que que ela tá fazendo aqui?! – sibilou Gina, num murmúrio furioso, que deixou o barco em súbito silêncio – O QUE ELA TÁ FAZENDO AQUI?! – ela repetiu a pergunta, gritando a plenos pulmões.
– E-eu... A gente achou que a senhora ia gostar – começou o ruivo, com medo, fazendo alguns movimentos nervosos com as mãos – Quer dizer, olha só pra ela... Ela é uma nobre, não é ninguém do povo – ele sorriu, ansioso – Claramente ela vale alguma coisa.
– Vale... É craro que vale – Gina disse, com uma sombra negra sobre os olhos, andando na direção dele – ELA VALE A SUA EXPULSÃO DO MEU NAVIO! Ieu acho que fui bem crara quando disse que não queria ninguém fora daqui! E ainda assim ocê me desobedeceu!
– Mas... Ela é nobre! – ele tentava argumentar, em pânico.
– IEU NÃO PERGUNTEI O QUE ELA É! – todos ficaram em silêncio – Ocê sabe qual é a consequência por me desobedecer, não sabe, Ferrugem?! – ela perguntou, pegando ele pelo colarinho.
– Não, por favor senhora, me perdoe... – ele suplicava.
– Pra prancha – ela disse entre dentes – AGORA! E pruveitando... Se ieu bem me lembro, ocê disse “a gente”. Quem tava te ajudando a pegar ela?!

O marinheiro ficou calado, com a boca entreaberta.

– Ieu fiz uma pergunta.

Silêncio.

– Muito bem, já que ocê não quer me falar... – ela andou até Juliana – Quem foi que fez isso c’ocê? – ela perguntou calma, mas firme, tentando passar ternura para os olhos aterrorizados da garota.

Ela nada respondeu com um certo medo do que poderia acontecer com ela, mas, por instinto, olhou para Ferrugem, que já estava no meio da prancha, e para um outro marinheiro atrás de Gina.

A capitã percebeu a reação dela. Virou-se para onde a princesa havia olhado.

– Foi esse aqui?! – ela pegou fortemente pelo braço – Foi o Tião?!

A garota não respondeu, apenas baixou o olhar. Gina a conhecia o suficiente para saber que aquele era o modo dela assentir.

– Ótimo. Pode ir pra prancha junto com o seu amiguinho.
– Não! Por favor senhora, a gente achou que você ia ficar contente.
– IEU PAREÇO CONTENTE?! O que ocês acharo?! Que ieu ia ficar feliz porque ocês discumpriram minhas ordem?! Ou porque ocês raptaram uma nobre?! Se ieu quisesse raptar arguém, ieu ia ter feito, afinar, ieu tava no castelo, podia pegar quem ieu quisesse! Se ieu mandei ocês ficarem aqui, ieu tinha motivo! Mas nem isso ocês foram capaz de fazer! Ocês num tem competência nem pra ficar parado! – ela gritava, andando na direção deles, fazendo com que os dois começassem a chorar por saber o que estava por vir – Ieu num admito incompetência na minha tripulação – ela já estava com o rosto quase colado no deles – Muito menos que descumpram minhas ordens. Ocês sabiam o que ia acontecer, ieu avisei. Agora, pelo menos uma veiz na vida d’ocês, ajam como homens, e admitam o que fizero!

Eles não tinham mais o que dizer, nenhum pedido de clemência e ninguém para defendê-los.

– Zelão – ela chamou – Minha espingarda - ela ordenou, enquanto le entregava o documento para que pudesse guardá-lo.
– Gina, ocê acha mermo que...
– Agora ocê tumem vai me contrariar?! – ela estava claramente nervosa.

Zelão nada disse. Virou-se em direção à sala dela para buscar a arma.

Gina andou até a Juliana, que estava ainda mais assustada com tudo aquilo, se é que era possível. A capitã pegou a adaga que trazia na bota, posicionou entre as mãos da garota e as cordas que a amarravam e puxou, soltando-a. Delicadamente, retirou a mordaça da boca dela.

– Mió? - a outra concordou com a cabeça, levemente trêmula - Ocê num se preocupe, que nada de mau vai lhe acontecer – ela passou as mãos pelos braços dela, confortando-a.

Juliana apenas respondeu com um sorriso.

– Tá aqui – disse Zelão, trazendo a espingarda de Gina.
– Argum úrtimo pedido?! – ela gritou para os dois, que apenas acenaram que não com a cabeça.

Ela pegou a arma e carregou. Apoiou-a em um dos ombros, e fechou um olho para mirar. Eles sabiam as consequências de desobedecer às suas ordens, e todos foram avisados, mais de uma vez, das mesmas. Ela era a capitã, e deveria fazer valer sua palavra, caso contrário, o que pensariam dela? Tião e Ferrugem tinham lágrimas caindo desesperadas pelo rosto, com os olhos fechados, apenas esperando que a bala da espingarda os perfurasse e seus corpos caíssem no mar. E então, o tiro ecoou por toda a caverna.

Mas não atingiu aos dois rapazes, apenas a outra parede da caverna. Gina era o tipo de pessoa que não conseguiria matar alguém apenas porque não fizeram o que ela havia mandado. Eles não haviam maltratado fisicamente Juliana, então, de certa forma, não eram culpados de nada. Ela não conseguiria tirar a vida daqueles dois. Por um lado ela sentia raiva de si mesma por ser tão fraca a esse ponto, mas por outro, sabia que a respeitavam por seu caráter. E ela preferia ser respeitada, do que temida.

Zelão suspirou aliviado. Por um momento ele realmente achou que ela fosse atirar nos rapazes, mas uma parte dele sabia que aquela não era a Gina que ele conhecia.

