Um anjo e um Winchester escrita por Spring001


Capítulo 20
Capítulo 20 - Stairway to Heaven


Notas iniciais do capítulo

Yoooo, desculpa a demora aqui está o/

(Tem uma música lá embaixo, cuidado para abrir em outra janela, tudo bem? :3)



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BOBBY

Fazia pouco mais de três semanas que Katrina tinha retornado à minha casa, isso depois de insistir muito para John, alegando que mesmo tendo devolvido Alaric para o inferno, ela ainda sofreria com ataques de outros demônios e não queria os meninos envolvidos naquilo, apesar de tudo John foi compreensível, no entanto, Dean e Sam não pareciam muito felizes em deixá-la novamente longe deles, então, lá estava a jovem de cabelos vermelhos sentada na minha poltrona, lendo a um livro com muita atenção. pouco menos de uma semana depois de voltar, John já havia ido novamente e deixado-a. John se manteria em caçadas que não à envolviam, logo ela se tornaria um tipo de ajudante, a garota parecia ter ficado até animada com a ideia, em compensação John decidiu discutir loucamente e só Trina conseguiu fazê-lo se calar e partir tranquilo.

— Tudo bem por aqui? – Perguntei me aproximando dela. Ela levantou o olhar para mim tranquila com um sorriso até desanimado no rosto, mas assentiu e então levantou-se da poltrona.

— Acho que vou tomar um banho...- Ela falou, parecia ter sono.

— Tudo bem – Respondi enquanto ela se locomovia devagar em direção as escadas – Vou continuar com a pesquisa do Andrew...

— Continue...ele precisa mesmo de ajuda, mas suponho que seja só um poltergeist – Ela respondeu com convicção antes de sumir no andar de cima. Alguns minutos depois escutei o ranger dos canos e continuei o que tinha que fazer.

Quando chegou, pela primeira vez,  em minha casa, Katrina não tinha o costume de demorar para fazer nada, ela era sempre muito ágil e curiosa, no entanto, desde que sua memória retornara ela se mantinha em silêncio maior parte do tempo, ajudando-me com as pesquisar e só conversando realmente sobre elas. Não havíamos conversado nenhuma vez sobre o ocorrido de sua memória ou o que tinha acontecido enquanto estava com Dean e Sam. A tristeza percorria os olhos dela constantemente fixos na janela da sala ou em livros de assuntos mais diversos e restritos, dizendo que precisava encontrar algo urgentemente.

Saltei ao ouvir o toque alto e agudo do telefone, fiquei alguns instantes observando, de longe, o objeto antes de realmente me aproximar para atender, a demora, devido aos pensamentos nos quais havia me perdido, não pareceu fazer com que o outro lado da linha desistisse.

—Singer! – Atendi enquanto lia as correspondências que estavam jogadas na mesa do aparelho.

— Hey Bobby, como está? – John respondeu do outro lado.

— Olha só, decidiu dar as caras? – Falei, fazia mais de um mês que não tínhamos notícias dele.

— Pois é, estão num caso na Califórnia...

— Está do outro lado do país?! – Exclamei indignado.

— Foi pior do que você pode imaginar, longa história – Ele respondeu não muito interessado no que ele mesmo fazia – Onde está Trina?

Estava pronto para dizer que ela estava no banho quando vi suas pernas na escada, e a chamei, ela veio não muito apressada pegar o telefone.

— Vou no mercado, tudo bem? – Avisei pegando a chave da caminhonete.

Sua cabeça balançou em aprovação e junto estampou um sorriso.

— Alô – Escutei-a dizendo enquanto saia de casa.

KATRINA

— Hey! – John disse animado do outro lado da linha, senti meu estômago um pouco embrulhado, fazia uma semana que não tínhamos  contato, e aquilo me preocupava – Como está?

Sua voz parecia tão boa que imaginei que ele estivesse mentindo para mim, parecia-me muito suspeito.

— O que houve? – perguntei erguendo a sobrancelha.

— Por que acha que algo está errado? – Ele falou, pude imaginar seu sorriso lateral enquanto ele falava em algum telefone público da cidade onde estava.

— Está muito animado para o costume...

— E você está pouco – Desta vez pareceu um pouco mais preocupado – Algo aconteceu?

