Project Lorrain escrita por Annonnimous J


Capítulo 4
Cap 4 - Uma pista


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, blz? Está aí mais um capítulo da trama que todos amamos, espero que gostem. Abraços!!



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Ouço um barulho surdo de uma voz, como se eu estivesse debaixo d’água e alguém estivesse falando comigo de fora dela, mas não me sinto encharcada ou com a sensação sufocante que ela me provoca.

—Lorrain –chama alguém, sua voz me parece familiar, muito familiar- vamos, acorde.

Só agora percebo que meus olhos estão fechados, talvez não tenha percebido antes porque só agora meus sentidos voltaram ao meu controle. Abro-os lentamente como se pesassem muito, e então olho para cima. Estou sentada no chão com as costas encostadas na parede, minha visão agora não está mais turva, então consigo ver quem me segurou. Um peso enorme sai das minhas costas, era Roney. Não sei como eu estava o olhando, mas minha expressão fez com que ele abrisse um grande sorriso.

—Achou que tinha se livrado de mim? Bom, tenho más notícias para você- diz ele com um tom irônico e brincalhão como de costume ainda sem desfazer o sorriso.

—Da próxima- digo tentando me levantar- vou me encarregar de fazer isso eu mesma.

Ele solta uma gargalhada de desdém e me ajuda a levantar, antes que possa falar algo eu o abraço, cada vez mais apertado, como se isso pudesse tirar toda a angustia que estava depositada em mim (e talvez pudesse), só o solto quando sinto seus músculos contraírem e ele me afastar de si com a mão direita:

—Ai –exclama ele- o braço...

Eu o solto e encaro seu braço esquerdo, ele está completamente coberto de bandagens e cheira a pomada para queimaduras, não está tão mal quanto eu, mas ainda necessita de alguns cuidados. Junto com seu braço, sua orelha esquerda também esta com curativos que estão a tapando exageradamente.

Ele percebe onde estou olhando e diz:

—É o que parece, digamos que esse ouvido não me é mais de grande serventia.

—Surdo?- pergunto.

—Por sorte não, mas quase isso, ele perdeu sessenta e cinco por cento da capacidade de captar sons, mas disseram que pode ser temporário.

—Nossa.

—Ah, vou sobreviver, além do mais olha para você, parece uma velhinha andando de muleta, toda envergada e na velocidade de uma tartaruga, quem está pior aqui?

—Cale a boca!- digo tentando sorrir, apesar de engraçado o comentário me descreveu bem e isso me incomoda.

—Vamos, vou te levar para o novo dormitório - diz ele.

—Mas e o antigo?

—Está inutilizado pelos fogos daquele dia é claro.

É verdade, a explosão me parecia algo distante, como um sonho, mas agora percebo que é real, e aconteceu há pouco tempo.

Andamos por alguns corredores na direção oposta da sacada, todos eles me pareciam iguais, com muitas portas e pintado de um branco que durante o dia refletia a luz solar de uma maneira que irritava os olhos. A única diferença entre eles era o seu comprimento, alguns eram maiores que outros. Depois de passar pelo quinto corredor, eu já arfava pelo esforço que vinha fazendo para acompanhar Roney, que marchava em minha frente. Estava prestes a reclamar quando ele se vira para um aporta e retira uma chave do bolso com a mão sadia.

Paro na frente dele e encaro a porta, era grande demais para ser um simples dormitório padrão. Ele destranca a porta e me entrega a chave:

—Bem vinda ao seu novo lar doce lar.

Entro e dou de cara com um quarto maior que o antigo: nele estava uma escrivaninha de madeira com uma cadeira em um canto, uma cama já arrumada perfeitamente lisa nas cores verde e bege como uma farda do exercito mais ao fundo e encostando-se à parede com uma janela grande na direita tinha um guarda roupas um pouco mais alto do que o ultimo que tive. De repente saio de meu deslumbre e percebo que não havia lugar para Roney, me viro para ele e pergunto:

— E você?

— Infelizmente ganhei um quarto parecido com o seu no próximo corredor – diz ele fingindo estar triste com isso -, não vamos ser colegas de quarto por algum tempo, mas se quiser posso fazer algumas visitas noturnas de vez em quando.

—Vai sonhando, raso – digo levantando o punho cerrado até a altura de seus olhos.

Ele ri e gesticula exageradamente como se estivesse ofendido.

—Tudo bem, você é quem sabe, qualquer coisa estou logo virando o próximo corredor - diz ele se virando.

—Espere –minha postura enrijece- tenho que te perguntar uma coisa.

Engulo como se minha garganta estivesse totalmente seca. As palavras do ocupante daquele dormitório não me saem da cabeça, eu preciso saber se o que ele disse é verdade.

—Você sabe de alguma missão em que vamos invadir algum lugar?

Eu sei que Roney não ouviu nada que o homem disse, não estava perto o bastante, mas sua postura mostra que ele sabe de algo, esse é um dos defeitos dele, ele é péssimo com mentiras.

—Como você... –começa ele até que eu o interrompo.

—Não importa como, diga o que você sabe.

—Tudo bem, fiquei sabendo que vamos atacar um forte antigo que está sendo usado como ponto estratégico pela Nação do Norte.

—Nação do norte? –pergunto.

—Sim - responde ele trocando o peso de uma perna para outra - é uma organização de terrorismo que estamos tentando desmembrar, não se lembra?

—Sim, claro e quando vai acontecer o ataque?

—Em 15 dias, durante a noite do dia primeiro.

—Entendi.

—Não está pensando em ir nessa missão, está?

—Tá de brincadeira? Olha pra mim, não consigo nem me manter em pé, quanto mais empunhar uma arma - digo, ele não sabe mentir mas eu sim e pelo jeito muito bem, pois ele suspira e a tensão em seus músculos diminui.

—Que bom que pelo menos algum bom senso você ainda tem, mas agora eu tenho que ir, tenta descansar um pouco, não quero ter que ficar te segurando por aí toda hora.

Quase respondo, mas antes disso ele se vira e sai marchando em um ritmo mais acelerado que o de antes. Eu o observo virar o corredor e finalmente entro no meu novo quarto provisório, nunca tive um tão grande ou um apenas para mim, mas isso é a ultima coisa que me passa pela cabeça, estou concentrada demais nas informações que Roney me passou, e apenas um pensamento me passa pela cabeça: “tenho que ir nessa missão”. Não sei o motivo, mas cada tecido do meu corpo parece concordar com minha mente, me suplicando para ir nesta missão.

Um calafrio percorre meu corpo, olho para a janela e percebo que está fechada, então não era de frio, era um pressentimento e pelo jeito não era dos melhores.

Deito-me na cama, era macia demais, me fazia lembrar o travesseiro do meu leito na enfermaria do QG e isso era ruim. O travesseiro era do tamanho do que eu estou acostumada, então consigo ficar confortável. Assim que me ajeito, olho para o teto, ele é de um tom claro, os raios do sol da tarde iluminam a parede à minha frente, mas minha mente está longe, repassando todos os acontecimentos, desde os de três dias atrás até os de hoje. “Em 15 dias, durante a noite do dia primeiro” as palavras de Roney estão vivas em minha mente, martelando meu cérebro.

—Tenho que ir nessa missão, não importa como.


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Notas finais do capítulo

Fala galera, espero que tenham gostado desse capítulo, pq é agora que a história deslancha, bom, vejam por si mesmos na próxima semana. Abraços!!



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