Just Friends - 3ª Temporada escrita por Laia


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

AMORES DA MINHA VIDA QUE SAUDADEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE (OLHA A EXAGERADA)
Ta, parei de gritar.
Ain, como vocês estão? Arrumei um tempinho e resolvi deixar de ser desnaturada, me perdoem.
Não tenho muito o que contar pra vocês, mas quero saber das novidades u.u
Hoje não vou ficar enrolando e tomem um capítulo cheio de treta pra vocês.
Um cheiro da tia Laia



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Eu tava na escada de emergência de novo. Meu cabelo era mais curto, meu rosto menos cansado e eu chorava.

—Eu sinceramente quero que vocês se casem, formem uma linda família e vivam felizes para sempre, porque vocês se merecem.

Era minha voz. Era eu. Mas não era eu. Não agora.

E era o Eduardo na minha frente. Bem mais novo também, com o cabelo bagunçado e cara de derrota. Sua boca se mexia e eu sabia exatamente o que ele falaria naquele momento, mas não saía som algum.

Minha versão mais nova batia nele de forma agitada, mas mal acertava metade dos tapas que tentava dar. Eu conseguia me lembrar que xinguei cada palavra que surgiu na minha mente naquele momento. Sentamos no chão, conversamos, eu me levantei para ir embora.

Assisti tudo aquilo pensando se algo iria mudar. E mudou.

Eu olhei para trás e o mundo girou. Agora era eu naquela escada, com a mesma roupa que vesti para dormir. E não era mais o Eduardo. Era a Anne. O rosto limpo de maquiagem, os cachos volumosos colorindo ao redor do seu rosto. Um enorme sorriso de satisfação preenchia sua face.

Quis me encolher para esconder o pijama, mas meu corpo não reagia aos comandos.

—Parece que a vadia ganhou.

Eu estava sem voz. Abria e fechava a boca, tentava gritar, emitir qualquer barulho, mas estava muda.

—Me xinga agora.

Eu não me movia. Meu corpo estava paralisado, não importava o esforço que eu fizesse, continuava imóvel. Parecia que cada musculo meu estava petrificado.

E então o Eduardo voltou para a cena.

E eu fui obrigada a assistir aquilo.

Aconteceu como em muitos dos meus pesadelos pós término. Eles se beijavam enquanto a mão dele escorregava por cada canto do corpo dela que fosse possível alcançar. Ela apertava, arranhava e gemia a cada beijo que recebia no pescoço. Suas pernas se entrelaçaram na cintura dele e ele a ergueu, encostando seu corpo na parede. Ele ficou de costas para mim, o que permitia que ela me olhasse livremente. Seus olhos me engoliam e a única coisa que eu conseguia sentir era humilhação. As mãos revezam entre as coxas, a bunda, os seios, quase tirando a roupa ali mesmo. Ela se deliciava sem parar de me olhar.

Queria vomitar ali mesmo. Colocar meus dez dedos na garganta e arrancar aquele nojo de mim mesma. Sim, eu sentia nojo vendo aquilo. E não era nojo deles. Era como se a cada toque dele nela, eu me sentisse mais e mais suja. Eles se beijavam tão forte que chegava a ser brutal. Os corpos colados só davam espaço para a passagem da mão dele por ela.  

—Olha Edu - ela falava entre os beijos, a boca já mostrando sinais de tal agressividade – a Manuela.

—Quem? - ele respondia em todas às vezes entre os beijos, sem desviar sua atenção.

E aquilo continuou, não sei por quanto tempo.

Até que ele virou e me olhou. Como eu preferia que ele não tivesse olhado.

Seus olhos percorreram todo meu corpo, como se procurasse algo. E então ele riu, como quem lembrasse de uma piada tola o suficiente para ser engraçada.

Riu alto, de forma incontrolada, se sentando em um degrau. Quando parou, se virou para mim, com ela o abraçando por trás.

—Essa ai não passa de um peso morto. Uma criança que perdeu outra criança. Mal servia como namorada.

E então eles voltaram a se agarrar ali na minha frente. Dessa vez, realmente começaram a tirar a roupa. Eu conseguia sentir cada toque dele, e conforme o prazer se estampava no rosto dela, eu sentia dor. Cada beijo ardia como um tapa. Cada toque dele nela me queimava. O nojo crescia dentro de mim e eu sequer conseguia desviar o olhar.

Acordei suada com a roupa colada no corpo, tremendo da cabeça aos pés. Sentei na cama sentindo que iria vomitar. As mãos tremiam tanto que não conseguia prender meu cabelo. Ainda era nove da noite, e meu plantão só começava em 3 horas.

Estava sozinha. A Laura só iria chegar às onze.

Disquei seu numero:

—Oi.

—Pode falar?

—Claro.

Então eu consegui ouvir os auto falantes chamando “Dr. Laura, quarto 315”.

—Desculpe querida, estão me chamando.

—Tudo bem. Boa ronda pra você.

—Obrigada... Não parece bem – conseguia ouvi os passos dela apressados pelo corredor – conversamos quando chegar, ok?

—Ok.

Ela desligou logo em seguida.

