Um dia, logo após a primeira semana morando na casa de praia, Félix chamou Niko pra dar uma volta ali pelos arredores e eles foram passear. Até que sentaram e ele começou a mostrar uma surpresa que preparou para o Carneirinho.

Félix havia instalado câmeras de monitoramento em alguns ambientes da casa e as imagens geradas por elas podiam ser acessadas, via internet, pelo celular.

— Olha como sou inteligentérrimo, já tem no meu celular e vou colocar no seu. Agora podemos passear tranquilos sem se preocupar com os meninos ou com papi...

Félix mostrou que haviam varios canais e era posivel escolher entre ver as imagens da garagem, area da piscina, entrada, cozinha, sala, quarto dos meninos e de Papi Soberano. Niko achou engraçado e, ao mesmo tempo, um pouco de exagero do companheiro.

— Félix, isso parece até o Big Brother, só que é nossa casa...

— Fiz isso pela nossa segurança. Gostou?

— Você acha mesmo necessário?. A Adriana está lá e a enfermeira do seu pai também.

— Pelas contas do Rosário, Niko, vai dizer que não te tranquiliza saber o que os meninos estão fazendo? Principalmente Fabrício quando fica sozinho naquele berço, olha lá ele dormindo, que amor.

— É... pensando bem, é como uma babá eletrônica.

— Então! Olha nesse canal Jayminho brincando... e aqui, olha Adriana na cozinha... e clica nesse outro... lá está Papi conversando com a enfermeira...

— Tá bom, eu confesso, eu gostei, Félix!

Félix então instalou o aplicativo no celular de Niko, o ensinou a usar e como escolher entre as imagens de todas as câmeras. Clicou e mostrou todas, menos uma. O Carneirinho quis saber qual ambiente seria mostrado naquele canal e Félix desconversou, disse que não estava funcionando. Mas ele insistiu e clicou mesmo assim. Apareceu a imagem de uma cama king size, a cama deles.

— Ué, essa câmera mostra o nosso quarto?

— Ai... Carneirinho...

— É o nosso quarto sim.

— Sim... é óbvio que é... aff

— Félix, não entendi. Se é pra gente monitorar as crianças e o seu pai quando estamos fora... pra que uma câmera no nosso quarto?

— Não era pra mexer aí agora, criatura.

— Por quê?

— Porque era surpresa... era pra mexer outro dia.

— Outro dia quando? Pode explicar, senhor Khoury?

— Era para mexer só quando o restaurante novo começar a funcionar. A partir desse dia o senhor vai trabalhar e me deixar em casa sozinho. Então poderá me ver lá do restaurante.

— Félix... mas porque eu ia querer... você acha que tenho tantos ciúmes assim a ponto de querer te monitorar?

— Que você tem ciúmes, tem sim... mas não é pra isso, criatura loira. Não é pra ficar me vigiando, até porque não precisa, sinceramente!

— Ué, mas então pra que eu vou querer ver a imagem do nosso quarto quando estiver trabalhando?

— Pra você assistir o meu show.

— Oi?

— Meu show, Niko. Pensa... usa a cabeça... de cima.

Niko não disse nada, apenas franziu as sobrancelhas tentando entender o que Félix queria dizer.

— Pensa Carneirinho, você lá no restaurante e eu aqui no nosso quarto. Posso fazer um show pra você assistir de lá. Aí sim, você vai usar a cabeça... de baixo.

Ambos riram.

— Félix, venhamos e convenhamos, você acha que vou parar de trabahar e fazer o que... me trancar no escritório pra assistir o seu... seu show erótico?

— Vai sim – Félix piscou. – É claro que você vai!

— Mas claro que não, eu não sou... eu não sou esse tipo de pessoa que fica assistindo... Olha aqui, você é um tarado!

— E você adoooora!

Em um movimento rápido, Félix o agarrou e o beijou. O beijo foi longo, de tirar o fôlego. Após o beijo, ficaram trocando carinhos, sem tocar mais no assunto. Até Niko falar.

— Félix.

— Hein?

— Vamos testar agora? Eu fico la fora, perto da piscina, com meu celular e você vai lá no quarto... faz alguma coisa... não precisa ser nada muito elaborado... só pra gente ver se funciona...

Félix riu alto.

— Eu sabia! Eu sabia que você ia gostar, Carneirinho!

Eles levantaram, Félix puxou o companheiro pela mão e eles caminharam de volta até a casa. Foram correndo fazer o tal teste.