Espelhos escrita por AriDamascena


Capítulo 7
Sexta Camada PARTE I


Notas iniciais do capítulo

ps: é meio óbvio, mas só para que não tenha dúvidas que a grengrass referida é Daphne, e não a Astoria (greengrass mais nova, e que eu por sinal não sou muito fã)
ps2: peço perdão desde já por não ser tao inteligente quanto a mione (ou a jk, claro) kksklas
ps3: espero que gostem s2 deixe a opinião de vcs nos comentários. xx
ps4:OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS E MAIS AINDA PELA RECOMENDAÇÃO MARAVILHOSA!! CHEGUEI A PULAR DE ALEGRIA HAHAHAH



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"O que se passa em seu coração? O que se passa em sua mente? Você está me destruindo quando você me trata tão mal. O que se passa em sua mente? Eu te conheci de manhã esperando pelas marés do tempo, mas agora a maré está mudando. Me diga porquê." THE BEATLES - What goes on

* * *

Qualquer pessoa com o mínimo de percepção conseguiria entender que algo de errado estava acontecendo na sonserina. Desde o começo do ano, Malfoy passava a maior parte de seu tempo sozinho. Era intrigante e, ao mesmo tempo, estranho não ver Crabbe e Goyle andando em seu encalço como dois capangas, e era definitivamente ainda mais estranho notar que Pansy Parkinson esse ano estava mais interessada em empoleirar ao lado de Blásio Zabini, do que correr atrás de Draco como um cão no cio, da maneira que ela fizera desde nosso terceiro ano. E esse mesmo moreno, até onde toda Hogwarts sabia, era o melhor amigo de Draco. Exatamente: era. No começo do ano letivo eu ainda não havia reparado, mas com minha pequena ‘obsessão’ pelo loiro crescendo no decorrer dos dias, verifiquei que nenhum dos dois trocava sequer um olhar.

Se não fosse pela presença de Theodore Nott, sempre o acompanhando para as aulas ou para as masmorras, diria que ele estava se fazendo completamente invisível esse ano. Também, agora pensando sobre, durante alguns dias lembro-me de ter visto uma garota loira da sonserina conversando com Draco. Era uma das garotas Greengrass, a mais velha, fazia o mesmo ano que Draco e Nott, eu não me lembrava de seu nome, apenas que era algo entre Daisy ou Diana.

Meu estômago borbulhou de ciúmes quando constatei que ela poderia saber do segredo de Malfoy. Eu entendia que tanto Nott quanto a menina Greengrass faziam parte da mesma casa que Draco, mas eles não eram próximos de Draco. Nos anos anteriores, os dois loiros mal havia trocado palavras, e Theodore, apesar de fazer parte de sua gangue, estava sempre escondido no fundo, parecendo desinteressado nas brincadeiras estúpidas do antigo Draco Malfoy.

Era um ciúme completamente ilógico apesar de tudo, quer dizer, por que eu estava tão interessada?! No começo sabia que era pura curiosidade, depois passou a ser excitação pela ação de fazer algo proibido e imprudente, mas agora? Não fazia a menor ideia, apenas sabia que não era nada disso.

Com os dias se estendendo em três semanas inteiras, a esperança de ser contata por Malfoy diminuiu consideravelmente. Talvez ele não quisesse contar, afinal de contas.

A culpa por pressiona-lo ao ponto de ele se afastasse de completo, correu por meu corpo lentamente até que me sentisse doente por isso. Eu estava gostando de minha recém-adquirida amizade com Draco. Gostava de conversar com ele, apesar de saber o quão estranho isso soava. Gostava de como, após cada conversa, conseguia ver outra camada sendo invisível e lentamente retirada. Gostava quando ele sorria para mim e eu podia ver seu sorriso alcançando seus olhos de tempestade, pois sabia que isso não vinha acontecendo com muita frequência. Fazia meu peito inchar de felicidade saber que não era pela garota Greengrass e muito menos Theodore Nott, exceto eu, que causava esse efeito em Draco.

Se eu não houvesse sido tão irritante, ainda poderíamos nos encontrar todas as noites antes do jantar. Como gostaria de começar uma amizade sólida, se tudo o que eu sabia fazer era empurrar e empurrar ele?

Com um suspiro cansado, desejei que Draco soubesse que poderíamos ser amigos, mesmo se ele não quisesse me contar seus segredos. Estava disposta há dar o tempo necessário para que ele confiasse em mim o suficiente para contar.

