Ação e reação escrita por Florrie


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Resolvi postar o primeiro capitulo hoje. Espero que gostem :)



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Cersei Lannister sentou junto com a filha em uma mesa ao lado da janela. Rapidamente um garçom foi até as duas com sorrisos e cortesias, provavelmente Cersei era uma cliente conhecida – e importante. Seu pedido chegou rápido, uma torta de morango para a mulher e uma de chocolate para a mais nova. As duas se parecem, Sansa notou. Myrcella Baratheon tinha toda a beleza da mãe, compartilhavam os mesmos bonitos cachos dourados e os mesmos olhos verdes. Aquilo a fez lembrar-se de como ela costumava se parecer com a mãe quando tinha os fios ruivos, sempre fazia os mesmos penteados da mãe esperando se parecer ainda mais com ela.

Cersei sorriu de algo que a menina disse.

– Olhando daqui eu nem acreditaria que essa mulher é quem é. – Gendry comentou ao seu lado. – Myrcella Baratheon é a filha, certo?

Ele estava folheando uma das fichas que Oberyn havia preparado sobre a família.

– Sim.

– Dezessete anos, notas exemplares, aula de piano terças e quintas, nunca se meteu em problemas ou algo do tipo, aparentemente sem namorado. – Sansa ouviu tudo olhando para a menina, ela realmente parecia o tipo de garota boa e honesta. Ela é uma Lannister, você nunca pode ter certeza. – Oberyn escreveu umas notas, algumas inúteis outras nem tanto, ele diz que ela é aquele tipo de pessoa que confia rápido.

– Nós não a usaremos para se aproximar Gendry, não agora pelo menos. – Ela o olhou rapidamente. – E caso fossemos usá-la você sabe quem seria o escolhido para o trabalho.

– Não faço o tipo dela.

Ele estava provavelmente certo. Myrcella parecia ser o tipo de menina que sonhava com um príncipe. Gendry era bonito com seus cabelos negros, olhos azuis e corpo forte, mas dificilmente seria visto como um príncipe.

– Não, mas eu vou fazer o tipo do mais velho.

O rapaz pegou outra ficha, no inicio estava escrito Joffrey Baratheon.

– Joffrey Baratheon, dezenove anos, provável candidato para se sentar na cadeira de presidente da companhia do pai – com os dedos Gendry fez aspas no ar ao falar a palavra pai –, típico garoto rico que tem tudo na mão. – Ele folheou a ficha do rapaz, uma foto chamou a atenção de Sansa e ela colocou o dedo sobre a ficha impedido Gendry de virar a pagina. – O que foi? Gostou?

Joffrey Baratheon era bonito. Na foto ele tinha um sorriso convencido, seus cabelos loiros estavam cortados curtos e seus olhos verdes claros pareciam está se divertindo.

– Noivo de Margaery Tyrell, sempre visto com ela em festas e eventos. – Gendry assoviou ao seu lado. – Que mulher. – Sansa também espiou a foto dela, o tipo de garota que estaria noiva de Joffrey Baratheon. – Quem iria querer outra tendo uma dessas ao seu lado?

– Olhe para ele Gendry, não é do tipo que se contenta com uma só. Vai ser fácil se aproximar.

– Acha que a noiva vai deixar isso acontecer assim tão fácil?

– Eu não tenho medo.

– Claro que não. – Gendry riu de alguma coisa que leu no fim da ficha. – Comentários do Oberyn. – Explicou quando viu seu olhar. – Ele diz que Joffrey é um playboy idiota, burro e com tendências violentas. Aparentemente ele se envolveu em uma dúzia de confusões pela a cidade, brigas e... Cara, ele matou um ciclista enquanto dirigia bêbado, obviamente as acusações foram retiradas.

Aquilo a fez pensar no seu irmão Robb. Ele estava na cadeia por algo que nunca fez, preso como um rato no meio de todo o tipo de gente. Culpa deles. Caso suas contas estivessem certas, Robb sairia em breve da prisão, quem sabe ele não se junta ao time?