Me revirei na cama tentando dormir, mas foi em vão. Aquelas imagens do sonho rodeavam minha cabeça e eu ainda conseguia sentir aquela queimação em mim.

Naquela noite, eu lembro que fui atrás do Ben igual a uma criança desconsolada. Eu falei sobre amor com ele, falei sobre o Rodrigo.

“-Não to enganando, eu gosto do Rodrigo.

                -Mas ama o Eduardo...

                -E provavelmente vou continuar amando... Amor não é um sentimento que some, ele não morre. Isso vai ficar comigo o restante da minha vida, seja como uma memória boa ou ruim... Só que eu posso decidir que tipo de lembrança vai aparecer daqui pra frente. Me deixa me dar o luxo de sentir como é ter alguem que faria de tudo por voce... Me deixa ser egoísta. Eu quero pagar pra ver, mesmo que eu vá meter a cara no final.

                -E se você se machucar de novo?

                -Fui eu que escolhi isso certo?

                -E se machucar ele?

                -Eu falei pra ele que não podia fazer, e ele disse que era o que ele queria.

                -É claro, ele ta apaixonado o suficiente pra não se importar em ser usado. Mas e você? Ta machucada o suficiente pra não se importar de usar ele?”.

 Eu não podia estender aquilo ainda mais.

Enviei uma mensagem.

“Ta acordado?”.

Uns dez minutos depois, recebi a resposta.

“Aconteceu alguma coisa?”.

“Pode me buscar? Precisamos conversar”.

“Preciso mesmo falar com você. Chego em meia hora”.

Não me dei o trabalho de me arrumar. Vesti um casaco e prendi meu cabelo de forma desengonçada, sentando no sofá para esperar. Ele não demorou nem 20 minutos.

A verdade é que eu ainda não tinha me recuperado, mesmo tantos anos depois. Não do fato de ter perdido ele, isso não. Ta, não nego que ainda mexe comigo, mas isso é outro caso. Eu não tinha me recuperado dos fatos... O aborto, a traição, o namoro com Rodrigo. Engoli tudo junto, a seco, de uma só vez. Era como uma indigestão. Eu havia comido rápido demais e não conseguia digerir. Alguma hora ia acabar fazendo mal e eu colocaria pra fora do jeito errado. E bem, como sempre, seria da pior forma.

Abri a porta e dei de cara com um sorriso enorme.

—Oi.

—Por que ta tão feliz assim?

—Eu andei pensando muito em algo que não tem me permitido dormir.

Ótimo, eu também.

Pela cara dele, dava pra ver que era algo bem diferente do que eu tinha pra dizer.

—Fala primeiro.

Ai deus, eu não consigo.

—Acho que a sua é mais importante... Me conta.

Ele esfregou as mãos nas pernas e respirou fundo, abrindo um sorrio logo em seguida.

—Bem... Então Manu. Eu estivesse pensando, estamos há muito tempo juntos e a Laura vai se casar.

Ai deus. Por favor, não.

—E você ta com 22...

—Aham.

—E eu estava pensando que seria interessante se... Ahn... Bem. Eu sei que as coisas não andam um lindo mar de rosas, que ainda nem nos formamos e que nunca chegamos a realmente cogitar a ideia de algo assim durante nossas conversas, mas...

—Espera.

Ele me olhou assustado. Estava nervoso. Dava pra ver o medo da recusa estampado no seu rosto.

Me aproximei, tentando não parecer grosseira. Segurei uma das suas mãos da forma mais delicada que pude, enquanto a outra estava no bolso.

—Não vai me pedir em casamento, vai?

Ele ficou sem graça.

—Não... Eu só...

Puxei sua outra mão de dentro do bolso, de forma suave. Ele segurava algo entre os dedos com tanta força que era notável seu esforço.

—Abre Ro.

Ele baixou os olhos e abriu a mão, morrendo de vergonha.

MEU DEUS MEU DEUS MEU DEUS.

Bem ali na minha frente, tinha um belo de um solitário. E quando eu digo belo, é de beleza mesmo. Pequenos cristais formavam as pétalas de uma delicada flor, com um diamante no centro. A prata era fosca e se trançava por todo o anel, formando leves ondulações que davam uma impressão de leveza na peça.

—Ele... Meu deus. É lindo Rodrigo.

Travei ali mesmo. Mas conseguia respirar.

—Era da minha tia. Ela amava flores, principalmente aquelas que vão crescendo e se enrolando nos troncos. Teve um lindo jardim enquanto pode, até que bem, você sabe.  Você também sabe que ela praticamente me criou e bem... Meu tio me deu pouco depois daquilo tudo rolar. Ele que mandou fazer para ela, inspirado na sua paixão. Pode ser seu, se você quiser.

—Rodrigo, não posso.

Essa tia dele era como uma mãe. Ela sentia muitas dores de cabeça e começou a ter convulsões, ate que descobriu um tumor secundário. Um tumor secundário é quando células doentes de outros órgãos migram, no caso dela, para o cérebro. O que podia ser feito, foi feito. A ultima cirurgia foi bem sucedida na retirada de maior parte do tumor, mas ela teve complicações, um edema se desenvolveu e ela acabou sofrendo um AVC. Depois disso, Rodrigo decidiu se especializar em oncologia.

