Espelhos escrita por AriDamascena


Capítulo 9
Sétima Camada


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mais longo até agora. Foi um sufoco pra terminar, pois eu escrevia e não gostava, daí apagava e começava de novo alçsklakslk fiz isso umas três ou quatro vezes.

Essa música do começo é TÃO vidinha! Aí gente, amo demais KLAÇKLSKLAKS Taylor Swift sabe criar um clima romântico né? HAHAHA



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"Todas as minhas paredes são altas e pintadas de azul, mas eu vou derrubá-las e abrir a porta para você. Tudo que eu sinto são borboletas no estômago, do tipo bonito, recuperando o tempo perdido, pegando voo, me fazendo sentir que só quero te conhecer melhor agora. Tudo o que sei desde ontem é que tudo mudou." TAYLOR SWIFT - Everything has changed

* * *

Hoje era o quarto dia desde meu encontro com Draco na Torre de Astronomia, as coisas estavam bastante amenas entre nós. Durante as últimas duas noites, havíamos sacrificado nossos jantares para manter nossos encontros secretos, que agora eram localizados na Sala Precisa.

Após a noite na Torre, eu estava bastante confusa. Na verdade, dizer que estava confusa era um eufemismo, pois o que estava acontecendo dentro de mim ainda não havia nome. Era sufocante, agonizante. Sempre fui famosa por meu cérebro e minha habilidade em solucionar problemas, porém tudo em minha mente que se relacionava a Draco era completamente nebuloso, e não ter controle sobre essa situação estava me colando em xeque.

Gastei um dia inteiro o evitando, ocupada demais racionalizando a situação e buscando uma maneira de fazê-lo ficar. A que conclusão cheguei? Que não desistiria dele, eu tentaria o meu mais duro para trazê-lo para a luz e mostrar o verdadeiro significado de amizade e companheirismo. Se o trouxesse perto o suficiente, acreditava que ele não me deixaria, pelo menos, sabia que eu não faria.

No dia seguinte, tratei de acordar cedo e usando um feitiço de desilusão, esperei próxima das masmorras até que ele saísse para tomar o café da manhã. Por sorte, ninguém estava o acompanhando, e quando estávamos em um corredor vazio, revelei minha figura. Fiquei surpreendida pelo loiro não ter se surpreendido e quando lhe perguntei como, simplesmente me respondeu “Você tem passos discretos como o de um hipogrifo”. Nada mais agradável do que o famoso charme Malfoy logo pela manhã, certo?

Depois disso, nossa amizade pareceu florescer cada vez mais. Naquele dia, marcamos um encontro na Sala Precisa durante o jantar. A conversa, no inicio, era dura e sem jeito (havia essa tensão horrível no ar sobre as coisas ditas durante a noite na Torre de Astronomia) então foi minha ideia ignorar o assunto e seguir com meu próprio plano – meu pouco tempo de convivência com Draco Malfoy relevou que força-lo nunca era a decisão certa, quando ele estivesse pronto para me contar, viria a mim sozinho. Depois disso, a conversa fluiu muito bem, sem brigas ou discussões, e havia sido tão prazeroso que decidimos repetir a dose e fazer o mesmo na noite seguinte. Na noite de hoje, no entanto, não iriamos nos encontrar. Duas noites com Hermione Granger e Draco Malfoy faltando em seus respectivos lugares no Grande Salão era suspeito o suficiente.

Somente o pensamento de nada de encontro essa noite, me deixava deprimida. Suspirei pesadamente, encarando meu ensaio de História da Magia. Ainda era horário de aula, a ponta das pernas rabiscando furiosamente nos pergaminhos eram os únicos sons ouvidos na sala. Olhei ao redor e vi Ron com o rosto torcido em uma careta engraçada encarando seu próprio pergaminho, ao seu lado estava Harry, que tinha a mão na testa – sua cicatriz! – e uma expressão de desagrado.

Meus pés se mexeram em ansiedade, minha vontade era andar até Harry e perguntar se estava tudo bem, mas meu olhar logo correu para a imagem fantasmagórica de Sr. Binns. Mastiguei o lábio nervosamente com a testa franzida em preocupação. Quando Harry pegou meu olhar, fez questão de dar um sorriso tranquilizador e acenar levemente com a cabeça. Mesmo assim, a sensação de preocupação e nervosismo nunca deixou meu peito.

O sinal para o fim da aula soou como canto dos anjos em meus ouvidos, saltei rapidamente de minha cadeira e corri para ficar de frente para Harry. Antes que qualquer palavra pudesse escapar de meus lábios, ele me cortou.