Novamente pensei sobre Theodore Nott, como a relação dos dois havia mudado da água para o vinho durante as férias. Quando o raciocínio bateu em mim, fez meu estômago torcer em desagrado completo. Tanto o pai de Draco quanto o pai de Theodore estavam presentes na noite em que Cedrico morreu e o Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado voltou. Seus pais haviam sido os Comensais da Morte que trabalharam para trazer Voldemort de volta.

Abaixei meus olhos para a comida intocada em meu prato, e tive que reprimir a vontade repentina de vomitar. O pai de Draco não deixaria que ele se tornasse um Comensal, não é mesmo? Por Melin, ele era muito jovem ainda!

O ar sumiu de meus pulmões. Eu queria correr para a mesa de sonserina e faze-lo jurar para mim que nunca se tornaria um Comensal da Morte. Ele não podia! Quer dizer, Lúcio Malfoy não era um pai tão horrível assim, pelo amor de Merlin! Eu estava sendo paranoica, isso era tudo, com certeza.

— Hermione, está tudo bem? – a voz de Ginny soou distante em meus ouvidos, como se ela estivesse a quilômetros de distância e não sentada ao meu lado na mesa da Grifinória.

Virei o rosto e encarei a ruiva que tinha uma feição preocupada estampada no rosto salpicado de sardas. Reprimi o instinto de perguntar o que ela havia dito, pois era bastante óbvia a pergunta em seus olhos.

— Estou bem. – disse por instinto, esperando que fosse a resposta adequada para sua pergunta. Quando vi seu rosto relaxar, voltei a comer antes que fizesse mais perguntas.

As teorias não paravam de flutuar em minha mente, a dúvida marcada a ferro quente em meus pensamentos confusos. Mais do que nunca, nessas três semanas em que Malfoy e eu não tivemos qualquer contato, desejei que pudéssemos recomeçar nossa amizade. Desde o começo do ano letivo, sentia que estava tirando o melhor dele e a ideia de vê-lo mais uma vez cheio de escárnio e zombaria, ou muito pior, corrompido por uma horrenda marca negra em seu antebraço pálido, me fazia sentir sensações terríveis dentro de mim.

Comi pouco, estava sem apetite. Permaneci na mesa, observando o loiro sentado do outro lado do Grande Salão. Queria que ele olhasse para mim, que visse o quanto eu queria conversar com ele, mas Malfoy apenas mantinha os olhos presos em sua refeição. Como de costume, parecia cansado e aborrecido, diferente de todo o restante da mesa, que agora explodia em conversas paralelas e risadas amigáveis. Procurei os cabelos escuros de Nott ao seu lado, mas ele não estava ali ou em qualquer outro lugar do Salão, e a garota Greengrass mantinha uma conversa acalorada com uma das seguidoras de Pansy Parkison - esta sentada fielmente ao lado de Zabini.

— O que está olhando, Mione? – desviei meus olhos, vendo Ron com uma coxa de frango nas mãos a meio caminho de sua boca. Torci meu rosto em uma careta, que ele aparentemente não deu importância alguma.

— Aposto que é para o seu Encontro! – Gina exclamou cheia de animação e malícia, os olhos de Ronald se arregalaram comicamente.

— Encontro? Deixa de besteira, Gina! A Hermione não teve encontro algum...

— Isso é o que você pensa. – as sobrancelhas ruivas da Weasley mais jovem fez uma dança divertida, até fixar-se arqueada desafiadoramente.

— Isso é idiotice! Se ela tivesse tido algum encontro, eu ficaria sabendo. – ele cruzou os braços e deu um sorriso cheio de confiança – Não é mesmo, Mione?

Por que eu estava me sentindo tão mal? Eu e Malfoy não estávamos tendo encontros, era uma situação completamente amigável. Ron não tinha que saber tudo sobre minha vida, também... Havia milhões de motivos explicáveis para não ter contado a ele, então por que diabos me deixava tão triste não ter contado a ele?

— Parem vocês dois! – disse com firmeza, me levantando. Sentia olhares curiosos sobre mim – Já disse que não era encontro, Gina.

— Do que Gina está falando, Hermione?

Oh, Ron! Não faça isso comigo, por favor...

– Harry você sabe do que ela está falando? – ele se virou para Harry, traição começando a se alastrar em suas orbes azuis.