— Não, eu só...- Enquanto falava olhei para a janela da cozinha e por um momento pareceu que algo estava ali, observando atentamente o lado de dentro, no entanto, quando foquei naquele local, não havia nada – Só estou pensativa...

— O que foi essa pausa? Tudo bem com Bobby? – Ele perguntou, mas eu demorei para responder, ainda com o olhar na janela – Trina?

Deixei meu devaneio para prestar atenção a conversa de John, respondi que estava tudo bem e fiquei mais algum tempo conversando com ele, tentaria voltar o mais cedo possível, mas no meio do caminho casos apareciam e ele não queria fugir.

— Você tem que terminar estes casos John Winchester! – Respondi escutando seu riso frouxo – Me sentiria ofendida se você deixasse de ajudar alguém por minha causa.

— Queria que estivesse comigo...

— Nós também!!! – Uma voz disse ao fundo e depois gargalhadas.

— Diga que sinto falta deles também – Falei rapidamente, para que pudessem continuar o trabalho.

— Tudo bem, aparentemente temos um metamorfo aqui, espero que não seja muito complicado - Ele falou, deixando-me a par da situação.

— Espero também – Respondi – Fique bem, ok?

— Igualmente...

— Tchau John – Então desliguei o telefone. Não queria conversar mais, meu estômago estava roncando e não tinha nada para comer na casa – Óbvio que não tem nada, Trina, o Bobby acabou de sair pro mercado...

Falar sozinha tinha acabado por se tornar algo comum, apesar de sair algumas vezes com Bobby para ajudar nos esporádicos casos que lhe apareciam, eu mais ficava em sua casa atendendo telefones e dizendo ser do FBI, polícia, mercado, qualquer coisa que fosse necessário. Procurei por qualquer petisco em todos os armários da casa e finalmente achei algumas batatas no fundo do lugar onde guardávamos os pratos. Abrindo o pacote fui andando para sala, ligando o rádio na volta e aproveitando “Wanted Dead or alive” tocando pela casa.

— Ainda bem que está feliz – Alguém falou atrás de mim, por um único, e quase imperceptível momento, imaginei, ou quis imaginar, que era Bobby sentado na cadeira atrás de mim, mas eu sabia que quando me virasse não seria o rosto dele com o qual eu me depararia.

Pela minha espinha já tinha passado um frio incomparável, minha pele estava toda arrepiada e calafrios percorriam o meu corpo, a voz tão cruel e tão gélida que podia matar com poucas palavras. Típica de um demônio que tinha sua função. Virei-me devagar, preparada para encarar aquele de quem eu queria tanto fugir, pensando que pelo menos ele tinha me encontrado sozinha.

— Alastair...- Balbuciei, amedrontada, sem nem entender o por que de tanto medo.

— Fiquei surpreso com a sua capacidade de fuga sabia? – Ele começou, levantando-se da poltrona e vindo em minha direção.

O corpo o qual ele havia tomado, era de um homem, alto e esguio, com os olhos profundos, rosto magro o suficiente para não lhe parecer mais do que osso, era velho, sem cabelos e com várias manchas senis. Os dedos das mãos lhe tocavam próximo ao joelho devido aos braços longos, as pernas também eram compridas, deixando-me algo minúsculo ao seu lado, além de aterrorizado.

— Não fazia seu trabalho há muito tempo, então procurei por seu pai – Ele continuou, já ao meu lado – Ele contou, há poucos dias, que você tinha decido vir para a terra e que estava...Envolvida com caçadores.

Ele disse aquelas palavras com nojo, e algo semelhante à dó, de um modo falso e repugnante, fazendo meu lábio tremer de raiva, mas mesmo assim, mantive-me em silêncio.

— Então, precisei vir até aqui, para...você sabe – Senti sua mão em meu ombro e automaticamente os ergui, com um arrepio, um riso fraco e seco, sem graça alguma saiu dos lábios de Alastair – Dar um jeito nas coisas...

— AAAAAAAH! – Ouvi meu próprio grito enquanto sentia uma dor muito forte nas costas, ele tinha me cortado. Minha mão foi rapidamente para o local e sentiu-o molhado e quente, quando voltou estava vermelha de sangue.