— Eu estou bem, Hermione. – garantiu com firmeza, em seus olhos verdes podia notar um misto de gratidão e gentileza.

Assenti lentamente, incerta. Tentei lançar a ele um sorriso reconfortante, mas meus lábios pendiam para baixo, por isso apenas observei quando Harry deu a volta por mim e saiu da sala. Rony, que estava ao meu lado, observou toda a cena.

— Está tudo bem, Mione. – sua mão quente pousando amigavelmente em meu ombro – Ele está bem.

— Eu... Eu não sei. Estou preocupada com ele, Rony. – soltei um suspiro chateado. Virei meu rosto para encarar Ron, ele tinha os olhos cabisbaixos, então pensei que seria melhor se trocássemos de assunto – Mas, como você está?

— O quer dizer? – Ron caminhou para fora da sala e segui ao seu lado.

— Não pense que não sei, Ron. Amanhã é seu jogo de estreia! – minha voz cheia de animação. Sabia como quadribol significava para os meninos, e estava muito feliz por Rony finalmente ter entrado para o time da grifinória.

— Oh! – exclamou, e não havia sequer uma pontada de animação em sua voz.

Ia perguntar qual era o problema, quando senti o ombro de alguém se chocar com o meu. O impulso fez com que os livros que abraçava juntos ao meu corpo caíssem no chão em um baque alto. Minhas pernas se dobraram com a força da batida e se não fosse por Ron segurando meu ombro, talvez tivesse caído de joelhos no chão.

— Olha por onde anda, Castor. – apesar da acidez na voz entediada, o apelido no final da frase me deu o alivio necessário para manter em minha mente a ideia de que ainda éramos amigos.

— Você bateu nela de propósito, Malfoy! – Ron disse exasperado, puxando a varinha de seu bolso e apontando-a para as costas do sonserino.

— Ron! – minha voz estava cheia de pânico, e quando Draco se virou e nossos olhares se chocaram, entendi rapidamente que deveria continuar com a farsa – Guarde sua varinha, Malfoy não vale a pena. – a repulsa em minha voz me pegou de surpresa, não fazia ideia de que poderia ser tão boa atriz. Há!

Relutante, o ruivo abaixou a varinha e guardou-a de volta no bolso, peguei em seu braço, tentando puxá-lo comigo para nossa próxima aula. Ron nem pareceu reparar meu aperto em seu pulso, suas orelhas ainda vermelhas de raiva, uma prova de que ele prolongaria esse conflito. Bufei irritada, soltando seu pulso e voltando minha atenção para o chão, a fim de recolher meus materiais caídos.

Tudo bem que fazia parte do papel, mas Draco tinha que ter usado tanta força?! Caramba, meu ombro ainda está doendo pelo impacto da batida” pensei com revolta, apanhando os livros e empilhando-os em meu braço. Quando terminei, notei com curiosidade que havia sobrado um pergaminho enrolado com uma fina fita azul, que definitivamente não me pertencia. Ah, claro! Agora tudo fazia sentido. Malfoy não fez aquilo apenas para manter as aparências, ele tinha um propósito: me entregar uma mensagem. Ergui os olhos, conferindo os dois garotos ocupados demais discutindo para me dar qualquer atenção, e em seguida enfiei o pergaminho no bolso de minha capa.

Num único movimento rápido e leve, me levantei. Sorri de lado para mim mesma, verificando que os livros ainda estavam empilhados corretamente em meu braço.

— Rony. – chamei-o, minha voz alta e firme chamando a atenção de ambos os adolescentes – Esqueça a doninha estúpida, estamos atrasados para a aula. De qualquer forma, como já disse, ele não vale a pena.

Ron soltou um grunhido para Draco, mais parecido com um rosnado, enquanto o olhar de Draco caiu para o chão durante um ou dois segundos. Sem mais qualquer aviso, agarrei uma segunda vez o braço do ruivo e o puxei com força para me seguir na direção contrária a que o sonserino estava indo.

A palavra Castor dançou alegremente pela minha mente enquanto tentava reprimir um sorriso traiçoeiro durante todo o caminho para nossa próxima aula. Minha sorte era que Rony ainda estava tentando drenar sua raiva e não percebeu minha aparente felicidade sem razão.

Somente abri o bilhete, duas aulas após esse incidente, quando estava em aritmância e livre da presença constante de Harry e Rony. E os amava com todo meu coração, mas estava ansiosa além da crença para saber o que havia no bilhete que o sonserino me entregara horas atrás.