Antes que Harry pudesse responder qualquer coisa, voltei a falar: — Esqueça sobre isso Ron, não é nada! Gina apenas confundiu as coisas.

Mandei um olhar sério para a menina ruiva e ela encolheu os ombros, como se estivesse tentando se desculpar comigo. Apenas assenti a cabeça para ela, voltando a encarar o rosto de seu irmão mais velho. Ele parecia estar em uma grande discussão mental para decidir o que fazer, mas quando eu ergui uma sobrancelha, desafiando-o a dizer qualquer coisa, Ron pronunciou um baixo “ok”.

Vários olhos dirigiram-se a mim enquanto eu me retirava do Grande Salão, tive que abaixar o rosto para esconder minhas bochechas rubras, mortificada. E se eu achava que minha noite estava ruim o suficiente naquele momento, era porque não contava com o que viria a seguir.

No primeiro corredor que virei, avistei Theodore Nott encostado na parede, parecendo um modelo das revistas trouxa de moda. Minha memória correu até dias atrás, quando os cabelos escuros eram platinos e o rosto sombrio de Theodore eram os traços gentis de Draco Malfoy. Será que havia uma regra, de que o chapéu seletor apenas colocaria na sonserina pessoas que parecessem sempre terrivelmente elegantes? Esse com certeza era mais um dos infinitos motivos de não ter sido colocada nesta casa, meu cabelo crespo era rebelde demais para sequer parecer agradável.

— Granger.

A voz de Nott fez meus pés pararem de caminhar abruptamente, como se acabassem de serem colados ao piso. Não parecia um chamado ou coisa do tipo, meu nome saindo de sua boca parecia-se mais com uma experiência para medir numa escala o quão desagradável àquela palavra estrangeira poderia soar. Bastante, na minha opinião.

— Perdão? – perguntei confusa, ainda tentando dispersar meus devaneios.

Seus olhos escuros tinham um brilho de zombaria que fez meu rosto se esquentar ligeiramente.

— Seja mais discreta, Granger. – ele comentou tranquilamente, sem se mover de sua posição relaxada.

Minha confusão mental apenas aumentou, analisando meus pensamentos para tentar descobrir sobre o que ele poderia estar se referindo. À medida que as engrenagens de meu cérebro trabalhavam rapidamente, deixando três ou duas teorias, vi o canto de seus lábios se esticarem para cima. Aparentemente ele parecia estar se deleitando com o fato de me ver confusa. Idiota.

— Eu não faço a menor ideia do que você está falando, Nott. – disse eu, erguendo meu queixo de maneira orgulhosa, para mostrar que ele não me intimidava nem um pouquinho – Agora, se me permite, tenho coisas mais inúteis para fazer do que perder meu tempo com as brincadeiras estúpidas que os sonserinos parecem apreciar tanto.

Não tive a chance de dar um passo adiante, antes que a risada de Theodore Nott ecoasse pelo corredor. Não alterei minha postura, preparada para qualquer coisa que ele pudesse dizer para mim. Anos lidando com comentários maldosos me fez confiante.

Ouch Granger, dessa forma até magoa meu intelecto. – sua voz carregada de escárnio nítido – Eu estava tentando ser prestativo, ou você gostaria de ser a nova fofoca de Hogwarts?

— Do que diabos você está falando, Nott? Apenas cuspa de uma vez. – revirei os olhos, tentando não mostrar a ansiedade e medo que começava a rastejar por meu corpo.

— Da próxima vez que for ficar encarando a mesa da sonserina, ao menos tenha um guardanapo extra para limpar a baba que escorre da sua boca, “Bruxa-Mais-Brilhante-Da-Sua-Idade”.

Para completar minha mortificação completa, Nott encerrou seu discurso com uma piscadela cheia de zombaria. Nesse momento, meu rosto inteiro formigou em puro e completo constrangimento. Estava tão focada em ser notada por Draco, que me esqueci do quanto estava sendo óbvia. Todos meus amigos pareciam ter reparado e agora Theodore Nott estava me dando lição de moral. Merlin, aonde eu vim parar?!

— Não faço a menor ideia do que você está falando, Nott. – repeti, como um disco arranhado, envergonhada demais para pensar numa resposta adequada para dar.

— Posso não ser o animal de estimação dos professores como você, mas eu certamente não sou nenhum idiota, Granger. – havia sempre humor ácido presente na voz de Nott, e eu não sabia se ficava atrapalhada ou irritada – Até o menino gengibre percebeu, não há como negar o quanto você é terrivelmente óbvia.