Era um dos anéis mais lindo que eu já tinha visto. Era único, delicado e ao mesmo tempo tinha tanta personalidade.

—Rodrigo, eu não posso. Eu realmente não posso.

—Por que não? Iria resolver seu problema de onde morar depois da Laura casar e bem, não precisamos nos apressar pra arrumar as coisas, e eu enfim ia conhecer sua família. Alem de que não ia precisar se preocupar com nada, teríamos tudo, sabe disso.

Não teríamos nada. Exatamente nada. Sabe quando você vai num casamento e vê aquelas pessoas felizes e emocionadas? Eu não conseguia me ver nisso com ele. Não conseguiria lançar aquele olhar amoroso no final da cerimonia ou acreditar que aquelas promessas seriam eternas. E isso me deixava angustiada demais pra cogitar a ideia.

—Ro, eu não quero tudo. Não preciso de céus e terras pra viver, você devia saber disso.

—E eu sei, mas eu posso te dar isso, você sabe que posso. E sabe que quero.

Eu não daria nada. Não teríamos nada.

—Rodrigo, não. Eu não quero.

Então, ele enfim entendeu o que eu tentava dizer mas não conseguia.

—O que você não quer Manuela? Porque eu não entendo. Eu me dispus todos esses anos, estive aqui todo esse tempo fazendo tudo que você queria ou precisava. Pode ter tudo que precisar comigo, seja no financeiro, físico ou sentimental, e nem peço que me dê tudo de volta, porque eu nunca liguei que me usasse. Eu posso te dar a vida que muitas se matariam pra ter e quando eu venho aqui no meio da noite você só tem isso pra me dizer? Eu não quero? Me diz exatamente o que você não quer então! É o dinheiro, o casamento, é minha presença, sou eu? Seja sincera pelo menos dessa vez porque eu to cansado de estar disposto a tudo enquanto você não quer nada.

Essa me acertou forte. Tão forte que eu não conseguia reagir.

—Você pelo menos me ama?

Amar eu até amo, mas não da forma que ele quer.

—Amo. Eu só não posso...

—Não pode ficar comigo? Depois de todo esse tempo, quer dizer que não pode ficar comigo? Que não pode me aceitar?

—Eu te chamei pra me despedir.

—Se despedir?

Dava pra sentir a raiva dele vindo. Ele não era bem o tipo de cara que fica bravo ou briga com você. Mas quando fica...

—Rodrigo, eu te amo, mas eu não sirvo pra isso. Não é o tipo de amor que quer de mim. Precisa e merece mais. Eu não posso continuar te enganando porque olha a que ponto eu já deixei chegar. Eu não quero errar de novo porque você não merece isso e aceitar esse pedido seria o maior erro de todos.

—Então eu que sou o erro? Para de falar que ta fazendo isso por mim. Sabe muito bem que ta fazendo por si mesma, porque todo esse tempo não queria estar sozinha! E sim, eu sei. Ainda é por causa dele! Ele foi o erro e olha o que eu ganho por tentar concertar.

Eu queria dizer que não, mas seria mentira. Mas se dissesse que sim, também estaria mentindo. Era sobre MIM! Ninguém conseguia ver isso?

—Não é sobre ele.

—Quase quatro anos pra continuar sendo ele. Eu realmente devo ser um grande idiota.

—Não é sobre ele.  

—O que eu preciso fazer pra você acordar que perdeu ele? Te engravidar também? Se bem que do jeito que somos, ia seria impossível.  

Por essa eu não esperava. Não vindo do Rodrigo. Até porque, quase ninguém sabia.

—Como sabe disso?

Ele não respondeu.

—Eu fiz uma pergunta e pelo menos essa resposta eu tenho o direito de saber.

—Por você que não foi.

—Otimo, não diga então. Quer saber? É, eu engravidei do Eduardo, perdi a criança, fui traída e agora eu atendo a filha dele no pronto socorro. Então sim, talvez eu realmente ainda sinta algo por ele, mas eu te digo que não vou casar porque não quero. Não desse jeito, não com um cara que pensa que preciso sofrer pra lembrar dele, que precisa jogar as coisas na minha cara. Não com um cara que acha que preciso amar ele só pelas condições que ele pode me oferecer. Então NÃO Rodrigo, não precisa me engravidar, não precisa me dar mais nada porque EU NÃO ACEITO!

—JOGAR AS COISAS NA SUA CARA? ACORDA MANUELA! VOCÊ NUNCA FEZ NADA POR MIM!

—ENTÃO VAI EMBORA! NINGUEM TA TE IMPEDINDO!

A porta abriu e a Laura deu de cara com os dois berrando:

—Ok, finjam que não to aqui e que não acordaram a rua toda gritando.

Ela passou por nós e foi para o quarto. O Rodrigo não fez mais nada além de pegar suas coisas e ir embora.


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Notas finais do capítulo

Então, por favor, me deem um retorno. To numa fase foda e juro que to tentando voltar a e escrever pra vocês.
Até o próximo



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