Ao desenrolar o papel, contemplei a caligrafia elegante de Draco:

Castor,

sinto muito pelo empurrão, temos que manter as aparências. Você é a bruxa mais inteligente da sua idade, provavelmente deve ter entendido isso no momento em que aconteceu, caso contrário duvido que esteja lendo esse bilhete agora (se isso aconteceu, eu muito provavelmente devo estar na enfermaria curando de uma azaração que você me jogou).

Me encontre na seção de Estudo dos Trouxas da biblioteca, hoje quinze minutos antes do jantar.

Afetuosamente,

Me recuso a me chamar de doninha.

O restante da tarde seguiu normal e sem quaisquer imprevistos, exceto pelo giro violento dentro do meu estômago assim que soou o fim da última aula do dia. Mesmo com toda a nova situação entre nós, ficava agitada com o pensamento de encontra-lo. Excitação, ansiedade e animação, tudo de uma vez só, fazendo meus pés inquietos e minhas mãos suadas. Me lembrava a sensação que senti ao tocar em minha varinha pela primeira vez... Aquele formigamento engraçado que sobe pela ponta dos seus dedos e penetra em seus poros, você sente a magia correr pela sua circulação, vibrando cada centímetro do seu corpo e alma.

A comparação me faz corar em vermelho brilhante. Talvez tenha bebido muito suco de abobora no almoço, pois era um pensamento tolo e completamente sem sentido, não soa nada como algo que eu diria ou pensaria.

Fiz o meu mais duro para ignorar as divagações esquisitas que estavam rondando minha cabeça e continuar lendo o livro sobre criaturas mágicas em minhas mãos. Conferi meu relógio as horas, devolvendo para a prateleira Edição Especial: Poderes Curativos das lágrimas de Fênix e seguindo para o local que encontraria com o loiro.

A seção de Estudo dos Trouxas estava vazia. Conferi as horas no relógio uma segunda vez, havia chegado pontualmente: 15 minutos para o jantar. Olhei ao redor, decidindo em que parte do corredor sentaria para esperar o sonserino, no momento em que percebi um livro se mexer sozinho na prateleira.

Feitiço da desilusão. Sorri de lado, caminhando até ele.

— Muito inteligente, doninha. – sussurrei, pegando o livro flutuando no ar e fingindo estar verificando ele, para caso alguém entrasse na seção – Mas podia ter me avisado no bilhete, hein?

— E perder sua cara de irritada por pensar que estava atrasado? Nunca! – a figura invisível sussurrou de volta, sua voz próxima de meu pescoço, causando um leve arrepio.

— Quase tão engraçado quanto a dor no meu ombro pelo nosso encontro mais cedo. – resmunguei cheia de ironia, virando uma página do livro.

— Já disse que sinto muito, você leu a carta... – ressaltou ele, sua voz ainda mais próxima do que da última vez. Tímida, dei um passado para trás, tentando controlar o rubor que começava a subir pelo meu pescoço.

—Eu sei. – assenti, falando com sinceridade, e virei outra página. Era demasiado estranho conversar olhando para o nada, por isso meus olhos estavam presos no livro desde que o peguei.

— Vai ao jogo amanhã? – mudou de assunto.

— Sim, vou sim. Amanhã é o jogo de estreia do Rony. – comentei, mesmo tendo certeza que ele já sabia disso.

— Entendo. – sua voz parecia chateada, fazendo meu peito se apertar.

— Você vai jogar, né? – minha voz soando preocupada. – Quero dizer, saiu uns boatos que você havia saído do time e... E eu queria ver você jogar, também. – murmurei desajeitada.

Foi a primeira vez que meus olhos se desviaram do livro para as prateleiras a minha frente, onde estaria o corpo invisível de Draco. Remexi as mãos, me sentia desconfortável conversando com ele sem estar o vendo. Mastiguei o lábio inferior e troquei o peso do meu corpo de um pé para o outro enquanto esperava ansiosamente por sua resposta.

— Sim, sim, eu vou jogar no jogo de amanhã. – ele estava tão desajeitado quanto eu, isso realmente me confortou um bocado.

— Espero que você saiba que eu jamais vou torcer pela sonserina, – comecei – mas amanhã eu estarei torcendo por você.

— Quer dizer que amanhã vai torcer para os dois times?