— O que você realmente quer Nott? – cruzei os braços, defensiva – Eu não estava sequer olhando para você! – cruzei meus braços de baixo dos seios, protetoramente.

– Oh, não se preocupe Granger, nem passou pela minha cabeça que você poderia ter qualquer paixonite por mim. – ok, eu deveria estar parecendo um tomate ambulante nesse momento – Sei exatamente para quem você estava olhando.

– Seus pais não te ensinaram a não meter o nariz onde não se é chamado, Nott? – murmurei, cobrindo mortificação com irritação.

Notei os dentes de Theodore ranger desconfortavelmente, e então percebi que havia dito algo extremamente errado. Não sabia muito sobre Nott, exceto que seu pai era um dos comensais da morte de Voldemort, e que era órfão de mãe. Certo, talvez eu houvesse acabado de me meter num problema colocando sua família em discussão, apesar de ter sido apenas um modo de dizer, pela experiência que tive com Draco, família era um tópico muito delicado para os puros-sangues.

— Não sei que porra Draco contou a você, mas seja o que for, mantenha a discrição. Entendeu garota estúpida?!

Sua voz era ameaçadora, assim como seus olhos escuros. Um arrepio percorreu a minha espinha, porém não me permiti tremer. Fiquei estoica em meu lugar, ainda de braços cruzados e rosto confuso. As palavras de Nott fizeram mais teorias voarem em torno de mim.

– Ele não te contou, não é? – sua voz estava mais calma, voltando ao som de zombaria habitual.

—Sim, ele contou. – a mentira descarada escorrendo por entre meus dentes, antes que eu pudesse raciocinar direito. Todo esse constrangimento deveria ir embora logo, antes que meu cérebro se derretesse e virasse sopa!

— Não, ele não te contou. – afirmou, confiante – Somente seja mais discreta, Granger.

Desespero começando a subir pelo meu pescoço, ao ver que seus pés começaram a se mover. Ele era minha única conexão com Malfoy em semanas, eu precisava arranjar uma forma de fazê-lo trazer Draco de volta para mim.

– Diga a ele que eu não vou desistir! – finalmente disse. Obviamente, a coisa mais idiota que eu poderia dizer sobre pressão.

– Eu não sou sua maldita coruja, Granger. – grunhiu Nott, o rosto parecendo bastante ofendido – Eu diria para você fazer isso por conta própria, mas a julgar pelo quanto indiscreta você é... – interrompi sua crítica, bastante irritada agora.

— Eu não preciso da sua ajuda, Nott! – respondi orgulhosa.

Estava de costas para ele e dando passos furiosos até a Torre da Grifinória, quando ouvi a voz grossa de Nott ao meu lado: — A paisagem da Torre de Astronomia é muito agradável depois do toque de recolher, não acha Granger?

Em seus lábios havia um sorriso cretino estampado, os olhos escuros brilhando sob a iluminação precária do corredor. Ele não me deu a chance de comentar qualquer coisa, pois logo seus passos se tornaram mais rápidos e longos, até que ele tivesse virado no corredor mais próximo.

Não o segui. A dica era óbvia, não me restava dúvida de onde poderia encontrar Draco, o único problema seria andar pelos corredores depois do horário sem que fosse pega por Filch e a odiosa Umbrigde me mandasse para uma sessão de tortura ou me expulsasse de Hogwarts.

Em breve seria o horário de ir para cama, então joguei o feitiço da desilusão em mim mesma e comecei a caminhar para a Torre de Astronomia, onde ficaria até que Malfoy aparecesse. Theodore Nott era uma das camadas que eu tinha de enfrentar para chegar à Draco, e aparamente eu havia acabado de livrar dela muito mais facilmente do que o esperado.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei, nesse capítulo não teve o Draco, porém no próximo capítulo vai ter muitíssimo Draco pra vocês :( Prometo!

Ah, e só queria explicar que amo de todo meu coração a Hermione, acho ela uma personagem forte, inteligente e maravilhosa, exemplo de mulher, mesmo. Por que eu to falando isso? É que eu tô tentando ser fiel a personagem, e portanto talvez esteja enrolando. Gente, paciência! Foi sete dias pra Deus construir o mundo, então não vamos botar geral pra transar nos armários de vassoura com 3 capítulos postados, tá? hahahah tudo tem seu tempo......



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