– O tipo perigoso Alayne, tome cuidado.

– Não se preocupe.

De volta à mesa, Cersei passou a mão carinhosamente pelo o cabelo de Myrcella e disse alguma coisa que fez o rosto da menina brilhar.

– Tommen Baratheon. – A voz de Gendry se calou assim que o garçom chegou com a torta de limão que ela tinha pedido. Agradeceu com um sorriso e o rapaz foi embora. – Dezesseis anos, estuda no mesmo colégio que a irmã... Não tem nada de muito interessante sobre ele, é um garoto normal, mas parece que não tem muitos amigos. Ah, ele gosta de gatos, não faço a mínima idéia de como essa informação será útil, mas...

A foto de Tommen deve ter sido retirada do registro da escola. Ele era bonito, mas de uma forma diferente de Joffrey, seu rosto era sereno e seu sorriso tímido.

– Cersei ama os três filhos, principalmente o mais velho, tem que estar sempre alerta. – Gendry fechou a ficha e olhou para a mesa onde a Lannister lanchava com a filha. – Os filhos são o modo perfeito de atingi-la.

Aquilo a fez lembrar-se de algo que Oberyn lhe disse meses antes.

– Não existe nada que ela ame mais do que a si mesma. O amante é o irmão gêmeo que é sua versão masculina, seus filhos são sua continuidade... Não existe pessoa mais egocêntrica do que ela.

Gendry então abriu a ficha de Cersei. No início havia uma foto do ano passado em que a mulher tirou para uma revista que cobria uma festa beneficente. Ela estava linda em um vestido vermelho que lhe grudava no corpo, mesmo depois de três filhos ela era capaz de causar inveja em qualquer garota mais nova. Seus cabelos dourados estavam soltos e caiam em forma de ondas pelos seus ombros nus, Cersei parecia uma daquelas estrelas de cinema antiga. Sansa olhou para a foto e depois para a mulher sentada a algumas mesas da sua, ela era ainda mais bonita pessoalmente.

– Vai ser divertido quando liberarmos o vídeo. – O rapaz comentou para logo depois ler: – mãe exemplar e a líder de um grupo de mulheres da alta sociedade.

Ela sentiu um sorriso se formar nos seus lábios.

– Acha que deveríamos chantageá-los primeiro? – Ele perguntou já sabendo qual seria sua resposta.

– Você não chantageia um Lannister Gendry. Ou você ataca ou você morre.



Sob uma garoa constante, os dois voltaram para o apartamento que dividiam a quase duas semanas na baixada das pulgas. Aquele não era o melhor bairro de Porto Real, mas já tinha sido pior. No passado gangues reinavam absolutas e o trafico de drogas acontecia pelas ruas na luz do dia. As leis do estado não operavam naquela parte da cidade. Entretanto, nos últimos dois anos, o bairro havia melhorado bastante. As gangues que sobreviveram a policia eram pequenas demais para causar uma guerra e o comercio voltou a florescer.

Floriculturas, salão de beleza, lanchonete vegetariana, você podia encontrar bastante coisa pelas ruas confusas e um tanto sujas da baixada... Pó, armas e comprimidos também, pelo o preço certo, claro.

Gendry abriu a porta e a deixou passar primeiro. O lugar era pequeno como Oberyn tinha alertado. A sala cabia um sofá marrom, uma TV, uma pequena mesa de madeira no canto – com lugar para duas pessoas, três se você se apertar – e um tapete vermelho gasto. Além daquele cômodo havia também uma modesta varanda, uma cozinha pequena, um banheiro e dois quartos.