— Não Doninha, amanhã vou torcer pela grifinória e por você. O fato de você ser o apanhador da sonserina é apenas um detalhe sacal.

Ouvi o som de sua risada. Puro, grosso e divertido, um som tão raro, mas também tão bonito. Automaticamente fechei os olhos, imaginando em minha mente seu rosto pálido sorrindo para mim. Isso me fez sorrir de volta.

— Te vejo no jogo, castor? – perguntou cheio de diversão na voz.

— Só procurar por um cabelo encaracolado selvagem nas arquibancadas da grifinória, doninha.

— Eu realmente odeio esse apelido. – resmungou revoltado, me fazendo rir.

— Oh! Aposto que você ama. – zombei – Até amanhã, doninha.

Guardei o livro de volta na estante, sentindo o calor de seu corpo próximo ao meu no caminho. Um sorriso pequeno tomou conta dos meus lábios por todo o percurso até o Grande Salão, onde um número consideravelmente grande de olhos me seguiu – consequência de meu sumiço nos últimos dois dias.

Estava conversando com Rony, tentando o tranquilizar, quando vi flash de cabelos platinados do outro lado do Salão. Não houve nenhum olhar na minha direção, voltei a confortar meu melhor amigo ruivo sobre o jogo que ele teria no dia seguinte.

Dormi muito bem. Acordei cheia de empolgação, mais ansiosa do que jamais estive em minha vida para assistir qualquer jogo de quadribol. Pensava em Ron e Draco, realmente era uma pena que os dois não pudessem jogar pelo mesmo lado, mas de qualquer forma, desejava igualmente sorte a ambos.

Fui assistir ao jogo com Neville, Luna (usando uma cabeça de leão cômica) e alguns outros companheiros da grifinória. Estava extremamente frio, então coloquei duas camadas de agasalho e enrolei um grosso cachecol vermelho e amarelo no pescoço, meu cabelo espesso solto, apesar da minha vontade de fazer uma trança para tentar controlar o frizz.

Minha animação para assistir o jogo morreu rapidamente assim que a partida começou. Digamos que não sou nenhuma fã de quadribol, e o fato de toda a sonserina ter passado o jogo inteiro zombando de Rony não ajudou nenhum pouco. Os bastardos haviam até mesmo feito uma música ridícula!

Weasley não pega nada, não bloqueia aro algum, é por isso que todos os sonserinos cantam: Weasley é nosso rei! – cantavam os imbecis. Meu rosto estava vermelho de raiva e a varinha firme em minha mão. Desviei meus olhos de volta para assistir o jogo, e meu rosto se torceu em tristeza ao perceber o rosto cabisbaixo de Rony.

Enquanto estava distraída tentando acalmar os pensamentos sobre amaldiçoar o traseiro dos sonserinos estúpidos, Harry e Draco perseguiam o pomo de ouro. No final, Harry agarrou o pomo, ganhando o jogo para a grifinória.

Tentei chegar ao campo o mais rápido possível para consolar Rony e dizer que seu desempenho não havia sido tão mau, que os sonserinos estavam apenas cantando a maldita canção para distrai-lo.

Quando coloquei os pés no gramado, vi Blásio Zabini dizendo algo para Harry, Fred e George, provavelmente alguma das provocações baratas da sonserina. Os punhos de Harry estavam apertados firmes, prontos para atacar o nariz de alguém, e exatamente assim também estavam os dois Weasleys atrás dele. Atrás de Zabini surgiu o cabelo loiros e despenteados de Draco, meus olhos automaticamente saltaram para fora, cheia de preocupação e medo. Andei mais alguns passos adiante para aproximar dos rapazes e acalmar seus nervos.

— Calminha Potter, não vai querer se meter em prob... – a voz de Draco foi cortada pelo soco de Harry.

Zabini, aquela barata covarde, deu passos para trás, se afastando da briga, enquanto Fred e George rapidamente correram para atacar o loiro. Levei a mão à boca, em estado de torpor com aquela cena de violência na minha frente. Se fosse o italiano maldito poderia apreciar um pouquinho da situação, mas era Draco! E Draco não havia dito nada demais! Ele tentou parar a briga! Ele...

Apanhei a varinha em meu bolso, pontando na direção de Harry, que estava pronto para acertar outro soco no sonserino.

— Estupefaça! – gritei.

Harry foi lançado para longe de Draco, caindo de costas no chão, consciente. Me sentia horrível tendo o enfeitiçado, mas eu precisava pará-lo antes que ele fizesse mais alguma coisa ainda mais grave.