— Não posso permitir que isso aconteça – Então outro corte, assim como outro grito, dessa vez no braço – Precisa ser parada.

Alastair segurou meu rosto com seus dedos longos e gelados, então seus olhos ficaram fixos no meu.

— Sinto muito, criança – Ele disse enquanto suas unhas cortavam meu rosto e eu soltava gemidos de dor – Mas, tem que ser agora antes que sua graça volte, anjinho.

Então, como se milhares de facas me acertassem, diversas partes do meu corpo foram cortadas, sem dó, sem piedade, e o sangue voou de todo o meu corpo, senti-me ensopada com o liquido vermelho e viscoso. Então, o sorriso de Alastair se alargou e ele foi embora, desaparecendo bem na minha frente.

Foram como se horas passassem, e pouco a pouco minha visão foi ficando cada vez mais turva, Rumsfeld estava do lado de fora, latindo como um louco, como se soubesse o que acabara de acontecer, mas mesmo assim, os latidos foram pouco a pouco tornando-se barulhos irreconhecíveis. Quando tudo estava começando a se apagar, a porta abriu, vi algumas coisas caindo no chão e soube que Bobby tinha corrido até mim. Então, eu apaguei naquele mundo.

***

(♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫)

Tudo estava em branco, mas eu podia me enxergar, o que deixava claro que eu ainda estava viva, pelo menos no lugar que eu estava, sentia meus pulmões enchendo-se de ar e o coração pulsando. Mas, não havia ninguém ali, apenas eu mesma. Era um lugar tranquilo, silencioso, mas não assustador, talvez até feliz para o que eu havia acabado de viver, lembrando –me daquilo olhei para o meu corpo a procura de cortes, mas não havia nada, parecia estar curada.

Pouco a pouco o fundo branco, começou a tomar forma, árvores com folhas verdes esmeralda, flores de diversas cores alegres e vivas, o tom azul do céu com pouquíssimas nuvens brancas como um algodão, pedras foram se formando em volta de mim, algo gelado tocou meus pés, olhei para baixo e um riacho havia se formado, de uma água límpida. Abaixei, formando uma concha com as mãos para poder experimentar daquela água, foi mais refrescante do que qualquer coisa que um dia eu havia tomado.

Atrás de mim, escutei o som de um pássaro, virei para observá-lo, ele era diferente de todos os que eu já vira, tinha penas brancas e brilhantes, como se o fundo anterior tivesse se concentrado todo nele, os olhos dele pareciam ser delineados e formavam uma gota e apenas duas de suas penas, eram azuis como o um mar cristalino. Seu canto era tranquilizante e atrativo, e seu voo bonito como o de uma águia, então quando ele desceu do galho onde estava e se aproximou de mim, apenas levantei a mão e deixei que ele pousasse, fazendo-lhe carinho na cabeça, mas pouco depois ele voou e como se quisesse que o seguisse, ficou dando voltas em mim. Logo o fiz.

Olhei para mim mesma, estava usando um vestido branco, de tecido fino que demarcava apenas o busto até a cintura, então ia com uma saia leve até acima dos joelhos. Meus cabelos, só havia percebido então, não eram mais vermelhos e sim loiros, bem próximo do que chamavam de dourado, e estranhamente eu me sentia muito confortável com aquilo. Continuei andando, atrás da pequena ave, que foi bem longe da onde estávamos, próximo de um penhasco que foi onde ele parou, na única árvore que ali havia. O desfiladeiro dava uma visão incomparável do mar, o vento quente tocava-me o rosto e fazia com que um sorriso formasse-se em meu rosto.

— Sente-se melhor? – Uma voz suave, e agradável me perguntou. Não olhei para quem tinha falado, apenas assenti, ainda observando o mar – Ainda bem, nos deu um grande susto, Katrinna.

— Quem é você? – Perguntei quando se aproximou. Ao meu lado estava uma mulher, de cabelos cor de chocolate, e a pele do mesmo tom, suas vestes eram brancas e longas, um vestido solto, ela era muito bonita e sua presença era muito animadora.

— Chamo-me Joshua – Ela respondeu, imediatamente soube quem era.

— O Anjo que fala com Deus...

— Ele quem fala comigo, e tem algo à lhe dizer minha querida...

 


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