Quando viu o lugar pela a primeira vez, Gendry riu e disse que era bem maior do que o quartinho que dividia com a mãe na infância. Sansa, entretanto, logo pensou na bonita casa que tinha no passado em Winterfell. Pensou no modo como costumava observar a neve cair na parede vidro que separava a sala do piano da varanda dos fundos. No Norte o ar era puro e o vento gelado fazia seu rosto arrepiar, ela adorava tudo sobre o lugar.

Esqueça. Esqueça. Esqueça.

Você não é mais Sansa Stark, você é Alayne Stone, uma órfã do Vale.

O Waters se jogou no sofá e ligou a TV enquanto ela foi até a cozinha procurar alguma coisa para comer. Tirou da geladeira a comida que tinha sobrado do almoço e tratou de esquentá-la. Estava pegando dois pratos limpos do armário quando ouviu a voz de Gendry soar alta da sala:

– Venha ver isso Alayne.

Ela foi desconfiada.

A TV estava ligada em um daqueles programas inúteis de sub-celebridades. Este era apresentado por um homem careca que sempre vestia roupas brilhantes, ela se lembrava de assistir aquele negocio como forma de pesquisa. Alguns Lannister costumavam aparecer com certa freqüência.

Naquela noite o homem vestia um terno rosa choque e soltava risinhos irritantes a cada cinco palavras. A garota rolou os olhos e então leu o letreiro que piscava na parte inferior da tela.

Festa de aniversario de Loras Tyrell terá a presença dos irmãos Lannister.

– Joffrey Baratheon sempre foi uma certeza, afinal ele é noivo da irmã do aniversariante, mas a presença de Myrcella e Tommen era um mistério. – O homem falou no momento em que uma foto dos três irmãos surgiu. Joffrey sorria abraçado aos irmãos, Myrcella era a graça em pessoa e parecia genuinamente feliz, contudo o mesmo não podia ser dito do mais novo, estava com um discreto sorriso, mas aparentava querer sair o mais rápido daquela situação. – O que será que a linda Myrcella vestirá amanhã? Quais são suas expectativas Jane?

A foto sumiu e o homem careca voltou. Sansa sentou ao lado de Gendry e observou quando a tela se dividiu no meio e uma mulher de cabelos curtos apareceu.

– Cersei Lannister ensinou a filha direitinho como se vestir, eu aposto que ela aparecerá com algo mais despojado, talvez uma peça da nova coleção da Spicer. – Gendry resmungou alguma coisa ao seu lado. – Duvido muito que a veremos em um vestido longo como na festa beneficente da sua mãe, uma pena, ela parecia uma verdadeira princesa.

– Oh sim, aquela peça também foi desenhada pela senhora Sybell não foi?

– Assim como o vestido da filha Jeyne Westerling.

Uma discussão inútil sobre o que os Westerling estariam usando começou e Sansa desligou a TV.

– Por que não apressar as coisas? – Ela olhou para o rapaz ao seu lado com um sorriso. – Acha que Oberyn conseguiria me colocar dentro disso?

– Por que não perguntamos? – Gendry tirou o celular do bolso da calça e discou o numero. Segundos depois o homem atendeu.

Sansa ficou calada enquanto o outro falava. Ela colocou a mão da barriga ao notar que estava formigando. Vai começar, finalmente. Depois de vagar pelo o Vale abandonada, depois de dormir em abrigos para moradores de rua e temer a própria sombra, depois de esperar pacientemente o momento certo ao lado de Gendry... Finalmente.

– Certo... Eu digo a ela... – Ele desligou o telefone e a olhou. – O Martell disse que pode dar um jeito, mas você vai ter que fazer valer à pena.

– Eu vou.

– Vai precisar de uma daquelas roupas que ele te deu. – Provavelmente. Uma festa como aquela requeria vestimentas caras. – Está mesmo pronta Sansa?

A Stark o encarou com os olhos gelados.

– Eu sou Alayne Stone agora e eu estou mais do que pronta.