Madame Hooch apareceu correndo onde a briga acontecia, Umbridge logo atrás. Caminhei mais a frente, sabendo que por ter lançado um feitiço em Harry, também estava envolvida na briga. Quando cheguei até eles, Fred e George já haviam soltado Malfoy e estavam me encarando com um misto de raiva e surpresa, estava pronta para socorrer Harry, mas ele estava há alguns passos de mim, parecendo tão irritado e chocado quanto os gêmeos.

— Eu estava tentando parar a briga, Professora! – me defendi rapidamente.

Para minha surpresa, Hooch pareceu entender minhas boas intenções. Ela tentou me defender, mas Umbridge ainda assim me deu detenção. Fred, George e Harry foram banidos dos jogos de quadribol, e mesmo com meu testemunho dizendo que Zabini havia começado toda a briga, o desgraçado saiu ileso. Meus olhos estavam inquietos, sem saber se pedia desculpas silenciosamente para Harry ou conferia os machucados de Draco (agora com um olho roxo, lábio cortado e filete de sangue escorrendo de seu nariz e tingindo seus lábios finos e pálidos – o vermelho apenas ressaltando a avidez de sua pele).

Minha preocupação com Draco cresceu mais sabendo que provavelmente os hematomas se estendiam pelo peito e braços. Em comparação, minha preocupação com as desculpas de Harry diminuiu tremendamente, dando lugar a raiva.

Fomos todos liberados, Malfoy seguiu para a enfermaria e Harry e eu voltamos sozinhos para a Torre da Grifinória.

— Não acredito que você me enfeitiçou, Hermione! – grunhiu o moreno, irritado.

— Você não acredita?! Harry, você atacou Draco sem motivo algum! Ele não era seu alvo, Zabini era! – gritei de volta, sem me importar se alguém iria me ouvir defendendo Draco Malfoy no meio do corredor.

— Que diabos você está falando...?

— O que estou falando, foi o que eu vi e ouvi! – o interrompi, meu rosto vermelho de raiva – Draco apareceu apenas para separar a briga, você nem ao menos deixou que ele terminasse antes que estivesse o socando!

— Que diabos...! Vocês dois são amigos?!

— Sim! Eu já te disse que nós somos, Harry! – gritei, as veias saltando de meu pescoço.

Harry encolheu os ombros, parecendo culpado pela primeira vez desde todo o incidente. Coloquei as mãos na cintura, ainda encarando-o ameaçadoramente, enquanto ele remexia desajeitado.

— E-Eu não sabia, Mione... Quer dizer, pensei que vocês tinham brigado, porque Ron me disse que ele te empurrou no corredor ontem, e... Quando ele chegou, eu, eu só pensei que ele estivesse com Zabini...

— Bem, isso não importa agora que você rachou o nariz dele. – minha voz mais calma, mas não menos ameaçadora – Você vai pedir desculpas a ele, entendeu Harry? – exigi em tom mandão.

Quê?! – gritou com a voz aguda e os olhos arregalados, seu rosto contorcido em repulsa completa.

— Isso mesmo! Você fez isso e agora terá que concertar Harry Tiago Potter!

— Hermione, você sabe que eu te amo, mas isso não vai acontecer. Nunca. Nem sobe maldição Imperius, ok?

— Você agiu como um idiota Harry, precisa pedir desculpa! – argumentei com irritação.

— Sinto muito Hermione, eu não vou fazer isso.

Sem me deixar dizer qualquer coisa, o moreno virou nos calcanhares e seguiu sem mim para a Torre da Grifinória. Minhas sobrancelhas estavam franzidas e meus olhos cheios de decepção. Pensei em gritar algo para suas costas, mas as palavras simplesmente não saíram. Em todos os anos que conheci Harry, jamais havia ficado tão decepcionada quanto agora.

Fechei os punhos, esbravejando para o vento, lágrimas picando em meus olhos. Soltei uma lufada de ar pelo nariz, bufando alto. Segui na direção da enfermaria, jogando um feitiço de desilusão em mim há alguns passos da porta.

Quando vi o deslumbre dos cabelos claros de Draco saindo da porta, estiquei a mão para tocar em seu pulso. Ele não pareceu surpreso por eu estar ali, pelo contrário, parecia contente. Meus lábios se curvaram para cima, deslizei meus dedos para segurar em sua mão, ele apertou a minha de volta, com um leve rubor em suas bochechas pálidas.

