Just Friends - 3ª Temporada escrita por Laia


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeey amores
Tia Laia ta bad, então não vou ficar enchendo vocês. Beleza? Beleza!
Espero que gostem :*



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Andei pelo longo corredor com o coração querendo pular do peito.

“Seja profissional” eu repetia sem parar, tentando me convencer um pouco de que isso era possível.

O encontrei antes mesmo de chegar perto. Estava sozinho.

Eu esperava encontrar um amontoado de cabelos vermelhos ferrugem – ela havia mudado a cor, pelo que a Laura me contou -, mas só encontrei um pai com as calças de do pijama – se bem que aquilo mais parecia uma samba canção -, um moletom escuro e o cabelo bagunçado.

Não que algum dia ele realmente tenha sido arrumado... Deu pra entender.

–Eduardo.

Tive que chamar outra vez pra ele me ouvir. Estava preocupado, com o corpo curvado, os cotovelos apoiados nos joelhos que não paravam quietos, o rosto enterrado entre as mãos.

–Eduardo!

Ele me olhou, assustado.

–Manuela? O que faz aqui?

Ele levantou ainda meio atordoado, andando na minha direção.

–Trabalho aqui – respondi mostrando o jaleco – Ela vai ficar bem, mas é melhor suspender o remédio se não quiser que ela acabe tendo uma parada respiratória ou uma parada cardíaca completa.

–Você quem ta cuidando da Meg?

–É, to no plantão hoje.

–E eu posso entrar pra v...

–Não – o cortei de imediato – ainda não...

–Mas você disse que ela ia ficar bem.

–E vai, eu te garanto. Mas você ta agitado demais pra entrar agora. Melhor ela dormir um pouco, e você também. Eu recomendo que passe a noite aqui, pra gente ter certeza de que não vai ter mais nenhuma reação nem nada do gênero. Talvez quando amanhecer e ela estiver mais descansada, você possa entrar. Ela ta medicada, os batimentos e a respiração desaceleraram e ela ta conseguindo respirar normalmente. Já pode se acalmar.

–Mas Manu... – ele implorou.

Deuses, profissionalismo Manuela!

–Ela ta cansada, e meio molinha... Precisa dormir, e o remédio por si só já vai dar uma sonolência nela. Descansa também... Meu turno só acaba de manha, eu libero ela antes de ir e vocês vão pra casa.

–Só cinco minutos, por favor.

Droga Manu!

–Um minuto, e comigo do lado – não tinha como não ceder... E ele abriu um sorriso tão bobo por poder ver a filha. Arrrrrrrgh.

Conduzi ele pelo corredor, andando o mais rápido que conseguia. Quando chegamos, ela já estava dormindo.

Ele soltou o ar, aliviado ao vê-la.

–Como te disse, ela esta bem.

–Eu acredito Manu, só precisava...

–Eu sei, convivo com pais como você todos os dias. Agora você precisa ir. Sei que não vai querer ir pra casa, então posso conseguir um cobertor pra você, e o café da maquina daqui é digerível.

Voltamos para a emergência. Ele se sentou enquanto eu fui buscar uma coberta. Não demorei a voltar.

–Qualquer coisa eu te aviso, ou se precisar, pode me procurar.

Já estava saindo, quando senti a ponta do meu jaleco presa. Era ele.

–Nunca pensei que ia ver seu nome no jaleco em uma dessas situações – ele deixou um sorriso fugir. Ele tava exausto. E era um ótimo pai – Obrigado.

Minha voz quase falhou para responder.

–Não precisa agradecer. Agora eu preciso ir, tenho outros pacientes.

Eu ouvia um “obrigado doutora” todo santo dia. Mas aquele era diferente. Era dele.

Eu não tinha mais pacientes para ir visitar. E não tive mais nenhum naquela noite além da Meg. Eu só entrei no consultório, tranquei a porta e me afundei na cadeira, até a hora de ir visitar minha única paciente. Foi uma das minhas piores noites.

O dia já estava quase amanhecendo quando fui visita-la pela última vez, rezando pra ela estar em condições de ir pra casa. Dessa vez, ela estava acordada, com o pai do lado.

–Bom dia! Como se sente Megan?

–Bem melhor tia... Agora já dá pra respirar, olha – ela respirou fundo e soltou, fazendo um chiado baixo.

Ela sorriu, sem graça.

–Acho que esse chiado veio de brinde – o Eduardo comentou.

–Acho que vai precisar de novos exames...

–Então não posso ir pra casa?

–Não vão demorar... Talvez ainda consiga sair antes do almoço.

Ela não ficou muito feliz com a noticia, mas também não reclamou.

–Vão ser muitos exames?

–Não, só preciso saber mais sobre essa tal alergia dela... Podemos conversar?

Ele deu um beijo na filha e me acompanhou.

–Não ta tudo bem né?

–Ela não devia ta chiando ao tossir. E sinceramente, não sei o que pode ser porque podem ser milhões de coisas. E por isso vou ter que pedir mais exames, mas são simples. O resultado deve sair ainda hoje, mas não quero prender vocês aqui, e seria bom se marcasse uma consulta... E sinceramente, se eu fosse você, ia atrás desse médico que passou o remédio para ela. Era obvio que o organismo não iria reagir bem, ela é muito nova para uma dosagem tão forte.

–O que eu faço?

–Seria bom falar com o medico, explicar o que aconteceu e procurar saber o que ele tem pra falar. Ele deve uma boa explicação... Mas por enquanto, ficar de olho em qualquer sinal de chiado ou ruído durante a respiração, evitar poeira, muita umidade, friagem... Em resumo, trate ela como se estivesse cuidando de uma gripe, só que de maneira bem mais reforçada.

–O que acha que é?

–Talvez, só a alergia se manifestando com mais força... Talvez, seja alguma outra infecção, talvez o inicio de alguma doença respiratória, não dá pra ter certeza de nada. Mas não precisa se preocupar, o tratamento não deve demorar muito e acho que com alguns dias, a medicação irá surtir efeito.

Era a cena mais bizarra que eu sequer tinha a capacidade de imaginar. Eu, enfim, quase formada. O Eduardo, pessoa que eu havia cortado contato e não via há anos, sendo o pai da paciente mais fofinha que eu tinha tido durante toda a semana. Como era possível o mundo virar de forma tão sorrateira? Não podíamos simplesmente, termos seguidos caminhos diferentes, sem sequer nos bater por ai?

Mas não! Olha a vida me dando um biscoito de novo. O problema, é que ela já me deu uma vez, e me deixou depois, me vendo implorar por comida, e levando até as migalhas. Me deixando faminta.

–Eu vou à sala buscar o pedido do exame, e mando junto com a enfermeira que for acompanhar vocês... Talvez eu já tenha ido quando saírem de lá, porque meu plantão acabou tem uma hora, nem sei mais o que to fazendo aqui... – só então percebi o quão cansada eu estava.

–E quem vai olhar os resultados?

–Podem vir buscar amanha e o medico que estiver vai atender vocês.

–Não vai ser você?

–Eu vou ficar de madrugada de novo...

–Não tem problema.

–Não é bom ela pegar a friagem de madrugada Edu.

–Manu, não tente ensinar a um pai como esquentar a filha... – ele riu e me deu um beijo... Na bochecha – Até amanha, doutora.


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Notas finais do capítulo

Então é isso... Espero que tenham gostado, me digam, conversem comigo pq to carente :/
Amo vocês
Beijos e cheiros da Laia