XXX




Nos últimos cinco anos – quase seis – ele imaginou como seria aquele momento. O dia em que estaria livre. Às vezes sonhava que sua família inteira o estaria esperando. Sua mãe choraria de felicidade e correria para abraçá-lo, sua irmãzinha Arya o encheria de beijos e Sansa lhe ofereceria um de seus doces sorrisos. Jon apertaria sua mão sorridente e os mais novos, Bran e Rickon, iriam lhe contar entusiasmados tudo o que ele havia perdido. Por fim seu pai, depois de um abraço caloroso, iria lhe dizer que ele foi forte e que tudo estava bem agora. Robb voltaria para sua casa em Winterfell e esqueceria todo aquele inferno. Ele nunca mais confiaria em um Bolton de novo.

Quando o portão de ferro cinza da prisão de Porto Branco se abriu ele viu que a realidade era muito diferente dos seus sonhos idiotas. Claro que ele sabia. Sua família foi morta pouco depois dele ser trancafiado naquele lugar. Ele nunca mais veria o sorriso gentil da mãe ou ouviria os gritos de Bran e Rickon... E mesmo aqueles que tinham sobrevivido estavam diferentes.

Nas poucas vezes que foi visitado por algum dos irmãos – visitas freqüentes poderiam atrair atenções indesejadas – ele notou uma grande diferença. Jon tinha uma sombra nos olhos cinza e parecia ainda mais calado do que antes. Sansa, que só o visitou uma única vez, parecia uma completa estranha. Seus cabelos ruivos deram lugar a um castanho escuro e seu semblante gentil se transformou em algo cheio de raiva. Ela sorriu ao vê-lo, mas foi algo cheio de dor. Sua irmã não era mais aquela menininha que adorava vestidos bonitos e tortinhas de limão.

Robb quase não a reconheceu quando a viu.

– Quando você sair daqui eu vou estar em Porto Real. – Sansa sussurrou no telefone azul que devia usar para falar com ele.

– Você sabe de Arya? – Ele se lembrava de perguntar antes que a irmã pudesse ir embora.

Ela lhe deu a mesma resposta de Jon.

Não.

Os portões de ferro bateram atrás dele e ninguém o esperava do lado de fora. Deu alguns passos para longe daquele lugar e então abriu a mochila velha e gasta. Ali dentro encontrou a velha carteira e o pouco de dinheiro que sua mãe lhe deu naquela noite em que tudo acabou. Também tinha seu antigo celular que se mostrou inútil quando Robb tentou ligá-lo.

– Ótimo.

Uma buzina no fim da rua chamou sua atenção. Logo notou um carro preto estacionado ao lado de uma parede pichada. Ao lado do veiculo estava um homem alto, magro com grossos cabelos negros. Robb ficou genuinamente surpreso em vê-lo.

– Jon?

Perguntou enquanto se aproximava rápido.

– Como vai Robb? – Disse ele, com um sorriso incerto. Robb o abraçou com força e por um momento foi como na juventude, Jon indo buscá-lo de uma de suas enrascadas. Vamos para casa antes que a senhora sua mãe me culpe por isso também, ele diria e os dois voltariam rindo. – Estou feliz que você esteja aqui fora de novo. De verdade.

– Faço minhas as suas palavras.

– Pronto para ir embora?

– Mais do que pronto.

Os dois entraram no carro. Ao afivelar o cinto de segurança Jon se virou para ele e perguntou com a voz calma.

– Para onde quer ir?

– Leve-me para a estação.

– Voltar para Winterfell pode não ser a escolha mais sábia. – O irmão começou no momento em que girou a chave do carro. – Os Bolton não vão tolerar um de nós em Winterfell e eles não são chamados de carniceiros a toa. – De fato não são. – Você pode ir para a Muralha comigo. A cidade é bastante agradável nessa época do ano.

– Eu não irei para Winterfell ou para a Muralha Jon.

Seu irmão deu ré e os dois entraram na rua.

– E para onde então?

– Porto Real.


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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre bem vindos :)



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