Gina abaixou a espingarda, ainda olhando séria para os marujos, que abriram os olhos surpresos por ainda estarem vivos.

– Ocês vão sair do meu navio. E ieu num quero nunca mais ver a cara d’ocês dois – ela deu as costas, entregando novamente a arma para Zelão – Traga a minha capa, e uma pra garota – ela pediu.

Os dois não sabiam o que fazer, apenas olhavam um para o outro, ligeiramente desentendidos.

– O tiro deixou ocês surdos?! Saiam! Agora!

Finalmente, demonstrando alguma reação, os dois desceram da prancha e caminharam para fora do navio, dando um olhar de agradecimento à Gina quando passaram por essa, que apenas semicerrou os olhos enquanto os via partir.

– Ieu vou te levar de vorta pra onde aqueles dois tapados te acharo – ela disse se aproximando de Juliana.
– Ocê?! Tem certeza que num prefere que ieu leve? – perguntou Zelão, preocupado, já retornando, entregando as capas às duas moças.
– Ieu sei que ocê ficou encantado com ela, Zelão, mai ieu que vou levar – ela brincou, deixando tanto ele quanto a outra garota com os rostos vermelhos – Ieu faço questão. Ocê fica de oio em tudo aqui. Se ieu num vortá em vinte minutos, ocê pode ir me procura.

Elas vestiram as capas e desceram do navio, caminhando em direção à vila. Gina tropeçou na barra do vestido enquanto saía, o que quase a levou ao chão.

– Mai que droga de vestido! – ela amaldiçoou.

Ela voltou para o navio e pegou a espada que Zelão já havia colocado na cintura e, com alguns cortes, como havia feito com os barões, cortou a parte de baixo da saia do vestido, deixando as pernas mais livres para se movimentar.

– Agora sim! Bem mió! – ela voltou ao chão da caverna e finalmente partiram.

(...)

– Ocê me descurpe por tudo isso – disse Gina, finalmente, depois de um certo tempo andando com a garota – Ieu num queria que ninguém se machucasse.
– Não se preocupe, não me fizeram nada, só fiquei assustada – ela respondeu, falando com Gina pela primeira vez.
– Seu pai ta bastante nervoso. Mando os guarda tudo atrás d’ocê.
– Imagino que ele deva estar pensando que eu fugi – ela disse, com um tom de preocupação e tristeza na voz – Espero que isso não causado muitos problemas.
– E porque ele ia achar que ocê fugiu? Ocê adora aquele castelo... Aliás, deve adorar, é tão bonito – ela corrigiu rapidamente.
– Adoro. É minha casa. O problema é meu pai criar muros invisíveis pra me manter lá dentro. Me sinto presa. Esse foi o mais longe que eu já cheguei de casa – ela disse, apontado para a caverna abandonada, que agora não podia mais ser vista, uma vez que já estavam entrando na vila.
– Por isso ocê queria fugir? Pra ter... Liberdade? – Gina perguntou, olhando para baixo.
– Não só por isso. Ultimamente o rei tem feito escolhas que não cabem a ele fazer, e, mesmo que discordem, ele não muda de opinião, mesmo que hajam outras saídas – ela suspirou - Talvez você não entenda...
– Acredite, ieu entendo mais do que ocê pensa – ela riu.
– Entende?! – ela perguntou, incrédula – Você conhece todos os mares, veleja pra terras distantes, conhece pessoas de diversos lugares diferentes, é independente... Me desculpe, mas... Eu não entendo como você pode saber o que é ser rebaixada, ignorada, considerada delicada demais para fazer qualquer coisa, sem contar que deve sempre colocar seu dever como princesa acima de tudo... Como você pode saber o que é isso?
– Ali! Lá está ela!

Antes que Gina pudesse responder, quatro guardas surgiram, e reconheceram a princesa de imediato, afinal, só uma pessoa naquele reino tinha os mesmos cabelos rosados de Alexandra, e os olhos azuis inconfundíveis.

Juliana se assustou pelo modo abrupto que dois deles a agarraram pelo braço, enquanto os outros dois se aproximavam de Gina. Como que por instinto, ela pegou a adaga e avançou sobre os guardas que tentavam agarra-la também, agora se movimentando mais facilmente, já que não tinha o peso do vestido para atrapalhar. Deu um soco no rosto de um, que se afastou, mas o outro conseguiu pegá-la por trás, e imobilizá-la, retirando a arma de suas mãos. O outro que havia sido golpeado voltou para ajudar, enquanto Gina se contorcia, tentando se livrar das mãos deles.

– Vamos levar ela pro castelo. O rei vai querer interrogar sobre onde ela levou a princesa!
– Me larguem! – gritava Gina.

Então ela percebeu que escondido entre as casas, havia uma pessoa, coberto por uma capa, com a espada empunhada. Mas aquele não era o momento certo.

– Sai daqui! Me deixa ir! – ela gritou, e sabia que ele havia entendido.
– Pare de lutar! Vai ser melhor pra você! – disse um dos guardas, pensando que ela havia falado com eles.

Juliana já estava bem a frente, sendo escoltada, enquanto Gina estava sendo agarrada e levada ao castelo, não muito atrás. Como ela havia dito antes: entrar naquele lugar era fácil, mas a pior parte era sair. E ela não fazia ideia de como faria isso.


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Notas finais do capítulo

*Vale lembrar que naquela época era tudo muito formal; as danças não tinham tanta proximidade como a própria valsa. Então, se vocês quiserem visualizar tudo isso melhor, me baseei nas danças de Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade (recomendo ambos os filmes!), que tem no youtube.


Obrigada pela paciência, seus lindos! Nem estou com moral pra pedir comentários, sugestões ou coisas do tipo... Hehehe



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