Durante nosso caminho curto até a Sala Precisa, ignorei o reboliço dentro do meu estômago, como se houvesse milhares de borboletas voando desenfreadas. Mordi o lábio, tentando impedir o sorriso de crescer, mesmo que fosse um esforço inútil.

A Sala Precisa tinha a mesma aparência de nossos encontros anteriores – como eu havia descoberto dois dias atrás –, o quarto de Draco. Era um local bastante espaçoso, com paredes cor creme, uma grande estante de madeira escura abarrotada de livros na parede esquerda, no centro sua cama de dossel, coberta de lençóis negros de seda, bem próximo desta estava sua poltrona, também negra, e na parede oposta uma mesinha da mesma cor que sua estante, em cima dela três rolos de pergaminhos, duas penas e um tinteiro, posicionado organizadamente de maneira elegante, ao lado havia uma janela que dava para o belíssimo jardim colorido do andar de baixo.

Soltei de sua mão e desfiz o feitiço. Sorri timidamente para Draco, verificando qualquer estrago que poderia haver em seu rosto. O lábio cortado fora curado, igualmente seu olho roxo e inchado, seu nariz parecia perfeitamente reto e atraente como sempre. Se não fosse pelos vestígios de sangue seco espalhado de seu nariz até sua bochecha (como se ele houvesse passado a mão ali numa tentativa de limpar) e um tom rosa claro que sobressaia envolta de seu olho esquerdo, seria impossível reconhecer o conflito de mais cedo.

— Algo de errado, castor? – perguntou confuso, passando a mão pela bochecha lambida de sangue.

— Não, só... Me deixe limpar isso. – apontei para seu rosto, Draco fez uma cara de confuso, mas deu de ombros.

Pensei em um pano molhado e logo a Sala Precisa o fez aparecer em cima da mesa. Caminhei desajeitadamente onde estava o pano, Draco me seguiu, se sentando na cadeira e me deixando passar o pano por sua pele, para que ela voltasse ao seu tom imaculado habitual. Era estranho estar tão próximo dele, sentindo sua respiração quente bater em meus dedos, desviei meus olhos dos seus, focando apenas em suas bochechas, nariz e boca... Minha respiração ficou engatada na garganta, o calor subindo pelo meu pescoço e tomando conta do meu rosto inteiro, que agora formigava em constrangimento. Meu único alívio era que as bochechas de Draco também estavam tingidas de rosa, mas isso não confortava os pensamentos inapropriados que fazia meu estômago vibrar.

— Está feito. – murmurei, limpando a garganta, me afastei rapidamente, torcendo o pano nervosamente em minhas mãos – Disse para Harry te pedir desculpas. – mudei de assunto, esperando que isso controlasse o rubor que cobria minha face inteira.

Ele permaneceu em silêncio por quase um minuto completo, a cor sumindo invejosamente rápido de suas bochechas lívidas. Seus olhos de mercúrios percorreram todo o quarto, um sorriso de escarnio tomando conta de sua boca:

— Eu não o vejo por aqui. A menos que ele esteja sobre feitiço de desilusão. – reconheci a picada de ódio em sua voz.

— Ele... Ele não veio. – murmurei encolhendo os ombros.

Mais algum tempo de silêncio, algumas respirações tomadas. O brilho furioso em seu olhar diminuindo consideravelmente, porém não sumindo por completo.

— Vocês grifinórios são uma merda em pedir desculpas. – finalmente disse cheio de zombaria, mesmo tentando mascarar a raiva com diversão, podia senti-la por trás de sua voz entediada.

— Como está se sentindo? – mudei de assunto, novamente – Sei que Pomfrey deve ter te curado, mas...

— Está tudo bem, Granger. Relaxa! – o bom humor ainda presente em seu tom. Fiz careta por ele usar meu sobrenome.

— Não me chame de Granger. – reclamei, torcendo o nariz em desagrado.

— Ah, esqueci. Você prefere Castor, né? – zombou. Dei um tapa em seu braço – Ai Granger! – dei outro tapa. – Ok, ok castor...

— Não me importaria se você começasse a me chamar de Hermione, sabia?

Nah. – ele fez uma careta – Gosto mais de castor, combina com você.

— Imbecil. – disse rolando os olhos novamente – Melhor eu ir... Até amanhã, doninha.


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Notas finais do capítulo

Tentei revisar, porém sinto que ainda deve ter sobrado erros. É como se você minha cabeça não tivesse assimilando as palavras hoje o_o HAHAH Então, se acharem algum erro, peço humildemente desculpas



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